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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.628.065 - MG (2016/0251820-4)

RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI


R.P/ACÓRDÃO : MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) -
MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO
EMENTA

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CPC/73.


LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. DANO PROCESSUAL.
DESNECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO PARA
APLICAÇÃO DA MULTA A QUE ALUDE O ART. 18 DO
CPC/73. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ.
1. O dano processual não é pressuposto para a aplicação da
multa por litigância de má-fé a que alude o art. 18 do
CPC/73, que configura mera sanção processual, aplicável
inclusive de ofício, e que não tem por finalidade indenizar a
parte adversa.
2. Caso concreto em que se afirmou no acórdão recorrido que
a conduta do recorrente foi de má-fé por ter instaurado
incidente infundado e temerário, não tendo se limitado ao
mero exercício do direito de recorrer, mas tendo incindido em
diversas das condutas elencadas no art. 17 do CPC/73 (art. 80
do CPC/15).
3. Impossibilidade de reexame de matéria fático-probatória.
Súmula 7/STJ.
4. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia
TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, após o voto-vista desempate do
Sr. Ministro Moura Ribeiro, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr.

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Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, que lavrará o acórdão. Vencidos os Srs. Ministros Nancy
Andrighi e Marco Aurélio Bellizze (Presidente). Votaram com o Sr. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva e Moura Ribeiro.
Brasília, 21 de fevereiro de 2017. (Data de Julgamento)

MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO


Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.628.065 - MG (2016/0251820-4)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) -
MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relator):

Cuida-se de recurso especial interposto por BANCO DO BRASIL


S/A, com fundamento na alínea “a” do permissivo constitucional, contra acórdão
exarado pelo TJ/MG.

Decisão interlocutória: nos autos de ação de execução promovida


pela recorrente contra FACIT S/A – Máquinas de Escritório, o recorrente pleiteia
a reserva de honorários sucumbenciais e seu arbitramento pelo Juiz. Após a
realização de perícias, homologam-se os cálculos apresentados e são dadas vistas
às partes, sendo a manifestação da recorrente considerada intempestiva e, por
isso, desentranhada dos autos.

Em seguida, o Juiz autoriza a penhora on-line das contas do


recorrente no valor de R$7.063.389,63 (sete milhões, sessenta e três mil,
trezentos e oitenta e nove reais e sessenta e três centavos).

O recorrente impugnou o cumprimento de sentença, nos termos do


art. 475-J do CPC/73, alegando vício da publicação da intimação para pagamento
e excesso de execução.

Em 23/09/2016, o Juízo de 1º grau de jurisdição profere decisão

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determinando a expedição de alvará ao recorrido no valor de R$ 3.088.856,96
(três milhões, oitenta e oito mil, oitocentos e cinquenta e seis reais, e noventa e
seis centavos).

No dia 24/09/2015, a recorrente ajuíza ação cautelar antecedente de


rescisória, em que alega a existência de indícios de nulidade dos atos processuais
até então praticados. Em reconsideração após a oitiva do recorrido, o TJ/MG
revoga o efeito suspensivo anterior concedido e autoriza o levantamento do
alvará.

Acórdão: em 09/10/15, o recorrente interpõe agravo de instrumento


ao TJ/MG, com a finalidade de garantir a reversibilidade da autorização do
levantamento do alvará.

Em 30/30/2016, o TJ/MG nega provimento ao recurso e, ainda,


aplica multa por litigância de má-fé no valor de 1% sobre o valor da execução
atualizado, sob o fundamento que o pedido recursal do recorrente já fora
analisado no bojo da ação cautelar.

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - IMPUGNAÇÃO AO


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - VALOR INCONTROVERSO -
LEVANTAMENTO - LITIGANCIA DE MÁ-FÉ. Havendo reconhecimento pelo
executado, da existência de valor incontroverso, é possível o levantamento da
importância pelo credor. Para que ocorra a condenação por litigância de má-fé, é
necessário que se faça prova da instauração de litigio infundado ou temerário, o que
ocorreu nos presentes autos.

Recurso especial: alega violação ao art. 18 do CPC/73, ao afirmar


que a interposição do agravo de instrumento visou somente obter a mitigação dos
efeitos da decisão interlocutória que autorizou o levantamento do alvará ou,
alternativamente, que determinasse ao recorrido o oferecimento de caução idônea
até o limite do valor liberado. Requer somente o afastamento da multa por
litigância de má-fé, por entender ausente os pressupostos de configuração.

Relatados os fatos, decide-se.


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RECURSO ESPECIAL Nº 1.628.065 - MG (2016/0251820-4)
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ADVOGADOS : CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
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RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) -
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VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI (Relator):

Cinge-se a controvérsia a verificar se, na hipótese dos autos, há


configuração de litigância de má-fé, nos termos do art. 18 do CPC/73, com a
consequente aplicação de penalidade.

O TJ/MG aplicou multa em razão da litigância de má-fé sob os


seguintes fundamentos, extraídos do voto da i. Desembargadora-Relatora:
Por fim, o Agravado requer a condenação do Agravante ao pagamento de
multa por litigância de má-fé.
Para que ocorra a condenação por litigância de má-fé, é necessário que se
faça prova da instauração de litígio infundado ou temerário, bem como da ocorrência
de dano processual em desfavor da parte contrária.
No caso concreto, o Agravante instaurou litigio infundado e temerário, eis
que esta Relatora já havia decidido a presente questão em sede de tutela antecipada
na cautelar preparatória de ação rescisória.
Ademais, o Agravante também interpôs agravo regimental contra a decisão
desta julgadora, discutindo as mesmas questões em diversos meios processuais,
sendo cabível a aplicação de multa por litigância de má-fé no importe de 1% sobre o
valor da causa, nos termos do art. 18, do CPC.

