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Curso de graduação em Direito

Estágio supervisionado III – Prática Trabalhista

PEÇA PROCESSUAL Nº 3 – “DEFESA TRABALHISTA”

Aluna: Ana Paula Dias.


Prof.: Davidson Malacco;
9º período, manhã.

Belo Horizonte
19/03/2021
EXMO SR. DR. JUIZ DA ___ VARA DO TRABALHO DE BELO
HORIZONTE/MG.

MARIA MARINA, solteira, vendedora-externa, inscrita no CPF


001.002.003-07, portadora de CTPS 02949, série 001, residente e domiciliada
em Belo Horizonte/MG, na Rua Dom Teodoro, n. 23.456, Bairro Capim Branco,
CEP. 77.222-000, vem perante V. Exa., por seu advogado abaixo assinado,
ajuizar a presente Reclamação Trabalhista em face de COMÉRCIO MM LTDA,
CNPJ n. 400.425.436/0001-04, estabelecimento situado na Avenida Pedro
Paulo II, n. 26.704, na cidade de Belo Horizonte/MG, CEP. 77.456-999, pelos
seguintes fundamentos fáticos e jurídicos, para ao final requerer:

1. Que foi admitida em 2 de setembro de 2016 e injustamente


dispensada em 10 de janeiro de 2021, COM aviso prévio indenizado.
2. Que foi contratada para exercer suas atividades na cidade de
Uberlândia/MG, onde realizava visitas diárias aos clientes, inclusive em
cidades interioranas vizinhas, tendo sido transferida, de forma definitiva, para
Belo Horizonte/MG, em 10 de junho de 2017, sem, contudo, receber o
adicional de transferência no importe de 25% dos salários.
3. Que foi contratada para laborar de segunda-feira a sexta-feira, por
uma jornada de trabalho de 8 horas (08h00min h às 18h00min h., com
intervalo intrajornada de 2 horas). Todavia, a partir da efetiva transferência
supramencionada (10/06/17) prestava duas horas extras diárias, sem,
contudo, receber a contraprestação pela extrapolação de jornada, ora
indicada. Não registrava horário de início e término da jornada.
4. A reclamante exercia as funções de Vendedora – Viajante, sendo que,
por todo o pacto laboral a Reclamada lhe forneceu veículo para utilização
quando das vendas efetuadas, mas também, após o expediente e finais de
semana, sendo por último um automóvel da marca FIAT/Uno, ano 2017.
5. Que recebia salário mensal composto de parte faixa (R$ 1.350,00) e
parte variável eventual (R$ 850,00 em média). Esta última composta de
comissões de 1 % sobre as vendas de determinados produtos efetuados.
6. Que não usufruiu e recebeu as férias do período 2016/2017
7. Face o pagamento incompleto das verbas rescisórias, faz jus à
multa estabelecida no art. 477 e 467 da CLT.
DOS PEDIDOS
8. Pretende, pois, a condenação da Reclamada nas parcelas abaixo, que
deverão ser apuradas em liquidação:
a) Adicional de transferência e seus devidos reflexos, a partir da remoção
noticiada, no item 2 da exordial............................................................. a apurar;
b) Horas extraordinárias, por todo pacto laboral, com acréscimo de 50%
estabelecido no art. 7º, inciso XVI da CF/88..........................................a apurar;
c) Diferenças dos 13ºs salários, férias + 1/3, FGTS + 40% e aviso prévio,
face à devida integração do salário utilidade fornecido em decorrência do
contrato de trabalho, segundo item 4 retro............................................. a apurar;
d) Férias em dobro, relativas ao período aquisitivo 16/17, acrescidas do
terço constitucional.................................................................................a apurar;
e) Multa do art. 477 da CLT...............................................................a
apurar;
f) Multa do art. 467 da CLT...............................................................a
apurar;
Ex-positis, requer seja a Reclamada notificada dos termos da presente ação no
endereço fornecido, para querendo apresentar defesa, acompanhando-a até
final, quando deverão os pedidos serem julgados procedentes, com a
condenação nas parcelas postuladas, acrescidas de juros e correção monetária.
Requer, ainda, os benefícios da Justiça Gratuita, declarando, nos termos das
Leis 7.115/83 e 7.510/86 e sob responsabilidade penal, ser pobre no sentido
legal.
Protesta por todos os meios de prova em Direito admitidos e, em especial, pelo
depoimento do representante da Reclamada, sob pena de confissão, prova
documental e testemunhal.

Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00

Belo Horizonte, 12 de fevereiro de 2021

P.P. Gudeslau Giovantino


OAB – 999.999

Estes são os documentos que instruem a peça:


 TRCT, cód. 01, com quitação das verbas rescisórias, no dia
20/01/2021, sem ressalva específica da entidade sindical
representativa obreira, durante a assistência homologatória prestada.
 Procuração.
Convenções Coletivas de Trabalho, durante todo o pacto laboral
(16/17, 17/18, 18/19 e 19/20, 20/21), com data base em 1º de
setembro, firmadas entre o Sindicato do Comércio de Minas Gerais e o
Sindicado dos Empregados Vendedores e Viajantes do Comércio no
Estado de Minas Gerais.
 Cópia da CTPS.

