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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0100755-37.2022.5.01.0057

Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 31/08/2022


Valor da causa: R$ 62.980,24

Partes:
RECLAMANTE: ALAN LINDOLFO NEVES
ADVOGADO: NATALIA MIRANDA DE MACEDO
ADVOGADO: HENRIQUE LOPES DE SOUZA
ADVOGADO: MARCELO LUIS PACHECO COUTINHO
ADVOGADO: CAIO GAUDIO ABREU
ADVOGADO: CHRISTIANE DAMASCO DE CASTRO
ADVOGADO: NATALIA XIMENES DO NASCIMENTO
ADVOGADO: MANUELA MARTINS DE SOUSA
ADVOGADO: CLAUDIA DE CARVALHO MONASSA
ADVOGADO: RITA DE CASSIA SANTANNA CORTEZ
ADVOGADO: Marcio Lopes Cordero
ADVOGADO: RAPHAEL INACIO MEDEIROS
ADVOGADO: Marcus Varão Monteiro
ADVOGADO: ROMULO DA CONCEICAO NOGUEIRA
ADVOGADO: ANA PAULA MOREIRA FRANCO
ADVOGADO: monica alexandre santos
ADVOGADO: JOSE CARLOS DA COSTA FERREIRA
ADVOGADO: vivian teixeira monasterio
RECLAMADO: BANCO BRADESCO S.A.
ADVOGADO: FELIPE D AGUIAR ROCHA FERREIRA
ADVOGADO: HENRIQUE CLAÚDIO MAUÉS
ADVOGADO: SILVIA RODRIGUES DA ROCHA VIEIRA
ADVOGADO: CARLOS EDUARDO CAVALCANTE RAMOS
PERITO: PAULO EDUARDO CAMPANA RIBEIRO FILHO
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 57ª
VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO - RJ.

Processo nº 0100755-37.2022.5.01.0057

BANCO BRADESCO S/A, instituição financeira com sede na Cidade de


Deus, Vila Yara, Município e Comarca de Osasco, Estado de São Paulo, inscrito no
CNPJ sob o n° 60.746.948/0001-12, nos autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA
que lhe move ALAN LINDOLFO NEVES, por seus advogados infra-assinados,
regularmente constituídos, vem, tempestivamente, apresentar sua

CONTESTAÇÃO

pelas razões de fato e de direito que se seguem:

DAS PUBLICAÇÕES E NOTIFICAÇÕES - ATOS DE COMUNICAÇÃO


PROCESSUAL, ART. 106, I DO CPC, SÚMULA Nº 427 DO TST

Ab initio, nos termos do art. 106, I do CPC, requerem os reclamados que todos
os atos de comunicação processual tenham observância EXCLUSIVAMENTE ao
nome do Dr. Carlos Eduardo Cavalcante Ramos, inscrito na OAB/RJ sob o nº
111.030, sócio do escritório CAVALCANTE RAMOS ADVOGADOS, com
endereço profissional localizado na Avenida Rio Branco, nº 39, 10ª andar, Centro,
Rio de Janeiro, CEP: 20.090-901, independentemente de quaisquer outros advogado
habilitado nos autos, constantes do substabelecimento, instrumento de mandato e atos
constitutivos, anexados, devendo ser procedida as anotações devidas no sistema
PJE/SAPWEB, sob pena de caracterizar nulidade conforme dispõe o §2º do art. 272 do
CPC.

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DO JUÍZO 100% DIGITAL – NÃO ADESÃO

O reclamado informar que, NÃO irá aderir e/ou optar pelo juízo 100% digital.

DO CONTRATO DE TRABALHO

O reclamante foi admitido pelo reclamado em 20/07/2011, dispensado em


02/08/2022. No decorrer do período não prescrito, esteve enquadrado nos cargos e
locais abaixo indicados:

Com a presente demanda, o reclamante pleiteia:

1) Tutela de urgência;
2) Nulidade da dispensa com base em dois fundamentos:

a) Suposto Compromisso de não demitir funcionários durante a pandemia;


b) Suposta Doença Ocupacional-LER/DORT;

3) Manutenção do Plano de Saúde;


4) Remuneração integral, FGTS, férias, 13º PLR do período do afastamento;
5) Gratuidade de Justiça;
6) Dano moral;
7) Multa normativa;
8) Honorários Advocatícios.

Os documentos acostados a peça vestibular comprovam a real data de


admissão, transferências e remuneração, restando impugnadas quaisquer alegações em
contrário.

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Ademais, requer que sejam observados os cargos, locais e períodos acima
mencionados para a apuração de provas, ficando impugnadas as informações diversas.

No entanto, é bom destacar, desde logo, que a pretensão do demandante é


totalmente improcedente, sendo remansoso que ao reclamante incumbe o ônus de
demonstrar os fatos constitutivos do seu pretextado direito, principalmente, no
que tange ao suposto dever de indenizar do empregador, com arrimo nos artigos
818 da CLT c/c 373, I do CPC.

PRELIMINARES

PREJUDICIAL DE MÉRITO – DA PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Antes, porém, de solver o encargo de impugnar propriamente o mérito da ação,


a Reclamada argui a prescrição quinquenal no presente feito, não devendo ser
apreciados pelo Judiciário os pleitos anteriores ao marco de cinco anos do ajuizamento
da presente ação, com espeque no inciso XXIX, do artigo 7º da CRFB/88 c/c artigo 11
da CLT e Súmulas 308 e 362 do C. TST.

Neste sentir, restam prescritas as parcelas anteriores a 31/08/2017


inclusive o FGTS, uma vez que, a presente demanda foi ajuizada em 31/08/2022.

INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL "LIQUIDADA POR ESTIMATIVA”

Pelo novo art. 840, §§1º e 3º da CLT, os pedidos formulados deverão ser certos,
determinados e líquidos.

Como é por demais cediço, pedido certo é pedido inequívoco, ou seja, qualifica
o an debeatur. Pedido determinado é pedido individuado, delimitado. Pedido líquido
é pedido qualificador do quantum debeatur.

No caso em tela, o reclamante não observou o requisito da liquidez.

Outrossim, registre-se que apresentar pedido líquido e determinado não


significa apenas atribuir de forma aleatória determinado valor ao pedido. É por demais

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óbvio que a demandante, ao deduzir pedido líquido, necessariamente deve apresentar
os cálculos aritméticos usados para chegar aos valores pleiteados. Deve
necessariamente apresentar a base de cálculo usada para chegar ao valor pretendido.

Por exemplo, num pedido de horas extraordinárias, deve o reclamante declinar


a jornada laborada; o número de horas prestadas por dia, semana, mês; o valor da hora,
o valor da hora-extra e, por fim, o valor que entende devido.

A petição inicial é inepta, é genérica, eis que, da maneira como foi feita, além
de impedir a ampla defesa, o contraditório (art.5o LV CRFB/88) e a impugnação
específica por parte da ré (art.302, CPC), impede a entrega da prestação jurisdicional,
eis que uma manifestação do Juízo quanto ao meritum causae acabaria por ferir um
dos mais basilares e importantes princípios do Direito Processual do Brasil que é o da
imparcialidade do órgão jurisdicional.

Diante do acima exposto, deve o pleito ser julgado EXTINTO sem


resolução do mérito, nos termos do art. 840, §3º, da CLT.

DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA DOS DOCUMENTOS

O Reclamado impugna os documentos juntados aos autos pelo reclamante a teor


do que dispõem os artigos 336, 341 e 411, inciso III, do CPC, de aplicação supletiva
ao processo do trabalho, conforme permissivo legal estabelecido no artigo 769,
Consolidado.

Os documentos anexados aos autos, não corroboram as alegações iniciais,


motivo pelo qual restam impugnados, vez que inexiste nexo de causalidade entre os
referidos documentos, a prova a ser produzida nos autos, bem como às matérias
deduzidas na petição inicial, ou seja, são documentos sem qualquer força vinculante,
que não podem ser considerados como instrumentos probantes e efetivos, a teor do que
dispõe o artigo 332, do Código de Processo Civil, de aplicação supletiva ao processo
do trabalho.

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Assim, são documentos juntados na exordial são imprestáveis como meio de
prova, restando impugnados quanto a forma e conteúdo, já que produzidos de forma
unilateral pelo Reclamante.

Impugna todos os documentos, principalmente, os laudos e exames médicos


juntados nos seguintes ids:

Uma vez que foram produzidos unilateralmente pelo reclamante!!!

Ante o acima exposto, requer sejam desconsiderados os documentos juntados


pelo Reclamante, ante a imprestabilidade da prova emprestada uma vez que serão
realizados na presente demanda as provas necessárias, à luz dos princípios que regem
o direito.

Assim, por qualquer ângulo que se focalize a análise de todos os documentos


juntados pelo reclamante, verifica-se que os mesmos não constituem meio de prova
satisfatório, pelas razões supramencionadas, devendo ser desconsiderados pelo Estado-
Juiz, quando da entrega da tutela estatal meritória.

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DAS PROVAS / POSSIBILIDADE DE ACORDO
AUDIÊNCIA TELEPRESENCIAL

Inicialmente o reclamado informa que não há, por ora, proposta de acordo a ser
apresentada no processo em referência.

Destaca-se que a presente demanda envolve pedidos vinculados à matéria de


fato, sendo todos eles controvertidos, razão pela qual pugna pela produção de
prova oral, depoimento pessoal da reclamante e testemunhal (comprometendo-se
a levar suas testemunhas independentemente de intimação), bem como a prova
documental suplementar, requerendo assim, a designação de audiência de instrução
presencial, após a normalização das atividades nos tribunais.

Não obstante, caso este não seja o entendimento de V. Exa., sendo determinada
a inclusão do feito em pauta telepresencial, o reclamado informa, desde já, os e-mails
de seus patronos para todos os fins: felipe.ferreira@cra.adv.br,
eduardo.ferreira@cra.adv.br e cratrabalhista@cra.adv.br.

DA NOVA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

Em face da entrada em vigor das novas normas trabalhistas, impõe-se


estabelecer algumas premissas.

A aplicação das normas alteradas em direito material pela reforma é imediata,


como, aliás, ocorre com todas as regras jurídicas postas, uma vez observado o período
de vacância.

Não há dúvida, neste aspecto, que os novos contratos, firmados sob a égide da
nova lei, a ela se submetem, mas as novas regras também se aplicam aos contratos em
curso e, até mesmo, aos contratos já extintos, respeitados os direitos adquiridos, atos
jurídicos perfeitos e a coisa julgada, conforme regra basilar de Estado de Direito
insculpida no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal e também o disposto no art. 6º
do decreto-lei 4657/42, também conhecida como Lei de Introdução ao Código Civil.

Destarte, os novos dispositivos são aplicáveis de imediato, ainda que os fatos


sejam pretéritos, porquanto o julgamento está ocorrendo sob a égide da nova Lei, não
havendo, pois, direitos adquiridos (apenas expectativas de direitos, já que direitos são

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postulados porque não eram reconhecidos), ato jurídico perfeito (assim entendido o ato
- e não fato – consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou) nem coisa
julgada.

Quanto às normas processuais, nos termos do art. 14 do CPC vigente, “A norma


processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos sem curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a
vigência da norma”.

Quanto aos atos processuais já praticados, com certeza ocorreram sob a


égide da Lei anterior e com a sua observância, mas a sentença é ato jurídico que
será praticado sob a égide da nova Lei e, portanto, deverá ser observada.

Não há falar, tampouco, em situações jurídicas consolidadas, estas


conceituadas como "situações de fato ou de direito, originárias de um ato que, aos olhos
do interessado, é aparentemente válido, as quais, após um considerável espaço de
tempo, haverão de ter seus efeitos jurídicos conservados, reconhecidos e validados"
(Juraci Barbosa Lima, As Situações Consolidadas, Revista Jurídica do Ministério
Público, volume 6).

Por fim, importante salientar que estabelecer vigências diversas, no caso da


reforma trabalhista, aumentaria a insegurança jurídica, porquanto as partes não teriam
como saber que Lei veria aplicada ao caso concreto em cada situação, aos contratos
findos, aos contratos em curso, aos processos ajuizados antes da vigência da nova Lei,
aos processos ajuizados após a entrada em vigor dos novos dispositivos, além de,
talvez, gerar tratamento diverso para um processo ajuizado às 23h59min do dia 10/11
e para o ajuizado à 0h do dia 11/11.

Ter-se-ia, até mesmo, processos onde se aplicariam dispositivos da nova Lei e


dispositivos da antiga em parte do período contratual e dispositivos diversos em outra
parte.
Depreende-se ainda da exordial que o próprio reclamante amolda suas
pretensões às alterações advindas da reforma, como por exemplo condenação da
reclamada em honorários advocatícios.

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Logo, imprescindível é a aplicação dos novos dispositivos de forma integral e
imediata, conforme disciplina o art. 2º da MP 808/2017.

DA IMPUGNAÇÃO DOS CÁLCULOS DE LIQUIDAÇÃO CONTIDOS NA


PETIÇÃO INICIAL (PEDIDOS)

Destaca-se que a partir da Reforma Trabalhista, com advento da Lei n.


13.467/2017, passou a exigir a liquidação dos pedidos desde a inicial, nos termos do
art.840, §1º da CLT.

O Reclamado impugna os valores apresentados pelo reclamante em sua


petição inicial (rol de pedidos), pois elaborados de forma aleatória, não havendo,
sequer planilha de cálculos que demonstre como se chegou aos valores descritos
nos pedidos, nem tampouco os índices aplicados, razão pela qual os cálculos
alegados não poderão ser utilizados por este MM. Juízo.

Destaca-se que o reclamante não cumpriu a determinação legal, conforme


acima informado. Importante que se diga que a falta da planilha só é possível em alguns
casos, quando não é possível, de fato, realizar o cálculo, o que não é o caso dos autos.

Ante o acima exposto, requer que os valores indicados pelo reclamante na


inicial, limitem a execução, sob pena de tornar letra morta o novo comando da
legislação.

De todo modo, requer a consignação dos respectivos protestos antipreclusivos,


na forma dos artigos 794 e seguintes da CLT, reservando-se as ora contestantes ao
direito de impugnar os valores de eventual condenação no momento oportuno, qual
seja, da liquidação do julgado, quando então, poderão apresentar as respectivas razões
de sua impugnação e eventuais embargos à execução.

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Conforme se depreende dos autos, o reclamante ajuizou a presente demanda


requerendo a antecipação de tutela alegando nulidade da dispensa por suposta garantia
de emprego por conta da pandemia e alegando incapacidade no momento da dispensa.

