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Superior Tribunal de Justiça


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.518.086 - SP (2019/0161549-0)

RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1002022-81.2018.8.26.0196 e código 1036D481.
AGRAVANTE : JHIULIA FALEIROS DA SILVA RODRIGUES
ADVOGADO : JOSIAS WELLINGTON SILVEIRA E OUTRO(S) - SP293832
AGRAVADO : BOA VISTA SERVICOS S.A
ADVOGADO : HÉLIO YAZBEK E OUTRO(S) - SP168204

DECISÃO

Trata-se de agravo de JHIULIA FALEIROS DA SILVA RODRIGUES contra


decisão que inadmitiu recurso especial fundado no art. 105, III, "a" e "c", da Constituição Federal,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ADRIANA GOMES GIMENES, liberado nos autos em 03/04/2020 às 11:48 .
interposto contra v. acórdão do Eg. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado:

"NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. Apelante que impugnou


especificamente os fundamentos da sentença e apresentou as razões do
pedido de reforma. Requisitos do art. 1.010 preenchidos. Preliminar
rejeitada.
DANO MORAL. INSCRIÇÃO NO CADASTRO DE INADIMPLENTES.
AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA.
Sentença de parcial procedência, apenas para determinar o cancelamento
do apontamento. Não cabimento do inconformismo da autora. Autora que
não negou a existência da dívida, tampouco comprovou sua quitação. Dano
moral não configurado, pois eventual prejuízo decorreu da conduta da
requerente, e não da inserção no banco de dados da requerida. Sentença
mantida.
Honorários advocatícios majorados. Recurso não provido, com
observação." (e-STJ fl. 129)

Nas razões do recurso especial, a agravante alega violação do art. 43, caput e §2°,
do CDC e divergência jurisprudencial, sustentando, em síntese, que o dano moral não surge da
ilicitude da dívida, mas da mera ausência de comunicação, como no caso dos autos, o que gera,
por si só, lesão moral passível de indenização. Defende que atribuir o direito à indenização a
inexigibilidade da dívida é esvaziar por completo o conteúdo da norma, dando-lhe caráter de mera
irregularidade, quando na verdade é um direito subjetivo inerente ao devedor.
Não foram apresentadas contrarrazões ao recurso especial (e-STJ fl. 145)
É o relatório. Decido.
Ao se manifestar sobre o pedido do recorrente de indenização por danos morais
decorrente da falta de notificação da inscrição de seu nome em cadastro de inadimplentes mantido

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Publicação no DJe/STJ nº 2743 de 30/08/2019. Código de Controle do Documento: E2642403-98A2-4EBB-A411-97AE95309404
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pela recorrida, a Corte de origem assim concluiu:
"Em que pesem os argumentos da requerente, embora a ré não tenha
demonstrado notificação da devedora antes da anotação restritiva (art. 43, §

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2º, CDC), a autora não negou a existência da dívida, nem trouxe qualquer
documento que comprovasse sua quitação.
A prova de pagamento da dívida era ônus da autora, de forma que eventual
prejuízo decorreu de sua conduta e não da inserção no banco de dados da
requerida." (e-STJ fl. 130)

Ocorre que a jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a


ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em cadastros de
proteção ao crédito, prevista no art. 43, § 2º, do CDC, por si só, é suficiente para caracterizar o

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dano moral, ensejando o direito à respectiva compensação, salvo quando preexista inscrição
desabonadora regularmente realizada (súm. 385/STJ). Neste sentido:
AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PROCESSUAL CIVIL. CADASTRO DE INADIMPLENTES. AUSÊNCIA
DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. TESE FIRMADA SOB A SISTEMÁTICA
DOS RECURSOS REPETITIVOS. DANOS MORAIS RECONHECIDOS
NA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ. VALOR DA
INDENIZAÇÃO RAZOÁVEL E PROPORCIONAL. MODIFICAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. Conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, firmada sob a
sistemática dos recursos repetitivos "A ausência de prévia comunicação ao
consumidor da inscrição do seu nome em cadastros de proteção ao crédito,
prevista no art. 43 , §2º do CDC, enseja o direito à compensação por danos
morais, salvo quando preexista inscrição desabonadora regularmente
realizada" (REsp 1.061.134/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
SEGUNDA SEÇÃO, DJe 1.4.2009). 2. "O STJ firmou entendimento de ser
incabível o reexame do valor fixado a título de danos morais com base em
divergência jurisprudencial, pois, ainda que haja semelhança de algumas
características nos acórdãos confrontados, cada qual possui peculiaridades
subjetivas e contornos fáticos próprios, o que justifica a fixação do quantum
indenizatório distinto" (AgInt no AREsp 1.141.438/RS, Rel. Ministro
ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, DJe 1.3.2018).
3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1301298/RS, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 02/04/2019, DJe 08/04/2019)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