 Declaração de Pobreza
 Recibos de pagamento dos salários.
- Considerando que você foi contratado pelo representante legal da
empresa, este já cientificado da data e horário da audiência, para
representá-la judicialmente, elabore a peça processual cabível ao caso
concreto noticiando fundamentos jurídicos pertinentes levando em
consideração toda a informação acima mencionada e a documentação
fornecida pela demandada, a seguir exposta:
- A ação trabalhista foi ajuizada em 12 de fevereiro de 2021 e
distribuída para a 77ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. O
processo recebeu o nº 45445-2021-077-003-00-1.
 Contrato Social;

 Procuração;
Carta com aviso de recebimento enviada à residência da obreira
comunicando o dia, horário e local da homologação do Termo de
Rescisão do Contrato de Trabalho;
Comprovante de depósito, no dia 20/01/2021, na conta Corrente da
obreira, referente ao valor das verbas rescisórias;
Ficha de Registro de Empregado consignando a data de admissão no
dia 2 de setembro de 2016 e a anotação de que a obreira praticava
atividade externa incompatível com a fixação de jornada de trabalho;
 Declaração original do Instituto Nacional do Seguro Social atestando
ter a reclamante usufruído benefício previdenciário denominado
auxílio-doença, no período de 05/11/16 até 10/07/17 e cujo retorno se
efetuou no dia útil imediatamente subsequente;
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ DE DIREITO DA 77ª VARA DO
TRABALHO DA COMARCA DE BELO HORIZONTE - MG.

Processo nº 45445-2021-077-003-00-1.

COMÉRCIO MM LTDA., inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas


Jurídicas (CNPJ), do Ministério da Fazenda, sob o nº 400.425.436/0001-04, com
sede na Avenida Pedro Paulo II, nº 26.704, na cidade de Belo Horizonte/MG, CEP:
77.456-999, vem, por seus advogados (com instrumentos de mandato anexos), à
presença de Vossa Excelência, para, com o respeito e acatamento sempre
demonstrados, apresentar a presente:

CONTESTAÇÃO

Aos termos da Reclamação Trabalhista (Processo) nº 45445-2021-077-


003-00-1, que lhe é movida por MARIA MARINA, assim o fazendo com fulcro no
artigo 841, caput, e demais disposições pertinentes, da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

I- DAS PRELIMINARES

I.I - DO NAO ATENDIMENTO DA OBRIGAÇÃO LEGAL PREVISTA NO ART. 840 DA


CLT- NECESSIDADE DE ARQUIVAMENTO DO FEITO

O art. 840 da CLT que estabelece que o pedido tem que ser certo,
determinado e com seu respectivo valor, sob pena de ser extinto sem julgamento do
mérito, vejamos:

Art. 840 - A reclamação poderá ser escrita ou verbal.


§ 1º Sendo escrita, a reclamação deverá conter a designação do
juízo, a qualificação das partes, a breve exposição dos fatos de que
resulte o dissídio, o pedido, que deverá ser certo, determinado e
com indicação de seu valor, a data e a assinatura do reclamante ou
de seu representante. (Redação dada pela Lei nº 13.467,
de 2017)
§ 2º Se verbal, a reclamação será reduzida a termo, em duas vias
datadas e assinadas pelo escrivão ou secretário, observado, no que
couber, o disposto no § 1o deste artigo. (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 3º Os pedidos que não atendam ao disposto no § 1o deste artigo
serão julgados extintos sem resolução do mérito.

Assim, preliminarmente, requer que seja determinado o arquivamento


deste feito, nos termos do art. 840, §3°, da CLT, tendo em vista que a liquidação dos
pedidos contidos na peça de ingresso não atende a obrigação legal prevista no art.
840 da CLT.

II- DOS VALORES LIQUIDADOS E LIMITAÇÃO DOS PEDIDOS ARTIGOS 141 E


492 DO CPC

A priori como bem informa em preliminar, a Autora possuí suas escalas


de trabalho, assim é inverídica a suposta impossibilidade de liquidar corretamente os
pedidos.

Por consequência, impugnamos especificamente TODOS os valores


liquidados na petição inicial, eis que são desprovidos de fundamentos fáticos,
tampouco jurídicos, eis que os pedidos da ação devem ser julgados improcedentes,
no mais, a Autora apresentou causa de pedir, sem apurar tais valores, impedindo o
contraditório e ampla defesa, afastando, portanto, o instituto da preclusão.

Noutra ponta, considerando a inexistência de critérios aptos a


demonstrarem analiticamente os valores indicados pela Autora, há que se
limitarem tais pedidos a no máximo aos valores indicados no rol de pedidos, sob
pena de violação aos artigos 09, 10, 141 e 492 do CPC.

III- DO CONTRATO DE TRABALHO

A Reclamante foi contratada em 02/09/2016 para exercer a função de


Vendedora – viajante, inicialmente na cidade de
Uberlândia, na função está exercida durante todo o pacto laboral, conforme consta
na ficha de atualização da CTPS.

