Você está na página 1de 7

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO ARAUJO DE PAULA FELIPE e Tribunal de Justica do Estado de Sao

Paulo, protocolado em 23/03/2020 às 13:54 , sob o número 10059245620208260007.


fls. 1

HUMBERTO ARAÚJO
Sociedade Individual de Advocacia

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA


CÍVEL DO FORO REGIONAL DE ITAQUERA - SP

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005924-56.2020.8.26.0007 e código B5323B7.
LEANDRO DE SOUZA SILVA, brasileiro, casado, técnico de
edificações, portador do RG nº 53833980, inscrito no CPF/MF nº 042.554.603-
96, residente e domiciliado na Rua João Abreu Castelo Branco, nº 457, casa 1,
bairro Vila Carmosina, São Paulo, SP – CEP: 08270-150, por seu advogado
infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de VOSSA EXCELÊNCIA,
propor a presente:

AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

Em face do BANCO BRADESCO S/A, pessoa jurídica de


direito privado, inscrito no CNPJ/MF 60.746.948/0001-12, com sede na Rua Boa
Vista, nº 236, Bairro Centro, São Paulo – SP, CEP: 01014-000, pelos fatos e
fundamentos a seguir aduzidos:

DA JUSTIÇA GRATUITA

O requerente não possui condições de arcar com os ônus


processuais sem prejuízo do seu sustento e de sua família, assim requer se
digne Vossa Excelência de deferir os benefícios da justiça gratuita.

O requerente acosta aos autos a sua declaração de IR, o seu


último holerite, foto da sua CTPS, comprovante de depósito e recibos referente
a pagamento de aluguel, para que esse nobre magistrado posso analisar esse
pedido.

Avenida
1 Paulista, 1.765 – 7º andar – Conj.71/72 – 01311-200 São Paulo SP – (11)
994782634 www.humbertoaraujo.adv.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO ARAUJO DE PAULA FELIPE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/03/2020 às 13:54 , sob o número 10059245620208260007.
fls. 2

HUMBERTO ARAÚJO
Sociedade Individual de Advocacia

DOS FATOS

No dia 28/01/2020, o requerente acreditou que estava


arrematando através do site www.vienaleiloes.com, um veículo Chevrolet Cruze

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005924-56.2020.8.26.0007 e código B5323B7.
Sport LTZ 1.4 - 16V, placas FFT 7569, pagando entre lance, taxa de pátio, e
comissão do leiloeiro, o valor total de R$24.402,50 – conversas entre o
requerente e Viena Leilões anexa (Doc. 01).

Após a suposta arrematação, o requerente recebeu um termo


de arrematação (Doc. 02) via whatsapp e via e-mail, onde constava os dados
para pagamento.

No dia 29/01/2020, conforme se denota do comprovante de


transferência que segue anexo (Doc. 03), o requerente transferiu o valor de
R$24.402,50 para a agencia 2518, conta corrente 45266-5, em nome de Viena
Leilões, CNPJ 32.836.233/0001-15, no requerido Banco Bradesco, e aguardou o
prazo para liberação do veículo, conforme determinação do suposto leilão.

Após a suposta liberação, no dia 03/02/2020, se dirigiu à cidade


de Itú para retirar o veículo. Chegando no endereço indicado pelo suposto
Leilão – Rodovia Waldomiro Correia Camargo, nº 1336 – ITU – SP –, encontrou
um homem chamado Wladimir, que lhe informou que ali, naquele endereço,
funcionava uma madeireira de nome PAU PAU, e inclusive relatou que várias
pessoas estavam indo até lá procurando pelo suposto leilão.

A partir daí o requerente passou a vivenciar uma verdadeira via


crucis, pois descobriu que tinha sido vítima de um golpe!

O requerente se dirigiu à Delegacia de Polícia e noticiou o


crime, conforme se denota do B.O que segue anexo (Doc. 04).

O fato é que, por negligência, o requerido Banco colaborou com


os estelionatários, pois não foi tomado todos os cuidados exigidos pelo Banco
Central na resolução nº 2.025 de 1993, no ato da abertura da conta corrente –
O BANCO NÃO VISITOU A EMPRESA PARA CONFIRMAR SUA EXISTÊNCIA!

Note, nobre magistrado, que na ficha cadastral da Receita


Federal, a empresa está estabelecida na cidade de Itu – SP, entretanto, a conta
utilizada para o golpe foi aberta na cidade de Recife – PE.

A resolução nº 2.025 de 1993, determina em seu artigo 3º, que


as informações constantes da ficha-proposta, bem como os elementos de
identificação e localização do proponente, devem ser conferidos à vista de
documentação competente, observada a responsabilidade da instituição
pela verificação acerca da exatidão das informações prestadas.