RESPONSABILIDADE CIVIL. CANCELAMENTO DE INSCRIÇÃO EM
CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. AUSÊNCIA DE PRÉVIA
NOTIFICAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ACÓRDÃO EM
HARMONIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE, FIRMADA EM
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JULGAMENTO DE RECURSO REPETITIVO. SÚMULA 83/STJ.
REVISÃO DAS CONCLUSÕES ALCANÇADAS PELO COLEGIADO
ESTADUAL. INVIABILIDADE. NECESSIDADE DE REVISÃO DE

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FATOS E PROVAS. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO
DESPROVIDO.
1. A ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu
nome em cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43 , § 2º, do
CDC, enseja o direito à compensação por danos morais, salvo quando
preexista inscrição desabonadora regularmente realizada. Súmula 83/STJ.
2. A revisão da conclusão estadual - acerca da ausência da notificação
prévia à inscrição do nome do consumidor no cadastro de proteção ao
crédito - demandaria o revolvimento do acervo fático-probatório dos autos,
providência inviável na via estreita do recurso especial, ante o óbice disposto
na Súmula 7/STJ.

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3. Razões recursais insuficientes para a revisão do julgado.
4. Agravo interno desprovido.
(AgInt no AREsp 1047894/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/08/2017, DJe 01/09/2017)

CADASTRO DE INADIMPLENTES. INSCRIÇÃO. FALTA DE


NOTIFICAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. DEVER DE INDENIZAR.
1. O consumidor, independentemente da existência da dívida, tem o direito
de ser notificado previamente a respeito da inclusão de seu nome em
cadastro de inadimplentes.
2. É do banco de dados, ou da entidade cadastral, a responsabilidade pela
falta de notificação prévia do consumidor a respeito da inscrição em
cadastro de inadimplentes.
3. Qualquer associação ou câmara de dirigentes que se sirva de banco de
dados no qual o consumidor foi inscrito sem prévia notificação, tem
legitimidade para responder ao pedido de reparação de danos (Art. 7º,
parágrafo único, CDC).
(REsp 974.212/RS, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS,
TERCEIRA TURMA, julgado em 08/02/2008, DJ 25/02/2008, p. 318)

Mostra-se irrelevante, portanto, que a existência da dívida não tenha sido afastada
ou mesmo contestada, tendo em vista que o fundamento da presente demanda não é a inexistência
da dívida, mas sim a ausência de previa notificação da inscrição, o que, como visto, é suficiente
para gerar o dano moral indenizável.
Desta forma, o decisium ora recorrido deve ser reformado para julgar procedente
também o o pedido de indenização por danos morais, cujo arbitramento, nos termos da
jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, deve atender aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, a fim de evitar o indesejado enriquecimento sem causa do

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autor da ação indenizatória, sem, contudo, ignorar o caráter preventivo e repressivo inerente ao
instituto da responsabilidade civil. Diante desses parâmetros e atento aos precedentes deste

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Eg.STJ, fixo em R$ 10.000,00 (dez mil reais) o valor da reparação moral.
Diante do exposto, nos termos do art. 253, parágrafo único, II, c, do RISTJ,
conheço do agravo para dar provimento ao recurso especial para condenar o recorrido ao
pagamento de danos morais decorrentes da ausência de notificação prévia da inscrição do nome da
recorrente em cadastro de inadimplentes, que arbitro em R$ 10.000,00 (dez mil reais), levando em
conta as condições socioeconômicas das partes, o bem jurídico lesado, a gravidade da lesão e o
grau de culpa do ofensor, sobre a qual incidirão correção monetária, a partir desta data (Súmula

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362/STJ), e juros moratórios desde a data do evento danoso (Súmula 54/STJ).
Condeno o réu ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios
em 20% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, § 2º, do CPC/2015.
Publique-se.

Brasília (DF), 1º de agosto de 2019.

MINISTRO RAUL ARAÚJO


Relator

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AGRAVADO : JHIULIA FALEIROS DA SILVA RODRIGUES
ADVOGADO : JOSIAS WELLINGTON SILVEIRA E OUTRO(S) - SP293832
EMENTA

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. AUSÊNCIA
DE NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. REEXAME DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DANO MORAL
CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO.