No entanto, há muito tempo que a jurisprudência desta Corte é


pacífica no sentido de que não se caracteriza como litigância de má-fé a utilização
dos recursos previstos em lei, sem a demonstração de dolo da parte recorrente em
obstar o normal trâmite do processo e o prejuízo que a parte contrária houver
suportado, em decorrência do ato doloso. A título exemplificativo, pode-se

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mencionar o julgamento do REsp 1.204.918/RS, pela Primeira Turma deste
Superior Tribunal de Justiça:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. MULTA


POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ARTS. 17, IV, E 18 DO CPC. APLICAÇÃO
PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PRESUNÇÃO DE MÁ-FÉ.
IMPOSSIBILIDADE. EXCLUSÃO. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
1. A utilização dos recursos previstos em lei não se caracteriza como
litigância de má-fé, hipótese em que deverá ser demonstrado o dolo da parte
recorrente em obstar o normal trâmite do processo e o prejuízo que a parte
contrária houver suportado em decorrência do ato doloso. Precedentes do
STJ.
2. O fato de a verba honorária de sucumbência arbitrada de forma percentual, ao ser
convertida para a moeda corrente, exprimir um valor eventualmente baixo, não retira
o interesse e a legitimidade da parte para recorrer, caso entenda que sua fixação não
obedeceu aos parâmetros legais.
3. Recurso especial conhecido e provido para afastar a multa aplicada pelo Tribunal
de origem por litigância de má-fé.
(REsp 1204918/RS, Primeira Turma, julgado em 21/09/2010, DJe 01/10/2010. Grifos
nossos)

Em outras oportunidades, este STJ manifestou-se modo semelhante,


como no julgamento do REsp 357.157/RJ (Segunda Turma, julgado em
01/06/2004, DJ 13/09/2004, p. 194) em que se consignou expressamente que
“não se caracteriza como litigância de má-fé a utilização dos recursos
previstos em lei, merecendo ser comprovado, nestas hipóteses, o dolo da parte
em obstar o normal trâmite do processo e o prejuízo que a parte contrária
houver suportado, em decorrência do ato doloso”.

No mesmo sentido, a Sexta Turma desta Corte manifestou-se que


“não há falar em litigância de má-fé pelo simples fato da interposição de
recurso contra decisão desfavorável, precisamente porque impugnáveis e
desprovidas de efeito vinculante as decisões do Poder Judiciário, é que à parte
é oportunizado buscar a positivação do direito que entende ser devida, tudo,
acrescente-se, em obséquio do direito a ampla defesa, com os recursos a ela
inerentes, assegurado pelo artigo 5º, inciso LV, da Constituição da República”
(REsp 499.830/RJ, Sexta Turma, julgado em 23/03/2004, DJ 20/09/2004, p.
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340).

A partir dos precedentes acima relacionados, são critérios para a


configuração de litigância de má-fé na interposição de recursos: (i) o dolo do
recorrente em obstar o normal trâmite do processo; e (ii) a existência de prejuízo
suportado pela parte recorrida.

Relendo o acórdão recorrido, percebe-se claramente que nenhum


desses critérios foi observado em sua integralidade na imposição de multa por
suposta litigância de má-fé, sendo completamente omisso quanto à existência de
dano eventualmente suportado pela recorrida.

Forte nessas razões, CONHEÇO do recurso especial e DOU-LHE


PROVIMENTO, com fundamento no art. 255, § 4º, III, do RISTJ, para afastar a
multa por litigância de má-fé aplicada pelo TJ/MG.

Em observância ao disposto no art. 85, caput e §§ 1º e 2º, do


CPC/15, considerando o extenso volume dos autos e o número de recursos e
incidentes processuais em seu bojo, condeno a recorrida ao pagamento das custas
e dos honorários de sucumbência fixados em 15% (quinze por cento) do valor da
multa de litigância de má-fé anteriormente aplicada pelo TJ/MG.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2016/0251820-4 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.628.065 /


MG

Números Origem: 00705642819978130145 08289148220158130000 10000150777662000


10145970070564001 10145970070564003

PAUTA: 01/12/2016 JULGADO: 01/12/2016

Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS SIMÕES MARTINS SOARES
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) - MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Contratos Bancários

SUSTENTAÇÃO ORAL
Dr(a). SERGIO MURILO DE SOUZA, pela parte RECORRENTE: BANCO DO BRASIL S/A
Dr(a). ALEXANDRE ELIAS FERREIRA, pela parte RECORRIDA: ALEXANDRE ELIAS
FERREIRA

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto da Sra. Ministra Nancy Andrighi, dando provimento ao recurso especial,
pediu vista o Sr. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino. Aguardam os Srs. Ministros Ricardo Villas
Bôas Cueva, Marco Aurélio Bellizze (Presidente) e Moura Ribeiro.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2016/0251820-4 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.628.065 /


MG

Números Origem: 00705642819978130145 08289148220158130000 10000150777662000


10145970070564001 10145970070564003

PAUTA: 01/12/2016 JULGADO: 15/12/2016

Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ANTÔNIO CARLOS ALPINO BIGONHA
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) - MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Contratos Bancários

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo no julgamento, após apregoado o processo, pediu vista regimental a Srs.
Ministra Nancy Andrighi.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.628.065 - MG (2016/0251820-4)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) -
MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO PAULO DE TARSO SANSEVERINO:


Eminentes Colegas, pedi vista dos autos na sessão de julgamento do dia
1º de dezembro, para melhor examinar a questão relativa à litigância de má-fé.
Relembro que os autos versam acerca de recurso especial interposto por
BANCO DO BRASIL S/A contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça
do Estado de Minas Gerais, assim ementado:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA - VALOR INCONTROVERSO - LEVANTAMENTO -
LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. Havendo reconhecimento pelo executado, da
existência de valor incontroverso, é possível o levantamento da
importância pelo credor. Para que ocorra a condenação por litigância
de má-fé, é necessário que se faça prova da instauração de litígio
infundado ou temerário, o que ocorreu nos presentes autos.