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No entanto, à luz do conjunto probatório, o reclamante não logrou êxito em


demonstrar a existência de elementos suficientes que permitiriam a concessão da
antecipação dos efeitos da tutela.

Ao contrário do que alega o autor, é incabível a tutela antecipada na


hipótese dos autos, devendo ser mantida a decisão de id nº a9016bd que não
concedeu a tutela requerida na inicial.

Conforme exposto pela referida decisão, não existem elementos suficientes para,
em sede de cognição sumária, reconhecer a existência de doença ocupacional.

A tutela antecipada diz respeito aos efeitos do mérito, cujo objetivo é conceder,
de forma antecipada, o próprio provimento jurisdicional pleiteado ou seus efeitos. Em
razão disso, a lei exige que o reclamante apresente prova inequívoca de suas alegações,
o que não ocorreu.

A matéria envolvida nos autos é de conhecimento do Judiciário, envolvendo


alegação de compromisso assumido na pandemia para supostamente não demitir
funcionários.

Portanto, evidente que o reclamante não faz jus a tutela pretendida, não cabendo
a reintegração aos quadros dos funcionários do reclamado.

A decisão que antecipar a tutela haverá de mostrar que, além de presente os


requisitos do art. 300 do CPC/2015, existem razões suficientes, baseados em
probabilidade do direito, capazes de convencer da verossimilhança da alegação. O não
atendimento a essa exigência conduz à nulidade.

Nos termos do acima citado artigo, só se admite a concessão de tutela antecipada


de urgência, quando houver fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação,
ou quando houver sido caracterizado notório risco ao resultado útil do processo, não

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podendo ser afastado destas condicionantes o abuso de direito de defesa em manifesto
propósito protelatório.

No caso em questão, verifica-se que não há, neste momento, fundado receio
de dano irreparável ou de difícil reparação a autorizar a tutela de urgência
pleiteada.

Além disso, ao contrário do que afirma em sua exordial, o Reclamante não


era portadora de qualquer tipo de estabilidade, ou suposta “doença ocupacional”,
sendo dispensada em 02.08.2022 de seu emprego por motivo de ordem técnica,
quando laborava NORMALMENTE, sendo considerado APTA.

Nota-se que todos os documentos apresentados pelo reclamante são posteriores


a data da dispensa, inclusive o benefício B31, DOENÇA comum apresentado foi
concedido de forma temporária após a dispensa até 09/11/2022, em muito já
ULTRAPASSADO, NÃO EXISTINDO NENHUMA PROVA DE
ESTABILIDADE NOS DIAS DE HOJE QUE JUSTIFIQUE SUA
REINTEGRAÇÃO.

Repita-se: o reclamante nunca se afastou de suas atividades, ou apresentou


qualquer licença médica durante o contrato de trabalho. Todos os documentos médicos
são posteriores a dispensa!!!!

Demonstrado isso, não há se falar em concessão da tutela de urgência para


determinar a reintegração do autor com fundamento em alegada doença ocupacional,
tampouco no suposto compromisso de não demitir durante a pandemia.

Como será esclarecido sem as deturpações constantes, d.v., da petição inicial o


réu jamais se comprometeu a não fazer demissões durante a pandemia da Covid-19.

O autor não faz jus a tutela deferida, devendo, no mérito, ser declarada
improcedente.

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Improcede o pedido de pagamento de multa diária por descumprimento da
obrigação de fazer pleiteada.

Por todo o exposto, requer seja mantida a decisão que NÃO concedeu a tutela
antecipada.

DOS FATOS E DO ENCARRAMENTO DA ESPIN

Trata-se de Ação Trabalhista, em que o reclamante busca o deferimento de tutela


de urgência, objetivando declaração de nulidade da sua dispensa, bem como o
restabelecimento do contrato de trabalho, com a manutenção no plano de saúde e de
todos os demais direitos contratuais e normativos.

A matéria apreciada nos autos da reclamação trabalhista é amplamente


conhecida, versando sobre alegação de suposto compromisso assumido pelo
reclamado para não dispensar funcionários durante a pandemia.

Entretanto, conforme já amplamente esclarecido, o réu jamais se comprometeu


a não fazer demissões durante a pandemia da Covid-19, tampouco formalizou qualquer
acordo ou convenção coletiva com o sindicato da categoria.

A bem da verdade, o que ocorreu foi a adesão espontânea do Reclamado ao


“Movimento #NãoDemita”, lançado em 03/04/2020, a exemplo de mais de 4.000
(quatro mil) outras empresas, com a finalidade de não demitir empregados durante
60 (sessenta) dias, mais precisamente nos meses de abril e maio de 2020.

Embora não exista qualquer estabilidade ao emprego no período da pandemia


que não permita o reclamado de realizar demissões, o reclamante tenta fazer crer que
o reclamado teria assumido um compromisso de evitar dispensas durante a crise
sanitária e que no momento da dispensa do funcionário ainda não havia terminado a
pandemia do COVID-19.

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Destaca-se que o reclamante foi dispensado MUITO APÓS o período acima
citado, tendo a sua dispensa ocorrida em 08/2022, OU SEJA, mais de 2 ANOS
APÓS O FIM DO MOVIMENTO.

Ainda que se entenda que o reclamado tenha assumido o suposto compromisso


de não demitir funcionários durante a pandemia, o que não ocorreu e se admite apenas
pelo princípio da eventualidade, é fato público e notório que não há mais nada que
fundamente a reintegração NOS DIAS DE HOJE!

O Ministério da Saúde declarou o fim da emergência pública da pandemia


Coronavírus em 22.04.2022, estando todos os setores com atividades
normalizadas, OU SEJA, ANTES da dispensa do reclamante.

Vejamos a publicação da Portaria GM/MS nº 913 de 22 de abril de 2022 que


declara o encerramento da Emergência em Saúde Pública em decorrência do
COVID-19, in verbis:

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO

Publicado em: 22/04/2022 | Edição: 75-E | Seção: 1 - Extra E | Página: 1


Órgão: Ministério da Saúde/Gabinete do Ministro

PORTARIA GM/MS Nº 913, DE 22 DE ABRIL DE 2022

Declara o encerramento da Emergência em


Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN)
em decorrência da infecção humana pelo novo
coronavírus (2019-nCoV) e revoga a Portaria
GM/MS nº 188, de 3 de fevereiro de 2020.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo
único do art. 87 da Constituição, e tendo em vista o disposto no Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011,
resolve:
Art. 1º Fica declarado o encerramento da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em
decorrência da Infecção Humana pelo novo Coronavírus (2019-nCov), de que tratava a Portaria GM/MS nº 188,
de 3 de fevereiro de 2020.

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Art. 2º O Ministério da Saúde orientará os Estados, o Distrito Federal e os Municípios sobre a continuidade das
ações que compõem o Plano de Contingência Nacional para Infecção Humana pelo novo Coronavírus, com
base na constante avaliação técnica dos possíveis riscos à saúde pública brasileira e das necessárias ações para
seu enfrentamento.
Parágrafo único. As orientações serão dadas precipuamente pelas Secretarias finalísticas da Pasta, em especial
a Secretaria de Vigilância em Saúde, a Secretaria de Atenção Primária à Saúde e a Secretaria de Atenção
Especializada à Saúde.
Art. 3º Fica revogada a Portaria GM/MS nº 188, de 3 de fevereiro de 2020, publicada no Diário Oficial da União
nº 24-A, de 4 de fevereiro de 2020, Seção 1, página 1.
Art. 4º Esta Portaria entrará em vigor 30 (trinta) dias após a data de sua publicação.

Além disso, também cabe destaque o recente decreto nº 11.077, de 20 de


maio de 2022 que revogou as medidas de emergência sanitária a respeito do
COVID-19, vejamos:

Nota-se que todos os decretos publicados no período da pandemia foram


revogados, uma vez que foi declarado o ENCERRAMENTO da emergência em
saúde pública no país (ESPIN).

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Desta forma, as decisões proferidas na justiça do trabalho deferindo a
reintegração do funcionário com base no compromisso “não-demita” alegando
existência de estabilidade ao emprego até o fim da pandemia perdeu seu efeito, já que
ocorreu o encerramento da emergência pública e a revogação de todas as medidas de
emergência sanitária.

Repita-se: a pandemia não gerou garantia de estabilidade no emprego e,


ainda, que se entenda nesse sentido, o que se admite apenas pelo princípio da
eventualidade, já foi declarado o fim da emergência pública da pandemia
Coronavírus em 22.04.2022, bem como revogadas as medidas de emergência
sanitária, o que por si só, é suficiente para a improcedência da ação.

DA AUSÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE NÃO DEMITIR NO PERÍODO DA


PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS (COVID -19)
DA RECOMENDAÇÃO 205 DA OIT

O Reclamante aduz que o Reclamado teria seguido iniciativa, tomada por


outras instituições bancárias, em reunião realizada entre o Comando Nacional dos
Bancários e a FENABAN [Federação Nacional dos Bancos de não realizar demissões
sem justa causa enquanto perdurasse a pandemia no país.

Restam impugnadas as alegações do reclamante, cabendo ao mesmo o ônus da


prova.

Impugna ainda a alegação de Recomendação 205 da OIT, uma vez que em nada
agrega a presente demanda.

Nesse rumo, o Reclamado impugna os documentos carreados pelo reclamante


na exordial, uma vez que, não servem de comprovação para a existência de
irregularidade no ato demissional, tampouco estabilidade provisória.

Merecem destaques, as notícias veiculadas pelos principais meios de


comunicação acerca da flexibilização do uso de máscara contra Covid-19, passando

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a não ser mais obrigatório na cidade do Rio de Janeiro, desde 8 de março de 2022.
Veja-se:

(https://www.google.com/search?q=Uso+de+m%C3%A1scaras+deixa+de+ser+obrig
at%C3%B3rio+no+Rio+de+Janeiro&rlz=1C1GCEU_pt-
BRBR992BR992&source=lnms&tbm=nws&sa=X&ved=2ahUKEwiwpbHeqtD2Ah
W-qZUCHV-KCFAQ_AUoAXoECAEQAw&biw=1920&bih=969&dpr=1

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(https://prefeitura.rio/saude/comite-de-enfrentamento-a-covid-19-decide-sobre-
liberacao-do-uso-de-mascaras-no-
rio/#:~:text=O%20Comit%C3%AA%20Especial%20de%20Enfrentamento,do%20Di
%C3%A1rio%20Oficial%20do%20Munic%C3%ADpio.)

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(https://www.saude.rj.gov.br/noticias/2022/03/governo-do-estado-publica-decreto-
sobre-uso-de-mascara)

Diante do cenário atual da pandemia no estado do Rio de Janeiro e


considerando a alta cobertura vacinal e os baixos índices de risco para a doença, o
Governo do Estado estabeleceu novas medidas de prevenção e enfrentamento da
propagação da Covid-19.

Portanto, pelo exposto acima, evidente que, atualmente, os efeitos da


pandemia foram contornados e controlados.

Mas não é só.

O Reclamante colaciona em sua exordial, matéria retirada de sites de notícias,


sob a alegação de que o Reclamado teria assumido um compromisso, sem, contudo,
apresentar qualquer documento assinado na esfera sindical.

Conforme já exposto, o Reclamado não formalizou qualquer acordo coletivo


ou convenção coletiva com o sindicato da categoria, estabelecendo a supressão de
demissões sobre o período da pandemia do novo coronavírus SARS-CoV2, nem
tampouco assumiu compromisso com a mesma finalidade.

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Como já dito, o que ocorreu foi a adesão espontânea do Reclamado ao
“Movimento #NãoDemita”, lançado em 03/04/2020, a exemplo de mais de 4.000
(quatro mil) outras empresas, com a finalidade de não demitir empregados durante
60 (sessenta) dias, mais precisamente nos meses de abril e maio de 2020.

No que tange ao documento denominado “Relatório Capital Humano - 2º


Trimestre”, em sua página 66, cabe salientar que ele se refere aos meses de abril e
maio de 2020.

Destaca-se que o Reclamante foi dispensado depois do período acima citado,


tendo a sua dispensa ocorrido SOMENTE em 08/2022, ao passo que o movimento
#NãoDemita, lançado em 03/04/2020, definiu um prazo para que não ocorressem
demissões nos meses de abril e maio de 2020, ou seja, a dispensa ocorreu MAIS
DE DOIS ANOS após o período citado.

A reclamada ressalta que movimento é desprovido de natureza coletiva, e prevê uma


intenção do banco reclamado manifestada no mês de março de 2020.

Ao contrário do alegado pela reclamante, não há o compromisso com a garantia de


emprego durante toda a pandemia.

Incontestável que foi um período marcado pela rápida disseminação do vírus, cuja
propagação e desenvolvimento da doença eram ainda desconhecidos pela comunidade
médica e científica, o que acarretou a adoção pelas autoridades públicas de medidas
objetivando o isolamento social e a suspensão das atividades econômicas de forma
presencial, inclusive o fechamento de escolas e unidades esportivas.

Esse cenário certamente marcaria um período de grande desemprego e crise


econômica, o que de fato aconteceu, como podemos observar hoje, após um ano e dois
meses do início da pandemia no país.

Contudo, repise-se, esse movimento não ocorreu no sentido de que


abrangeria até o término da pandemia.

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Não se verifica qualquer compromisso formal no sentido de não realizar a
dispensa de empregados durante todo o período em que perdurasse a pandemia
da Covid- 19.

Não obstante o ente sindical da categoria profissional do autor, ou seja,


sindicato dos bancários, possua atuação forte e expressiva, não houve a
formulação de qualquer ajuste coletivo seja entre o banco reclamado e o sindicato
profissional, seja entre os sindicatos das categorias profissional e econômica.

Ou seja, não houve qualquer ajuste com parâmetros e delimitações de todas


as obrigações decorrentes de tal compromisso, limites e prazo de duração.

Assim, não é possível concluir que o compromisso assumido pelo reclamado


crie, por prazo indeterminado, direito objetivo à estabilidade pleiteada.

Ademais, frise-se que não há nenhum caráter oficial na referida notícia, bem
como nenhum instrumento legal ou normativo regulando-a! Deve ser destacado, ainda,
que meses após o término da referida adesão o cenário tinha mudado completamente1.

1
Disponível em https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/10/02/com-previsao-de-chegar-aos-42oc-rio-deve-
ter-o-dia-mais-quente-do-ano.ghtml Acesso realizado no dia 29/10/2020.

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Publicado em 31/08/2020 - 15:20 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da


Agência Brasil - Rio de Janeiro

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Com efeito, percebe-se que o cotidiano das pessoas, o funcionamento do


comércio e das empresas em geral no momento da dispensa do reclamante, era muito
distinto daquele do início da pandemia, pelo que resta clara a ausência de qualquer
fundamento nas alegações da reclamante.

