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EMENTA
DECISÃO
Edição nº 0 - Brasília,
Documento eletrônico VDA31936890 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
Signatário(a): MARCO AURÉLIO BELLIZZE Assinado em: 31/03/2022 15:56:12
Publicação no DJe/STJ nº 3365 de 01/04/2022. Código de Controle do Documento: 0c25a94c-99a6-4a69-98ef-61a1793cda50
processual de agir da Apelante, posto o ajuizamento de cinco ações
contra o mesmo banco sobre as mesmas alegações. Na hipótese, a
Recorrente pulverizou seus pedidos de repetição do indébito e
indenização por danos morais em 05 (cinco) ações protocoladas em
desfavor do mesmo Banco Apelado no Juízo da Comarca de Sinop.
Assim, a multiplicidade de demandas contra a mesma Instituição
Bancária e no mesmo período, além de dificultar sobremaneira a
defesa do promovido, sobrecarrega o Poder Judiciário e a sociedade
que arca com o custo dos processos que tramitam sob o pálio da
gratuidade. Benefício cassado diante de conduta abusiva.
Considerando que constitui assédio processual ou "demandismo" a
atitude da parte que promove o fracionamento das ações como
manobra para ampliar as possibilidades de ganhos sucumbenciais e
indenizatórios, de rigor a confirmação da sentença de extinção do
processo sem resolução do mérito. Recurso desprovido. Sentença
mantida. Gratuidade revogada.
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Documento eletrônico VDA31936890 assinado eletronicamente nos termos do Art.1º §2º inciso III da Lei 11.419/2006
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benefício previdenciário, que soma o total de R$ 5.376,52 (cinco mil,
trezentos e setenta e seis reais e cinquenta e dois centavos); e (iv) a
condenação da Ré ao pagamento de indenização por dano moral sugerindo
a importância de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Em seguida, sobreveio sentença de extinção do processo sem resolução do
mérito, nos termos do art. 330, III, e 485,VI, ambos do CPC, ao fundamento
que a parte Autora ajuizou outras ações em desfavor o banco Apelado
alegando os mesmos fatos, oque deu azo ao vertente apelo.
De início, vale destacar que, em consulta à página deste Tribunal de Justiça
de Mato Grosso, observa-se que o patrono constituído nestes autos
distribuiu na Comarca de Sinop - MT nada menos que 12 (doze) ações em
nome da autora em face de seis instituições financeiras diferentes, contendo
05 (cinco) demandas em desfavor do mesmo Banco Apelado sobre fatos
idênticos, ao invés de propor uma única ação, o que conduziu ao
indeferimento da petição inicial, conforme fundamentado pela Juíza a quo.
Como é cediço, o art. 292 do CPC contempla a faculdade, e não a
obrigatoriedade, de se cumular vários pedidos em um mesmo processo. No
entanto, o abuso cometido por vários procuradores na distribuição de ações
que se multiplicam, principalmente da Comarca de Sinop e região, merece
atenção especial, tendo em vista o prejuízo causado a todos os
jurisdicionados daquela e, principalmente, ao cidadão contribuinte que arca
com o custo do Poder Judiciário, já que essas demandas sempre são
precedidas de pedido de gratuidade.
Desse modo, não se mostra aceitável o comportamento adotado pelo
procurador da Apelante que sobrecarrega a máquina judiciária pela utilização
de processos autônomos, olvidando os princípios da economia processual,
da boa fé e da cooperação.
(...)
Cumpre reiterar que a Recorrente pulverizou seus pedidos de Repetição do
Indébito e Indenização por danos morais em 05 (cinco) ações protocoladas
em desfavor do mesmo Banco Apelado no Juízo da Comarca de Sinop.
Assim, a multiplicidade de demandas contra a mesma instituição e no
mesmo período, concorre para dificultar a defesa do promovido, além de
sobrecarregar o Poder Judiciário, tudo com a evidente intenção de multiplicar
as possibilidades de ganhos.
Vale salientar que o ajuizamento de ações sucessivas e sem fundamento
para atingir esse tipo de objetivos é considerado “assédio processual”,
definido pela 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça a como a prática de
abusar dos direitos fundamentais de acesso à Justiça e ampla defesa “por
mero capricho, por espírito emulativo, por dolo ou que, em ações ou
incidentes temerários veiculem pretensões ou defesas frívolas, aptas a tornar
o processo um simulacro de processo”(REsp 1.817.845-MS, Rel. Min. Paulo
de Tarso Sanseverino, Rel. Acd. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por
maioria, julgado em 10/10/2019, DJe 17/10/2019).
A ministra Nancy Andrighi anotou na ementa do REsp1.817.845-MS:
“Embora não seja da tradição do direito processual civil brasileiro, é
admissível o reconhecimento da existência do ato ilícito de abuso
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processual, tais como o abuso do direito fundamental de ação ou de defesa,
não apenas em hipóteses previamente tipificadas na legislação, mas
também quando configurada a má utilização dos direitos fundamentais
processuais”.
Nesse contexto, a situação dos autos enquadra-se como abuso do direito de
ação, pois o ajuizamento dessa pluralidade de ações constitui o chamado
demandismo ou utilização predatória do processo, que prejudica a celeridade
processual e causa danos à sociedade.
Dessa forma, outro meio não há a não ser manter a sentença de primeiro
grau, que extinguiu o feito sem resolução do mérito. (Sem grifo no original).
Publique-se.
Brasília, 29 de março de 2022.
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