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AO DOUTO JUÍZO FEDERAL DA ____ VARA FEDERAL DA COMARCA DE CAMPINAS/SP

MANDADO DE SEGURANÇA

LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS

IMPETRANTE, por meio de seu advogado e procurador que esta subscreve ao final, vem à
presença de V. Excelência com fulcro no art. 5º, inciso LXIX da CF, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA
contra ato do gerente geral da agência do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, autarquia
federal localizada na Rua Barreto Leme, 1.117, Vila Itapura, Campinas/SP, CEP 13010-201, pelos motivos
que passa a expor adiante.

1. DA COMPETÊNCIA TERRITORIAL

Tendo em vista que o ato coator foi cometido por agência localizada na comarca de
Campinas/SP, nos termos do art. 109, §2º da CF, esta comarca é competente para julgar o presente
mandamus.

2. DO ATO COATOR

O impetrante é segurado do RGPS desde 03/10/1979 (CNIS anexo), mantendo esta qualidade
até a presente data. Neste interregno, contribuiu durante 35 anos, adquirindo o direito à aposentadoria
por tempo de contribuição.

Vendo que preenchido os requisitos para concessão do benefício “Aposentadoria por Tempo
de Contribuição”, previsto no art.201, §7º, I da CF, realizou o requerimento administrativo perante a
impetrada em 18.11.2016 resultando o benefício de n. xxxxxxxxxx (requerimento em anexo).

Ocorre que, até a presente data, 17.04.2017, a impetrada não proferiu decisão sobre o
requerimento administrativo de concessão de benefício, tampouco comunicou o impetrante sobre a
prorrogação de prazo para tanto, tolhendo o impetrante de direito líquido e certo de ter da
administração pública, decisões a respeito de requerimentos administrativos nos termos da lei
9.784/99 como veremos a seguir.

3. DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO

A administração pública deve agir em respeito aos princípios da legalidade, impessoalidade,


moralidade, publicidade e eficiência, estampados no art. 37, caput da CF.

Nos procedimentos administrativos federais, reza a lei 9.784/99 que os atos administrativos
deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos quando ocorrer das
situações previstas no art. 50, especificamente quando neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses.
Nessa toada, o art. 48 prescreve que a administração pública tem o dever de explicitamente
emitir decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em matéria de sua
competência.

Continua com o art. 49 prevendo que, concluída instrução de processo administrativo, a


Administração tem o prazo de até 30 dias para decidir, salvo prorrogação por igual período
expressamente motivada.

É pertinente transcrever o que a IN 77 que rege os procedimentos administrativos na


impetrada, no tocante a decisão administrativa. Vejamos o que dispõe o art. 691 da referida IN:

Art. 691. A Administração tem o dever de explicitamente emitir decisão nos processos
administrativos e sobre solicitações ou reclamações em matéria de sua competência, nos termos do art.
48 da Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999.

§ 1º A decisão administrativa, em qualquer hipótese, deverá conter despacho sucinto do


objeto do requerimento administrativo, fundamentação com análise das provas constantes nos autos,
bem como conclusão deferindo ou indeferindo o pedido formulado, sendo insuficiente a mera justificativa
do indeferimento constante no sistema corporativo da Previdência Social.

§ 2º A motivação deve ser clara e coerente, indicando quais os requisitos legais que foram ou
não atendidos, podendo fundamentar- se em decisões anteriores, bem como notas técnicas e pareceres
do órgão consultivo competente, os quais serão parte integrante do ato decisório.

§ 3º Todos os requisitos legais necessários à análise do requerimento devem ser apreciados


no momento da decisão, registrando- se no processo administrativo a avaliação individualizada de cada
requisito legal.

§ 4º Concluída a instrução do processo administrativo, a Unidade de Atendimento do INSS


tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorrogação por igual período expressamente
motivada.

§ 5º Para fins do § 4º deste artigo, considera-se concluída a instrução do processo


administrativo quando estiverem cumpridas todas as exigências, se for o caso, e não houver mais
diligências ou provas a serem produzidas.

