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Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

PJe - Processo Judicial Eletrônico

29/03/2023

Número: 5000760-65.2022.8.13.0417
Classe: [CÍVEL] PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: Vara Única da Comarca de Mesquita
Última distribuição : 16/12/2022
Valor da causa: R$ 37.665,18
Assuntos: Bancários, Cartão de Crédito
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Advogados
PETRINA DAS DORES DE ASSIS BRANDAO (AUTOR)
RENER HENDRIKS CARVALHO ANDRADE (ADVOGADO)
BANCO PAN S.A. (RÉU/RÉ)
BERNARDO BUOSI (ADVOGADO)

Documentos
Id. Data da Assinatura Documento Tipo
9749001703 11/03/2023 15:03 Impugnação Impugnação
Rener Hendriks Carvalho Andrade
Advogado – OAB/MG 129.265

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ÚNICA


DA COMARCA DE MESQUITA – MG

Processo nº: 5000760-65.2022.8.13.0417

PETRINA DAS DORES DE ASSIS BRANDÃO, já qualificada nos autos


do processo em referência, no qual contende com BANCO PAN S.A., por intermédio
de seu advogado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em
cumprimento ao despacho exarado, apresentar sua IMPUGNAÇÃO à contestação e
documentos apresentados pelo Réu, conforme abaixo aduzido:

1 – SÍNTESE DOS FATOS:

A autora ajuizou ação em face do requerido objetivando a declaração de


nulidade do contrato de cartão de crédito consignado, a restituição de todas as parcelas
descontadas da aposentadoria da autora de forma irregular, bem como, na reparação
pelos danos morais sofridos.

Em sede de contestação, aduz o Requerido que: a) a inicial deve ser


indeferida, pois a parte autora não buscou o acionamento administrativo do PAN; b) em
15/01/2018 foi firmada a contratação do cartão de crédito consignado através de
contrato assinado pela parte autora; c) em 15/01/2018 a autora solicita TELESAQUE à
vista no valor de R$1.201,70, e o valor é depositado em contra de titularidade da parte
autora; d) o cartão foi devidamente enviado e recebido pela autora, no dia 24/01/2018,
conforme AR; e) não há que se falar em defeito na prestação do serviço pelo PAN:
contratação válida e idônea, cartão entregue em mesmo endereço informado na inicial,
solicitação de saque, compras efetuadas nas proximidades da residência do autor,
pagamento de valores, entre outros; f) simples aborrecimentos e chateações do dia a dia
não podem ensejar indenização por danos morais.

Contudo, sem razão o Requerido.

2 – PRELIMINAR:

Escritório: Rua João Emiliano, nº 53, Sala A, Centro, Braúnas/MG, CEP 35.189-000
E-mail: renerandrade.adv@hotmail.com – Celular: (33) 98710-6731

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2.1) Da alegada falta de interesse de agir

Primeiramente, há de salientar que a Autora contatou o Banco para por fim


ao imbróglio, no entanto, não obteve êxito.

Irresignada, não lhe restou alternativa a não ser a propositura da presente


demanda para o fim de obrigar a instituição financeira a cessar com os descontos
ilegais.

Apesar da tentativa de resolução na via extrajudicial pela Autora, a sua não


utilização não constitui óbice à propositura de ação judicial, não constituindo assim pré-
requisito a quaisquer procedimentos judiciais, sob pena de ferir o princípio
constitucional da inafastabilidade da jurisdição, constante do artigo 5º, inciso XXXV, da
CR.

Desta forma, necessário trazer a baila entendimento perfilhado pelo TJMG:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - EXIGÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE TENTATIVA DE SOLUÇÃO PELA
VIA ADMINISTRATIVA - DESNECESSIDADE -
INTERESSE PROCESSUAL - PRESENÇA - EXTINÇÃO DO
FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - NÃO
CABIMENTO - SENTENÇA DESCONSTITUÍDA - ARTIGO
1013, §3 DO CPC - CAUSA MADURA - PRELIMINAR
ARGUIDA EM CONTESTAÇÃO - JUNTADA DE
COMPROVANTE DE ENDEREÇO EM NOME PRÓPRIO -
DOCUMENTO DISPENSÁVEL - DECADÊNCIA -
INAPLICABILIDADE - INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME
DO CONSUMIDOR EM ÓRGÃO DE PROTEÇÃO AO
CRÉDITO - DÍVIDA COMPROVADA - QUITAÇÃO -
DEMONSTRAÇÃO AUSENTE - EXERCÍCIO REGULAR DO
DIREITO DO CREDOR - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ -
INEXISTÊNCIA - Revela-se descabido o condicionamento do
ajuizamento da ação declaratória de inexistência de débito à
apresentação de prova de tentativa de solução pela via
administrativa, seja por força do princípio da
inafastabilidade da jurisdição, seja por ausência de amparo
legal. - Tratando-se de sentença proferida nos termos do artigo
1013, §3º do CPC, e estando a causa madura para julgamento, o
exame do mérito litigioso resulta de rigor, nos termos do artigo
1013, §3º do CPC. - O comprovante de endereço em nome
próprio não perfaz documento indispensável à propositura da
ação, não estando elencado no rol dos artigos 319 e 320 do CPC.
- A pretensão de reconhecimento da inexistência de dívida está
sujeita ao prazo prescricional instituído no art. 27 do CDC. --
Constitui exercício regular de direito a restrição creditícia
promovida pelo credor, quando demonstrada a existência do
débito inadimplido. - Para que a parte seja condenada em multa

