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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES
4ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL
VIADUTO DONA PAULINA, Nº 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020

SENTENÇA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1020164-72.2021.8.26.0053 e código 112D13A4.
Processo nº: 1020164-72.2021.8.26.0053
Classe - Assunto Procedimento do Juizado Especial da Fazenda Pública -
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO TRABALHO-
Liquidação / Cumprimento / Execução-Obrigação de Fazer /
Não Fazer
Requerente: Miriane Maia Moraes
Requerido: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO e outro

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por BRUNA ACOSTA ALVAREZ, liberado nos autos em 27/11/2023 às 20:13 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Bruna Acosta Alvarez

Vistos.

MARIANE MAIA MORAES propôs “ação anulatória de ato administrativo com


pedido liminar” em face do MUNICÍPIO DE SÃO PAULO e do DEPARTAMENTO
ESTADUAL DE TRÂNSITO DE SÃO PAULO. Dispensado o relatório, na forma do art. 38,
caput, da Lei nº 9.099/95 c.c art. 27 da Lei nº 12.153/09.
Fundamento e decido.
O feito comporta julgamento no estado em que se encontra, tendo em vista que as
alegações formuladas pelas partes permitem a prolação da sentença, independentemente da
produção de outras provas, na forma do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil.
Rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva formulada pelo DETRAN, uma vez
que a autoridade responsável pela lavratura do auto de infração questionado também foi alocada
no polo passivo, de modo que eventual édito de procedência repercutirá na esfera jurídica da
autoridade de trânsito.
Presentes as condições da ação e pressupostos processuais, passo ao exame do
mérito. O pedido deduzido na inicial é parcialmente procedente.
Trata-se de demanda na qual a parte autora pretende a anulação do Auto de
Infração de Trânsito (AIT) nº 3.466/2016 e do processo administrativo de cassação do direito de
dirigir nº 5ª573791-4, em função da falta de prévia notificação para exercício do contraditório e
da ampla defesa.
O artigo 257, § 7º, do CTB estabelece o prazo de 15 dias, contados desde a
notificação da autuação ao proprietário, para a indicação de condutor, sem o que o proprietário
será considerado responsável pela infração.

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Porém, revendo posição anterior sobre o tema, o entendimento que vem

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prevalecendo no C. STJ é no sentido deque o decurso desse prazo acarreta tão somente preclusão
administrativa e não impede a indicação judicial do condutor. Vejamos:

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.


RECURSOESPECIAL. ART. 1.022 DO CPC/2015.
FUNDAMENTAÇÃODEFICIENTE. INFRAÇÃO DE TRÂNSITO.
INDICAÇÃO DOCONDUTOR DO VEÍCULO. INÉRCIA DO
PROPRIETÁRIO.COMPROVAÇÃO DO VERDADEIRO

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por BRUNA ACOSTA ALVAREZ, liberado nos autos em 27/11/2023 às 20:13 .
RESPONSÁVEL EM SEDEJUDICIAL. POSSIBILIDADE. 1. "Aos
recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões
publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos
de admissibilidade recursal na forma do novo CPC"(Enunciado
Administrativo n. 3). 2. Aplica-se o óbice da Súmula 284 do STF quando
a alegação de ofensa ao art. 1.022 do CPC/2015 se faz de forma
genérica, sem a indicação precisa dos vícios de que padeceria o acórdão
impugnado. 3. O decurso do prazo previsto no art. 257, § 7º, do CTB
acarreta somente a preclusão administrativa, não afastando o direito de o
proprietário do veículo, em sede judicial, comprovar o verdadeiro
responsável pelo cometimento da infração, sob pena de ofensa ao que
dispõe o art. 5º, inc. XXXV, da Constituição da República. 4. Recurso
especial conhecido em parte e, nessa extensão, provido para cassar o
acórdão impugnado". (RECURSO ESPECIAL Nº 1.774.306 RS
(2018/0272351-5), RELATOR : MINISTRO GURGEL DE FARIA,
julgado em: 09 de maio de 2019).

“ADMINISTRATIVO. TRÂNSITO. RESPONSABILIDADE POR


INFRAÇÃO IMPUTADA AO PROPRIETÁRIO EM RAZÃO DOQUE
DISPÕE O ART. 257, § 7º, DO CTB. PRECLUSÃO TEMPORAL
ADMINISTRATIVA. NECESSIDADE DE ANDAMENTO DO
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. COMPROVAÇÃO, EM
SEDE JUDICIAL, DE QUE O INFRATOR NÃO ERA O
PROPRIETÁRIO DO VEÍCULO. RESPONSABILIDADE DO
CONDUTOR. INAFASTABILIDADE DO CONTROLE
JURISDICIONAL. 1. Em relação à malversação do art. 257, § 7º, do
CTB -que determina que "não sendo imediata a identificação do infrator,
o proprietário do veículo terá quinze dias de prazo, após a notificação da

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autuação, para apresentá-lo, na forma em que dispuser o CONTRAN, ao

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fim do qual, não o fazendo, será considerado responsável pela infração" -
, é preciso destacar que a preclusão temporal que tal dispositivo consagra
é meramente administrativa. 2. Assim sendo, a verdade dos fatos a que
chegou o Judiciário é suficiente para afastar a presunção jurídica de
autoria (e, conseqüentemente, de responsabilidade) criada na esfera
administrativa. 3. Agravo regimental não provido" (AgRg no Ag
1370626/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
julgado em 12/04/2011, DJe 7/04/2011).

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No caso em tela, observa-se que o Município de São Paulo, responsável pela
lavratura do AIT nº 3.466/2016, não protocolou contestação, oportunidade em que lhe caberia
anexar aos autos a notificação prévia relativa à aplicação da multa, indispensável para o exercício
do contraditório e da ampla defesa, assim como para indicação do real condutor no caso de
penalidade não precedida por abordagem do responsável pela direção.
Desse modo, cabível o acolhimento parcial do pleito para anulação do processo
administrativo de cassação do direito de dirigir. A penalidade aplicada, por sua vez, não possui
nenhuma mácula. Apenas caberá a devolução do prazo para exercício do contraditório ao
demandante.
Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido
formulado na inicial e julgo extinto o feito, com resolução de mérito, com fulcro no art. 487, I, do
CPC, para DECLARAR a nulidade do processo administrativo de cassação do direito de dirigir
nº 5ª573791-4 e DETERMINAR a devolução do prazo para exercício do contraditório e da
ampla defesa ao demandante, que deverá ser devidamente notificado acerca da multa que lhe foi
aplicada.
Custas e honorários indevidos, na forma do artigo 55 da Lei nº 9.099/95.
Em caso de recurso inominado (prazo de 10 dias), à parte não isenta por lei, nem
beneficiária da justiça gratuita, deverão ser recolhidas custas (1% sobre o valor da causa mais
4%sobre o valor da condenação), verificando-se condenação ilíquida, parcial ou ausência de
condenação, a parcela de 4% deverá ser calculada com base no valor da causa, observado o
mínimo de 5 UFESPs para cada parcela.
O peticionamento DEVERÁ ser categorizado corretamente como
"RECURSOINOMINADO", ficando o advogado ciente de que o peticionamento no sistema SAJ
de forma aleatória ou classificada como "petição intermediária" causará tumulto nos fluxos

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digitais, comprometerá os serviços afetos à Serventia e ocasionará indevido óbice à celeridade

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processual, ao princípio constitucional do tempo razoável do processo.
Transitada em julgado, arquivem-se os autos, com as cautelas de praxe.
P.R.I.C.
São Paulo, 27 de novembro de 2023.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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