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Grupo: Bruno, Silas, João e Rômulo

AO DOUTO JUÍZO DA TERCEIRA VARA DO TRABALHO DE TUBARÃO – SC

AUTOS Nº ...

EMPRESA ALFA, já qualificada nos autos da reclamatória trabalhista movida


por PEDRO, também já qualificado, vem perante este Juízo, apresentar
CONTESTAÇÃO nos termos do art. 847 e 769 da CLT, c/c 337 do CPC

1. PRELIMINARMENTE

1.1 DO BENEFÍCIO DE GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Excelência, tendo em vista as novas disposições do NCPC, não


mais se faz necessário interpor peça apartada quando da impugnação ao
pedido de gratuidade de justiça do Reclamante, conforme Art. 337, XIII, da Lei
13.105/2015, vejamos:

“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:[...] XIII -


indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. [...]”

No âmbito do Processo do Trabalho, este benefício somente pode


ser concedido quando presentes e atendidos os requisitos exigidos pelo artigo
14 da Lei n. 5.584/70, motivo pelo qual, não estando presentes esses
requisitos, deve ser indeferida a concessão deste benefício à reclamante.

Com efeito, a reclamante percebe, mensalmente, a quantia de R$


3.000,00 exercendo o cargo de administrador na empresa BETA, salário muito
superior ao mínimo previsto em lei, para que faça jus ao referido.

Não pode ser desvirtuada a natureza do benefício da gratuidade


judiciária, visto que destinada a pessoas sem possibilidade de sustento próprio
e de sua família, não sendo este o caso do demandante.

1.2 DA COISA JULGADA


O reclamante pleiteia indenização do período aquisitivo 2015/2016,
muito embora em 2018, nos autos 8987, o reclamante ingressou com
reclamatória trabalhista buscando as férias 2015/2016, oportunidade em que foi
vencedor e recebeu a devida indenização após o trânsito e julgado da ação.

Ante o exposto, assim determina o Art. 337, XIII, do CPC, vejamos:

“Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: [...] VII -
coisa julgada;”

Caro magistrado, não é a primeira vez que o demandante apela para


medidas judiciais para este mesmo pedido, tendo em vista que o mesmo pleito
havera sido apreciado e julgado em juízo, sendo julgado procedente o pedido
foi devidamente quitado pela empresa Alfa, tenta então a demandante pleitear
referente a coisa que outrora já havera sido julgada, nos remetendo ao artigo
502 do código de processo civil, in verbis:

“Art. 502. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna


imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.”

Não obstante, requer-se, o reconhecimento da extinção da presente


ação sem apreciação do mérito, pelo fato de existência de coisa julgada, com o
reconhecimento e condenação da demandante ao pagamento das custas e dos
honorários advocatícios pertinentes, ao advogado da demandada, com fulcro
nos artigos 337, VII e 485, V, ambos do código de processo civil

1.3 DA INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

O reclamante requereu indenização por danos morais, a ser


arbitrado pelo juiz, com fulcro nos art. 5º, V e X da CF/88 e art.186 e 927 do CC
por força do art. 8º parágrafo único da CLT, esclarecendo ainda sobre a
competência material da justiça do trabalho com base no art. 114 VI da CF de
1988. Contudo, não fundamentou tal pedido como bem determina o art. 840, §
1º da CLT:

Art. 840 – A reclamação poderá ser escrita ou verbal.

§ 1º – Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação


do juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos
de que resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo,
determinado e com indicação de seu valor, a data e a
assinatura do reclamante ou de seu representante.(grifo nosso)
Diante desta imprecisão, gera dúvida com relação aos fatos que
ensejaram os eventuais danos morais. Diante desta dúvida, a defesa fica
prejudicada, pois não sabe a qual fatos está se referindo, requerendo a inépcia
da inicial, devendo, portanto, ser aplicado o entendimento do § 3º do mesmo
artigo e lei que assim assevera:

Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1º deste artigo serão


julgados extintos sem resolução do mérito.

Ante o exposto, com base no Art. 337, inc. IV do CPC, requer a


extinção em relação a este pedido, sem resolução do mérito.

2. PREJUDICIAL DE MÉRITO: PRESCRIÇÃO

O reclamante ajuizou a Reclamação Trabalhista em 01/08/2021,


pleiteando verbas desde 02/01/2010, data de sua admissão, ou seja, com
prazo superior ao limite prescricional de 5 (cinco) anos, previsto no art. 7º,
XXIX, da Constituição Federal.

Requer, portanto, o reconhecimento da prescrição dos pedidos


anteriores, com fundamento no artigo acima citado, bem como no art. 11 da
CLT e na súmula 308 do TST, e consequente extinção do processo com
resolução de mérito sobre esses pedidos.

3. DOS FATOS E FUNDAMENTOS

3.1 DO INTERVALO DE DESCANSO

Na função que exercia na empresa, o reclamante tinha intervalos de


descanso de 10 (dez) minutos a cada 90 (noventa) de trabalho consecutivo.
Porém, na inicial o reclamante aduz que o intervalo de descanso deveria ser de
20 minutos, razão pela a qual requereu a devida indenização pelo período
suprimido.