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RAZOABILIDADE. TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA.
EVENTO DANOSO. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. A Corte de origem, analisando o acervo fático-probatório dos autos,
concluiu que a recorrente não comprovou ter realizado a notificação da
devedora antes da anotação restritiva, nos termos exigidos pelo art. 43, § 2º,
do CDC. Nesse contexto, a modificação de tal entendimento lançado no v.
acórdão recorrido demandaria o revolvimento de suporte fático-probatório
dos autos, o que é inviável em sede de recurso especial, a teor do que
dispõe a Súmula 7 deste Pretório.
2. O montante da indenização fixado em R$ 10.000,00 (dez mil reais) não é
desproporcional ou desarrazoado para o caso em exame, que trata de
inscrição em cadastro de inadimplentes sem a devida notificação prévia,
estando tal valor dentro dos parâmetros adotados por esta Corte para casos
semelhantes.
3. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que, em se tratando
de responsabilidade extracontratual, como na hipótese dos autos, aplica-se
o entendimento da Súmula 54/STJ: "Os juros moratórios fluem a partir
do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual."
4. Agravo interno a que se nega provimento.

ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos, em que são partes as acima indicadas,
decide a Quarta Turma, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto
do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira, Marco
Buzzi (Presidente) e Luis Felipe Salomão votaram com o Sr. Ministro Relator.
Brasília, 05 de dezembro de 2019 (Data do Julgamento)

MINISTRO RAUL ARAÚJO


Relator

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ADVOGADO : HÉLIO YAZBEK E OUTRO(S) - SP168204
AGRAVADO : JHIULIA FALEIROS DA SILVA RODRIGUES
ADVOGADO : JOSIAS WELLINGTON SILVEIRA E OUTRO(S) - SP293832

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO RAUL ARAÚJO (Relator):


Trata-se de agravo interno interposto por BOA VISTA SERVIÇOS S.A contra
decisão monocrática desta Relatoria que conheceu do agravo para dar provimento ao recurso

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especial de JHIULIA FALEIROS DA SILVA RODRIGUES para condenar a ora agravante ao
pagamento de danos morais decorrentes da ausência de notificação prévia da inscrição do nome da
recorrente em cadastro de inadimplentes, arbitrados em R$ 10.000,00 (dez mil reais), sobre os quais
incidirão correção monetária, a partir do arbitramento (Súmula 362/STJ), e juros moratórios desde a
data do evento danoso (Súmula 54/STJ).
Nas razões recursais, a agravante alega, em síntese, que, seguindo à risca o quanto
lhe cabe, assim que a parte agravante recebeu as informações relativas ao nome completo do
devedor, o endereço para o envio da notificação e os dados do débito, enviou para o endereço
indicado pelo credor da agravada a notificação devida, conforme documentos apresentados em sede
de contestação.
Aduz que o envio da referida notificação foi realizado em total cumprimento ao artigo
43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor e à tese firmada no julgamento do Recurso Especial
nº 1.083.291/RS, pois a simples emissão destes comunicados já demonstra o cumprimento do
referido artigo 43, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor e, de acordo com a Súmula 404 do
Superior Tribunal de Justiça, somente é necessária a comprovação da postagem da notificação
prévia, sendo dispensável o aviso de recebimento (AR).
Defende que, como foi comprovado o envio da notificação prévia de inclusão de
débito, o feito deve ser julgado improcedente.
Por fim, afirma que o quantum indenizatório arbitrado mostra-se exagerado,
representando uma afronta aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade e que se faz
necessária a revisão dos critérios de incidência de juros, para que se inicie desde a data do
arbitramento.
Requer a reconsideração da decisão agravada ou sua reforma pela Turma Julgadora.
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É o relatório.

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Intimada, a parte agravada não apresentou manifestação (e-STJ, fl. 181).

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VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO RAUL ARAÚJO (Relator):


A agravante alega, em síntese, que enviou para o endereço indicado pelo credor da
agravada a notificação devida, em total cumprimento ao artigo 43, § 2º, do Código de Defesa do

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Consumidor e à tese, firmada no julgamento do Recurso Especial nº 1.083.291/RS, de que somente é
necessária a comprovação da postagem da notificação prévia, sendo dispensável o aviso de
recebimento (AR).
Sobre o tema, assim decidiu a Corte de origem:
"Em que pesem os argumentos da requerente, embora a ré não tenha
demonstrado notificação da devedora antes da anotação restritiva (art.
43, § 2º, CDC), a autora não negou a existência da dívida, nem trouxe
qualquer documento que comprovasse sua quitação.
A prova de pagamento da dívida era ônus da autora, de forma que
eventual prejuízo decorreu de sua conduta e não da inserção no banco
de dados da requerida." (e-STJ fl. 130)