A fim de destacar o movimento, ressalta-se o site


(https://www.naodemita.com/), no qual resta clara a informação de que o prazo
inerente ao movimento era de 60 (sessenta) dias:

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Neste contexto, também resta clara a informação no site a respeito do período do


movimento (abril e maio):

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Ademais, cabe salientar que a adesão do Reclamado ao movimento
#NãoDemita, em momento algum afastou o direito protestativo quanto à
rescisão de contratos de trabalho com seus empregados, não se equiparando a
nenhuma norma coletiva ou dispositivo legal no que tange ao caráter
cogente, assim como não havia qualquer penalidade ou sanção em caso de
dispensa de empregados.

E nem haveria de ser diferente, uma vez considerando que no Estado


Democrático de Direito vigora o Princípio da Legalidade expresso em dispositivo
constitucional - art. 5º, II, que estabelece: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”, sendo inequívoco que toda obrigação
que não deriva de lei é inconstitucional, cabendo à legislação obrigar quem quer que
seja a fazer, não fazer ou dar.

Não bastasse, o Reclamante não se encontra sob o manto de qualquer


estabilidade no emprego, uma vez que a referida garantia decorre, necessariamente, de
previsão legal ou negociação coletiva formalizada por meio de acordo ou convenção
coletiva.

Neste sentido, o Reclamado realmente aderiu ao já mencionado movimento,


sendo certo que perdurou tão somente no período de abril e maio de 2020.

Com efeito, ainda que se considerasse a possibilidade de a adesão ao movimento


afastar o poder diretivo do Reclamado, o que se cogita ad argumentandum, esta
hipótese não caberia no caso em tela, pois, frise-se, o reclamante foi demitida no mês
de AGOSTO de 2022 ou seja, 2 anos após o término do movimento #não demita.

Outrossim, conforme supracitado, o movimento #nãodemita trata-se de mera


adesão, com o preenchimento de informações do aderente no site do referido
movimento, não havendo um termo formal ou algo similar.

Cabe ressaltar que o site mencionado é público e de livre acesso. Nesta toada,
verifica-se que a informação acerca do período de duração do referido movimento
(abril e maio) também se trata de informação de conhecimento público e notório,

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pelo que não há necessidade de prova neste sentido, consoante exposto no art. 374,
I do CPC.

Noutro giro, é importante frisar que a FENABAN (representante dos Bancos),


por sua vez, também não assumiu nenhum compromisso, nem junto às entidades
sindicais, no sentido de não demitir funcionários durante a pandemia do coronavírus.

Ademais, vale frisar que não houve, nem há, qualquer acordo ou convenção
coletiva firmado entre a Reclamada e o Sindicato da categoria, que garanta o direito
dos colaboradores de não serem demitidos até quando perdurar a pandemia.

Apesar de o Reclamado entender o momento pelo qual o país se encontra em


virtude da pandemia do coronavírus, não é possível que a lei seja violada sob um
fundamento que não condiz com a realidade, sendo certo que o empregador, tem o
direito de dispensar seus funcionários da maneira que melhor lhe aprouver, sempre
obedecendo as normas aplicáveis à espécie, sendo defeso, por sua vez, ao Poder
Judiciário intervir na relação de emprego mantida entre as partes, quando esta é pautada
na lei.

Neste sentido, pacífica é a jurisprudência do C. TST, vejamos:


“(...) O apelante argumenta, contudo, que não firmou qualquer
compromisso no sentido de não demitir funcionários durante a pandemia
causada pela COVID19, explicitando que do Relatório Capital Humano
não consta nenhuma promessa nesse sentido. Destaca, por outro lado, que
a adesão ao movimento #NaoDemita resultou em compromisso de não
reduzir o quadro de funcionários durante 60 dias, a contar de 03/04/2020,
não tendo relação, assim, com a despedida da recorrida, que se deu em
20/10/2020.
Assiste-lhe razão.

É fato notório que, no começo da pandemia provocada pelo coronavírus,


um grupo de empresas aderiu, no início de abril de 2020, ao movimento
#nãodemita, como forma de amenizar os impactos imediatos no mercado de
trabalho, oriundos da imposição de isolamento social.

Contudo, conforme noticiado pela imprensa, o compromisso diz respeito a


um período delimitado, isto é, até 31/05/2020
(https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/04/07/precisamos-entender-

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que-fazemos-parte-deum-grande-ecossistema-diz-empresario-por-tras-do-
nao-demita.ghtml, conteúdo acessado em 22.06.2021).

Por outro lado, o documento interno indicado na sentença, denominado


"Relatório de Capital Humano", divulgado pelo Bradesco, relativamente ao
2º trimestre de 2020 (fls. 77/189), faz referência tão somente às medidas
adotadas pela instituição na "Crise do Coronavírus", entre elas a adesão ao
referido movimento, definido como "um pacto firmado entre empresas para
preservar e evitar a demissão de milhares de pessoas" (folha 142).

Vale dizer, o acionado não se comprometeu a não despedir nenhum


funcionário até o fim da pandemia, especialmente considerando-se que a
situação perdura até os dias de hoje, por tempo indeterminado. Com
efeito, inexiste qualquer documento colacionado nos autos que comprove
a assunção de tal compromisso pelo banco. Assim, considerando-se que a
dispensa aconteceu em 20.10.2020, fora do prazo previsto no referido
compromisso público, não há que se falar em nulidade.

Registre-se que o fato de o estado de calamidade pública ter sido estendido


pelas autoridades governamentais não implica a prorrogação automática
do compromisso firmado pelo suplicado e em nada impede que ele dispense
seus funcionários, considerando-se que a despedida imotivada é um direito
potestativo assegurado pelo ordenamento jurídico.

Portanto, reformo a sentença para julgar improcedentes os pedidos iniciais


de nulidade da dispensa, restabelecimento do plano de saúde e de
reintegração no emprego.

Como corolário, inverte-se a sucumbência em relação aos honorários


advocatícios.

A reclamante fica condenada a arcar com a verba honorária, no percentual


de 5% sobre o valor dos pedidos indeferidos. No entanto, considerando-se
que ela é beneficiária da gratuidade de justiça, impõe-se a condição
suspensiva de exigibilidade dessa condenação, de modo que ela somente
poderá ser executada se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado
da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a
situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão da
gratuidade, extinguindo-se, passado esse tempo, tais obrigações do
beneficiário. Faço o registro, por relevante, que o Tribunal Pleno do
TRT/RJ, nos autos do ArgIncCiv 0102282-40.2018.5.01.0000, declarou, por
maioria absoluta, a inconstitucionalidade parcial do parágrafo 4º do art.
791-A da CLT, quanto à expressa "desde que não tenha obtido em juízo,
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa".

Dou provimento.

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(PROCESSO: 0100893-39.2020.5.01.0068 – DATA DO JULGAMENTO
01/09/2021 – Relator: RILDO ALBUQUERQUE MOUSINHO DE BRITO –
3ª TURMA)” (G.N.)

--------------------------------------------------------------------------------------------

DISPENSA DISCRIMINATÓRIA. NÃO COMPROVADA. Verifica-se que


embora o recorrente tenha alegado a ocorrência de dispensa
discriminatória, não se desincumbiu do ônus de comprovar o fato
constitutivo do seu direito (CLT, 818 e CPC, 373, I).

A questão cinge-se em analisar a validade da dispensa do reclamante pelo


reclamado, haja vista a alegação de nulidade, bem como o pleiteado direito
à sua reintegração ao emprego, com os efeitos patrimoniais decorrentes.
Ao analisar os autos, verifica-se que embora o recorrente tenha alegado, na
causa de pedir, a ocorrência de dispensa discriminatória, não se
desincumbiu do ônus de comprovar o fato constitutivo do seu direito(CLT,
818 e CPC, 373, I).

É bom ressaltar que inexistiu produção de prova oral, conforme se verifica


na audiência sob ID:023b43cd.

Releva notar que não foi apontado nenhum fato concreto de discriminação
no ambiente de trabalho, inferindo-se que houve tão somente a avaliação
da empresa quanto à necessidade de corte de empregados, o que é razoável
e inerente a lógica de mercado.

O reconhecimento de prática discriminatória nesta hipótese abriria um


precedente que retiraria parcialmente do empregador o poder
discricionário de escolher qual empregado manter em seus quadros, sendo
inadmissível a intervenção desta Justiça Especializada em decisão de cunho
eminentemente empresarial.

Ademais, da análise dos documentos anexados pelo autor, extrai-se que o


réu não celebrou nenhum pacto, seja individualmente ou por meio da
FENABAN (Federação Nacional dos Bancos), perante entidades sindicais
representativas dos bancários , para não efetuar dispensa de empregados
durante a pandemia do novo coronavírus, agente causador da COVID-19.

Na realidade, o que se verifica é que o réu "aderiu espontaneamente ao


Movimento social denominado "#NãoDemita", lançado em 03/04/2020, a
exemplo de mais de 4.000 outras empresas, como já visto em outras lides
similares à presente, por meio do qual envidaria esforços de não reduzir o
quadro de funcionários durante um período de 60 (sessenta) dias, mais
precisamente nos meses de abril e maio de 2020
(https://www.naodemita.com/)", que se trata de um compromisso público,

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GCPJ 2200737760
observando-se que o autor foi dispensado sem justa causa após
ultrapassado tal período, no dia 20/10 /2020 (TRCT - ID. b9e0f06 ).

Diante do exposto, não ficou comprovada a nulidade da dispensa, razão


pela qual mantém-se a sentença pelos seus próprios fundamentos.

Nego provimento.

(PROCESSO: 0100727-07.2020.5.01.0262– DATA DO JULGAMENTO


19/08/2021 – Relator: ALVARO LUIZ CARVALHO MOREIRA – 4ª
TURMA)” (G.N.)

--------------------------------------------------------------------------------------------

RECURSO ORDINÁRIO. DISPENSA SEM JUSTO MOTIVO E POR


INICIATIVA DO EMPREGADOR. VALIDADE. ADESÃO DO
RECLAMADO AO MOVIMENTO #NÃODEMITA. PANDEMIA COVID-19.

Segundo relato da peça de ingresso, a reclamante foi admitida em


04/05/1994 para exercer a função de Escriturária, tendo sido dispensada
sem justo motivo em 29/10/2020. Narrou que, quando dispensada sem justo
motivo, estava amparada por estabilidade no emprego: 1) prevista na Lei nº
14.020/20; 2) em razão de o reclamado ter se comprometido a suspender as
dispensas enquanto a pandemia perdurasse no país, conforme documento
denominado "Relatório Capital Humano", adesão ao movimento
"#Nãodemita"; 3) o INSS teria reconhecido a sua incapacidade laborativa,
concedendo-lhe o benefício previdenciário do auxílio-doença - B 31 em
25/11/2020 quando em vigor o contrato de trabalho, em virtude da projeção
do aviso-prévio e; 4); seria portadora de doença ocupacional. Pretendeu,
em tutelas de urgência e definitiva, sua reintegração no emprego.

O juízo de primeiro grau rechaçou as alegações da reclamante para a


reintegração no emprego fundadas na suspensão do contrato de trabalho
por força do recebimento do auxílio-doença e concernente à doença
ocupacional. A determinação de reintegração foi fundada na adesão do
reclamado ao movimento "#NãoDemita" e no disposto na Lei nº 14.020/20.

É incontroverso, nos autos, que o Banco reclamado aderiu


espontaneamente ao Movimento #NãoDemita, lançado em 03/04/2020, com
mais outras empresas, assumindo então o compromisso de não reduzir o
quadro de funcionários durante um período de 60 (sessenta) dias, mais
precisamente nos meses de abril e maio de 2020. (...)

(...) Ora, de início, verifica-se que a adesão ao movimento ficou restrita à


manutenção dos empregos tão somente nos meses de abril e maio de 2020.
E a reclamante foi dispensada em 29/10/2020.

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Ademais, tal adesão não criou qualquer garantia de emprego aos
empregados do banco. Tratou-se, em verdade, de uma intenção de várias
empresas sem, contudo, possuir conteúdo normativo. O compromisso de
não-demissão teve caráter meramente social.

Desse modo, não vislumbro qualquer garantia no emprego à reclamante,


advinda da adesão do reclamado ao movimento "#NãoDemita".

Acrescente-se que notícia estampada em informe de sítio eletrônico de


sindicato de empregados não é fonte de conteúdo normativo a obrigar o
empregador.

Pontue-se que, ao contrário do entendimento esposado na sentença, mostra-


se totalmente fora da razoabilidade criar uma garantia de emprego para
todo o período pandêmico e engessar o empresariado na manutenção dos
empregos, diante do quadro de crise econômica resultante da pandemia.
Não é admissível responsabilizá-lo por todas as consequências advindas da
pandemia e, principalmente, pelos possíveis equívocos em políticas públicas
voltadas ao combate à disseminação da doença ou à aquisição e
distribuição de vacinas.

Nem seria razoável perpetuar o compromisso assumido pelo empregador


para além dos meses de abril e maio de 2020, quando várias medidas de
restrição já relaxaram consideravelmente, com a retomada de diversas
atividades de comércio e de lazer.

De resto, não se vislumbra, na hipótese dos autos, qualquer ato


discriminatório em relação à dispensa da reclamante, sendo certo que está
inserido no direito potestativo de resilição unilateral do contrato de
trabalho o empregador optar por manter no emprego um ou outro
empregado seu. (...)

(...) Assim, tenho por válida a dispensa da reclamante, tendo em vista que
ela não se encontrava amparada por qualquer garantia no emprego quando
dispensada sem justo motivo pelo reclamado.

(PROCESSO: 0101002-09.2020.5.01.0018– DATA DO JULGAMENTO


21/09/2021 – Relator: Flavio Ernesto Rodrigues Silva – 10ª TURMA)” (G.N.)

Nesta toada, o poder diretivo empresarial do Reclamado deve ser


preservado. Acerca do tema, vale trazer as palavras de Mauricio Godinho
Delgado:

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“Poder empregatício é o conjunto de prerrogativas asseguradas pela
ordem jurídica e tendencialmente concentradas na figura do empregador,
para exercício no contexto da relação de emprego. Pode ser conceituado,
ainda, como o conjunto de prerrogativas com respeito à direção,
regulamentação, fiscalização e disciplinamento da economia interna à
empresa e correspondentes prestação de serviços.”2

Tem-se que as notícias produzidas unilateralmente e replicadas em diversas


mídias não constituem, por óbvio, fundamento para a imposição de obrigações ao
Reclamado ou a criação de direitos relativamente às pessoas físicas ou jurídicas, quiçá
quando são expressamente impugnadas e contestadas, como ocorre na presente
demanda.

