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Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

PJe - Processo Judicial Eletrônico

18/10/2021

Número: 0800172-76.2021.8.10.0014
Classe: RECURSO INOMINADO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 1ª Turma Recursal Permanente da Comarca da Ilha de São Luís
Órgão julgador: Gabinete do 3º Cargo da 1ª Turma Recursal Cível e Criminal de São Luis
Última distribuição : 21/05/2021
Valor da causa: R$ 22.600,00
Processo referência: 0800172-76.2021.8.10.0014
Assuntos: DIREITO DO CONSUMIDOR, Responsabilidade do Fornecedor, Inclusão Indevida em
Cadastro de Inadimplentes
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
TAYNA COELHO SIMOES (RECORRENTE) CAMILLA HELEN MAIA (ADVOGADO)
RAIMUNDO JORGE GABINA DE CASTRO (ADVOGADO)
MONTREAL - HOTEIS VIAGENS E TURISMO S.A. FLAVIA PIAS DE OLIVEIRA RAMOS (ADVOGADO)
(RECORRIDO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
13007 13/10/2021 13:07 Acórdão Acórdão
385
PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO

EMENTA

SESSÃO VIRTUAL DO DIA 29 DE SETEMBRO DE 2021.

RECURSO Nº: 0800172-76.2021.8.10.0014

ÓRGÃO JULGADOR: 1ª TURMA RECURSAL PERMANENTE DA COMARCA DE


SÃO LUÍS

ORIGEM: 9º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DE


SÃO LUÍS/MA

RECORRENTE: TAYNA COELHO SIMÕES

ADVOGADO: RAIMUNDO JORGE GABINA DE CASTRO – OAB/MA 20.576

RECORRIDO: MONTREAL HOTÉIS VIAGENS E TURISMO S/A

ADVOGADA: FLÁVIA PIAS DE OLIVEIRA RAMOS - OAB/DF 31.673

RELATORA: JUÍZA ANDREA CYSNE FROTA MAIA

ACÓRDÃO N°: 5.417/2021-1

EMENTA: RECURSO INOMINADO EM AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA C/C REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS

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– RELAÇÃO DE CONSUMO – ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE

RELAÇÃO CONTRATUAL – ALEGAÇÃO DE COBRANÇA E


NEGATIVAÇÃO ILEGÍTIMAS – FATO NOVO ALEGADO EM FASE

RECURSAL – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO – DANOS MORAIS


NÃO CONFIGURADOS - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ – CABIMENTO -

CONTRARIEDADE ENTRE O TEOR DA INICIAL E O DEPOIMENTO

PRESTADO EM JUÍZO - TENTATIVA DE ALTERAR A VERDADE DOS


FATOS. SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as pessoas


acima nominadas, decidem os Juízes integrantes da 1ª Turma Recursal Permanente
de São Luís, por unanimidade, em conhecer do recurso da autora e, no mérito,
negar-lhe provimento, mantendo incólume a sentença proferida pelo Juízo de origem,

com a condenação da recorrente ao pagamento das custas processuais, além de


honorários advocatícios no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da
causa, cuja exigibilidade fica sob condição suspensiva, nos termos do art. 98, §3º, do

CPC/15, em razão de serem beneficiárias da assistência judiciária gratuita.

Além da Relatora, votaram os juízes Sílvio Suzart dos Santos (Presidente)


e Ernesto Guimarães Alves (Membro).

Sessão Virtual da 1ª Turma Recursal Permanente Cível e Criminal de São

Luís, 29 de setembro de 2021.

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ANDREA CYSNE FROTA MAIA
Juíza Relatora

RELATÓRIO

Dispensado relatório, nos termos do art.38 da Lei 9.099/95.

VOTO

Relatório dispensado nos termos do art. 38 da Lei nº. 9.099/95.

O recurso atende aos seus pressupostos intrínsecos e extrínsecos de


admissibilidade, sendo interposto no prazo legal, por parte legítima e sucumbente,
razões pelas quais deve ser conhecido.

Trata-se de recurso inominado interposto pela requerente, objetivando

reformar a sentença prolatada pelo Juízo de origem que, julgou improcedentes os

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pedidos da inicial, tornando sem efeito a liminar deferida nos autos, bem como aplicou

multa por litigância de má-fé à autora, condenando a recorrente ao pagamento de 10%


(dez por cento) sobre o valor da causa, conforme art. 81 do CPC, nos termos da

fundamentação contida no ID 10557590.

Sustentam, em síntese, que houve equívoco quanto à condenação da


autora por litigância de má-fé, pois nunca mascarou nenhuma informação, uma vez

que, de fato, não recebeu o contrato escrito, afirmando que por isso a contratação não
foi efetivada, bem como alega que a recorrida é quem sempre se negou a dar

informações corretas e desde o início da relação consumerista houve “falações


dúbias”.

Aduz, também, que restaram plenamente comprovados os danos morais


sofridos, pois a autora não conhecia o débito pelo qual fora negativada já que a ela
não foi prestado nenhum serviço contratado, em razão de propaganda genérica e
enganosa.

Requer, então, seja reformada a sentença, a fim de que seja afastada a


condenação por litigância de má-fé, e seja julgado procedente o pedido de indenização
por danos morais, bem como que seja determinado o encerramento do citado contrato

sem cobrança de multa-contratual, a qual considera abusiva.

Analisando os autos, verifica-se que não assiste razão à recorrente.