O recorrente, com fulcro na alinea 'a' do permissivo constitucional,


sustenta, em síntese, não estar configurada a litigância de má-fé, não podendo
ser condenado ao pagamento da multa prevista no art. 17 do CPC/73 pelo
simples exercício de seu direito de recorrer, ressaltando que não houve conduta
intencional maliciosa e desleal.
A relatora, a eminente Ministra Nancy Andrighi, proferiu voto no sentido

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de dar provimento ao recurso especial para afastar a multa por litigância de
má-fé aplicada na origem e condenar o recorrido ao pagamento das custas e
dos honorários recursais, entendendo não estar comprovado o dano processual
e por não ser punível a utilização dos recursos previstos em lei.
Rogando vênia à eminente Relatora, estou em divergir para negar
provimento ao recurso especial.
De um lado, entendo que o dano processual não constitui pressuposto
para a aplicação da multa a que alude o enunciado normativo do art. 18 do
CPC/73, mas tão somente para a indenização por perdas e danos, o que não se
postulou na espécie.
A multa aplicada reflete mera sanção processual, que não tem o objetivo
de indenizar a parte adversa e, por esse mesmo motivo, não exige, para sua
aplicação, a comprovação inequívoca da ocorrência de dano processual.
Ao tratar do tema à luz do Direito português, cuja regulamentação serviu
de inspiração ao legislador brasileiro, o ilustre António Menezes de Cordeiro
afirma (CORDEIRO, Antonio Menezes. Litigância de Má-Fé, Abuso do Direito
de Ação e Culpa in Agendo". 2.ed. Coimbra: Editora Almedina, 2011, p. 56):
É ainda importante sublinhar que a lei processual castiga a litigância de
má-fé, independentemente do resultado.

Apenas releva o próprio comportamento, mesmo que, pelo prisma do


prevaricador, ele não tenha conduzido a nada.

Digamos que, na velha querela entre a ilicitude como desvalor do


resultado (Erfolgsunrecht), de feição civil e como desvalor da conduta
(Verhaltungsunrecht), de tipo penal, a litigância de má-fé envereda,
claramente, por este último.

O dano não é pressuposto da litigância de má-fé.

Justamente por não exigir a comprovação do dano é que se mostra


possível o reconhecimento de ofício da litigância de má-fé, com a aplicação da
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multa correspondente.
Para fins de responsabilidade processual, diversamente, é que se mostra
imprescindível a prova do efetivo prejuízo sofrido pela parte adversa, do que
não se trata nos autos.
De outro lado, a Desembargadora relatora do acórdão recorrido
expressamente consignou que a conduta do recorrente deveria ser considerada
como de má-fé, por ter instaurado incidente infundado e temerário, ao suscitar
questões acerca das quais o próprio Tribunal já havia se manifestado
anteriormente, verbis (fl. 1.424 e-STJ), verbis:

No caso concreto, o Agravante instaurou litígio infundado e


temerário, eis que esta Relatora já havia decidido a presente
questão em sede de tutela antecipada na cautelar preparatória
de ação rescisória.

Ademais, o Agravante também interpôs agravo regimental


contra a decisão desta julgadora, discutindo as mesmas
questões em diversos meios processuais, sendo cabível a
aplicação de multa por litigância de má-fé no importe de 1%
sobre o valor da causa, nos termos do art. 18, do CPC.

Acrescentou, ainda, o vogal (fl. 1.425 e-STJ):


Em relação à multa por litigância de má-fé, revela-se devida,
pois é nítido o propósito protelatório do presente recurso, que
versa exatamente sobre a mesma questão discutida nos autos
da cautelar.

A intenção de tumultuar o feito e postergar a efetividade dos


mandamentos jurisdicionais, como cediço, é conduta que vai
de encontro à boa-fé objetiva.

Sendo assim, entendo que, pelo que se depreende dos fatos afirmados no
acórdão recorrido, a conduta do recorrente não se limitou a um mero exercício

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do direito de recorrer, tendo seu comportamento processual violado diversas
hipóteses legais tipificadas no art. 17 do CPC/73 (atual art. 80 do CPC/2015),
verbis:
Art. 80. Reputa-se litigante de má-fé aquele que:
I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou
fato incontroverso;
II - alterar a verdade dos fatos;
III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;
IV - opuser resistência injustificada ao andamento do
processo;
V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato
do processo;
VI - provocar incidente manifestamente infundado;
VII - interpuser recurso com intuito manifestamente
protelatório.