Destaca-se, ainda, que o art. 477-A da CLT dispõe que não há necessidade de
qualquer autorização para promover a rescisão do contrato de trabalho sem justa causa,
desde que o empregador cumpra as obrigações contidas no art. 477 da CLT.

Outrossim, é de se notar que a elástica interpretação da manifestação de adesão


a um movimento destinado a apoiar a sociedade durante um período ímpar no mundo,
não pode embasar pleito judicial como o da Reclamante, por não ser razoável impedir
que o Reclamado tenha liberalidade na gestão do negócio, atentando, inclusive, contra
o cenário econômico mundial e desestimulando o surgimento de outros movimentos
civis.

Analogicamente, importante que na interpretação do negócio jurídico lhe seja


atribuída razoabilidade na negociação entre as partes sobre a questão que se pretende
discutir, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade econômica das
partes, consideradas as informações disponíveis no momento de sua celebração, sendo
interpretado estritamente, se benéfico (arts. 113 e 114 do CC).

Frise-se que, ainda que se pudesse admitir o contrário, a consequência jamais


poderia ser a procedência da ação e reintegração do Reclamante, até porque, por

2
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 11 Ed. São Paulo: LTr, 2012, p.658.

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deveras já ultrapassado, e muito, os meses de abril e maio de 2020 (movimento
#NãoDemita), cabendo, tão somente, a conversão desse pretenso pleito em indenização
equivalente a dois meses de salário – o que não se espera.

Por fim, o reclamado impugna a alegação de dispensa discriminatória, na


medida em que a reclamante sequer apontou na inicial qual suposta discriminação teria
sofrido, pois na verdade nunca ocorreu, cabendo o ônus da prova à reclamante que
realizou tal alegação, nos termos do artigo 818 da CLT.

Por todo o exposto, o Reclamado requer que seja indeferida a liminar requerida
pela reclamante, tendo em vista que ele não possui nenhuma estabilidade prevista em
lei, com a consequente improcedência total da ação.

Na remota hipótese de ser julgado procedente o pedido de nulidade da


dispensa, para que não haja qualquer dúvida quanto ao cumprimento da
obrigação pelo empregador, a reclamada requer que o r. juízo se manifeste
precisamente sobre o período pelo qual o reclamante faz jus a manutenção do
emprego. Ou seja, deve o r. juízo esclarecer os seguintes apontamentos:

a) se manifeste precisamente sobre a delimitação da garantia


provisória de emprego; e

(b) sobre a Portaria GM/MS nº 913 de 22 de abril de 2022 que


declara o encerramento da Emergência em Saúde Pública em
decorrência do COVID-19;

(c) o fato de que o Presidente da República, revogou o decreto que


criou o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da
Pandemia da Covid-19, a teor do DECRETO Nº 11.077, DE 20
DE MAIO DE 2022;

(d) que este d. Juízo indique qual seria a fonte a ser observada para
o fim de declarar o término do estado de calamidade.

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DA DECISÃO PROFERIDA PELO I. MINISTRO CORREGEDOR ALOYSIO
SILVA CORRÊA DA VEIGA DO C. TST

Inicialmente, cabe ressaltar que o Reclamado distribuiu Reclamações


Correicionais em casos idênticos ao da presente demanda, em razão de decisões de
deferimento de reintegração ao trabalho, sob o fundamento do suposto compromisso
assumido em não demitir durante a pandemia causada pelo COVID-19.

Com isso, requer-se, respeitosamente, a juntada de algumas decisões proferidas


pelo Ilmo. Ministro Corregedor Geral Aloysio Silva Corrêa da Veiga do C. Tribunal
Superior do Trabalho, em que foram determinadas as suspensões das reintegrações
deferidas liminarmente.

Desse modo, o i. Ministro Corregedor, acertadamente, decidiu que:

“a decisão corrigenda está alicerçada unicamente no fato de que


o banco assumiu compromisso público de manter os vínculos
contratuais ao aderir ao movimento #nãodemita. Não foram
indicados quaisquer outros dispositivos que sustentem de forma
específica a medida de reintegração em sede de liminar, tampouco
delimitados elementos que possibilitem concluir pela subsunção
dos fatos apresentados a tais normas.

Ademais, o compromisso público de não-demissão tem caráter


meramente social, algo como uma “carta de boas intenções”,
mas não possui conteúdo normativo apto a amparar a tese acerca
da estabilidade no emprego. Assim dizendo, o seu eventual
descumprimento enseja reprovação tão somente no campo
moral, sem maiores implicações jurídicas.

Assim, a inexistência de clareza quanto aos elementos fáticos que


compõem o caso concreto, sem a indicação específica de respaldo
normativo a tal análise, resultando em imediata reintegração de
empregado, enquanto pendente recurso acerca da matéria, acaba

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por consubstanciar a hipótese prevista no parágrafo único do art.
13 do RICGJT, de modo a justificar a intervenção excepcional
desta Corregedoria-Geral, em face da existência de situação
extrema ou excepcional e o perigo de lesão de difícil reparação.

Ante a todo o exposto, com fundamento no parágrafo único do


artigo 13 do RICGJT, DEFIRO parcialmente a liminar requerida
para conceder efeito suspensivo ao Agravo Regimental no
Mandado de Segurança nº 0100016-75.2021.5.01.0000, com a
consequente suspensão da ordem de reintegração até que ocorra
o exame da matéria pelo órgão jurisdicional competente.”
[grifamos]

Pelo exposto, respeitosamente, requer seja julgado improcedente o pedido de


reintegração com fundamento em suposto compromisso de não demitir durante a
pandemia causada pelo COVID-19, com fulcro no entendimento do C. Tribunal
Superior do Trabalho.

DA INEXISTÊNCIA DA ALEGADA “DOENÇA OCUPACIONAL”

O reclamante alega na exordial que passou a desenvolver enfermidades, tendo


em vista o seu labor pelo banco, pois seria supostamente portador de LER/DORT.

Todavia, improcedem as razões do Reclamante, conforme a seguir demonstrado.

Ao contrário do que afirma em sua exordial, o Reclamante não era portador de


qualquer tipo de estabilidade, ou suposta “doença ocupacional”, sendo dispensada em
02.08.2022 de seu emprego por motivo de ordem técnica, quando laborava
NORMALMENTE, sendo considerado APTO:

Ou seja, quando da DISPENSA IMOTIVADA do Reclamante, o mesmo


não possuía estabilidade ou mesmo qualquer doença ocupacional, não possuía
qualquer benefício previdenciário, sendo o ato da dispensa juridicamente perfeito
e acabado, nos termos da legislação vigente.

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O reclamante nunca teve benefício previdenciário concedido durante o


contrato de trabalho, bem como não possuía o benefício no momento da dispensa
e, ainda, não foi concedido qualquer benefício durante o aviso prévio. O
reclamante não trouxe as autos provas das suas alegações!!!

Cumpre destacar que para a caracterização da alegada doença / acidente de


trabalho, o nexo causal é condição necessária e indispensável, mormente porque a
enfermidade denunciada na inicial repita-se, não guarda relação com doenças
relacionadas com o trabalho / ocupacionais.

Desta feita, é certo que, se existentes, as doenças acometidas pela parte


Reclamante não possuem qualquer nexo de causalidade com suas atividades laborais.

Destaca-se que o reclamante não trouxe aos autos prova de suas alegações,
não há atestado médico ou histórico de afastamento durante o contrato de
trabalho, não há comprovante de deferimento de benefício durante o contrato de
trabalho, isso porque o reclamante NUNCA se afastou por mais de 15 dias de suas
atividades.

O benefício e os documentos médicos apresentados são todos após a


dispenda, inclusive, após a propositura da ação, pois não anexados a inicial!

Além disso, o benefício foi concedido na modalidade B31, DOENÇA


COMUM, de forma temporária, já expirado!!!

Assim, o reclamante não realizou prova nos autos de suas alegações, cabendo ao
mesmo o ônus da prova, bem como não logrou êxito em demonstrar a existência de
elementos suficientes que permitiriam a concessão da antecipação dos efeitos da tutela.

Com isto, verifica-se que as doenças supostamente adquiridas pelo


Reclamante não têm qualquer relação com sua atividade laborativa, motivo pelo
qual restam impugnadas tais alegações.

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Resta clara a ausência de nexo de causalidade no presente caso, pois não existem
fatos seguros a fim de que seja estabelecida qualquer relação de causalidade entre a
doença que a autora alega estar acometida - e que ainda deve ser comprovada por
exames atuais realizados por médico especialista - e as atividades desempenhadas junto
ao Reclamado.

Assim, o Reclamado impugna o novo documento juntado pela autora, uma vez
que não se prestam como meio de prova da suposta ilegalidade da dispensa, tampouco
eventual estabilidade da Reclamante.

Sendo certo, ainda, que eventual deferimento de reintegração deverá ser


subsidiado por laudo pericial, de médico competente, demonstrando, cabalmente, o
nexo entre as doenças alegadas e a situação fática narrada na petição inicial, ônus que
compete ao Reclamante, nos termos dos arts. 818 da CLT e 373, inciso I, do CPC.

Assim, o reclamante não realizou prova nos autos de suas alegações, cabendo
ao mesmo o ônus da prova.

Ademais, não existe parecer de médico algum que tenha ido ao local de
trabalho do Reclamante para constatar as alegações do mesmo, de que estava
acometido de suposta doença oriunda do labor junto ao Banco, pois inexistente.

Importante ressaltar que houve vários exames periódicos na Reclamante, nos


termos da citada Portaria, tendo sido considerado apto para o exercício das mesmas
funções que desempenhava quando ocorreu a dissolução do contrato de Trabalho, bem
como de qualquer outra atividade.

Assim, o Reclamado impugna as alegações do reclamante de que as supostas


mazelas da reclamante são decorrentes de suas atividades laborais, uma vez que não
foi demonstrado o nexo de causalidade, bem como impugna todos os documentos
apresentados pelo autor.

Assim, é de se refutar in totum as alegações aduzidas na inicial. As atividades


prestadas pela Reclamante ao Banco Bradesco sempre ocorreram em ritmo
absolutamente dentro da normalidade e sem qualquer descumprimento aos princípios

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da saúde e medicina do trabalho, sempre respeitando as condições de saúde do
reclamante.

Restam impugnados os exames e laudos constantes nos autos, uma vez que
os mesmos não demonstram qualquer doença relacionada a seu labor junto ao
reclamado, bem como foram expedidos unilateralmente, sem qualquer prova de que
tenham sido originadas da atividade ocupacional.

E ainda, os documentos acima mencionados não comprovam qualquer nexo


causal entre as supostas mazelas do reclamante e o labor junto ao reclamado, nem
tampouco acidente de trabalho.

Assim, conforme já informado as tarefas realizadas jamais poderiam levar o


Reclamante a ser portador da doença alegada até mesmo porque, contrariamente ao que
alega, podendo ocorrer por motivos externos ao trabalho.

Na verdade não existe nenhum nexo de causalidade que aponte que as


doenças alegadas pelo reclamante foram adquiridas no ambiente de trabalho.

Ressalte-se que o Banco demandado sempre orientou seu quadro de


funcionários no que tange à prevenção à saúde e manutenção de hábitos saudáveis e
sempre observou as normas do Ministério do Trabalho e Emprego.

Não conseguiu a reclamante demonstrar que era portadora de qualquer


mazela/doença no momento da sua dispensa, o que demonstra que não havia nexo
causal entre as atividades junto ao banco e as alegações da exordial.

Cabe ao reclamante o ônus da prova (artigos 818, da CLT e 373, inciso I, do


Novo CPC) quanto a tais fatos, com observância dos procedimentos legais, sob pena
de violação direta das normas regulamentares regentes da matéria, precisamente o
disposto na Lei 8.213/91 e no Decreto 3.048/99.

Ante ao acima exposto, requer sejam julgados improcedentes de todos os


pedidos do reclamante contidos na petição inicial.

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Improcede, ainda, o pedido do reclamante de complementação do benefício
previdenciário. Conforme já exposto, o reclamante, durante o contrato de trabalho
nunca lhe foi concedido benefício previdenciário, razão pela qual o pedido também
deve ser julgado improcedente.

DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO

Inverídicas as alegações inseridas na petição inicial de que tenha adquiridos


todas as mazelas acima relacionados em razão do labor junto ao Banco, bem como que
são ligadas às condições de trabalho do reclamante, posto que não correspondem à
realidade dos fatos, cabendo ao mesmo o ônus de prová-las, a teor do dispõem os
artigos 818, da CLT e 373, I, do CPC.

Conforma vastamente demonstrado nos tópicos acima, improcede as alegações


do reclamante que encontra-se acometido de doenças ocupacionais em razão do
trabalho desempenhado junto a reclamada.

As alegações do reclamante são desprovidas de suporte fático ou jurídico,


cabendo ao mesmo o ônus da prova, pois a reclamada sempre respeitou as normas de
segurança do trabalho, zelando pela integridade física e mental de seus funcionários.

A reclamada possui devidamente e dentro da mais absoluta legalidade o PPRA


e o PCMSO, documentos anexados à presente, respeitando a NR 17.

O Reclamante sempre laborou em ambiente adequado, dentro da normalidade,


não havendo qualquer nexo de causalidade entre as doenças alegadas e o ambiente em
que o mesmo laborava.

Quanto ao mobiliário, todos os setores, inclusive do reclamante possui


mobiliário adequado, de acordo com as normas aplicáveis, proporcionando aos
funcionários correta iluminação, postura adequada, distância adequada aos olhos,
assentos com ajustes de altura, área de trabalho ao alcance do trabalhador, dimensionais
que possibilitem posicionamento e movimentação adequados dos segmentos corporais,
etc. Toda infra estrutura capaz para desempenar suas atividades, não cabendo alegação
em contrário.

Destaca o reclamado que desenvolve ações preventivas que asseguram a


promoção da saúde, do bem-estar, da qualidade das relações e condições do ambiente

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de trabalho dos funcionários e colaboradores, assegurando os resultados e a
sustentabilidade dos negócios da Organização Bradesco, bem com o cumprimento de
exigências legais sobre Saúde e Segurança Ocupacional, conforme Normativo 4.420.

Assim, descabidas as alegações do reclamante.

DA LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO – DOENÇA CURÁVEL

Alega o reclamante em sua inicial que foi acometida por “...LER/DORT ...” e
elenca várias outras mazelas, o que restam todas impugnados pelo reclamado.