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por litigância de má fé (art. 81, do CPC/2015), necessário restar


evidenciado o dolo manifesto em proceder de modo temerário,
conforme inteligência do art. 80, do mesmo Diploma Legal, o
que não se vislumbra no presente caso. (TJMG - Apelação
Cível 1.0000.23.010555-3/001, Relator(a): Des.(a) Shirley Fenzi
Bertão, 11ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 08/03/2023,
publicação da súmula em 08/03/2023) (g.n.)

Assim, não merece guarida a alegação do Requerido de falta de interesse de


agir sob o argumento de ausência de tentativa de solução extrajudicial da demanda por
parte da Autora.

3 – MÉRITO:

3.1) Da alegada validade do negócio jurídico

A Requerente reitera os termos da petição inicial, pois nunca contratou com


o “BANCO PAN”.

Registra-se que a Requerente reside no município de Braúnas, em área rural,


localidade que não possui correspondente do Requerido, tampouco agência bancária,
não sabendo informar a origem do contrato impugnado.

Ocorre que a autora nunca efetuou compras com o cartão de crédito


consignado em comento, pois nunca o solicitou, tampouco o desbloqueou, não solicitou
saque, nem realizou pagamento de faturas, e desde fevereiro de 2018 vem sendo
cobrada por dívida que sequer contraiu, o que vem lhe causando sérios transtornos
psicológicos.

Frise-se que a parte autora é pessoa simples, trabalhadora rural aposentada,


e apenas notou a existência dos descontos indevidos recentemente, que, paulatinamente,
foram descontados ao longo do tempo, no valor médio de 44,25 reais mensais.

A Requerente é mais uma vítima, entre tantas outras, de fraudes em cartão


de crédito consignado, como é de conhecimento público e notório devido à ampla
divulgação pela mídia, especialmente nos últimos anos.

O Requerido juntou aos presentes autos cópia digital do alegado


instrumento de contrato de cartão de crédito consignado, saliente-se que a Requerente
nunca teve acesso a qualquer documento deste tipo, devendo ser comprovada a
veracidade da assinatura da Requerente, no documento original do contrato,
determinando a análise por perícia judicial grafotécnica para produção de laudo
conclusivo a respeito deste fato.

Nesse sentido:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA


DE INEXISTENCIA DE DÉBITO - CONTRATO DE
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - ALEGAÇÃO ASSINATURA
FALSA - PERÍCIA GRAFOTÉCNICA REALIZADA NA

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CÓPIA DO CONTRATO- IMPOSSIBILIDADE - PERÍCIA


NO DOCUMENTO ORIGINAL- DETERMINAÇÃO DE
OFÍCIO - POSSIBILIDADE. Em demandas em que se pleiteia a
declaração de inexistência de dívida e indenização por danos
morais, havendo dúvida quanto à autenticidade da assinatura
aposta no contrato, imprescindível realização da prova
pericial grafotécnica, no documento original, para o correto
deslinde do feito, cuja determinação pode ser dada inclusive de
ofício, nos termos do preceito do artigo 370 do CPC/2015, para
que a tutela jurisdicional seja prestada com segurança
jurídica. (TJMG - Apelação Cível 1.0672.12.009079-6/001,
Relator(a): Des.(a) Luciano Pinto, 17ª CÂMARA CÍVEL,
julgamento em 13/07/2017, publicação da súmula em
25/07/2017) (g.n.)