De todo modo, a alteração das conclusões do acórdão recorrido no


sentido da caracterização da litigância de má-fé exigiria nova análise da matéria
fática, o que se mostra inviável nesta instância especial, em razão do óbice
previsto na Súmula 7/STJ.
Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC/73) -
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
CANCELAMENTO DE PROTESTO E INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO
AO RECLAMO.
INSURGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA.
1. No tocante à alegada afronta aos arts. 4º e 5º da LINDB, incide, na
espécie, o óbice da Súmula 282/STF, em razão da ausência de
prequestionamento, porquanto tais normas não tiveram o competente
juízo de valor aferido, nem interpretada ou a sua aplicabilidade
afastada ao caso concreto pelo Tribunal de origem.
2. A responsabilidade civil do banco foi aferida com base nos elementos
fático-probatórios constantes dos autos; rever tal conclusão, nos termos
pretendidos pelo recorrente, encontra óbice na Súmula 7 do STJ.
3. A indenização por danos morais, fixada em quantum em
conformidade com o princípio da razoabilidade, não enseja a
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possibilidade de interposição do recurso especial, ante o óbice da
Súmula n. 7/STJ.
Este Tribunal Superior tem prelecionado ser razoável a condenação no
equivalente a até 50 (cinquenta) salários mínimos por indenização
decorrente de inscrição indevida em órgãos de proteção ao crédito.
Precedentes.
4. É iterativa na jurisprudência deste Tribunal Superior ser incabível
a abertura desta instância extraordinária para a discussão acerca da
justiça na aplicação da multa por litigância de má-fé, por ser
necessário o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, o que é
obstado pelo enunciado 7/STJ.
5. Pretensão de redimensionamento dos honorários advocatícios
sucumbenciais arbitrados na origem. A revisão da distribuição dos ônus
sucumbenciais, com o intuito de perquirir eventual sucumbência
recíproca dos litigantes, envolve ampla análise de questões de fato e de
prova, consoante as peculiaridades de cada caso concreto, o que é
vedado no âmbito do recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ.
6. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 336.840/SC, Rel. Ministro MARCO BUZZI,
QUARTA TURMA, julgado em 01/12/2016, DJe 07/12/2016)

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. OCORRÊNCIA. RECUSA
IMOTIVADA DE EMBARQUE EM VOO. FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇO. SÚMULA N. 7/STJ. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. IMPOSSIBILIDADE DE
REVISÃO. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 7/STJ. RECURSO
DESPROVIDO.
1. Uma vez constatada pelo Tribunal a quo a ocorrência de falha na
prestação de serviço, rever tal entendimento demanda a revisão de
fatos e provas, o que é inviável em sede de recurso especial (Súmula n.
7/STJ).
2. A revisão de indenização por danos morais só é viável em recurso
especial quando o valor fixado nas instâncias locais for exorbitante ou
ínfimo a ponto de ofender o art. 159 do Código Civil de 1916.
Salvo essas hipóteses, incide a Súmula n. 7/STJ, impedindo o
conhecimento do recurso.
3. A modificação do entendimento firmado pelo Tribunal de origem
quanto à existência de litigância de má-fé demandaria a incursão no
acervo fático-probatório dos autos (Súmula n. 7/STJ).
4. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 185.568/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE

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NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 18/02/2014, DJe
05/03/2014)

Ante o exposto, rogando novamente vênia à eminente relatora, Ministra


Nancy Andrighi, voto pelo desprovimento do recurso especial.
É o voto.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.628.065 - MG (2016/0251820-4)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) -
MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

ADITAMENTO AO VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA NANCY ANDRIGHI:

Após o início do julgamento deste recurso, na sessão de 1º/12/2016,


solicitou vistas o e. Min. Paulo de Tarso Sanseverino o qual, na sessão de
15/12/2016, muito respeitosamente divergiu do voto inicialmente relatado.

No voto-vista, afirma-se que (i) estavam presentes os requisitos da


litigância de má-fé e (ii) não seria possível reanalisar essa questão por exigir o
revolvimento de matéria fático-probatória, óbice previsto na Súmula 7 desta
Corte.

Ponderados os excelentes e respeitosos argumentos lançados no


voto-vista, pede-se vênia para traçar as seguintes considerações adicionais sobre
ambos os tópicos.

No entanto, preliminarmente, faz-se necessário abordar uma


importante questão de fato. Diferentemente do que foi alegado na tribuna, nos
autos deste recurso especial, que contém mais de 1.600 (mil e seiscentas) folhas,
é possível encontrar somente 6 (seis) recursos ou outros meio de impugnação.
Neste número, aliás, estão incluídos o agravo de instrumento (fls. 1-15 e-STJ)

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que originou o acórdão recorrido, bem como o próprio recurso em análise (fls.
1.430-1450 e-STJ).

Além desses, podem ser encontrados um agravo de instrumento (fls.


270 e-STJ), interposto pelo próprio recorrido, quando atuava em nome da
recorrente, uma impugnação a cumprimento de sentença (fls. 924-934 e-STJ),
uma ação cautelar (fls. 1.195-1.208 e-STJ) e um agravo regimental perante o
TJ/MG (fls. 1.323-1343 e-STJ).

I – Da desnecessidade de revolver matéria probatória

Para maior clareza da argumentação, inicia-se com a alegação de que


não seria possível rever a condenação por litigância de má-fé da recorrente em
razão da suposta necessidade de revolver matéria fático-probatória, óbice
amplamente conhecido e estabelecido pela Súmula 7 deste Tribunal superior.

No entanto, tanto o voto relatado na sessão de 1º/12/2016 quanto


estas considerações estão fundamentados exclusivamente nos elementos fáticos e
jurídicos contidos no acórdão recorrido.

