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I - DA PRETENSÃO INICIAL
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R$ 510,76 é a representação de 4 multas no valor de R$ 127,69 cada.
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mínimos, atuais R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais), acrescido de eventual
apuração em execução de sentença e dos consectários legais.
II – PRELIMINARMENTE
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O pedido da autora direciona-se à suposta ausência
de repasse de valores representativos de 4 multas ao DETRAN. Porém, consoante
documentação que ora se anexa, OS R$ 510,76 FORAM REPASSADOS AO
PRODEMG/DNER EM 20/02/2003, dia posterior ao pagamento das multas. Destarte,
não há que se falar, em absoluto, em inércia do ora contestante.
- QUANTO À EXORDIAL
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De fato, a autora não demonstrou, como lhe cabia,
a subsunção dos fatos às normas jurídicas, aos dispositivos legais e ao direito
aplicável à espécie, ou a incidência destas normas ao caso concreto, que é a
contrapartida daquela. Aliás, a autora sequer cita qualquer norma, texto de lei,
doutrina ou jurisprudência que pudesse dar sustentação a seu pedido, em evidente
irregularidade formal e substancial de sua peça inicial, demonstrando esta a
ausência completa de base jurídica que pudesse dar embasamento à sua
pretensão.
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SCARANCE FERNANDES, v. u., publicação JTA 108/141)
- grifamos
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Nos termos do artigo 286, do CPC, o pedido deve
ser sempre certo e determinado, sendo que, embora em seus incisos venham
elencadas as exceções, a autora não justificou que sua situação pudesse,
eventualmente, encartar-se em quaisquer delas. Aliás, o artigo 286 não foi sequer
mencionado na inicial.
III - MÉRITO
Na mais remota hipótese de serem ultrapassadas as
preliminares argüidas, o réu adentrará ao mérito da questão, a fim de continuar
demonstrando a licitude do seu agir o que levará, certamente, à improcedência da
ação.
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Para a caracterização da responsabilidade civil, é
necessário que concorram três circunstâncias, sem as quais a lei, a doutrina e
a jurisprudência não autorizam a indenização por parte do causador do ato :
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Como visto, o réu repassou os valores
representativos das multas em 20/02/2003, dia seguinte ao pagamento, não
havendo que se falar em atraso ou na configuração de qualquer ato ilícito,
despiciendo cogitar-se sobre o elemento culpa.
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Da Responsabilidade Civil, 9ª ed. vol. II, p. 737
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prejuízo na fase cognitiva da ação, só se remetendo para o juízo sucessivo da
execução a eventual apuração do respectivo quantum.
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“RESPONSABILIDADE CIVIL - Abalo de crédito
decorrente de protesto de título - Indenização -
Necessidade de prova do prejuízo - Requisito não
atendido na espécie - Ação Improcedente.
(...)
Ora, a prova feita, tal a do negócio a realizar e que se
perdera, foi bem considerada como sem condições de
convencer. E nada mais se produziu, ao contrário, com
a publicação nos jornais, atestando a idoneidade do
autor, fez-se verdadeiro ressarcimento "in natura",
prevenindo-se algum dano indenizável e que não se
demonstrou presente.” (RT 423/166)
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Agostinho Alvim, ensina que “ainda mesmo que
haja violação de um dever jurídico, e que tenha existido culpa e até mesmo dolo
por parte do infrator, nenhuma indenização será devida, uma vez que não se tenha
verificado prejuízo.” (da Inexecução das Obrigações e Suas Conseqüências - pág. 162)
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amparar as suscetibilidades exageradas e
prestigiar os chatos.
...
por outras palavras, somente o dano
moral razoavelmente grave deve ser
indenizado.” (pág. 11) - grifamos
“(...)
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Sérgio Cavalieri Filho, em seu ‘Programa de
Responsabilidade Civil’ (Malheiros Editores Ltda., 1996, pg.
76), mencionado pela recorrente, traz lição de Antunes
Varela, segundo a qual observa ‘a gravidade do dano há
de medir-se por um padrão objetivo (conquanto a
apreciação deva ter em linha de conta as circunstâncias
de cada caso), e não à luz de fatores subjetivos (de uma
sensibilidade particularmente embotada ou
especialmente requintada).
Por outro lado, a gravidade será apreciada em função da
tutela do direito: ‘o dano deve ser de tal modo grave
que justifique a concessão de uma satisfação de ordem
pecuniária ao lesado’.
Por isso é que, ‘nessa linha de princípio, só deve
ser reputado como dano moral a dor, vexame,
sofrimento ou humilhação que, fugindo à
normalidade, interfira intensamente ao
comportamento psicológico do indivíduo,
causando-lhe aflições, angústias e desequilíbrio
em seu bem-estar. Mero dissabor, aborrecimento,
mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada
estão fora da órbita do dano moral.’
(...)