Apenas para fins de argumento, vale lembrar que quando do surgimento dos
primeiros casos de LER/DORT esta foi considerada uma doença incurável; em
decorrência era declarada a incapacidade laborativa.

Contudo, após estudo aprofundado de tal doença, avanço na medicina,


considerando-se ainda os meios mais modernos de tratamento, constatou-se que a
LER/DORT é uma doença curável.

Restam impugnados os exames juntados pelo Reclamante na exordial, em


nenhum deles consta LAUDO atestando a incapacidade permanente para o trabalho,
ou seja, não existem provas de que o reclamante tenha perdido a sua capacidade de
trabalho permanentemente – sequer provisoriamente, aliás.

Neste sentido, do ponto de vista médico, atualmente está comprovado que a


LER/DORT causa somente uma incapacidade temporária e não permanente, não
impedindo o exercício de toda e qualquer atividade da qual advenha remuneração ou
lucro.

Assim, não se tem como falar em perda total, parcial ou permanente da sua
capacidade laborativa ou que a sua disfunção seja definitiva e do seu nexo causal com
o trabalho e nem que não poderá se recuperar.

Inverídicas, portanto, as alegações contidas na peça prefacial atinentes a


suposta doença ocupacional, as quais ficam expressamente impugnadas, cabendo ao
reclamante o ônus de prová-las, a teor dos artigos 818, da CLT e 373, do Novo CPC.

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Observe-se, ainda, que toda e qualquer patologia deve-se a vários fatores, como
predisponentes individuais, psicológicos, biotipológicos, traumáticos, metabólicos,
reumáticos, má formação congênita, também hobbies e estilo de vida são fatores
determinantes.

Portanto, não pode o reclamado ser penalizado por um fato que pode ter
ocorrido por outros motivos, já que cumpriu todas as determinações legais relativas à
ergonomia e condições ambientais necessárias ao bem-estar de seus funcionários,
conforme já exposto.

Vários estudos demonstram que as pessoas que adquirem doenças


profissionais, também possuem algum problema congênito, seja hereditário, seja
decorrente até de má postura. Também há o fator de predisposição.

Efetivamente, não há que se falar em movimentos/esforços contínuos e


repetitivos na hipótese dos autos e tampouco se fosse o caso seriam capazes de
desencadear, de forma exclusiva, a doença suscitada pelo reclamante

Cuidando da responsabilidade do empregador, a jurisprudência, a teor da


Súmula 229 do Excelso Supremo Tribunal Federal, exige que o suposto ato ilícito
do empregador revista-se de gravidade, e isto porque o empregado já está
amparado pela legislação acidentária.

Importante, ainda, considerar que o reclamado sempre propiciou aos seus


funcionários, inclusive ao reclamante, condições ambientais e cuidados ergonômicos,
cumprindo todas as determinações legais.

Por fim, quanto à documentação juntada pelo reclamante resta


impugnada, principalmente os exames, uma vez que de médicos particulares.

Improcedem as alegações autorais e os pedidos contidos na exordial.

DO PAGAMENTO DAS VERBAS E/OU VANTAGENS APÓS A DISPENSA

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O Reclamante requer a declaração de nulidade da dispensa ocorrida em
02.08.2022, bem como o restabelecimento de seu contrato de trabalho, com a
consequente reintegração ao emprego, restabelecimento do plano de saúde, pagamento
dos salários do período de afastamento, auxílio refeição, auxílio cesta alimentação e
PLR até a efetiva reintegração, incluindo FGTS, férias e 13º salários; o cancelamento
da baixa na CTPS.

Com efeito, destaca-se que a dispensa do reclamante ocorreu em 02.08.2022


dentro dos preceitos legais, ou seja, perfeitamente válida, não cabendo qualquer
alegação em contrário, sendo, portanto, improcedentes os pedidos contidos na exordial.

Improcedem, assim, os pedidos acessórios referentes à reintegração pretendida


nestes autos, pois, frise-se, não há que se falar em qualquer vício ou irregularidade no
ato da dispensa.

Com isso, ressalta-se que o Reclamante estava trabalhando normalmente


até a sua dispensa, não havendo qualquer prova de que quando da dispensa, ele estaria
em gozo de qualquer estabilidade provisória ou definitiva.

Outrossim, na remota hipótese de deferimento da reintegração do Reclamante, o


que não se espera, improcede o pedido de pagamento de salários do período de
afastamento, uma vez que durante o período em que a Parte Autora ficou afastada não
houve prestação de serviços, ou seja, não ocorreu a devida contraprestação, qual seja,
a força de sua mão de obra.

Portanto, incabível o pagamento de qualquer verba de cunho salarial, até


porque, se não há trabalho, não pode haver o pagamento de salário, FGTS, férias ou
mesmo 13º salários, PLR, sendo aplicável os precisos termos do art. 476 da CLT.

No que se refere às verbas auxílio refeição e auxílio cesta alimentação, conforme


disposição expressa da CTT (CLÁUSULA 14 e 15) aplicável, é benesse concedida por
dia de trabalho, ou seja, está estritamente vinculada à prestação de serviços.

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Assim, não há que se falar em pagamento de todas as verbas inerentes ao contrato
de trabalho, enquanto não há prestação de serviços.

Ora, excelência, como é sabido, a concessão do auxílio refeição é para a


alimentação diária do empregado e, com isso, se não havia a prestação de serviços, não
há amparo legal que justifique a concessão do referido benefício.

A título exemplificativo, destaca-se que a CCT exclui a concessão do benefício


para os empregados que “se utilizarem de forma gratuita ou subsidiada dos restaurantes
do banco” (Cláusula 14, Parágrafo Quarto e cláusula 15), isso porque, neste caso, o
empregado não está tendo o ônus de arcar com o custo da alimentação. O mesmo
raciocínio se aplica ao reclamante!

Nesta senda, no que se refere ao pagamento de demais verbas atinentes ao extinto


contrato desde o desligamento em 02.08.2022, também não pode prosperar o pleito!
A CTT determina que o cálculo da PLR será de “1/12 (um doze avos) do valor
estabelecido, POR MÊS TRABALHADO ou fração igual ou superior a 15 (quinze)
dias”, portanto, à contrário sensu, se a reclamante não trabalhar dia algum, não poderá
receber nada.

A PLR, assim como o auxílio Alimentação, está condicionada ao labor, de forma


que, não estando no exercício de suas atividades, por força do desligamento, não há
plausibilidade no pagamento da verba.

Oportunamente, vale salientar que as disposições constantes na CCT não se trata


de sanções, mas são, apenas, critérios e limitações estabelecidas dentro do
minimamente razoável. Até porque, se assim não o fosse, teríamos privilégios
ilimitados e, fatalmente, a falência das instituições bancárias.

Por fim, reitera-se que os pedidos do tópico em questão da exordial devem ser
julgados improcedentes, bem como, seus reflexos, uma vez que, contrários à legislação
e as normas convencionadas, denotando se tratar de uma aventura jurídica do
reclamante.

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O Reclamado vem esclarecer que as verbas pagas a título de auxílio refeição,
auxílio alimentação, auxílio cesta alimentação, não caracterizam aumento salarial, pois
são parcelas devidas por força de instrumento normativo, sem natureza salarial,
conforme cláusulas 14ª (Décima Quarta), § 6º e 15ª (Décima Quinta) das Convenções
Coletivas dos bancários, abaixo transcritas, inclusive trazidas aos autos pelo próprio
reclamante, vejamos:

Cláusula Décima Quarta – Auxílio Refeição

Os bancos concederão aos seus empregados auxílio refeição no


valor de R$ 15,92 (quinze reais e noventa e dois centavos), sem
descontos, por dia de trabalho, sob a forma de tíquetes refeição ou
tíquetes alimentação, facultado, excepcionalmente, o seu
pagamento em dinheiro, ressalvadas as situações mais favoráveis
relacionadas às disposições da cláusula e seus parágrafos,
inclusive quanto à época de pagamento.

Cláusula Décima Quinta - Auxílio Cesta Alimentação

Os bancos concederão aos seus empregados, cumulativamente


com o benefício da cláusula anterior, Auxílio Cesta Alimentação,
no valor mensal de R$ 272,96 (duzentos e setenta e dois reais e
noventa e seis centavos), sob a forma de 4 (quatro) tíquetes, no
valor de R$ R$ 68,24 (sessenta e oito reais e vinte e quatro
centavos) cada um, junto com a entrega do Auxílio Refeição
previsto na cláusula anterior, Observadas as mesmas condições
estabelecidas no seu caput e §§ 2º e 6º.
(Destacamos)

Frise-se que o fornecimento da ajuda alimentação sob a forma de vales


refeição atendeu ao estabelecido pelo Programa de Alimentação ao Trabalhador
(PAT), instituído pela Lei 6321/76, regulamentada pelo Decreto n. 5/91, que, em
seu art. 6º, dispõe sobre a natureza não salarial da parcela, vedando sua
incorporação à remuneração.

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Afora isso, tanto o auxílio refeição, quanto o auxílio alimentação encontram-se


em cumprimento às cláusulas das CCT, com sua distribuição aos empregados na forma
de cartão eletrônico ou tíquetes.

Como o acessório segue o principal, improcedendo o auxílio refeição, auxílio


cesta alimentação e 13ª Cesta alimentação como verba salarial, improcedem também
as integrações e repercussões pleiteadas, bem como os recolhimentos fundiários
supostamente incidentes nestas parcelas.

Portanto, improcedem os pedidos de nulidade da dispensa, reintegração aos


quadros do reclamado, restabelecimento do contrato de trabalho e todas as verbas a ele
inerentes e, assim, improcede o pedido de cancelamento da baixa da CTPS do
reclamante.

Ad cautelam, caso assim não seja entendido, o que não acredita o reclamado, em
respeito ao princípio da eventualidade, requer-se que eventual valor devido seja
calculado mês a mês, de acordo com as cláusulas dispostas nas CCT dos bancários e,
ainda, o auxílio refeição seja deferido unicamente nos primeiros 15 (quinze) dias do
afastamento e auxílio cesta alimentação, nos primeiros 180 (cento e oitenta) dias do
afastamento, conforme os precisos termos da 14ª e 15ª cláusulas, parágrafos segundo e
terceiro, da CCT .

Por fim, não há que se falar em cancelamento da anotação de baixa da


CTPS da reclamante.

DA MANUTENÇÃO DO PLANO DE SAÚDE/ODONTOLÓGICO

O Reclamante requer a manutenção do convênio médico (plano de saúde) e o


plano odontológico, bem como o de seus dependentes, nas mesmas condições de
cobertura e rede dos empregados ativos. No entanto, melhor sorte não lhe assiste.

Conforme já dito, a dispensa do reclamante ocorreu de forma legal, válida


e incontestável, cabendo a mesma o ônus da prova.

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Não há qualquer previsão legal para a manutenção da reclamante no plano de


saúde / plano odontológico e seus dependentes no plano empresarial, muito menos nas
mesmas condições de cobertura e rede do plano de saúde dos empregados ativos, pois
conforme já dito, no ato da dispensa, a reclamante não possuía qualquer tipo de
estabilidade.

A manutenção no plano de saúde e odontológico após o desligamento é


disciplinada na Convenção Coletiva da Categoria e pela legislação pertinente,
fielmente observada pela empresa.

Ademais, não existe comprovação de que o reclamante esteja acometida de


doença ocupacional a fim de justificar o pedido, do mesmo modo que não há, sequer,
a mínima indicação de valores ou comprovação de necessidades de despesas com
tratamento médico, apresentação de qualquer recibo ou mesmo orçamento que
determine ou delineie o pedido neste particular, e mesmo se houvesse, não existe
previsão legal para o pedido da reclamante.

De acordo com o pretendido, o reclamante supostamente despendeu (e prevê


que ainda despenderá) valores com tratamento de saúde. E ninguém melhor do que o
próprio para poder informar quais as despesas que teve, ao menos até o momento da
propositura da ação, com tratamento de saúde.

Data venia, não cabe à parte exigir uma prestação jurisdicional quando não
aponta os parâmetros para tal.

Acerca do assunto, vale a pena relembrar a lição do mestre processualista


Humberto Theodoro Júnior (Curso de Direito Processual Civil, Edit. Forense, 18ª ed.
Vol. I, p. 361): “Na sua generalidade, o pedido há sempre de ser certo e determinado.
Não se pode, por exemplo, pedir a prestação de qualquer prestação”.

O pedido do reclamante, além de comprometer a assegurada ampla defesa da


ré, impossibilita a tarefa do julgador, já que se encontra vinculado aos limites da lide
(inteligência dos artigos 128 e 460 do Código de Processo Civil).

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Acerca do assunto, vale a pena relembrar a lição do mestre processualista


HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (Curso de Direito Processual Civil, Edit.
Forense, 18ª ed. Vol. I, p. 361): “Na sua generalidade, o pedido há sempre de ser certo
e determinado. Não se pode, por exemplo, pedir a prestação de qualquer prestação”.

Assim, o pedido de manutenção do plano de saúde e odontológico, bem como


dos dependentes do Reclamante no plano empresarial, nas mesmas condições de
cobertura e rede do plano de saúde dos empregados ativos, é totalmente improcedente.

DA INEXISTÊNCIA DE INDENIZAÇÃO / DANO MORAL

Alega o reclamante em sua exordial que em razão da suposta nulidade da


dispensa, “vem sofrendo uma série de privações em sua vida pessoal e familiar”.

Além disso alega que o banco teria optado por demitir empregado doente e na
pandemia do COVID.

O Reclamado, de plano, impugna todas essas alegações, por não condizem com
a verdade dos fatos.

Inclusive, não tem o Reclamante como comprovar a sua alegação e uma vez
que a dispensa é totalmente válida, não há que se falar em dever de indenizar, conforme
comprovado na presente peça de bloqueio.

Até mesmo porque improcedem as alegações do Reclamante de que a doença


é decorrente de suas atividades laborais, uma vez que não há prova nos autos, bem
como improcedem os pedidos em relação ao suposto movimento não demita, já que
comprovado que a autora foi dispensada mais de dois anos após o fim do período de
adesão.

Restam impugnadas as alegações de que durante o labor junto ao reclamado


adquiriu supostas “doenças ocupacionais”.

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Ademais, não existe parecer de médico algum que tenha ido ao local de
trabalho do Reclamante para corroborar suas alegações, de que sua suposta
doença seria oriunda do labor junto ao Banco, não há que se falar em doença
ocupacional nem tampouco redução da capacidade laborativa, ônus que cabe à
reclamante.