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITÓRIA - NOTA DE


CRÉDITO RURAL - IMPUGNAÇÃO DA AUTENTICIDADE
DO DOCUMENTO E DAS ASSINATURAS - NÃO
CUMPRIMENTO DA ORDEM DE EXIBIÇÃO DA VIA
ORIGINAL - ÔNUS DA PROVA DE QUEM PRODUZIU O
DOCUMENTO - DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS
SUCUMBENCIAIS - PRINCÍPIO DA CAUSALIDADE -
EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO - SENTENÇA
MANTIDA - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - IMPOSSIBILIDADE
- AUSENTE A PROVA DO DOLO E DO PREJUÍZO
PROCESSUAL. - Diante da expressa alegação de fraude e
impugnação à autenticidade do documento e da assinatura
lançada no contrato juntado pelo credor, é ônus deste último a
apresentação da via original, bem como da prova de veracidade
da firma do contratante. - Havendo necessidade de realização de
perícia grafotécnica, ônus que incumbia à parte que produziu o
documento (art. 429, II do CPC) e havendo determinação
judicial que o réu exibisse o documento original, a cópia do
contrato apresentando não serve como prova da existência
da relação jurídica impugnada pelos supostos devedores. -
Na extinção do processo sem resolução do mérito, os ônus
sucumbenciais devem ser suportados pela parte autora. - A
multa por litigância de má-fé depende de prova do dolo da parte
cuja conduta se reputa danosa ao processo, bem como dos danos
que tal conduta teria imposto à parte contrária. - Recurso ao qual
se nega provimento. (TJMG - Apelação Cível
1.0000.20.554696-3/001, Relator(a): Des.(a) Lílian Maciel, 20ª
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 24/02/2021, publicação da
súmula em 25/02/2021) (g.n.)

Importante mencionar que no instrumento de contrato juntado pelo


Requerido (ID nº 9738570001) consta que a parte autora possui estado civil de
SOLTEIRA, no entanto, a informação está errada, pois seu estado civil é
CASADA, o que leva a crer se tratar de uma fraude.

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Ora, Excelência, diante desses fortes indícios de irregularidades, somado ao


fato de que a parte autora afirma nunca ter celebrado contrato com o Banco Pan, de
rigor a designação de perícia técnica no documento original do contrato para
averiguação da assinatura aposta no contrato.

Por outro lado, é aplicável ao caso em comento a teoria do risco-proveito


segundo a qual será responsável civilmente todo aquele que aufira lucro ou vantagem do
exercício de determinada atividade.

A propósito, vale ressaltar ser a referida teoria aceita pelo Superior Tribunal
de Justiça, senão vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO CONTRA A INADMISSÃO DE RECURSO
ESPECIAL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
REQUISITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL.
QUANTUM INDENIZATÓRIO RAZOÁVEL. SÚMULA
7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (...) 2. A
orientação do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de
que o pactuação de contrato bancário, mediante fraude
praticada por terceiro falsário, por constituir risco inerente
à atividade econômica das instituições financeiras, não elide
a responsabilidade destas pelos danos daí advindos, à luz da
Teoria do Risco Profissional. 3. A jurisprudência desta Corte é
firme quanto à desnecessidade, em hipóteses como a dos autos,
de comprovação do dano moral, que decorre do próprio fato da
inscrição indevida em órgão de restrição ao crédito, operando-se
in re ipsa. (...) (STJ. AgRg no Ag 1273751 Ministro RAUL
ARAÚJO 17/02/2011)

Com efeito, ao optar por realizar contratações massificadas, assumem as


instituições financeiras o risco de que eventuais fraudes sejam cometidas por terceiros
mal intencionados.

A responsabilidade do Requerido, portanto, está caracterizada, eis que


comprovado o dano de consumo, o serviço defeituoso prestado pelo fornecedor como
fato determinante do prejuízo e o constrangimento gerado à demandante.

3.2) Da alegada inexistência de dano moral

O Requerido alega não existir qualquer fato de responsabilidade atribuível


ao mesmo que possa ter causado dano moral à parte autora e, por fim, afirma que não
são meros aborrecimentos ou dissabores que ensejam indenização por dano moral.

O Réu pouco importa com os sofrimentos da vítima, que por toda uma vida
trabalhou para conseguir uma aposentadoria para ter o mínimo de dignidade quando
sobreviesse a velhice, apenas diz ser o fato um dissabor.

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Os danos morais são devidos, haja vista o constrangimento que a


Requerente suportou em virtude da transação indevida, bem como a sensação de
insegurança.

Via de consequência, surge à instituição financeira o dever de indenizar,


haja vista ser a responsável para a ocorrência do evento danoso.