O entendimento da Corte de origem confirma o que fora decidido na sentença, que


assim dispôs:
"Os documentos apresentados pela ré (fls. 67/68) não se prestam a
comprovar o envio da notificação prévia à autora, já que a certificação
de postagem (fls. 68) não especifica quais foram as correspondências
efetivamente enviadas.
Assim, a ré não observou a disposição do art. 43, parágrafo 2° do
Código de Defesa do Consumidor, com relação às negativações. Violou,
também, o Enunciado n° 359 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça,
segundo o qual "Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao
Crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição".
Cabia-lhe, portanto, comprovar o regular atendimento da referida
norma, o que não fez." (e-STJ fl. 88)

Como visto, o Tribunal de origem expressamente consignou que a agravante não


demonstrou a notificação da devedora antes da anotação restritiva, nos termos exigidos pelo art. 43,
§ 2º, CDC.

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Nesse contexto, a modificação de tal entendimento lançado no v. acórdão recorrido
demandaria o revolvimento de suporte fático-probatório dos autos, o que é inviável em sede de

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recurso especial, a teor do que dispõe a Súmula 7 deste Pretório. Sobre o tema:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC/73) - AÇÃO
CONDENATÓRIA - DECISÃO MONOCRÁTICA DA PRESIDÊNCIA
DESTA CORTE QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO.
INSURGÊNCIA DO ÓRGÃO MANTENEDOR DE CADASTRO.
1. Consideram-se preclusas as matérias que, decididas pela decisão
monocrática recorrida, não são novamente impugnadas em sede de
agravo interno. Precedentes.
2. A Segunda Seção deste Tribunal, no julgamento do REsp 1.083.291/RS
representativo de controvérsia repetitiva (art. 543-C CPC/73), consolidou
o entendimento de que, para a notificação ao consumidor da inscrição de

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seu nome em cadastro restritivo de crédito, basta o envio de
correspondência dirigida ao endereço do credor, sendo desnecessário o
aviso de recebimento. 3. Na espécie, a Corte a quo, calcada nas provas
acostadas aos autos, concluiu pelo descumprimento do disposto no art.
43, § 2º do Código de Defesa do Consumidor. A revisão desse
entendimento demanda a reapreciação das provas, providência que
encontra óbice na Súmula 7/STJ, o que impede o conhecimento do
reclamo por ambas as alíneas do permissivo constitucional.
4. Agravo interno desprovido.
(AgInt no AREsp 1108448/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA
TURMA, julgado em 17/04/2018, DJe 25/04/2018)

Quanto à alegação de que o quantum indenizatório, fixado em R$ 10.000,00 (dez mil


reais) mostra-se exagerado, representando uma afronta aos princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade, também não merece prosperar o recurso, tendo em vista que o valor encontra-se
dentro dos parâmetros adotados por esta Corte em casos semelhantes, senão vejamos:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CADASTRO
DE INADIMPLENTES. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL. PEDIDO
DE MAJORAÇÃO DE VALOR FIXADO POR ESTE RELATOR. QUANTIA
FIXADA DE ACORDO COM AS PARTICULARIDADE DO CASO
CONCRETO. RECURSO NÃO PROVIDO.
1. O STJ já firmou entendimento de ser razoável a condenação em valor
equivalente a até 50 (cinquenta) salários mínimos por indenização por
dano moral decorrente de inscrição indevida em órgãos de proteção ao
crédito.
2. Na espécie, entendo que a indenização fixada por este Relator em R$
10.000,00 (dez mil reais), decorrente de inscrição indevida do nome da
parte agravada nos órgãos de proteção ao crédito, não se revelou
irrisória, estando de acordo com as particularidades do caso concreto e
dentro dos parâmetros arbitrados por esta Corte em casos análogos.
Precedentes.
3. Agravo interno a que se nega provimento.
Documento: 1898783 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 19/12/2019 Página 5 de 4
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Superior Tribunal de Justiça
(AgInt no AREsp 1340527/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 24/06/2019, DJe 27/06/2019)

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AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO
DE INADIMPLENTES. 1. ATO ILÍCITO. DANO MORAL CONFIGURADO.
SÚMULA 7 DO STJ. 2. PRETENSÃO DE REDUÇÃO DO MONTANTE
INDENIZATÓRIO. SÚMULA 7 DO STJ. 3. ANÁLISE DO DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL PREJUDICADA. 4. AGRAVO INTERNO
IMPROVIDO.
1. A Corte estadual consignou a ilicitude da conduta da insurgente ao
realizar a negativação discutida. Assim, a inversão desse entendimento,
de forma a acolher a tese da agravante, por certo, demandaria o
revolvimento de todo o acervo fático-probatório dos autos, o que é