O Reclamante sempre laborou em ambiente adequado, não havendo qualquer


nexo de causalidade entre as doenças alegadas e o ambiente em que o mesmo laborava.

Repita-se os exames, laudos e demais documentos constantes na exordial não


corroboram a tese autoral, uma vez que as doenças alegadas não tem qualquer relação
com o labor no reclamado, ou seja, sem qualquer prova nos autos de que tenham sido
originadas da atividade ocupacional.

No caso em tela, não estão presentes os requisitos caracterizadores do


dano, uma vez que não houve qualquer conduta ilícita, nexo de causalidade,
tampouco prejuízo que igualmente não restou comprovado.

Não há prova nos autos de qualquer dano moral da parte autora em decorrência
da suposta “doença ocupacional” – art. 884 CC c/c art. 8º parágrafo único da CLT.

Resta impugnada a alegação de “sequelas” que causassem “redução” da


capacidade de trabalho do Reclamante, percebendo que toda a sua narrativa da exordial
trata-se de meras falácias, inexistindo qualquer tipo de “doença ocupacional”.

Para que haja a comprovação do dano moral, há que se restar demonstrado e


correlacionado o ato ilícito com o lesionamento íntimo, independentemente de
repercussões patrimoniais. Para se determinar se o ato praticado pelo empregador
enseja reparação por dano moral, é absolutamente imprescindível determinar o fato,
sua ilicitude e enquadrá-lo juridicamente em um dos bens (intimidade, vida privada,
honra e imagem) cuja violação propicia a pena pecuniária de natureza e satisfatória.

Caberá ao Reclamante se desincumbir do ônus da prova das suas


alegações, especialmente no que se refere ao alegado a título do dano moral

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sofrido, como dizem o artigo 818 da Consolidação das Leis do Trabalho e o artigo
373, I do CPC.

A responsabilidade civil pressupõe vínculo intrínseco ao ato praticado,


gerando, portanto, consequências ensejadoras de reparação no campo jurídico.

Destaca-se que dano moral significa humilhação, vergonha, constrangimento,


ataque à honra do indivíduo, capaz de lhe causar sofrimento. Trabalhar em uma
empresa, ter um desempenho abaixo do esperado e receber críticas pelo trabalho,
acompanhadas de exigência de melhoria não configuram dano moral, absolutamente.

Destaca-se que o Reclamado é empresa de grande porte nacional, e atua dentro


dos mais altos conceitos de dignidade humana e respeito ao trabalhador.

As alegações da reclamante não refletem as relações laborais e humanas


existentes nas dependências do Reclamado, o qual zela pelo bem-estar físico, moral e
social de seus funcionários e colaboradores.

Ressalta-se que o dano moral reclama prova inconteste, firme, segura, à altura
da gravidade jurídica que consiste na sua invocação como fato ilícito cometido por
outrem.

E desse ônus, ao menos de forma legítima, o reclamante não poderá se


desincumbir.

Assim, não há nada que justifique a condenação do Banco reclamado ao


pagamento de uma indenização por dano moral.

O abuso de direito, por ser figura contrária à boa-fé inerente às relações


jurídicas

Nada obstante, para que haja condenação por dano moral necessário estarem
presentes os seguintes requisitos:

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a) Existência de ato praticado pelo empregador (ou seu
agente);
b) a comprovação de materialidade do ato;
c) reflexos lesivos na esfera trabalhista e profissional com
prejuízo manifesto por parte do empregado;
d) nexo de causalidade entre o ato e o prejuízo sofrido pelo
obreiro.

O reclamado não cometeu qualquer ato que pudesse constranger moralmente o


reclamante. Não ocorreu qualquer violação de direito à personalidade do mesmo, como
por exemplo, a honra, a privacidade, a intimidade e a imagem.

Nessa esteira a doutrina e a jurisprudência já se posicionaram no sentido de que


para caracterização do dano moral, imprescindível à constatação do trinômio: conduta
(ação lesiva do agente agressor com culpa), nexo causal e resultado (prejuízo efetivo
caracterizado por sofrimento e lesão à honra ou à imagem.

Data venia, no caso sub judice estão ausentes as três condições para
caracterização do dano moral, primeiro, porque em momento algum houve a ação
lesiva da reclamada, segundo, porque da própria narrativa da peça inicial não se
relaciona com a realidade dos fatos, terceiro, porque a ré ou seus prepostos em nenhum
momento praticaram quaisquer atos que importem na lesão à honra ou imagem do
reclamante.

Ora, a Constituição Federal estabelece, em seu art. 7º, inciso XXVIII, que
constitui direito dos trabalhadores o “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa”.

A responsabilidade civil inscrita nos arts. 186 e 927 do Código Civil pressupõe
a existência de quatro requisitos, sendo que a ausência de qualquer um deles afasta o
dever de indenizar. Com efeito, para que haja obrigação de indenizar, o lesado deve
comprovar a ação ou omissão do agente, culpa ou dolo deste, o dano sofrido e o nexo

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causal entre o primeiro e o terceiro elemento. Esta, pois, a teoria da responsabilidade
subjetiva, regra geral de aplicação no ordenamento jurídico pátrio.

Ressalta-se que, no caso em análise, não há cogitar da aplicação da teoria da


responsabilidade objetiva, com fulcro no art. 927, parágrafo único, do Código Civil,
porquanto as atividades da empresa, por si só, não geram riscos aos direitos de seus
empregados. Necessário, pois, a comprovação do elemento “culpa”.

Nessa senda, aplicável a teoria da responsabilidade subjetiva, como dito.

Sobre referida teoria, doutrina com maestria o ilustre Desembargador do TRT


da 3ª Região, Sebastião Geraldo de Oliveira, “in” Indenizações por Acidente do
Trabalho ou Doença Ocupacional, LTr, 4ª ed. 2008, São Paulo, 90/91:

Pela concepção clássica da responsabilidade civil


subjetiva, só haverá obrigação de indenizar o
acidentado se restar comprovado que o empregador
teve alguma culpa no evento, mesmo que de natureza
leve ou levíssima. A ocorrência do acidente ou doença
proveniente do risco normal da atividade da empresa
não gera automaticamente o dever de indenizar,
restando à vítima, nessa hipótese, apenas a cobertura
do seguro de acidente do trabalho, conforme as normas
da Previdência Social.

O substrato do dever de indenizar tem como base o


comportamento desidioso do patrão que atua
descuidado do cumprimento das normas de segurança,
higiene ou saúde do trabalhador, propiciando, pela sua
incúria, a ocorrência do acidente ou doença
ocupacional. Com isso, pode-se concluir que, a rigor, o
acidente não surgiu do risco da atividade, mas
originou-se da conduta culposa do empregador.

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Na responsabilidade subjetiva só caberá a indenização
se estiverem presentes o dano (acidente ou doença), o
nexo de causalidade do evento com o trabalho e a culpa
do empregador. Esses pressupostos estão indicados no
art. 186 do Código Civil e a indenização
correspondente no art. 927 do mesmo diploma legal,
com apoio maior no art. 7º, XXVIII, da Constituição da
República. Se não restar comprovada a presença
simultânea dos pressupostos mencionados, não vinga a
pretensão indenizatória.

Na prática forense tem sido comum, por exemplo, a


vítima comprovar que a doença tem origem
ocupacional, mas sem demonstrar qualquer falha ou
descumprimento por parte da empresa das normas de
segurança, higiene e saúde do trabalhador ou do dever
geral de cautela. Nessas hipóteses, ficam constatados os
pressupostos do dano (a doença) e do nexo causal (de
origem ocupacional), mas falta o componente essencial
“da culpa” para acolher o pedido indenizatório. Aliás,
essa dificuldade probatória do autor, diante de
atividades empresariais cada vez mais complexas, foi
um dos principais motivos para a eclosão da teoria da
responsabilidade civil objetiva, baseada tão-somente no
risco da atividade, desonerando a vítima de demonstrar
a culpa patronal. (...)

Cumpre, portanto, analisar se, in casu, encontram-se presentes os requisitos


geradores da responsabilidade civil do empregador e consequente obrigação de
indenizar deste.

Pois bem.

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Não há na divergência na doutrina e jurisprudência quanto a assertiva de que
inexiste responsabilidade sem dano. Além do dano, pressuposto lógico do dever de
indenizar, outro elemento indispensável da responsabilidade civil é o nexo de
causalidade entre o evento danoso e o ato do agente causador do dano, eis que a
responsabilidade civil não subsiste sem a demonstração da relação de causalidade entre
o dano e a ação que o provocou.

Como é sabido, todo aquele que, por culpa ou dolo, violar direito à honra e à
imagem de outrem fica obrigado a reparar-lhe o prejuízo, porquanto a honra, a imagem
e intimidade de qualquer pessoa são invioláveis.

A indenização por dano moral pressupõe, portanto, um ato ilícito ou erro de


conduta do agente ofensor, um prejuízo suportado pelo ofendido e um nexo de
causalidade entre a conduta injurídica do primeiro e o dano experimentado pelo último.
No presente caso, porém, não estão presentes estes pressupostos, como já dito.

Sem prejuízo de todo o exposto, mas caso este MM. Juízo entenda
caracterizado o dano moral (admitido por exercício amplo de defesa e contraditório),
tece a Reclamada algumas considerações quanto o valor a ser fixado.

No consenso da doutrina e jurisprudência, o arbitramento do dano à integridade


da pessoa é relegado ao prudente arbítrio do juiz, resolvendo-se, portanto, em um juízo
valorativo de fatos e circunstâncias; a fixação do quantum busca atender às
peculiaridades do caso concreto.

Impugnam-se as alegações iniciais, em sua integralidade, eis que sem


qualquer amparo legal, art. 5°, II, CF, contratual e fático e sem prova nos autos.

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Incabível o pedido inicial em apreço, primeiramente por não existir razão
jurídica para lhe ser deferido e segundo por que estaria condenando o reclamado ao
pagamento de valor cujo pedido é desmerecido, sob pena de enriquecimento sem causa
- art. 884 do CC c/c art. 8º, parágrafo único, da CLT, bem como, de infringência ao
disposto no art. 5º, II, da CF.

No caso dos autos, não houve, por parte do reclamado, ofensa à capacidade
laborativa do reclamante, alegações que se impugnam veementemente. Não pode ser
imputado ao reclamado ônus de um fato para o qual não deu causa!

A reclamante não comprovou a culpa do reclamado, ônus que lhe competia


integralmente, por força dos artigos 818 da CLT e 373, I do Novo/CPC.

Impugnam-se na integralidade todas as alegações acima expostas, eis que


dissociadas da realidade fática e sem prova nos autos.

Razão pela qual deve ser julgado improcedente.

DA NECESSIDADE DE CULPA GRAVE DO EMPREGADOR


RESPONSABILIDADE OBJETIVA/SUBJETIVA

Não prospera o pedido de responsabilidade objetiva e, subsidiariamente da


responsabilidade subjetiva do reclamado.

A responsabilidade civil no Direito Brasileiro assenta-se no princípio da culpa.


De fato, o legislador foi suficientemente preciso ao subordinar o dever de reparar a
"ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência". (art. 186 do NCC):

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência, ou imprudência, violar direito e causar
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.”

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SÍLVIO RODRIGUES em Direito Civil, Editora Saraiva, 12a. Edição, 1989,
vol. IV, pág. 14, aponta dentre outros, os pressupostos da responsabilidade civil abaixo
elencados:

1. a culpa do agente - nos termos da lei, para que a


responsabilidade se caracterize, é necessária a prova de que o
comportamento do agente causador do dano tenha sido doloso ou
pelo menos culposo;
2. relação de causalidade – para que surja a obrigação de reparar
o dano, há que ser provada a existência de uma relação de
causalidade entre a ação ou omissão culposa do agente e o dano
experimentado pela vítima; caso contrário o pedido de indenização
formulado por esta, deverá ser julgado improcedente;
3. dano experimentado pela vítima - não há responsabilidade se
não houver dano, eis que o ato ilícito só repercute na esfera do
direito civil se causar prejuízo a alguém.

Por todos os pressupostos expostos, a inevitável conclusão a que se chega é a


de que a responsabilidade civil advinda deste tipo de lesão não se presume, mas se
comprova, obrigação da qual não conseguiu se desincumbir o recorrido.

A noção de culpa tem, por consequência, fundamental importância na


caracterização do ato ilícito e imputação da responsabilidade.

Cuidando-se da responsabilidade do empregador, a jurisprudência dos tribunais


pátrios sempre trilhou no sentido de exigir que o ato lícito do patrão revista-se da
gravidade, e isso porque o empregado já está amparado por legislação acidentária.

Com vistas à responsabilidade civil do empregador, a culpa deve,


necessariamente, ser cifrada em sua intensidade, provada a conduta ilícita do
empregador, o que não é caso dos autos.

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Sem prejuízo de todo o exposto, mas caso este MM. Juízo entenda
caracterizado o dano moral (admitido por exercício amplo de defesa e contraditório),
tece a Reclamada algumas considerações quanto o valor a ser fixado.

No consenso da doutrina e jurisprudência, o arbitramento do dano à integridade


da pessoa é relegado ao prudente arbítrio do juiz, resolvendo-se, portanto, em um juízo
valorativo de fatos e circunstâncias; a fixação do quantum busca atender às
peculiaridades do caso concreto.

A experiência, contudo, aponta para certos fatos e circunstâncias que devem


formar o vencimento judicial; assim:

I - A NATUREZA DA LESÃO E A EXTENSÃO DO DANO –


donde deve ser considerado a natureza e a extensão do dano,
como causador do sofrimento, da tristeza, da dor moral
vivenciado pelo infortúnio. Entende a reclamada que não houve
maiores seqüelas, que pudessem realmente trazer para a vítima
problemas sociais ou situações constrangedoras, o que
interessaria à fixação da indenização em função da intensidade
do gravame.

II - CONDIÇÕES PESSOAIS DO OFENDIDO – onde deve ser


considerado as condições pessoais do ofendido, antes e depois da
ofensa à sua integridade corporal, tendo em vista as repercussões
imediatas que a violação lhe acarreta em suas condições de vida.

III - CONDIÇÕES PESSOAIS DO RESPONSÁVEL – devem ser


consideradas as possibilidades econômicas do ofensor, donde
deve ser arbitrado tendo em vista compensar o reclamante pelo
comprometimento de sua vida, bem como os reflexos sabidos e
conhecidos de ordem psíquica e de seu próprio esquema de vida,
que deveria necessariamente ter sido alterado.