Art. 692. O interessado será comunicado da decisão administrativa com a exposição dos
motivos, a fundamentação legal e o prazo para interposição de recurso.

Pertinente é a impetração do writ, pois o ato coator se consubstancia na omissão da


autarquia em não exarar decisão quanto ao requerimento do benefício xxxxxxxxxx no prazo legal que
alude o art. 49 da lei 9.784/99 e do §4º do art. 691 da IN 77 do INSS.

Veja Excelência que o requerimento foi datado em 18.11.2016 com apresentação de toda
documentação pertinente ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. Não houve neste
interregno, qualquer carta de exigência, sendo que na verdade dos fatos, a autarquia não se manifestou
em qualquer momento.

Ademais, não contente o impetrante realizou reclamação junto a ouvidoria da previdência


social sob n. CCGY79600 em 02.02.2017 sendo que até o momento também não houve retorno.

Ainda, o impetrante realizou protocolo junto a agência, relatando o ocorrido e requerendo


resposta do processo administrativo, porém a impetrada quedou-se inerte.
Portanto, a omissão da autarquia fere direito líquido e certo estampado na lei 9.784/99 e na
IN 77 do INSS, de obter da administração pública, a análise e conclusão de procedimentos
administrativos, bem como o direito à decisão sobre o requerimento ora mencionado, que é o pedido de
concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, benefício de n. 179.254.725-8.

Ante o exposto, requer seja concedida a segurança a fim de compelir a autarquia na análise
do requerimento administrativo benefício de n. 179.254.725-8 estipulando prazo para cumprimento da
obrigação e fixando astreintes em caso de descumprimento da medida.

De forma alternativa, caso a autarquia permaneça inerte, requer seja compelida a


implementar o benefício requerido, vez que preenchido os requisitos do art. 201, §7º, I da CF, ou seja, os
35 anos de contribuição (CNIS em anexo), fixando prazo para cumprimento sob pena de astreintes.

4. DO FUMUS BONI IURIS

Tem-se como fumus boni iuris, o sinal ou indicio de que o direito pleiteado de fato existe.

In caso, é comprovado o requerimento de benefício previdenciário junto a impetrada na data


de 18.11.2016. Quanto a omissão, se comprova pela consulta junto ao site da previdência no qual se
mostra o status do benefício 179.254.725-8 como Habilitado, consulta esta feita em 12.04.2017.

Assim, demonstrado que a falta de resolução do requerimento administrativo, fere direito


líquido e certo estampado no art. 9.784/99 e na IN 77 do INSS.

5. DO PERICULUM IN MORA

Outrossim, o perigo na demora se traduz no receio de que a demora da decisão judicial,


cause um dano grave ou de difícil reparação ao requerente daquele direito pleiteado.

No caso telado, trata-se de benefício de caráter alimentar, isto é, necessidade de prestação


previdenciária para manutenção do sustento do segurado, sendo que, a demora, poderá causar prejuízo
de difícil reparação ao jurisdicionado.

6. DOS REQUERIMENTOS

Diante do exposto, requer o impetrante:

a) Seja deferida a medida liminar, antes da oitiva do INSS, ou após transcorrido o prazo de
manifestação, determinando-se o cumprimento da obrigação de analisar e informar a
decisão sobre o requerimento do benefício n. 179.254.725-8, fixando prazo e multa em caso
de descumprimento da medida;

b) A notificação da autoridade coatora para que preste as informações que entender


necessárias, bem como a notificação do Órgão ao qual a autoridade se encontra vinculada,
qual seja, Instituto Nacional do Seguro Social, para que tome ciência das negativas ora
questionadas;
c) A procedência do pedido, com a concessão da Segurança, para fins de impor ao INSS a
obrigação de analisar e decidir sobre o benefício de n. 179.254.725-8 no prazo a ser
assinalado pelo juízo, fixando-se penalidade de multa para em caso de descumprimento de
obrigação;

d) A intimação do MPF para que se manifeste nos presentes autos.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais).

Nesses termos, pede juntada e deferimento.

Indaiatuba, 12 de abril de 2017

CARINA SOUSA DOS SANTOS NACHTIGALL


OAB/RS 86.928B

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