Avenida
2 Paulista, 1.765 – 7º andar – Conj.71/72 – 01311-200 São Paulo SP – (11)
994782634 www.humbertoaraujo.adv.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO ARAUJO DE PAULA FELIPE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/03/2020 às 13:54 , sob o número 10059245620208260007.
fls. 3

HUMBERTO ARAÚJO
Sociedade Individual de Advocacia

Tudo indica que o requerido Banco Bradesco não tomou os


devidos cuidados no ato da abertura da conta corrente, pois, com tantas
agências do requerido Banco na cidade de Itu, ou até mesmo em São Paulo,
porque uma empresa estabelecida em Itu, abriria conta em Recife – PE?

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005924-56.2020.8.26.0007 e código B5323B7.
Diante dos fatos narrados, como o Banco requerido não quis
ressarcir o prejuízo suportado pelo requerente, não restou outra opção senão
propor a presente ação para exigir a reparação adequada.

Eis o breve relato dos fatos.

DO DIREITO

1 – Falha na prestação do serviço – súmula 479 do STJ e


artigo 14 do CDC

A priori, devemos fixar a premissa de que a relação jurídica


entre o requerente e o Banco requerido se trata de uma relação de consumo,
nos termos do artigo 17 do CDC – CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO.

Pois bem, o presente caso configura nítido caso de FALHA NA


PRESTAÇÃO DO SERVIÇO, justamente porque o Banco requerido, de forma
irresponsável, abriu a conta corrente que foi utilizada pelos estelionatários para
aplicar o golpe no requerente.

Dessa forma, exsurge do próprio sistema jurídico a


possibilidade das instituições bancárias responderem pelos danos gerados
relativos a fraudes, especialmente porque a esse fato incide a súmula 479 do
Superior Tribunal de Justiça:

SÚMULA n. 479 – As instituições financeiras respondem


objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias.

Ademais disso, o artigo 14 do CDC, também estabelece


responsabilidade objetiva as instituições bancárias, senão vejamos:

“Art. 14. O fornecedor de serviços responde,


independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
fruição e riscos.

Avenida
3 Paulista, 1.765 – 7º andar – Conj.71/72 – 01311-200 São Paulo SP – (11)
994782634 www.humbertoaraujo.adv.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO ARAUJO DE PAULA FELIPE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/03/2020 às 13:54 , sob o número 10059245620208260007.
fls. 4

HUMBERTO ARAÚJO
Sociedade Individual de Advocacia
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a
segurança que o consumidor dele pode esperar,
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005924-56.2020.8.26.0007 e código B5323B7.
I - o modo de seu fornecimento;

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se


esperam;

III - a época em que foi fornecido.

...”

No presente caso resta evidente a falha na prestação do serviço


por parte do Banco requerido, pois abriu conta corrente para os estelionatários,
destituída de qualquer fiscalização.

É cediço, que o requerente sofreu um dano patrimonial


enorme, e que esse dano decorreu de defeitos nos serviços prestados pelo
Banco requerido.

O regramento que emana do Banco Central do Brasil tutela a


posição do requerente nessa demanda, exigindo das instituições financeiras
condutas absolutamente escorreitas e responsáveis quanto à abertura de
contas.

Nesse contexto, a Resolução 3.694, de 26/03/2009 estabelece


que as instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo
Banco Central do Brasil, na contratação de operações e nas prestações de
serviços aos clientes e ao público em geral, devem adotar medidas que
asseguram a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
causados aos clientes e usuários.

Ainda, o artigo 26º, parágrafo 2º, inciso IX, da Resolução


1.559/1988 veda as instituições financeiras, entre inúmeras outras condutas:

a) realizar operações que não atendam aos princípios de


seletividade, garantia, liquidez e diversificação de
riscos;

b) conceder crédito ou adiantamento sem a constituição de um


título adequado, representativo da dívida. (NR) (Redação dada
ao inciso IX pela Resolução 3258, de 28/01/2005).

Conclui-se, pois, que o Banco requerido não apenas prestou


serviço defeituoso, que acarreta o dever de indenizar os prejuízos suportados

Avenida
4 Paulista, 1.765 – 7º andar – Conj.71/72 – 01311-200 São Paulo SP – (11)
994782634 www.humbertoaraujo.adv.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO ARAUJO DE PAULA FELIPE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/03/2020 às 13:54 , sob o número 10059245620208260007.
fls. 5

HUMBERTO ARAÚJO
Sociedade Individual de Advocacia
pelo requerente, como também não observou o regramento editado pelo Banco
Central do Brasil, órgão que regulamenta suas atividades.

Prosseguindo, cumpre salientar ainda, que o Banco requerido


ao praticar atividade de notórios e exorbitantes resultados econômicos, deve

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005924-56.2020.8.26.0007 e código B5323B7.
suportar os riscos que insere na sociedade.

A propósito, grande parte desses lucros tem origem na abertura


de contas, pois é sabido que são cobrados consideráveis valores pela
manutenção da conta. Nada mais justo que o Banco requerido seja
responsabilizado por sua negligência em abrir essa conta.