IV - EQUIDADE, CAUTELA E PRUDÊNCIA – Neste particular,


a indenização deve ser arbitrada com precaução e cautela, de
modo a não proporcionar enriquecimento sem causa da vítima,
donde a equidade deve estar presente no espírito do julgador.

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V - GRAVIDADE DA CULPA – especialmente em sede de


reparação de danos, o grau de culpa com que houve o causador
do prejuízo deve ser levado em consideração, eis que como dito,
não pode a reclamada ser culpada pelo fato de o obreiro não
mais estimar seus préstimos nesta empresa.

Em suma, no prudente arbitramento da indenização do dano moral sofrido pelo


obreiro, o juiz terá em conta as peculiaridades de cada caso concreto, fazendo incidir
certos princípios informadores próprios da quantificação do dano moral em geral,
ministrados pela doutrina e pela jurisprudência, seja em função da natureza e da função
da reparação, seja igualmente tendo em vista a conduta do empregador e as condições
pessoais da parte.

Em conclusão, deve este MM. Juízo, observar a forma de fixação da


indenização por dano moral, vale dizer, o arbitramento, devendo ater-se à questão e às
influências que isso proporcionou ao lesado, arbitrando-a de maneira equitativa,
prudente, razoável e não abusiva.

Neste sentido, o artigo 5º da CFRB/1988, em seu inciso II é categórico ao dispor


que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei”. Ora, não há nos autos qualquer fundamento a amparar a pretensão autoral, pois
a reclamada sempre se pautou pela legalidade e boa-fé ao tratar seus funcionários.

Pois bem, nos autos ora em exame trata-se, indiscutivelmente, de HIPÓTESE


DE BANALIZAÇÃO DO INSTITUTO DO DANO MORAL.

Nessa esteira, conforme preceitua os artigos 818 da CLT e 373, I do CPC, deve
o reclamante provar os fatos que imputa à reclamada, de modo cabal e veemente, por
tratar-se de fato constitutivo de seu direito, sob pena de não ver deferida sua pretensão.

Importante destacar que com advento da Reforma Trabalhista - Lei


13.467/2017, foi estabelecido critérios para apreciação do pedido de pagamento de

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indenização por danos morais/danos extrapatrimoniais, conforme pode ser verificado
no artigo 223-G da CLT, “in verbis”:

“Art. 223-G. Ao apreciar o pedido, o juízo considerará: (Incluído pela Lei


nº 13.467, de 2017)
I - a natureza do bem jurídico tutelado; (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)
II - a intensidade do sofrimento ou da humilhação; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
III - a possibilidade de superação física ou psicológica; (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)
IV - os reflexos pessoais e sociais da ação ou da omissão; (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)
V - a extensão e a duração dos efeitos da ofensa; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)
VI - as condições em que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral; (Incluído
pela Lei nº 13.467, de 2017)
VII - o grau de dolo ou culpa; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
VIII - a ocorrência de retratação espontânea; (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)
IX - o esforço efetivo para minimizar a ofensa; (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)
X - o perdão, tácito ou expresso; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
XI - a situação social e econômica das partes envolvidas; (Incluído pela Lei
nº 13.467, de 2017)”
XII - o grau de publicidade da ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)”

Cabendo ainda na apreciação a análise dos seguintes elementos, conforme


seguir:
“§ 1o Se julgar procedente o pedido, o juízo fixará a indenização a ser
paga, a cada um dos ofendidos, em um dos seguintes parâmetros, vedada a
acumulação: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
I - ofensa de natureza leve, até três vezes o último salário contratual do
ofendido; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

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II - ofensa de natureza média, até cinco vezes o último salário contratual
do ofendido; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
III - ofensa de natureza grave, até vinte vezes o último salário contratual
do ofendido; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
IV - ofensa de natureza gravíssima, até cinquenta vezes o último salário
contratual do ofendido. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)”

Ante o exposto, o pleito deverá ser julgado improcedente, a fim de garantir a


boa prestação da tutela jurisdicional, bem como impedir que se faça do instituto do
dano moral um meio para auferir vantagens indevidas, seja pelo mau uso do direito,
seja pelo desconhecimento de seus verdadeiros propósitos.

Entretanto, acaso seja o entendimento deste D. Juízo, no sentido de que existem


dano moral, o que somente se admite para fins de argumentação, pelos Princípios da
Eventualidade e da Concentração da Defesa, estampado no artigo 300 do CPC, de
aplicação supletiva ao processo do trabalho, conforme determina o artigo 769 da CLT,
a reclamada impugna os valores a título de indenização pretendido pelo reclamante,
pois exagerados, sendo certo afirmar que, em caso de eventuais condenações, o que
não se espera, deverão as mesmas serem fixadas pelo Juízo, dentro dos limites da
razoabilidade e da proporcionalidade, a fim de que se evite enriquecimento sem causa,
mormente quando não há suporte fático a respaldar as pretensões deduzidas em Juízo.

Sendo assim, por todos os ângulos que se analise a questão, a melhor decisão,
será a IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO, eis que não configurado qualquer Dano
Moral.

DO MARCO INICIAL DA INCIDÊNCIA DA CORREÇÃO


MONETÁRIA E DOS JUROS SOBRE EVENTUAL CONDENAÇÃO

Ad argumentandum, a respeito do marco inicial para a incidência dos juros e


correção monetária em indenização por dano moral, destaca o reclamado que a partir
da decisão transitada em julgado, com eventual arbitramento dos valores da
condenação, é que a indenização por dano passa a ser exigível.

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A indenização por danos moral é de caráter compensatório e não restitutivo


do patrimônio. Destarte, esta espécie de danos só pode ser indenizado, nos parâmetros
fixados pelo Juiz, a partir do arbitramento do valor da condenação. Somente após a
fixação do valor é que se poderá falar em mora do devedor.

E, se a correção somente pode ser aplicada após a fixação do valor pelo Juiz,
da mesma forma, por consequência lógica, os juros também deverão seguir o mesmo
procedimento, sobretudo porque não há mora – inteligência da Súmula 439 do TST.

Ou seja, o reajuste em indenizações por dano moral deve ser da data em que o
valor foi definido na sentença e não na data em que a ação foi proposta.

IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE CONDENAÇÃO EM PARCELAS


VENCIDAS E VINCENDAS

Sinale-se a impossibilidade de condenação do Reclamado ao pagamento de


parcelas vencidas e vincendas o que desde já resta impugnado, devendo a presente
demanda e seus pedidos serem limitados à data do ajuizamento da ação
(31/08/2022).

A Reclamante requer a condenação do Reclamado no pagamento de parcelas


vencidas e vincendas, referente ao recolhimento de verbas a serem apuradas até a
reintegração.

No entanto, o pedido deverá ser julgado improcedente.

Portanto, caso o Reclamado venha a ser condenado total ou parcialmente na


presente demanda, o que somente se ventila em face do princípio da eventualidade
processual, uma vez que os fatos alegados na exordial dependem de comprovação,

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requer a limitação da condenação até do ajuizamento da ação 31/08/2022 não
havendo, portanto, que se falar em condenação em caráter vincendo.

Ademais, deve ser julgado improcedente o pedido em respeito os princípios do


contraditório e da ampla defesa, assim como o devido processo legal, assegurados no
art. 5º, LV e LIV, da CF, respectivamente, uma vez que a instrução processual e
condenação incidirão sobre fatos passados, constituindo os fatos posteriores
verdadeiros eventos futuros e incertos, padecendo a sentença, portanto, do requisito
essencial da certeza (art. 492, parágrafo único do CPC).

Assim, improcedente o pedido de parcelas vencidas e vincendas.

DA COMPENSAÇÃO

O reclamado, de acordo com a dicção o artigo 767, da CLT e da Súmula nº 48,


do C. TST, requer oportunamente, no caso de eventual condenação, o que se admite
apenas a título de argumentação, a compensação dos valores pagos sob as mesmas
rubricas.
DA DEDUÇÃO

Caso este MM. Juízo entenda ser incabível o instituto da compensação por não
vislumbrar, in casu, ser o reclamado credor de alguma verba em relação o reclamante,
na forma do artigo 368 do Código Civil, requer o Reclamado seja autorizada a dedução
dos haveres pagos a idênticos títulos, sob pena de restar caracterizado o locupletamento
sem causa do reclamante.

DA MULTA NORMATIVA

Postula a reclamante a condenação do reclamado ao pagamento de multa


normativa, alegando o descumprimento da cláusula 59ª da CCT 2020/2022, por
suposto descumprimento de direitos.

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Não se vislumbra razão para a aplicação desta penalidade uma vez que não foi
descumprida qualquer cláusula coletiva, como foi sobejamente demonstrado na
presente peça de bloqueio.

Assim, a multa normativa pleiteada pela reclamante é totalmente indevida,


restando impugnado o valor postulado.

O reclamado não descumpriu qualquer cláusula da CCT, razão pela qual


não há que se falar em pagamento de multa.

Ad cautelam, cumpre esclarecer que na improvável hipótese de ser deferido o


pleito em epígrafe, há de ser observado o disposto na orientação jurisprudencial n.º
150, da SDI do C.TST, que prescreve o quanto segue:

150. MULTA NORMATIVA – CUMULAÇÃO DE


AÇÕES. O descumprimento de qualquer cláusula
constante de instrumentos normativos diversos não
submete o empregado a ajuizar várias ações, pleiteando
em cada uma o pagamento da multa referente ao
descumprimento de obrigações previstas nas cláusulas
respectivas.

Por fim, acaso ocorra condenação neste sentido, o que é suscitado apenas para
fins de argumento, deverá ser observado o limite imposto pelo art. 920, do Código Civil
Brasileiro, e 412, do Novo Código Civil, não cabendo reflexos dessa verba nas demais,
vez que ela possui caráter indenizatório.

Desta forma, improcede o pedido da reclamante de aplicação de quaisquer


multas normativas ou legais.

DA JUNTADA DE DOCUMENTOS

Ainda, o reclamante requereu a juntada, pela empresa, de inúmeros


documentos, cuja juntada competia o reclamante.

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Não obstante, vale lembrar: o simples requerimento, em petição inicial, de
juntada de documentos sob as penas do artigo 400 do Código de Processo Civil não
obriga a parte reclamada: o mencionado dispositivo está inserido na Seção IV,
denominada ‘Da exibição de documento ou coisa’, cuja primeira norma expressamente
determina que deverá ser o magistrado (e não a parte) quem ordene a exibição do
documento.
DO CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 43 DA LEI Nº 8.212/91

Desde já argui o Reclamado a inconstitucionalidade, bem como a ilegalidade,


da metodologia de cálculo inserida pela Lei n. 11.941/09, que alterou o art. 43 da Lei
n. 8.212/91, passando a considerar o fato gerador da contribuição previdenciária na
data da prestação do serviço (art. 43, § 2º) e que ainda mandou que a apuração seja
efetuada com os acréscimos legais moratórios vigentes relativamente a cada uma das
competências abrangidas.

O art. 114 do Código Tributário Nacional, que possui natureza de Lei


Complementar, de acordo com doutrina e jurisprudência uníssonas, indica como sendo
"fato gerador da obrigação principal a situação definida em lei como necessária e
suficiente à sua ocorrência". E o art. 116, II deste mesmo diploma legal indica que
"considera-se ocorrido o fato gerador, tratando-se de situação jurídica, desde o
momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável."

Com efeito, o pagamento de direito reconhecido em sentença, não importa em


“atraso”. Este só acontece quando, ao efetuar um pagamento (fato gerador), o tributo
devido não é repassado aos cofres públicos no prazo legal. Se não houve pagamento,
não houve fato gerador da obrigação tributária.

Além disso, a previsão instituída pela Lei n. 11.941/09, viola o devido processo
legal (CF, art. 5º, LIV) em seu sentido substancial (substantial due process), que impõe
ao Estado, no processo de elaboração das leis, a observância do necessário coeficiente
de razoabilidade.

Observe-se ainda que a Medida Provisória n. 449, que originou a Lei n.


11.941/09, viola o art. 246 da Constituição Federal, que veda a adoção de medida

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provisória na regulamentação de artigo da Constituição cuja redação tenha sido
alterada por meio de Emenda promulgada entre 1º de janeiro de 1995, até 11 de
setembro de 2001. Ora, o art. 195, I, alínea a da CF foi alterado pela EC n. 20, de 15
de dezembro de 1998.

E não bastassem todas essas inconstitucionalidades, a Lei n. 11.941/09 institui


uma espécie de “confisco”, ofendendo o art. 150, IV, da Constituição Federal.
Outrossim, abstraindo todo esse verdadeiro rosário de inconstitucionalidades e
ilegalidades, a verdade é que, as alterações impostas pela Lei 11.941 de 2009 ao art. 43
da Lei 8.212/91, devem respeitar obrigatoriamente o princípio da irretroatividade de
forma a incidir, tão somente, sobre as prestações de serviços ocorridas 90 dias após a
data da publicação da lei, sob pena de afronta direta ao inciso XXXVI do art. 5º, e ao
inciso III, alínea “a” do art. 150, e ao artigo 195, §6º, todos da Constituição Federal.
Pelo exposto, argui o Reclamado a inconstitucionalidade do art. 43 e parágrafos da Lei
n. 8.212/91, com redação dada pela Lei n. 11.941/09. Além disso, também entende que
a disposição viola o 143 do CTN, e o art. 6º da LICC.

Estamos diante de questão constitucional e federal, desde já suscitadas, e sobre


as quais requer o Reclamado que este MM. Juízo exare entendimento explícito, na
forma da Súmula 368 do C. TST.

DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

Ainda que se pudesse imaginar a procedência de algum dos pedidos do


reclamante – o que se admite a título de argumentação – inequívoco deverá ser
considerado o critério de época própria para a correção monetária de eventual montante
a ser por ele percebido, na forma da Súmula 381 do C.TST.

Requer, ainda, o reclamante incida sobre o importe de eventual condenação


juros de mora. Mesmo que da presente reclamatória advenha à condenação do
Reclamado – o que se admite somente por afeto ao debate – correto afirmar que sobre
tal montante somente incidirá juros em sua modalidade simples, nos exatos termos da
Lei nº. 8.177/91.

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A RESPEITO DA TAXA SELIC, EM SUBSTITUIÇÃO À INCIDÊNCIA
AUTÔNOMA DE CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS.