Haja vista as circunstâncias e peculiariedades do cargo de auxiliar


administrativo (digitador) foi concecido tal intervalo ao trabalhador. Contudo, o
pleito do reclamante não merece prosperar, pois o período concedido ao
reclamante está em consonância com entendimento pacifico do TST por meio
da súmula nº 346. Vejamos:

Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT,


equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia
(datilografia, escrituração ou cálculo), razão pela qual têm
direito a intervalos de descanso de 10 minutos a cada 90 de
trabalho consecutivo.

Ressalta-se que o dispositivo acima exposta é muito claro em fixar o


tempo de 10 minutos, e não 20 como requer o demandante.

Ante o exposto, requer-se a improcedência do pedido.

3.2 DO DIREITO DE FÉRIAS

Durante o ano de 2020, o reclamante percebeu da Previdência


Social prestações de auxílio-doença por mais de 6 (seis) meses, razão pela
perdeu o direito das férias do respectivo período. Assim, pleiteia a indenização
das férias 2020, visto que o reclamante entende ser devido, visto que os 6
(seis) meses de afastamento foram descontínuos.

Acerca do tema disserta o art. 133, inc. IV da CLT, que assim


dispõe:

Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso


do período aquisitivo: [...] IV - tiver percebido da Previdência
Social prestações de acidente de trabalho ou de auxílio-doença
por mais de 6 (seis) meses, embora descontínuos.

Muito embora o reclamante tenha usufruído do auxílio-doença de


maneira descontínuada, a legislação trabalhista é clara ao determinar que não
terá direito a férias o empregado que exceder o período de 6 meses mesmo
sendo descontínuo, como bem destaca o final do inciso IV da norma
supracitada.

Ante o exposto, requer-se a improcedência do pedido.

3.3 DA CONVOCAÇÃO PARA SER TESTEMUNHA EM AUDIÊNCIA


Em 5/5/2018, o reclamante compareceu em audiência na segunda
vara do trabalho de Tubarão, SC, oportunidade em que participou como
testemunha. A audiência teve início às 18 horas, porém o reclamante não
laborou no respectivo dia, visto que, segundo o reclamante, teria o direito de
faltar o dia trabalho para participar da audiência. Neste sentido, o reclamante
pretende a devolução do valor descontado pela empresa em razão da ausência
do reclamante no dia da referida audiência.

Sobre o tema disserta o art. 822 da CLT, o qual assim leciona:

Art. 822 - As testemunhas não poderão sofrer qualquer


desconto pelas faltas ao serviço, ocasionadas pelo seu
comparecimento para depor, quando devidamente arroladas ou
convocadas

Excelência, no caso concreto não há de se falar em devolução do


valor descontado, e isso se deve ao fato de que a jornada do reclamante é de
segunda a sexta, das 8 às 17 horas, e a audiência foi realizada as 18 horas,
portanto fora do expediente de trabalho, de modo que a falta realizada não se
justifica pelo motivo exposto.

Ante o exposto, requer-se a improcedência do pedido.

3.4 DA INDENIZAÇÃO POR HORAS EXTRAS

O reclamante em média 3 (três) vezes por semana, ficava na


empresa até as 19 horas para estudar, visto que fazia graduação na
modalidade virtual. Neste sentido, o reclamante aduz que permanência na
empresa à disposição do empregador, razão pela a qual requereu a devida
indenização em horas extras pelo tempo que ficava na empresa após o horário
de trabalho para estudar e, “segundo o reclamante” a disposição do
empregador.

Tal questão é facilmente solucionada pelo Art. 4º, § 2º, inc. IV da


CLT, o qual descreve que:

§ 2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será


computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que
ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1º do art. 58 desta Consolidação,
quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de
insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou
permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre
outras:

[...] IV - estudo;

Sendo assim, por determinação expressa da CLT logo em seu art. 4,


o pedido do reclamante não tem respaldo jurídico e não merece acolhimento

Ante o exposto, requer-se a improcedência do pedido.

4. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a reclamada impugna todos os termos da inicial, e requer:

a) O conhecimento da preliminar inépcia da petição inicial,


considerandoinapta a petição inicial;

b) O conhecimento da preliminar de coisa julgada em relação as férias


doperíodo aquisitivo 2015/2016, visto se tratar de coisa julgada;

c) O conhecimento da preliminar de indevida concessão do benefício


degratuidade de justiça, visto que o reclamante não preenche os
requisitosdo art. 790 § 3o da CLT;

d) A decretação da prescrição total, visto que reclamante ingressou com


apresente reclamatória fora do prazo previsto no art. 11 da CLT;

e) Caso não seja o entendimento pela prescrição total, requer-se


adecretação da prescrição parcial, limitando eventual condenação aos 5
anos anteriores a data do ajuizamento da ação nos termos do art. 11 da
CLT;

f) O indeferimento de todos os pedidos expostos na inicial;

g) Provar o alegado com todo o meio de prova em direito admitido;

h) A condenação do reclamante em custas e honorários;


Nestes termos, pede deferimento.

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