Portanto, devido a omissão do Banco requerido em abrir uma


conta sem os devidos cuidados legais, deve ser condenado a indenizar o
requerente pelo prejuízo suportado de R$24.402,50. É o que se requer.

DO DANO MORAL

É indiscutível que tais circunstâncias refogem aos


aborrecimentos habituais e corriqueiros, importando em violação aos direitos
integrantes da personalidade.

O dano moral, nas lições precisas de Aguiar Dias:

“Consiste na penosa sensação de ofensa, na humilhação


perante terceiros, na dor sofrida, enfim, nos efeitos
puramente psíquicos e sensoriais experimentados pela
vítima do dano, em consequência deste, seja provocada
pela recordação do defeito ou da lesão, quando não
tenha deixado resíduo mais concreto, seja pela atitude
de repugnância ou de reação ao ridículo tomada pelas
pessoas que o defrontam. (in Da Responsabilidade Civil,
XI Edição, Revisada, atualizada e ampliada de acordo
com o Código Civil de 2002 por Rui Berford Dias, Ed.
Renovar, pág. 1.009)”

Ademais, o dano moral, sendo in re ipsa, independe de prova,


bastando, apenas, a comprovação do fato.

Vejamos o que diz a doutrina a respeito:

“Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que


entendem que o dano moral está ínsito na própria
ofensa, decorre da própria gravidade do ilícito em si. Se
a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a
concessão de um satisfação de ordem pecuniária ao
lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re

Avenida
5 Paulista, 1.765 – 7º andar – Conj.71/72 – 01311-200 São Paulo SP – (11)
994782634 www.humbertoaraujo.adv.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO ARAUJO DE PAULA FELIPE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/03/2020 às 13:54 , sob o número 10059245620208260007.
fls. 6

HUMBERTO ARAÚJO
Sociedade Individual de Advocacia
ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo,
de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está
demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção
natual, uma presunção hominis ou facti, que decorre
das regras de experiência comum” (Sergio Cavalieri

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005924-56.2020.8.26.0007 e código B5323B7.
Filho, Programa de Responsabilidade Civil, Malheiros
Editores, 3ª edição, página 92).

Assim, pela simples análise dos fatos pode-se abstrair a


ocorrência dos danos morais, pois é inegável que tal situação causou ao
requerente toda sorte de abalos, aborrecimentos, desgostos e transtornos, pois
ficou sem carro e sem dinheiro.

Por todo o exposto, requer seja o requerido condenado a pagar


uma indenização a título de danos morais no importe de R$8.000,00.

DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Claro está que o caso em tela se trata de uma relação de


consumo (Consumidor por equiparação), sendo assim, protesta o requerente,
desde logo, pelos benefícios previstos no artigo 6º da Lei 8.078/98, em especial
o inciso VIII.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer se digne este Douto Juízo a:

Deferir a justiça gratuita, por ser o requerente pessoa pobre na


acepção legal do termo;

Determinar a citação do requerido, por carta, no endereço


apontado na qualificação, para que, querendo, apresente sua defesa dentro do
prazo processual permitido, sob pena de incorrer nos efeitos da confissão e
revelia;

Determinar a inversão do ônus da prova, nos termos do


artigo 6º, inciso VIII da Lei 8.078/90, a fim de que o requerente tenha
facilitado a defesa de seus direitos;

Ao final seja a ação julgada totalmente procedente,


condenando o requerido em:

Ressarcir o requerente o valor de R$24.402,50 correspondente


ao dano material.

Avenida
6 Paulista, 1.765 – 7º andar – Conj.71/72 – 01311-200 São Paulo SP – (11)
994782634 www.humbertoaraujo.adv.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por HUMBERTO ARAUJO DE PAULA FELIPE e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo, protocolado em 23/03/2020 às 13:54 , sob o número 10059245620208260007.
fls. 7

HUMBERTO ARAÚJO
Sociedade Individual de Advocacia
Indenizar o requerente pelos danos morais suportados, no valor
de R$8.000,00, ressaltando que o referido valor não possui apenas caráter
compensatório, mas sobretudo inibitório.

Por fim, requer a condenação do requerido ao pagamento das

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1005924-56.2020.8.26.0007 e código B5323B7.
custas processuais e honorários advocatícios na base de 20% do valor da
condenação.

Protesta, ainda, provar todo o alegado pelos diversos meios de


prova em direito admitidos, em especial com o depoimento pessoal do
requerido, sob pena de confissão, e pelas demais provas testemunhais,
documentais e periciais que porventura se mostrem necessárias no decorrer da
instrução processual.

Dá-se à causa o valor de R$32.402,50.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Paulo, 23 de março de 2020.

Humberto Araújo de Paula Felipe


OAB/SP nº 266.361

Avenida
7 Paulista, 1.765 – 7º andar – Conj.71/72 – 01311-200 São Paulo SP – (11)
994782634 www.humbertoaraujo.adv.br

Você também pode gostar