Para demonstrar tal afirmação, transcreve-se abaixo um trecho do


acórdão do TJ/MG constante à fl. 1.424 (e-STJ), também mencionado pelo
voto-vista. Nesta passagem, estão todos os elementos necessários para a
apreciação do recurso em julgamento, conforme é possível verificar abaixo:

III - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ


Por fim, o Agravado requer a condenação do Agravante ao pagamento de multa por
litigância de má-fé.
Para que ocorra a condenação por litigância de má-fé, é necessário que se faça
prova da instauração de litígio infundado ou temerário, bem como da ocorrência de
dano processual em desfavor da parte contrária.
No caso concreto, o Agravante instaurou litigio infundado e temerário, eis que esta
Relatora já havia decidido a presente questão em sede de tutela antecipada na
cautelar preparatória de ação rescisória.
Ademais, o Agravante também interpôs agravo regimental contra a decisão desta
julgadora, discutindo as mesmas questões em diversos meios processuais, sendo
cabível a aplicação de multa por litigância de má-fé no importe de 1% sobre o valor

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da causa, nos termos do art. 18, do CPC.

Não há necessidade alguma, portanto, de se proceder a um reexame


do acervo probatório do processo, quando o próprio acórdão recorrido traça
claramente todos os elementos fáticos e jurídicos necessários para o julgamento
do recurso especial.

II – Da inexistência da litigância de má-fé

Em 1º/12/2016, foram apresentados os seguintes argumentos,


relacionados à inexistência de litigância de má-fé pela recorrente, que são
transcritos abaixo para facilitar a referência:

No entanto, há muito tempo que a jurisprudência desta Corte é pacífica no


sentido de que não se caracteriza como litigância de má-fé a utilização dos recursos
previstos em lei, sem a demonstração de dolo da parte recorrente em obstar o normal
trâmite do processo e o prejuízo que a parte contrária houver suportado, em
decorrência do ato doloso. A título exemplificativo, pode-se mencionar o julgamento
do REsp 1.204.918/RS, pela Primeira Turma deste Superior Tribunal de Justiça:
ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.
MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. ARTS. 17, IV, E 18 DO CPC.
APLICAÇÃO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PRESUNÇÃO DE
MÁ-FÉ. IMPOSSIBILIDADE. EXCLUSÃO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
1. A utilização dos recursos previstos em lei não se caracteriza como
litigância de má-fé, hipótese em que deverá ser demonstrado o dolo da parte
recorrente em obstar o normal trâmite do processo e o prejuízo que a parte
contrária houver suportado em decorrência do ato doloso. Precedentes do
STJ.
2. O fato de a verba honorária de sucumbência arbitrada de forma
percentual, ao ser convertida para a moeda corrente, exprimir um valor
eventualmente baixo, não retira o interesse e a legitimidade da parte para
recorrer, caso entenda que sua fixação não obedeceu aos parâmetros legais.
3. Recurso especial conhecido e provido para afastar a multa aplicada pelo
Tribunal de origem por litigância de má-fé.
(REsp 1204918/RS, Primeira Turma, julgado em 21/09/2010, DJe 01/10/2010.
Grifos nossos)
Em outras oportunidades, este STJ manifestou-se modo semelhante, como no
julgamento do REsp 357.157/RJ (Segunda Turma, julgado em 01/06/2004, DJ
13/09/2004, p. 194) em que se consignou expressamente que “não se caracteriza
como litigância de má-fé a utilização dos recursos previstos em lei, merecendo ser
comprovado, nestas hipóteses, o dolo da parte em obstar o normal trâmite do
processo e o prejuízo que a parte contrária houver suportado, em decorrência do ato
doloso”.
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No mesmo sentido, a Sexta Turma desta Corte manifestou-se que “não há
falar em litigância de má-fé pelo simples fato da interposição de recurso contra
decisão desfavorável, precisamente porque impugnáveis e desprovidas de efeito
vinculante as decisões do Poder Judiciário, é que à parte é oportunizado buscar a
positivação do direito que entende ser devida, tudo, acrescente-se, em obséquio do
direito a ampla defesa, com os recursos a ela inerentes, assegurado pelo artigo 5º,
inciso LV, da Constituição da República” (REsp 499.830/RJ, Sexta Turma, julgado
em 23/03/2004, DJ 20/09/2004, p. 340).
A partir dos precedentes acima relacionados, são critérios para a
configuração de litigância de má-fé na interposição de recursos: (i) o dolo do
recorrente em obstar o normal trâmite do processo; e (ii) a existência de prejuízo
suportado pela parte recorrida.

Assim, analisando a hipótese dos autos sob à luz do art. 18 do


CPC/73, entende-se claramente que ao julgador “é imposto um comando de
condenar o litigante de má-fé a pagar multa e a indenizar os danos processuais
que causou à parte contrária”, tendo em vista que o interesse público obriga o
magistrado a reprimir atos que sejam contrários à dignidade da justiça (NERY
JUNIOR, N.; NERY, R. M. A. Código de processo civil comentado. São
Paulo: RT, 13ª ed., 2013, p. 266).