Embora a autora afirme no presente recurso que foi vítima de uma

negociação genérica e enganosa, afirmando que discute nos autos a ilegalidade da


cobrança da taxa de adesão no valor de R$600,00 (seiscentos reais), haja vista a

ineficiência da Recorrida na prestação das informações, não é o que se extrai no


exame da exordial.

Na inicial, consta do cotejo fático que a requerente afirmou não possuir

qualquer vínculo com a empresa demandada, afirmando que nunca contratou os

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serviços da recorrida, desconhecendo completamente a origem da dívida que gerou a

negativação de seu nome.

Contudo, a autora esclareceu em audiência que, de fato, entrou em


contato com a requerida, com a finalidade de contratação dos serviços, fornecendo

dados pessoais e bancários, porém entende que não adquiriu nenhum plano, pois não
assinou contrato escrito.

Houve, portanto, uma tentativa de alterar a verdade dos fatos, o que


implica na viabilidade de condenação por litigância de má-fé, na forma da legislação

processual.

Também não merece guarida o pedido de encerramento do contrato


firmado pelas partes, sem a cobrança de multa-contratual e indenização por danos
morais.

O primeiro, em razão da efetiva contratação dos serviços, a qual restou


amplamente comprovada nos autos, através dos áudios juntados pela ré em sede de
contestação, senão vejamos:

Dá análise de todos os quatro áudios juntados, percebe-se que

primeiramente a autora adquiriu o plano “Tranquilidade Triplo”, referente a 07 (sete)


diárias para utilização em 12 meses, mediante o pagamento de 12 parcelas no valor

de R$223,30 (duzentos e vinte e três reais e trinta centavo), oportunidade que


confirmou a contratação, fornecendo dados pessoais e bancários (Áudio 1 – ID

10557577), porém tal plano foi cancelado por inadimplência das 03 primeiras parcelas,
as quais foram cobradas pela ré, conforme Áudio 2 (ID 10557578), ou seja, a autora

estava ciente de tal débito.

Porém, após notícia de negativação de seu nome, a requerente entrou em


contato com a recorrida para renegociação, fato afirmado pela própria recorrente em

sede de audiência de instrução, firmando novo contrato, referente a 03 (três) diárias

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em quarto duplo, também para utilização em 12 meses, mediante pagamento de 12

parcelas no valor de R$82,75 (oitenta e dois reais e setenta e cinco centavos),


oportunidade que foi lhe informado sobre a taxa de adesão, a qual seria dispensada,

desde que houvesse o pagamento das 12 mensalidades, conforme Áudio 3 (ID


10557579), tendo sido acordado que o nome da autora seria retirado dos órgãos de

restrição ao crédito após o pagamento da primeira parcela da nova negociação, o que

nunca ocorreu, e por isso, a negativação do nome da autora permaneceu ativa,


gerando a cobrança efetivada no Áudio 4 (ID 10557580).

Portanto, tais provas demonstram que a autora tinha pleno conhecimento


de todas as cobranças e do que elas tratavam, buscando nos presentes autos apenas
se esquivar de sua obrigação de quitar o débito que realizou.

Já o dano moral consiste em uma violação a direito da personalidade, não


pressupondo, necessariamente, dor e nem sofrimento. Logo, uma vez comprovada a
lesão, a indenização serve como meio para atenuar, em parte, as consequências do
prejuízo imaterial sofrido pela vítima.

Embora a violação de direitos, por si só, tenha aptidão para abalar a


confiança que os jurisdicionados possuem na coesão do Ordenamento Jurídico, não

se pode afirmar que qualquer prática ilícita acarreta danos morais.

Com efeito, afora algumas situações específicas, as ofensas dessa ordem

necessitam ser plenamente demonstradas, de modo que apenas as situações de

vexame que ultrapassem a normalidade, capaz de afetar intensamente o


comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe desequilíbrio grave, devem ser
compensadas pelo ofensor.

No caso dos autos, a situação fática posta não se enquadra em nenhuma

das hipóteses elencadas pelo Superior Tribunal de Justiça como geradoras de dano
moral in re ipsa, isto é, que prescindem de comprovação, a exemplo da inscrição

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indevida em cadastro de inadimplentes, o que leva a conclusão de que caberia às

recorrentes provarem que os abalos sofridos superaram um mero aborrecimento


cotidiano, atingindo, assim, a sua dignidade, ônus do qual não se desincumbiram.

Afinal de contas, a demandante não logrou êxito em demonstrar a

inexistência da relação contratual impugnada, pelo contrário, da análise das provas


juntadas, em especial os áudios e o depoimento pessoal da própria autora,

comprovaram a aquisição de planos promocionais com a recorrida, a qual cumpriu


com seu dever de informação.

Além disso, como bem destacado na sentença, a reclamante demonstra


não ser merecedora de reparação moral uma vez que, de fato, encontra-se em débito
com a empresa ré, não podendo se esquivar de seu dever de pagá-lo.

ANTE O EXPOSTO, CONHEÇO do Recurso e, no mérito, NEGO-LHE

PROVIMENTO, mantendo incólume a sentença proferida pelo Juízo de origem.

CONDENO as recorrentes ao pagamento das custas processuais, além de


honorários advocatícios no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da
causa.

Suspensa a exigibilidade de tais pagamentos, no entanto, por serem


beneficiárias da gratuidade da justiça, ressalvando-se o disposto no art. 98, § 3º, do

CPC.

É como voto.

ANDREA CYSNE FROTA MAIA

Juíza Relatora

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