A jornada de trabalho da Reclamante variou, em média, das 08hs às


18hs, dentre outros turnos com 02 (duas) horas de intervalo intrajornada.

No dia 10/06/2017, foi transferida de forma definitiva para Belo Horizonte.


E em 10/01/2021, foi desligada sem justa causa, recebendo, dentro do prazo
legal, todas as verbas rescisórias que faria jus.

IV- DA JORNADA DE TRABALHO DAS HORAS EXTRAS

Afirma a Reclamante que:

“Todavia, a partir da efetiva transferência supramencionada


(10/06/17) prestava duas horas extras diárias, sem, contudo, receber
a contraprestação pela extrapolação de jornada, ora indicada. Não
registrava horário de início e término da jornada. ”

A jornada de trabalho da Reclamante era das 08h00 às 18h00, com 02


(duas) horas de intervalo intrajornada.
Impugnamos especificamente a alegação de que extrapolava o horário de
jornada, falácia sem qualquer embasamento.

No que concerne ao intervalo intrajornada, em consonância com o artigo


71 da CLT, este sempre fora respeitado e usufruído pela Reclamante, conforme
registro nos cartões de ponto.

Nos termos dos artigos 818 da CLT e 373 do CPC, incumbe aa


Reclamante ônus de provar suas alegações.

Os empregados são orientados a entrar e sair do trabalho no horário


contratual, não havendo qualquer determinação de chegada antecipada ou saída
após o horário.

V- DOS REQUERIMENTOS EVENTUAIS

Eventualmente, caso haja entendimento em contrário, requer que


eventual hora extra a título de intervalo intrajornada deferida seja limitada ao pagamento
apenas do período suprimido, bem como não há que se falar em reflexos nas horas
extras a título de intrajornada, eis que a mesma possui natureza indenizatória, nos termos
do parágrafo 4º do artigo 71 da CLT, verbis:

“art. 71 (...) § 4o A não concessão ou a concessão parcial do


intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza
indenizatória, apenas do período suprimido, com acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal
de trabalho (...)”.

Eventualmente, caso haja entendimento em contrário, o adicional de


horas extras deve ser o constitucional/convencional de 50%.

Na eventualidade de ser a ré condenada ao pagamento de alguma


parcela, caso é de compensação e/ou dedução das parcelas iguais ou que possuam a
mesma natureza, nos termos do art. 767 da CLT.

VI- DA IMPUGNAÇÃO AOS VALORES LANÇADOS NA INICIAL

Impugnam-se todos os números e cifras lançados na inicial, máxime


porque não foram observados os descontos legais, a compensação dos valores
eventualmente pagos pela Reclamada sob os mesmos títulos. Assim, eventual e
improvável verba deferida, deverá ser objeto de regular liquidação de sentença.

VII- DA DOS DIAS NÃO TRABALHADOS

Ainda, por cautela, a se admitir eventual condenação, requer a


Reclamada sejam expressamente excluídos, para efeito de cálculo das horas extras, os
dias não úteis, feriados, férias, licenças e dias, por quaisquer motivos, não trabalhados.
VIII- DA DEDUÇÃO E DA COMPENSAÇÃO

Caso sejam deferidos os pedidos postulados, os valores deverão ser


deduzidos e/ou compensados com os demais já pagos sob o mesmo título, sob pena de
enriquecimento ilícito da Reclamante.

IX- DOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELA RECLAMANTE

A reclamada impugna todos os documentos anexados pela Reclamante


que fora anexado com a inicial, por ter sido colhidos de forma unilateral. Requerendo
desde já o seu desentranhamento e dispensado como meio de prova.

X- DA CONCLUSÃO

Por tudo quanto até aqui exposto, ficam impugnados todos os pedidos
contidos com a exordial, bem como os documentos juntados com a exordial, por ambos
não representarem a realidade dos fatos, conforme fartamente narrado nesta peça
defensiva.

Assim, requer que:

a) Sejam acolhidas as preliminares arguidas, com a extinção do feito ou dos


requerimentos conforme exposto acima.
b) Compensação de valores pagos à parte Reclamante, a qualquer título, acaso seja
deferido algum pedido da parte autora, o que se admite apenas para argumentar.
c) Desconto de verbas previdenciárias e fiscais caso, pela eventualidade, algum
direito seja reconhecido ao Reclamante, devendo a ré ser intimada para apresentar
os comprovantes previdenciários, após o trânsito em julgado, em eventual fase de
liquidação de sentença, se for o caso.
d) Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios em Direito admitidos,
especialmente testemunhal, documental, pericial e depoimento pessoal da parte
autora, sob pena de confissão (art. 343, parágrafo 2º, do CPC).
e) Requer, finalmente, que seja acolhida a presente contestação, julgando
improcedentes os pedidos formulados na inicial.
f) Requer seja cadastrado a Dra. Ana Paula Pontes Dias, OAB/MG 111.111, para
que toda e qualquer intimação seja feita em seu nome, sob pena de nulidade.

Termos em que, pede deferimento.

Belo Horizonte, 22 de fevereiro de 2021.

ANA PAULA PONTES DIAS


OAB/MG 111.111

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