Percebe-se, assim, que a condenação por litigância de má-fé pode


ocorrer de ofício, independente de qualquer pedido, mas subsiste ao magistrado o
dever de fundamentar e demonstrar seus elementos na hipótese. Veja-se nesse
sentido:

PROCESSO CIVIL - MANDADO DE SEGURANÇA - RECURSO


ADMINISTRATIVO - OBTENÇÃO DAS INFORMAÇÕES PRETENDIDAS
ANTES DO AJUIZAMENTO DO WRIT - VALOR DA CAUSA -
CONDENAÇÃO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NA INSTÂNCIA
ORDINÁRIA - ART. 17 DO CPC - ART. 535 DO CPC - NÃO-VIOLAÇÃO.
1. Se o Tribunal a quo decidiu a questão de forma clara e suficiente para o deslinde
da controvérsia, não se há falar em omissão prevista no art. 535 do CPC.
2. No que diz respeito à litigância de má-fé e ao valor da causa, pode o
magistrado, de ofício, apreciar tais questões. Percebendo o magistrado que o
real intuito da recorrente, ao desistir de um dos pedidos, era tentar obter
provimento ilegítimo, alterando ainda a verdade dos fatos, pode e deve
rechaçar tal ato por meio da imposição de multa por litigância de má-fé.
3. Para configuração do dissídio, o cotejo analítico deve ser feito nas razões do
recurso especial. Em razão da preclusão consumativa, impossível pretender realizá-lo
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apenas no agravo regimental.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 667.668/RS, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/04/2008, DJe
14/04/2008)

Sobre sua natureza jurídica, a multa por litigância de má-fé tem


caráter claramente administrativo, cuja finalidade é evitar e punir condutas
inadequadas dos litigantes, conforme julgado por este Tribunal no EREsp
81.625/SP (Corte Especial, julgado em 20/05/1998, DJ 29/03/1999, p. 56).

Por óbvio que, em algumas circunstâncias, a conduta pode causar


prejuízos à parte adversa que devem ser indenizados pelo litigante de má-fé.
Assim, há situações em que há um dano processual e um a responsabilidade
processual, conforme se verifica no julgamento abaixo:

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL.


LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. DECRETAÇÃO PELO JUIZ. IMPOSIÇÃO DA
INDENIZAÇÃO A QUE SE REFERE O ART. 18, § 2º, DO CPC DE OFÍCIO.
POSSIBILIDADE. PRESERVAÇÃO DA EFETIVIDADE DO PROCESSO.
RECURSO DESPROVIDO.
1. Não incide as Súmulas 07 e 182 do STJ e 283 e 284 do STF quando discutir-se
apenas matéria de direito e o recurso especial preencher todos os requisitos de
admissibilidade, como na espécie, em que foi apreciado se o art. 18, § 2º, do CPC
pode ser aplicado de ofício pelo juiz; tema este, ademais, que foi objeto de
insurgência no especial e devidamente impugnado pela parte recorrente.
2. A jurisprudência desta Corte Superior se firmou na vertente de ser
permitido ao Juiz decretar de ofício a litigância de má-fé (art. 18 do CPC),
podendo condenar o litigante insidioso a pagar multa e, também, a indenizar
a parte contrária pelos prejuízos causados, uma vez que incumbe ao
magistrado dirigir o feito, reprimindo qualquer ato contrário à dignidade da
justiça e à efetividade do processo.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 303.245/RJ, TERCEIRA TURMA, julgado em 11/05/2010, DJe
26/05/2010)

Contudo, mesmo na hipótese de dano meramente processual, há


muito tempo a jurisprudência deste STJ é pacífica ao impor a necessidade de se
demonstrar prejuízo, conforme demonstra o julgamento do REsp 220.054/SP,
ocorrido no ano de 2000:

PROCESSO CIVIL - LITIGANTE DE MÁ-FÉ - INDENIZAÇÃO - PROVA DO


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PREJUÍZO - NECESSIDADE - ARTIGO 18 DO CPC.
1. A condenação do litigante de má-fé a indenizar a parte contrária pressupõe
demonstração de prejuízo resultante da conduta ilícita.
(REsp 220.054/SP, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/08/2000, DJ 18/09/2000, p.
100)

Além disso, ainda em conformidade com a jurisprudência pacífica


desta Corte superior, não basta a presença do prejuízo para a punição por
litigância de má-fé. Ainda é necessário haver o elemento volitivo do litigante, com
a intenção de prejudicar o correto andamento processual. Nesse sentido, vejam-se
os julgamentos abaixo:

AUSÊNCIA DE OFENSA AO ARTIGO 535 DO CPC. LITIGÂNCIA DE


MÁ-FÉ. INDENIZAÇÃO DO ART. 18, § 2º, DO CPC. EXIGÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE DOLO E DOS PREJUÍZOS. NULIDADE DE
INTIMAÇÃO. INEXISTÊNCIA. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. LIMITES DA
LIDE. COISA JULGADA. ART. 610 DO CPC.
1. Não há ofensa ao Art. 535 do CPC se, embora rejeitando os embargos de
declaração, o acórdão recorrido examinou todas as questões pertinentes.
2. A condenação prevista no Art. 18, § 2º, do CPC, pressupõe dolo da parte
que litiga de má-fé, além de demonstração inequívoca do prejuízo causado à
parte contrária.
3. Sem que haja prejuízo processual, não há nulidade na intimação realizada em nome
de advogado que recebeu poderes apenas como estagiário. Deficiência na intimação
não pode ser guardada como nulidade de algibeira, a ser utilizada quando interessar à
parte supostamente prejudicada.
4. Não é lícito incluir na condenação, em sede de liquidação, valores não postulados
na inicial e não mencionados na sentença liquidanda, sob pena de ofensa ao Art. 610
do CPC.
(REsp 756.885/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS,
TERCEIRA TURMA, julgado em 14/08/2007, DJ 17/09/2007, p. 255)

PROCESSUAL CIVIL. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. LITIGÂNCIA DE


