EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS.
Agravo de Instrumento nº. 0800318-15.2019.8.02.9002
Agravante: AGREMIAÇÃO SPORTIVA ARAPIRAQUENSE – ASA Agravado: MUNICÍPIO DE ARAPIRACA
AGREMIAÇÃO SPORTIVA ARAPIRAQUENSE – ASA,
pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, estabelecida na Avenida Ventura de Farias, s/n, Baixão, Arapiraca/AL, inscrita no CNPJ n° 12.439.568/0001- 92, neste ato representado por seu Presidente Executivo, o Sr. MOISÉS MACHADO FILHO, por intermédio de seus advogados abaixo assinados, vem apresentar nos termos do artigo 329 do CPC, ADITAMENTO ao Agravo de Instrumento, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.
O Agravante ingressou com Ação de Cobrança com pedido de
Tutela Satisfativa (processo n.º 0711145-40.2019.8.02.0058), junto a 4ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Arapiraca/AL.
Contudo, ao analisar o pedido de Tutela Satisfativa, o MM.
Juiz de Direito da 4ª Vara, entendeu que para sua concessão, além dos requisitos elencados no artigo 300 do CPC, por ser tratar de Fazenda Pública, necessário ainda que a pretensão deduzida pela parte não se enquadre dentre as hipóteses legais de vedação da medida, tais como: (a) que tenha como objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza (art. 7º, §2º, Lei 12.016/09)3; (b) quando impugnado, na primeira instância, ato de autoridade sujeita, na via de mandado de segurança, à competência originária de tribunal (art.1º, §1º, da Lei 8.437/92); (c) quando a medida esgotar, no todo ou em parte, o objeto da ação (art. 1º, §3º, da Lei 8.437/92); (d) para compensação de créditos tributários ou previdenciários(art. 1º, §5º, da Lei 8.437/92); e (e) para saque ou movimentação da conta vinculada do trabalhador no FGTS (art. 29-B, da Lei 8.036/90). AGREMIAÇÃO SPORTIVA ARAPIRAQUENSE – ASA DEPARTAMENTO JURÍDICO
Na decisão impugnada, o MM. Juiz continua afirmando que
além de verificar o perigo da irreversibilidade da medida, observa-se que a pretensão deduzida pela parte autora encontra óbice na hipótese de vedação constante do item c, de forma que se torna indevida, por expressa determinação legal, a antecipação de tutela que determine a liberação de recursos pela Fazenda Pública, notadamente em virtude de estar sujeita à sistemática dos precatórios disposta no art. 100, da CF/88.
Porém preclaro julgador, este argumento não pode prosperar.
Senão vejamos:
O modelo de Estado Democrático de Direito exige das
instituições públicas um sério compromisso com a ordem jurídica. A Administração Pública tem o dever de preservar e promover garantias individuais em situações de nítida e grave violação não apenas por meio da imposição da norma legal a terceiros, mas também por meio do próprio cumprimento voluntário da lei.
A norma processual jamais poderá servir de estímulo a
qualquer sujeito, principalmente ao Estado, para a violação de direitos, por ter a certeza de que não será submetido a qualquer medida impositiva para a imediata efetivação de suas obrigações. De fato, não se coaduna com a nossa ordem jurídica uma norma que isente o poder público de contribuir para a realização da prestação jurisdicional de forma eficaz. Nenhum interesse, público ou privado, sobrepõe-se ao cumprimento do Direito.
Nesse contexto, observa-se que a elaboração legislativa do
novo diploma processual teve em vista a realização de princípios Constitucionais que concretizassem a tutela satisfativa do Direito, inclusive por parte dos entes estatais. Logo, o art. 1.059 do CPC de 2015 deve ser interpretado à luz do ordenamento jurídico vigente, de forma que as restrições disciplinadas na lei 12.016/09 e na lei no 8.437/92 sejam aplicadas aos institutos processuais que com ela se adequem e não alcancem outros instrumentos que fogem à previsão normativa e que não se inserem na mesmo lógica processual.
Portanto, sendo clara a evidência da transgressão da
norma material, nos termos do art. 311 do CPC/15, deve o magistrado implementar o provimento jurisdicional cautelar necessário e suficiente à proteção do direito, à antecipação do mérito ou à garantia do juízo, mesmo contra a Fazenda Pública.
No caso dos autos, não haverá prejuízo ao erário
público, haja vista que já existia previsão orçamentária para tal pagamento AGREMIAÇÃO SPORTIVA ARAPIRAQUENSE – ASA DEPARTAMENTO JURÍDICO
(contrato de patrocínio em anexo aos autos), além da desnecessidade de
realizar o pagamento via precatório ou RPV e, caso o pleito liminar não venha a ser deferido, causará sim, ao agravante, graves prejuízos, pois conforme amplamente divulgado nos sites de notícias, o mesmo passa por sérios problemas financeiros, necessitando da liberação deste recurso para poder participar das próximas competições, a iniciar no próximo dia 04 de janeiro.
Nossos tribunais assim têm decidido acerca do caso em
comento:
Ementa: AGRAVO INTERNO EM TUTELA ANTECIPADA
RECURSAL – ILEGITIMIDADE PASSIVA: INOCORRÊNCIA – TUTELA ANTECIPADA CONTRA FAZENDA PÚBLICA: POSSIBILIDADE – MULTA: PERTINÊNCIA – DECISAO MANTIDA. I – Havendo necessidade de retificação de ato praticado pelo chefe do Poder Executivo estadual, legitimado o ente federativo para compor o polo passivo de Ação Ordinária com tal objetivo. II – Preenchidos os requisitos para concessão, com análise da probabilidade do direito alegado e do perigo de dano, imprestável a evocação do artigo 2º-B da Lei nº. 9494/97 e do artigo 1º da Lei nº. 8437/92 para obstar a concessão da tutela antecipatória recursal. III – Com a fixação de multa se almeja não o pagamento do valor a ela relativo, mas que a parte cumpra com a obrigação imposta na decisão. (TJ- MG – AGT: 10000160569497005 MG, Relator: Peixoto Henriquez, Data de Julgamento: 02/04/2019, Data de Publicação: 10/04/2019) (Grifos nossos)
Ementa: ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. TUTELA ANTECIPADA CONTRA FAZENDA PÚBLICA. POSSIBILIDADE. 1 – A tutela de urgência será concedida quando houve elemento suficientes que atestem a probabilidade do direito e o perigo do dano ou risco ao resultado útil do processo, nos termos do dispositivo no artigo 300 do CPC. 2 – É possível a antecipação dos efeitos da tutela contra Fazenda Pública, consoante entendimento jurisprudencial, uma vez que a vedação ao deferimento de tutela provisória que esgota o objeto do processo, no todo ou em parte, somente se justifica nos casos em que o retardamento da medida não frustrar a própria tutela jurisdicional. (TRF4 - AG: 50403948220184040000 5040394-82.2018.4.04.0000, AGREMIAÇÃO SPORTIVA ARAPIRAQUENSE – ASA DEPARTAMENTO JURÍDICO
Relator: ROGÉRIO FAVRETO, Data de Julgamento:
29/01/2019, 3ª Turma) (Grifos nossos)
Ante o exposto, requer o agravante:
a) Que seja recebido o presente aditamento, e ao final, a concessão da tutela
recursal de urgência, conforme autoriza o art. 1.019, I, do CPC/2015.