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ADRIANA GOMES GIMENES, liberado nos autos em 03/04/2020 às 11:51 .
vedado, na via especial, pelo enunciado n. 7 da Súmula desta Corte
Superior.
2. Outrossim, no contexto dos autos, a revisão do quantum indenizatório
estipulado pelas instâncias de origem só é admitida quando irrisório ou
exorbitante, o que não se verifica na espécie (fixado em R$ 10.000,00 -
dez mil reais), porquanto o montante estipulado não destoa dos
parâmetros estabelecidos nesta Corte para casos análogos. Desse modo,
a análise do tema esbarra no enunciado da Súmula n. 7 do STJ.
3. A análise do dissídio jurisprudencial fica prejudicada em razão da
aplicação do enunciado da Súmula n. 7/STJ, porquanto não é possível
encontrar similitude fática entre o aresto combatido e os arestos
paradigmas, uma vez que as suas conclusões díspares ocorreram, não em
virtude de entendimentos diversos sobre uma mesma questão legal, mas,
sim, de fundamentações baseadas em fatos, provas e circunstâncias
específicas de cada processo.
4. Agravo interno improvido.
(AgInt no AREsp 1308488/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 08/10/2018, DJe 10/10/2018)

Por fim, quanto ao pleito de revisão dos critérios de incidência de juros, para que se
inicie desde a data do arbitramento, também não merece prosperar o recurso, tendo em vista que o
termo inicial para a incidência dos juros moratórios, em caso de responsabilidade extracontratual, é
a data do evento danoso, nos termos da Súmula 54 do Superior Tribunal de Justiça. Sobre o tema:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INSCRIÇÃO
INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DEFICIÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL.
INDENIZAÇÃO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. DATA DO
EVENTO DANOSO. SÚMULA N. 54/STJ. DECISÃO MANTIDA.
1. Considera-se deficiente, a teor da Súmula n. 284 do STF, a
fundamentação de recurso especial que alega violação a dispositivo legal
cujo conteúdo jurídico é dissociado da questão debatida nos autos.
2. Conforme entendimento da Segunda Seção deste Tribunal, o termo
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Superior Tribunal de Justiça
inicial dos juros de mora, em casos de responsabilidade extracontratual,
é a data do evento danoso, a teor da Súmula n.
54/STJ.

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3. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 1250116/MG, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 13/05/2019, DJe 20/05/2019)

AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DANOS


MORAIS. INDEVIDA INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES.
VALOR INDENIZATÓRIO. REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. TERMO INICIAL
DOS JUROS DE MORA.
1. A conclusão do Tribunal de origem no sentido de ser indevida a
inscrição negativa não pode ser revista em sede de recurso especial,
porquanto demandaria reexame de provas, vedado nos termos da Súmula

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7/STJ.
2. É pacífico nesta Corte que, em sede de recurso especial, a revisão da
indenização por dano moral apenas é possível quando o quantum
arbitrado nas instâncias originárias se revelar irrisório ou exorbitante.
3. Os juros de mora fluem a partir do evento danoso, em caso de
responsabilidade extracontratual (Súmula 54/STJ).
4. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 1432454/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,
QUARTA TURMA, julgado em 29/04/2019, DJe 02/05/2019)

Ante o exposto, nega-se provimento ao agravo interno.


É como voto.

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA

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AgInt no
Número Registro: 2019/0161549-0 AREsp 1.518.086 /
SP

Número Origem: 10020228120188260196

PAUTA: 05/12/2019 JULGADO: 05/12/2019

Relator
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO

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Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO BUZZI
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS SIMÕES MARTINS SOARES
Secretária
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : JHIULIA FALEIROS DA SILVA RODRIGUES
ADVOGADO : JOSIAS WELLINGTON SILVEIRA E OUTRO(S) - SP293832
AGRAVADO : BOA VISTA SERVICOS S.A
ADVOGADO : HÉLIO YAZBEK E OUTRO(S) - SP168204

ASSUNTO: DIREITO DO CONSUMIDOR - Responsabilidade do Fornecedor - Indenização por Dano


Moral - Inclusão Indevida em Cadastro de Inadimplentes

AGRAVO INTERNO
AGRAVANTE : BOA VISTA SERVICOS S.A
ADVOGADO : HÉLIO YAZBEK E OUTRO(S) - SP168204
AGRAVADO : JHIULIA FALEIROS DA SILVA RODRIGUES
ADVOGADO : JOSIAS WELLINGTON SILVEIRA E OUTRO(S) - SP293832

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Maria Isabel Gallotti, Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi
(Presidente) e Luis Felipe Salomão votaram com o Sr. Ministro Relator.

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