MÁ-FÉ.
INDENIZAÇÃO.
A condenação ao pagamento de indenização, nos termos do art. 18, § 2º, do
CPC, por litigância de má-fé, pressupõe a existência de um elemento
subjetivo, que evidencie o intuito desleal e malicioso da parte. Tal não
ocorre na hipótese em que autarquia simplesmente interpõe recurso contra
decisão desfavorável, fundada em razões verossímeis, sem caracterizar o
abuso. Precedentes.
Recurso conhecido e provido.
(REsp 199.321/SC, QUINTA TURMA, julgado em 08/06/2000, DJ 01/08/2000, p.
293)

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Retornando ao dever de fundamentação da condenação por litigância
de má-fé, percebe-se no acórdão recorrido – cujo trecho relevante para o
deslinde deste julgamento está transcrito acima e, portanto, sem reexame de
acervo probatório – deixou de demonstrar e fundamentar a condenação em
importantes requisitos exigidos pela jurisprudência desta Corte superior, quais
sejam: (i) a existência de prejuízo para a recorrida e, ainda, (ii) o elemento
volitivo da recorrente em impedir de maneira ilegal o andamento do processo.

Dessa forma, em consonância com os diversos julgados deste


Superior Tribunal de Justiça acima mencionados, impõe-se o afastamento da
condenação por litigância de má-fé.

Forte nessas razões, RATIFICO o voto relatado na sessão de


1º/12/2016 de forma a conhecer e dar provimento ao recurso especial, com
fundamento no art. 255, § 4º, III, do RISTJ, para afastar a multa por litigância de
má-fé aplicada pelo TJ/MG.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2016/0251820-4 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.628.065 /


MG

Números Origem: 00705642819978130145 08289148220158130000 10000150777662000


10145970070564001 10145970070564003

PAUTA: 01/12/2016 JULGADO: 07/02/2017

Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FRANKLIN RODRIGUES DA COSTA
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) - MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Contratos Bancários

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo no julgamento, após a vista regimental da Sra. Ministra Nancy Andrighi,
dando provimento ao recurso especial, e a ratificação de voto do Sr. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, negando provimento, no que foi acompanhado pelo Sr. Ministro Ricardo Villas Bôas
Cuevas, votou acompanhando a Sra. Ministra Relatora o Sr. Ministro Marco Aurélio Bellizze,
pediu vista o Sr. Ministro Moura Ribeiro.

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.628.065 - MG (2016/0251820-4)
RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) -
MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

VOTO-VISTA

O EXMO. SR. MINISTRO MOURA RIBEIRO:


Este recurso especial se originou de agravo de instrumento tirado pelo
BANCO DO BRASIL (BB) contra decisão que, em impugnação ao cumprimento de
sentença de ação de arbitramento de honorários ajuizada por ALEXANDRE ELIAS
FERREIRA (ALEXANDRE), determinou a expedição de alvará de levantamento de R$
3.088.856,96, tido por incontroverso.
No julgamento do presente agravo o Tribunal de origem impôs ao BB
multa por litigância de má-fé em razão de ter considerado infundado e temerário o litígio na
medida em que já havia sido decidida a questão em sede de tutela antecipada na cautelar
preparatória de ação rescisória.
Ainda ficou consignado que o BB também interpôs agravo regimental
contra a decisão desta julgadora, discutindo as mesmas questões em diversos meios
processuais (e-STJ, fls. 1.424).
Em seu voto, a eminente relatora Ministra NANCY ANDRIGHI deu
provimento ao recurso especial para afastar a multa imposta pela litigância de má-fé em
razão da não comprovação do dano processual e do fato de não ser punível a utilização
dos recursos previsto em lei.
Após mencionado voto, o eminente Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO inaugurou a divergência uma vez que em seu entender a multa pela
litigância de má-fé não pode ser afastada na medida em que além de o dano processual
não constituir pressuposto para a aplicação da mencionada multa (art. 18 do CPC/73),
nova análise a questão esbarraria na incidência da Súmula nº 7 desta Corte.
Enquanto que a divergência inaugurada pelo eminente Ministro PAULO DE
TARSO SANSEVERINO foi acompanhada pelo eminente Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVAS, o voto proferido pela eminente eminente Ministro MARO AURÉLIO
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BELLIZZE acompanhou o voto proferido pela relatora.
Proferidos os votos, pedi vista para melhor pensar sobre o caso.
Rendendo minhas homenagens à eminente Ministra Relatora e
reconhecendo a profundidade jurídica de seu voto, ouso dele divergir no sentido de
acompanhar a divergência inaugurada pelo eminente Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO porque, s.m.j., ao meu sentir, a multa aplicada pela litigância de má-fé não
pode ser afastada.
No mesmo sentido dos argumentos trazidos pela divergência, também
entendo que o dano processual não constitui pressuposto para a aplicação da multa
prevista no art. 18, primeira parte, do CPC/73, sendo somente fundamento para o pedido
de indenização por perdas e danos previsto na segunda parte do mencionado dispositivo
legal, o que não foi feito.
Além disso, da leitura do acórdão do Tribunal de origem, percebe-se que o
BB opôs resistência injustificada ao andamento do processo e provocou incidentes
manifestamente infundados (art. 17, IV e VI, do CPC/73), na medida em que mesmo
admitindo como incontroverso o valor constante do alvará expedido em favor de
ALEXANDRE vem postergando a efetivação da medida com a interposição de sucessivos
recursos.
É o que se verifica do seguinte trecho:

Constata-se que o Agravante admitiu, nos autos da impugnação ao


cumprimento de sentença, ser incontroverso o débito de
R$3.088.350,96, f. 923, valor confirmado pelo cálculo por ele
apresentado e especificado às f. 931, mesma importância
constante do alvará expedido.
Desta forma, havendo reconhecimento pelo executado, ora
Agravante, da existência de valor incontroverso, não há qualquer
óbice para o levantamento da importância pelo Agravado.
[...]
No caso concreto, o Agravante instaurou litigio infundado e
temerário, eis que esta Relatora já havia decidido a presente
questão em sede de tutela antecipada na cautelar preparatória
de ação rescisória.
Ademais, o Agravante também interpôs agravo regimental
contra a decisão desta julgadora, discutindo as mesmas
questões em diversos meios processuais, sendo cabível a
aplicação de multa por litigância de má-fé no importe de 1%
sobre o valor da causa, nos termos do art. 18, do CPC (e-STJ,
fls. 1.423/1.424)

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Ainda que assim não fosse, alterar as conclusões trazidas pelo acórdão
recorrido para descaracterizar o reconhecimento da litigância de má-fé exigiria nova
análise das provas e fatos constantes dos autos, procedimento que, com o máximo
respeito, é sabidamente inviável nesta instância recursal diante do enunciado da Súmula nº
7 desta Corte, a saber:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO


ESPECIAL. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. MATÉRIA DE
ORDEM PÚBLICA. NECESSIDADE. SÚMULA N. 282/STF.
DISPOSITIVO LEGAL INVOCADO DISSOCIADO DAS RAZÕES
RECURSAIS. SÚMULA N. 284 DO STF. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ.
REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS.
INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7/STJ.
DECISÃO MANTIDA.
[...]
4. O recurso especial não comporta o exame de questões que
impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos autos
(Súmula n. 7 do STJ).
5. No caso concreto, para desconstituir o entendimento do Tribunal
de origem quanto à ocorrência de litigância de má-fé, seria
necessário o reexame dos elementos fáticos dos autos, o que é
inadmissível nesta via, em virtude da incidência da referida súmula.
6. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no REsp 1437553/SC, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS
FERREIRA, Quarta Turma, julgado em 07/02/2017, DJe
10/02/2017)

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PLANO DE SAÚDE. NEGATIVA DE COBERTURA. ART. 535 DO
CPC/1973. VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. COMPENSAÇÃO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA. POSSIBILIDADE. DANO MORAL. COBERTURA.
PREVISÃO CONTRATUAL. AUSÊNCIA. NÃO PREVISTA NO
CONTRATO. REEXAME DE FATOS E DO CONTRATO. SÚMULAS
NºS 5 e 7/STJ. DANOS MATERIAIS. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS. RESSARCIMENTO.
INADMISSIBILIDADE. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. SÚMULA Nº 7/STJ.
[...]
5. A reapreciação da conclusão do aresto impugnado acerca da
existência de litigância de má-fé encontra óbice, no caso concreto,
na Súmula nº 7 do Superior Tribunal de Justiça.
6. Agravo interno não provido.
(AgInt no AREsp 693.596/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, Terceira Turma, julgado em 02/02/2017, DJe 07/02/2017)

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Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
INVENTÁRIO. 1. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. 2. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS LEGAIS TIDOS
COMO VIOLADOS. INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 282/STF E
211/STJ. 3. AUSÊNCIA DE DESÍDIA POR PARTE DO
INVENTARIANTE PARA PROVOCAR A SUA REMOÇÃO.
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. 4. MULTA POR LITIGÂNCIA DE
MÁ-FÉ. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. 5. AGRAVO
IMPROVIDO.
[...]
4. Depreende-se que o Colegiado estadual aplicou a multa por
litigância de má-fé com base no substrato fático-probatório dos
autos, cujo reexame é vedado em âmbito de recurso especial,
ante o óbice do enunciado n. 7 da Súmula deste Tribunal.
5. Agravo interno a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp 973.525/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO
BELLIZZE, Terceira Turma, julgado em 13/12/2016, DJe
02/02/2017)

Nestas condições, pelo meu voto, pedindo vênia a eminente Ministra


NANCY ANDRIGHI, a quem rendo minhas melhores e mais sinceras homenagens,
acompanho a divergência inaugurada pelo eminente Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO.
É o meu voto.

Documento: 1558498 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/04/2017 Página 27 de 10
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA

Número Registro: 2016/0251820-4 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.628.065 /


MG

Números Origem: 00705642819978130145 08289148220158130000 10000150777662000


10145970070564001 10145970070564003

PAUTA: 01/12/2016 JULGADO: 21/02/2017

Relatora
Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI

Relator para Acórdão


Exmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. MÁRIO PIMENTEL ALBUQUERQUE
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA

AUTUAÇÃO
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/A
ADVOGADOS : SÉRGIO MURILO DE SOUZA - DF024535
CARLOS NEY PEREIRA GURGEL - MG107409
AFONSO SERGIO COSTA FERREIRA - MG056635
RECORRIDO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA
ADVOGADO : ALEXANDRE ELIAS FERREIRA (EM CAUSA PRÓPRIA) - MG072321N
INTERES. : WILMAR MENDES
INTERES. : FRANCISCO CARLOS ARRUDA ABRANTES
INTERES. : FACIT S/A MAQUINAS DE ESCRITOIRO

ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigações - Espécies de Contratos - Contratos Bancários

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista desempate do Sr. Ministro Moura
Ribeiro, a Terceira Turma, por maioria, negou provimento ao recurso especial, nos termos do
voto do Sr. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, que lavrará o acórdão. Vencidos os Srs.
Ministros Nancy Andrighi e Marco Aurélio Bellizze (Presidente). Votaram com o Sr. Ministro
Paulo de Tarso Sanseverino os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva e Moura Ribeiro.

Documento: 1558498 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/04/2017 Página 28 de 10

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