O dano moral visa a compensar investidas injustas de outrem, sobretudo


aquelas que atingem a moralidade e causam sentimentos e sensações negativas (v.g.,
angústia, mal-estar, medo, depressão etc).

A alegada ausência de comprovação de dano moral não resiste ao


entendimento de que é desnecessária a comprovação objetiva do mesmo, bastando para
tanto que se demonstre a existência do ato danoso injustificável, para que a necessidade
de ressarcimento se configure.

Como a configuração do dano moral não necessita dos mesmos requisitos


para a caracterização do dano material, para a sua apuração basta que sejam atingidas,
através do ato ilícito, a tranquilidade, os sentimentos e as relações psíquicas e sociais.

Em tais casos, a concepção atual da doutrina e da jurisprudência orienta-se


no sentido de que a responsabilização do agente causador do dano moral opera-se por
força do simples fato da violação (dano in re ipsa). Verificado o evento danoso, surge a
necessidade da reparação, não havendo que se cogitar da prova do prejuízo, quando
presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil.

Neste particular, de todo pertinente as palavras de Yussef Said Cahali


(“Dano Moral”, 2ª edição, Editora Revista dos Tribunais, SP, 1998, p. 406):

“...não é preciso que o fato desabonador e desmerecido tenha


chegado ao conhecimento de um grande número de pessoas,
mesmo porque a idoneidade moral de alguém não é medida pelo
número de amigos ou conhecidos que possa ter.”

Resta, portanto, configurada a responsabilidade do Banco no evento danoso,


a sua atitude ilícita - negligência e imprudência na prestação dos serviços - e o nexo de
causalidade gerador do dano, com a falha na prestação do serviço e ineficácia da
segurança que é esperada, ensejando assim o dever de indenizar.

No que tange ao valor da condenação, o ressarcimento pelo dano moral


decorrente de ato ilícito é uma forma de compensar o mal causado e não deve ser usado
como fonte de enriquecimento ou abusos. Dessa forma, a sua fixação deve levar em
conta o estado de quem o recebe e as condições de quem paga.

Este numerário deve proporcionar à vítima satisfação na justa medida do


abalo sofrido, produzindo, no causador do mal, impacto bastante para dissuadi-lo de
igual procedimento, forçando-o a adotar uma cautela maior, diante de situação como a
descrita nestes autos.

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Então para fixação do valor da indenização pelo dano psíquico, devem ser
levados em conta os aborrecimentos suportados pela parte autora, considerar a
capacidade econômica e financeira do Réu, e também que a indenização pelo dano
moral deve revestir-se de caráter inibidor e compensatório.

Diante do exposto, não merece guarida as alegações do Requerido em ver


afastada a condenação por danos imateriais, devendo de pronto ser julgado procedente o
pedido quanto ao dano moral em valor condizente com o mal sofrido pela Requerente.

3.3) Da repetição de indébito em dobro

É devida a restituição do dano material sofrido em dobro, conforme melhor


dicção da norma consumerista.

A parte autora não consentiu na contratação do referido cartão de crédito


consignado com o Requerido, desconhecendo qualquer motivo para que os descontos
em questão fossem feitos em benefício da instituição financeira.

Desta forma, a repetição em dobro deve ser aplicada quando o credor age de
má-fé, como no caso, exigindo do devedor o pagamento de valores indevidos. Nesse
sentido a norma consumerista, notadamente no artigo 42, parágrafo único, veja-se:

“Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente


não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo
de constrangimento ou ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual
ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.” (g.n.)

Tem-se, que os descontos realizados pelo Banco-réu basearam-se em


contrato de cartão de crédito consignado notadamente nulo, eis que não fora celebrado
contrato.

Assim sendo, o ato de efetuar descontos nos proventos de aposentadoria da


autora, sem fundamento legal para tanto, configura-se má-fé, pois inexiste
consentimento da parte lesada.

Imperiosa, então, seja procedida a restituição em dobro dos valores


indevidamente subtraídos dos proventos de aposentadoria.

Ressalta-se, aqui, que não se trata de engano justificável a afastar a exceção


prevista ao final da norma supracitada, uma vez que os descontos foram efetuados com
base em um contrato totalmente nulo.

4- DOS PEDIDOS:

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Ante ao exposto, a autora IMPUGNA, expressamente, toda a contestação e


todos os documentos contrários as suas pretensões, requerendo a total procedência da
ação, reportando-se à inicial por questões de brevidade.

Requer, outrossim, a realização de prova pericial grafotécnica no


documento original do contrato.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Braúnas/MG, 11 de março de 2023.

Rener Hendriks Carvalho Andrade


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