Mas, a meu sentir, certo é que o embaraço aqui
noticiado não pode ser alçado à categoria do dano
moral.” - grifamos
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risco de ingressarmos na fase da sua industrialização,
onde o aborrecimento banal ou mera sensibilidade são
apresentados como dano moral, em busca de
indenizações milionárias.
Tenho entendido que, na solução dessa questão,
cumpre ao juiz seguir a trilha da lógica do razoável, em
busca da sensibilidade ético-social normal. Deve tomar
por paradigma o cidadão que se coloca a igual distância
do homem frio, insensível, e o homem de extrema
sensibilidade.
Nessa linha de princípio, só deve ser reputado como
dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação
que, fugindo à normalidade, interfira intensamente no
comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe
aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem estar.
Mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou
sensibilidade exacerbada estão fora da órbita do dano
moral, porquanto, além de fazerem parte da
normalidade do nosso dia a dia, no trabalho, no
trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar,
tais situações não são intensas e duradouras, a ponto
de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo. Se
assim não se entender, acabaremos por banalizar o
dano moral, ensejando ações judiciais em busca de
indenizações pelos mais triviais aborrecimentos.” (Ap.
Cível nº 8.218/95, j. 13.02.96) (grifos do contestante)
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Deve ficar evidenciado que o dano sofrido adveio
exclusivamente da atividade ou inatividade do agente, contrária aos legítimos
interesses do lesado, amparados pela ordem jurídica.
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Patrimônio é qualquer bem exterior com relação ao
sujeito e que seja capaz de classificar-se na ordem da riqueza material, quase
sempre valorável, para satisfazer uma necessidade econômica, ou, como descrito
no Dicionário Aurélio, “é um complexo de bens, materiais ou não, direitos, ações,
posse e tudo o mais que pertença a uma pessoa ou empresa e seja suscetível de
apreciação econômica”.
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“O DANO É PRESSUPOSTO NECESSÁRIO À
INDENIZAÇÃO.”
mínimos, e pela Lei de Imprensa (Lei 5250/67, arts. 51 e 52), que prevê o valor de 5 a
200 salários mínimos:
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calúnia, considerando-se ainda o art. 52 da Lei de
Imprensa (Lei 5.250/67), que permite o arbitramento
do dano moral até 200 salários mínimos.
(...)
Pelo dano moral, arbitra-se em 50 salários
mínimos, partindo-se da exegese analógica e
parâmetros da legislação retro-citada, sendo também
matéria de ponderação os dispositivos dos arts. 4º e 5º
da LICC.” (RT 698/104)
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(RESP 228244/SP ; RECURSO ESPECIAL 1999/0077417-
5 - Fonte DJ DATA:17/12/1999 PG:00381 – Relator Min.
SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA - Data da Decisão
09/11/1999 - Órgão Julgador 4ª TURMA) – grifos
nossos
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razoabilidade das indenizações, em especial do E. Superior Tribunal de Justiça
que, mostrando-se cauteloso, reiteradamente tem afastado os ressarcimentos
vultosos, recomendando o arbitramento com moderação, independente da
intensidade da culpa ou do dano.
Veja-se:
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(...)
DANO MORAL. QUANTUM INDENIZATÓRIO.
CONTROLE PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. PRECEDENTE. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
(...)
II - O valor da indenização por dano moral
sujeita-se ao controle do Superior Tribunal de
Justiça, sendo certo que, na fixação da
indenização a esse título, recomendável que o
arbitramento seja feito com moderação,
observando as circunstâncias do caso, aplicáveis a
respeito os critérios da Lei 5.250/67.
III - Sem embargo da leviandade da notícia jornalística,
a atingir a pessoa de uma autoridade digna e
respeitada, e não obstante se reconhecer que a
condenação, além de reparar o dano, deve também
contribuir para desestimular a repetição de atos desse
porte, a Turma houve por bem reduzir na espécie o
valor arbitrado, inclusive para manter coerência com
seus precedentes e em atenção aos parâmetros legais.”
(STJ - RESP 295175/RJ; RECURSO ESPECIAL
(2000/0138885-1) - DJ DATA:02/04/2001, PG:00304 -
LEXSTJ 143/231 - j. 13/02/01 - Min. SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA - QUARTA TURMA) - grifamos
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o razoável, é evidente que a sua intervenção se faz necessária, até mesmo pela
função política que tem a Corte Superior, qual seja, a de estabelecer um padrão de
razoabilidade para a fixação do dano moral.”
IV - CONCLUSÕES
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b- que seja acolhida a preliminar de ilegitimidade
passiva argüida, extinguindo-se o feito nos termos do art. 267, VI, do CPC ou, se
assim não entender esse D. Juízo;
Termos em que,
pede deferimento.
Ipatinga, 15 de abril de 2003
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LÍGIA MARIA BRAZ MARTINS
OAB/MG
2003/08
BJ 030200031968
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