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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE PAULO AFONSO

Processo N° 0008078-32.2016.4.01.3306 - 1ª VARA - PAULO AFONSO


Nº de registro e-CVD 00212.2018.00013306.1.00464/00032

EXEQUENTE: INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS


NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA
EXECUTADO: LUCY HELENE BRUNO PEREIRA CRUZ

DECISÃO

A executada apresentou exceção de pré-executividade às fls. 16/32, sob a


alegação, em síntese, de prescrição do crédito tributário, de prescrição intercorrente no
processo administrativo ambiental, de nulidade da CDA, de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário e de exclusão dos honorários advocatícios.

Intimado, o IBAMA ofereceu impugnação à exceção, às fls. 50/55, pugnando


pela sua rejeição.

Decido.

Primeiro a excipiente sustenta ter-se dado a prescrição da presente ação por


ter transcorrido mais de cinco anos entre o dia imediatamente seguinte ao vencimento da
multa imposta no Auto de Infração de fl. 42 (16/11/2011) e o ajuizamento desta execução
(12/12/2016).

De fato, aplica-se ao ajuizamento da execução fiscal de cobrança de multa de


natureza administrativa o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 1º do Decreto
nº 20.910/32, contado do momento em que se torna exigível o crédito.

No entanto, contrariando o que afirma a excipiente, filio-me ao entendimento


firmado na Súmula n. 467 do STJ de que “prescreve em cinco anos, contados do término

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Documento assinado digitalmente pelo(a) JUIZ FEDERAL JOÃO PAULO PIRÔPO DE ABREU em 19/03/2018, com base na Lei 11.419 de
19/12/2006.
A autenticidade deste poderá ser verificada em http://www.trf1.jus.br/autenticidade, mediante código 3039863306243.

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Processo N° 0008078-32.2016.4.01.3306 - 1ª VARA - PAULO AFONSO


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do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a


execução da multa por infração ambiental”.

Nesse sentido, o recente julgado do TRF 1ª Região a seguir:

PROCESSUAL. ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL.


MULTA LAVRADA PELO IBAMA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL.
ART. 1º DO DECRETO 20.910/1932. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
GRATUITA. LEI 1.060/1950. DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA. 1. A
cobrança de multa administrativa configura relação de direito público,
embora não tenha natureza de tributo, o que afasta a incidência do
Código Tributário Nacional. Também não se submete às regras do
Código Civil, de sorte que aplicável o disposto no Decreto
20.910/1932, em homenagem ao princípio da igualdade. 2.
Prescreve em cinco anos, contados do término do processo
administrativo, a pretensão da Administração Pública de
promover a execução da multa por infração ambiental - Súmula
467 do STJ. Não transcorridos mais de cinco anos entre o fim do
processo administrativo e o ajuizamento da execução fiscal, fica
afastada a prescrição. 3. Para o reconhecimento da
hipossuficiência do recorrente e deferimento do benefício da
gratuidade de justiça, é necessária a expressa declaração de que
não se está em condições de arcar com as custas e despesas
processuais, contudo, o executado não trouxe aos autos a
declaração pessoal exigida no art. 4º da Lei 1.060/1950. 4. Apelação
do IBAMA a que se dá provimento para determinar o prosseguimento
da execução fiscal. 5. Recurso adesivo a que se nega provimento.
(APELAÇÃO 00764037320124019199, Rel. Maria do Carmo
Cardoso, Oitava Turma – TRF1, e-DJF1 DATA:10/11/2017)

Assim, tendo em vista que a decisão recursal no processo administrativo


apenas foi proferida em 12/02/2016 (fls. 127/128) e o ajuizamento desta execução
ocorreu em 12/12/2016, não há que se falar em prescrição da pretensão do IBAMA de
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promover a execução da multa por infração ambiental.

Vale ressaltar que haveria a possibilidade de o termo inicial do prazo


prescricional coincidir com a data do vencimento da multa aposta no auto de infração
apenas na hipótese de não haver o pagamento do valor da multa nem impugnação
administrativa do valor cobrado no auto respectivo, o que não é o caso dos autos.

A excipiente sustenta ainda, com base no quanto disposto no art. 1º, §1º, da Lei
n. 9.873/99, ter havido prescrição intercorrente no processo administrativo ambiental, em
razão de suposta paralisação nos atos procedimentais durante lapso temporal superior a
03 (três) anos.

Da simples análise da cópia do processo administrativo acostada às fls.


56/150, tem-se que não merece prosperar a alegação da excipiente.

A defesa foi apresentada pela ora executada em novembro/2011 (fls. 66/73) e a


decisão de 1ª instância foi proferida em novembro/2013. Após ser notificada do
indeferimento da defesa, a executada apresentou recurso em novembro/2014 (fls.
112/119) e a decisão recursal foi proferida em fevereiro/2016 (fls. 127/128). Como se pode
ver, não houve paralisação por mais de três anos no procedimento administrativo que
pudesse ensejar o reconhecimento da prescrição prevista no art. 1º, §1º, da Lei n.
9.873/99.

Também não merece acolhida a alegação de nulidade da CDA em


decorrência da divergência do número de inscrição da dívida no Termo de Inscrição em
Dívida Ativa e na Certidão de Dívida Ativa. Isso porque, muito embora sejam atribuídas
numerações diferentes para o Termo e para a Certidão de Inscrição em Dívida Ativa, o

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número do débito constante em ambos é coincidente (3920438), de sorte que não há


qualquer nulidade advinda desse fato.

Ademais, insta sublinhar que a Certidão de Dívida Ativa – CDA tem efeito de
prova pré-constituída, nos termos do art. 3º da Lei 6.830/80 e do art. 204 do CTN,
constituindo título plenamente exequível, vez que goza de presunção de certeza e
liquidez. Por se tratar de uma presunção juris tantum, poderia ser ilidida, desde que
fundada em prova inequívoca, o que inocorreu na hipótese dos autos.

Desse modo, não tendo a excipiente logrado êxito na comprovação de sua


alegação, com o escopo de obstar a execução em curso, não há que se falar em nulidade
do título executivo nem em afastamento da presunção de certeza, liquidez e exigibilidade
de que goza o título executivo.

Por último, a excipiente alega a suspensão da exigibilidade do crédito


tributário, nos termos do art. 151, III, do CTN, por não ter recebido resposta de recurso
administrativo apresentado ao Ministério Público.

Ocorre que a suposta manifestação apresentada ao Ministério Público pela


executada nada tem que ver com o processo administrativo que culminou com a presente
execução. O recurso a que o art. 151, III, do CTN se refere, no caso dos autos,
corresponde àquele que a executada dirigiu ao Superintendente do IBAMA no Estado da
Bahia (fls. 112/119), em relação ao qual já foi proferida decisão recursal (fls. 127/128).
Desse modo, não subsiste a alegada suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

Ante o exposto, rejeito a exceção oposta pela executada e determino o


prosseguimento da execução.

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Publique-se. Intimem-se.

Paulo Afonso/BA.

JOÃO PAULO PIRÕPO DE ABREU


Juiz Federal

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