Adquiriu imensa notoriedade o fato de o E. STF ter concluído o julgamento da ADC


58 (em conjunto com a ADC 59 e as ADIs 5867 e 6021) no dia 18/12/2020. O inteiro teor do
voto vencedor foi noticiado pela imprensa (cfr. doc. 1 ora exibido) e a parte dispositiva da
decisão já está publicada no site do E. STF (cfr. doc. 2 ora exibido). O próprio C. TST teve
o cuidado de divulgar até mesmo a modulação dos efeitos da r. decisão tomada pelo E. STF,
como se vê na URL https://www.tst.jus.br/web/guest/-/stf-define-que-ipca-e-e-selic-devem-
ser-aplicados-para-corre%C3%A7%C3%A3o-monet%C3%A1ria-de-d%C3%A9bitos-
trabalhistas:

É justamente o fato de o E. STF haver modulado os efeitos da decisão – ao


entendimento de que os processos em curso que estejam na fase de conhecimento

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(independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal) devem ter
aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária), sob pena de
alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao
posicionamento do STF – que justifica a vinda do reclamado aos autos para requerer seja
aplicada a taxa SELIC desde a sua citação, sem incidência autônoma de um índice de
correção monetária e de juros mensais desde o ajuizamento da ação, com incidência do IPCA-
E na fase pré-judicial. O marco temporal da aplicação da SELIC está muito claro na parte
dispositiva do voto vencedor do Min. Gilmar Mendes:

“Nesse sentido, há de se considerar que à atualização dos créditos


decorrentes de condenação judicial e à correção dos depósitos
recursais em contas judiciais na Justiça do Trabalho deverão ser
aplicados, até que sobrevenha solução legislativa, os mesmos
índices de correção monetária e de juros vigentes para as
hipóteses de condenações cíveis em geral, quais sejam a
incidência do IPCA-E na fase pré-judicial e, a partir da citação,
a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código Civil).” (cfr.
trecho do voto vencedor, inteiro teor ora exibido –realce amarelo
inserido)

E aplicação ÚNICA da SELIC, sem incidência autônoma de correção monetária e de


juros mensais, também está expressa com todas as letras no voto vencedor no Min. Gilmar
Mendes:

“A análise conglobante dos juros e correção monetária não é


inédita ou desarrazoada. Ela tem sido realizada por esta Corte há
décadas. (...) Portanto, para os críticos – de que estaríamos diante
de institutos jurídicos diversos e inconfundíveis (correção
monetária e juros) –, respondo que o Direito e seu intérprete não
podem fechar os olhos para a realidade, sendo prova disso a
jurisprudência de longa data do Supremo Tribunal Federal, que
sempre tratou a condição inflacionária do país na análise da taxa
de juros e vice-versa. (...) Sendo assim, posiciono-me pela
necessidade de conferirmos interpretação conforme à
Constituição dos dispositivos impugnados nestas ações,
determinando que o débito trabalhista seja atualizado de
acordo com os mesmos critérios das condenações cíveis em
geral. Além disso, entendo que devemos realizar apelo ao
Legislador para que corrija futuramente a questão, equalizando os
juros e a correção monetária aos padrões de mercado e, quanto

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aos efeitos pretéritos, determinarmos a aplicação da taxa
Selic, em substituição à TR e aos juros legais, para calibrar,
de forma adequada, razoável e proporcional, a consequência deste
julgamento.” (cfr. trecho do voto vencedor, inteiro teor ora
exibido – negrito e sublinhado originais, mas com realce amarelo
inserido)

Como se trata de tese obrigatória fixada pelo Pleno do E. STF em julgamento de ação
de controle concentrado de constitucionalidade, o efeito vinculante da decisão “deve ser
observado desde a sessão em que proferida”, sem necessidade de aguardar-se a publicação
do acórdão nem o seu trânsito em julgado – na linha da jurisprudência fixada pelo E. STF:

“A questão ora posta em julgamento consiste em saber se o


efeito vinculante de uma decisão adotada pelo Pleno em
ADI deve ser observado desde a sessão em que proferida ou
se é necessária, para a produção de efeitos, a publicação do
acórdão. (...) Com efeito, o Pleno da Corte, no julgamento da
Reclamação no. 2.576-4/SC, rel. Min. Ellen Gracie, assentou não
ser necessário o trânsito em julgado para que a decisão proferida
em julgamento de mérito em ADI produza seus efeitos: ‘AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. EMBARGOS
DEDECLARAÇÃO. CUMPRIMENTO DA DECISÃO.
Desnecessário o trânsito em julgado para que a decisão
proferida no julgamento do mérito em ADI seja cumprida. Ao ser
julgada improcedente a ação direta de inconstitucionalidade ADI
no. 2.335 a Corte, tacitamente, revogou a decisão contrária,
proferida em sede de medida cautelar...’ Está presente, portanto,
a plausibilidade jurídica da tese de que, proferida decisão em
ADI, seu efeito vinculante produz-se antes da publicação,
o que conduz à conclusão, em exame preambular, de que a
decisão atacada afronta a autoridade decisória da Corte.” (STF,
Rcl 16031 MC / SP, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.
21/08/2013, pub. DJE nº 167, divulgado em 26/08/2013, g.n.)
Enfim, é o cenário perfeito para o reclamado formular o respeitoso pedido de aplicação
da tese obrigatória fixada pelo E. STF.

DA JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS

A Reclamada, desde logo, requer prazo para juntada posterior de documentos,


acaso seja necessário; sob pena de irremissível afronta ao Princípio da Ampla Defesa
e do Contraditório, assegurado pelo art. 5º, LV, da CF/88.

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Tal pedido se justifica pela ausência de tempo hábil para apresentação de


originais e pelo fato de a juntada posterior não ocasionará prejuízo para as partes
litigantes quando feitas até a instrução processual.

Assim, para que não haja prejuízo para defesa desta Reclamada, requer desde
logo prazo para apresentação de documentação complementar, por ser medida de
direito.

DO FGTS E DA MULTA DE 40%

Não há se falar no pagamento de diferença do FGTS acrescido da multa de 40%


sobre as parcelas reclamadas na presente demanda, sendo certo que o Banco
Reclamado procedeu ao correto recolhimento fundiário, inclusive com a multa dos
40%, não havendo diferenças devidas.

De igual sorte, inexistem parcelas a serem deferidas na presente demanda, não


havendo, portanto, se falar no pagamento do FGTS e multa sobre tais verbas.

CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

Cabe destacar que a Reforma Trabalhista - Lei 13.467/2017, de acordo com


o art. Art. 790. § 3º trouxe novo requisito para a concessão da Gratuidade, qual
seja, a parte poderá ser beneficiária apenas se perceber “salário igual ou inferior
a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.”

Considerando que em 2020 o salário igual ou inferior aos 40%


determinado na legislação corresponde ao montante de R$ 2.353,16, denota-se que
o reclamante não preenche o requisito.

Destaca-se que a Gratuidade de Justiça trata de matéria pertinente ao Direito


Processual Trabalhista, aplicando-se imediatamente às demandas em curso, conforme
destacado no Código de Processo Civil Brasileiro:

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Art. 14. A norma processual não retroagirá e será
aplicável imediatamente aos processos em curso,
respeitados os atos processuais praticados e as situações
jurídicas consolidadas sob a vigência da norma
revogada.
(Grifou-se)

Por outro lado, caso Vossa Excelência não coadune de tal entendimento, é de
ser relevado o art. 5º, inciso LXXIV, da CF ao dispor que "o Estado prestará assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos".

É certo que a Lei 1.060/50 prevê a possibilidade de concessão da assistência


judiciária só pela declaração do reclamante na inicial de sua necessidade.

No entanto, a Constituição Federal não exclui a possibilidade de apreciação,


pelo juiz, das circunstâncias em que o pedido ocorre, já que exige a comprovação da
insuficiência de recursos para a concessão da assistência jurídica àqueles que a alegam.

A mera declaração desacompanhada de tais requisitos não passa, data venia, de


mera presunção juris tantum, devendo ser presunção jure et de juri acompanhada
aquela de documentos irretorquíveis que comprovem a aludida pobreza do reclamante.

Tanto que assim dispõe o art 4º parágrafo 1º da Lei 1060/50:

“Presume-se pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos
termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais” (grifos
nossos).

Ora, incabível a concessão desse benefício a quem deixa de fazer essa prova.

Importante que V. Exa atente ao intuito do legislador ao instituir o benefício da


gratuidade conforme o disposto na Lei 1060/50, art 2º:

“Gozarão dos benefícios desta Lei os nacionais ou


estrangeiros residentes no país, que necessitarem recorrer

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à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho. Parágrafo
único. - Considera-se necessitado, para os fins legais, todo
aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as
custas do processo e os honorários de advogado, sem
prejuízo do sustento próprio ou da família”.

Isto implica dizer que a análise detalhada da situação econômico-financeira


daqueles que buscam a gratuidade da justiça é a melhor e mais justa forma de se aplicar
a disposição constitucional pertinente, cabendo o reclamante o ônus de provar
cabalmente que necessita de tal benesse a fim de poder litigar sem ter de suportar as
custas processuais.

Ademais, não se pode confundir insuficiência financeira, que é o que se exige


para o benefício da “Assistência Judiciária”, com a insuficiência econômica. Vale
dizer, quem não tem bens móveis e imóveis (suficiência econômica), por exemplo,
pode perfeitamente não ser carente de suficiência financeira, que é o disponível para
suportar, de imediato, as custas do processo.

E é a hipótese em debate, posto que o reclamante tem no mínimo, suficiência


financeira para suportar o ônus de pagar as despesas processuais, isto sem mencionar
a ausência de precária situação econômica a que se submete, o que deverá aqui ser
provado.

Ora, o Judiciário não pode ser omisso ao tema, inclusive sob pena de prejudicar
quem realmente necessita do benefício.

Durante todo o período imprescrito, o reclamante percebeu salário muito


superior à dobra do mínimo legal.

Veja-se que a miserabilidade jurídica não se coaduna com a realidade da


situação econômica e financeira do reclamante que recebe uma remuneração acima
dos quatro mil reais.

Assim, não é crível que o reclamante não tenha condições de demandar sem
prejuízo do seu sustento e de sua família.

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Por todo o exposto, indevidos os benefícios da justiça gratuita sem a cabal e


robusta prova da miserabilidade econômica, sob pena de violação a nova legislação
trabalhista (Lei 13.467/2017), bem como, aos artigos 14 da Lei nº 5.584/70 e 4º da Lei
nº 1060/50, que aqui merecem reforço: determinam que os benefícios da justiça gratuita
somente serão concedidos àqueles que, comprovadamente, não estiverem em
condições de pagar as custas do processo e os honorários do advogado, sem prejuízo
próprio ou de sua família.

Não é merecedor, o reclamante, da concessão do benefício da justiça gratuita


pelos motivos acima aludidos, pelo que resta improcedente o pedido.

PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS ASSISTENCIAIS


E CONTRATUAIS

Como é cediço, a condenação do Reclamado ao pagamento de honorários


advocatícios à parte reclamante está condicionada à sucumbência daquele. Tendo
restado sobejamente demonstrada a improcedência das pretensões autorais, não se há
que falar em condenação do Reclamado em pagar tal verba, razão pela qual aqui
também improcede a pretensão do obreiro.

Na remota hipótese de assim não entender V. Exa., deverá o percentual ser


limitado a 5%, nos moldes do artigo 791-A da CLT.

Ademais, frise-se que no caso de sucumbência recíproca, o reclamante


deverá arcar com os honorários advocatícios do reclamado, na forma do artigo
791-A, § 3º da CLT.

Improcede, portanto, o pedido autoral.

DOS RECOLHIMENTOS FISCAIS E PREVIDENCIÁRIOS

Requer-se a observância do disposto no Provimento nº 03/2005 da


Corregedoria Geral da Justiça do Trabalho e na Súmula 368 do C. TST, que
estabeleceram, de forma clara e concisa, como deverão ocorrer às deduções dos

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referidos tributos em ações trabalhistas, respeitadas ainda a quota parte
empregado/empregador, restando impugnada a pretensão do Reclamante de que o
Reclamado responda integralmente pela cota previdenciária.

Em relação aos recolhimentos fiscais deverá ser aplicada a nova forma de


tributação prevista no artigo 12-A da Lei nº 7.713/1988, alterado pela Lei 12.350/2010,
e Instrução Normativa nº 1.127/2011 da Receita, por ser norma mais benéfica ao
contribuinte.

De acordo com tal alteração, os rendimentos do trabalho recebidos


acumuladamente deverão ser tributados como se os pagamentos tivessem sido saldados
ao longo dos períodos aos quais correspondiam e não mais como o regime de caixa.

DEMAIS CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÃO

Ad cautelam, impugnam-se os documentos juntados aos autos pelo reclamante


que estejam em desacordo com o artigo 830 da CLT, bem como aqueles que não se
prestem para comprovar o alegado, seja pela generalidade dos termos, seja pela
insuficiência dos elementos formais e materiais. Incide à hipótese o contido no § Único
do art. 408 do Código de Processo Civil, o que se impõe.

Mais uma vez a Reclamada pugna pela improcedência da demanda, entretanto,


se deferidos os pedidos, “ad cautelam”, e ocorrer, por absurdo, a condenação da ré, o
que se admite apenas a título de argumentação, o cálculo deverá limitar-se ao período
imprescrito e aos seguintes critérios:

• Observação da evolução salarial mensal e exclusão dos dias não


trabalhados – as parcelas fixas de natureza salarial que compõem a remuneração
mensal do reclamante para o cálculo das horas extraordinárias, em observância ao
previsto nas Convenções Coletivas de Trabalho, descartando-se o aleatório e
absurdo critério de cálculo lançado na inicial;
• Compensação ou dedução dos valores pagos sob idêntico título, relativos
aos pedidos pleiteados – artigo 767 da CLT;
• Exclusão das parcelas não integrativas do salário;

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• Não incluir FGTS em eventuais férias indenizadas – orientação
Jurisprudencial nº 195, da SDI-1, do C. TST;
• Aplicação de juros e correção monetária – artigo 39 da Lei 8.177/91 e
Súmula nº 381 do C. TST;
• Exclusão dos dias não trabalhados, tais como férias, faltas, licenças
médicas e demais ausências;
• Seja declarada no título exequendo a efetivação dos descontos relativos às
contribuições ao INSS – artigos 43 e 44 da Lei 8.212/91, com redação dada pela
Lei 8.620/92 e Súmula 368 do C. TST;
• Observação do art. 46 da Lei 8.541/92;
• Dedução das Contribuições Previdenciárias e retenção de Imposto de
Renda;
• Exclusão das parcelas porventura prescritas art. 7º, inciso XXIX da CRFB
e aplicação do art. 240 do CPC que autoriza o reconhecimento da prescrição de
ofício pelo juiz;
• Observância da legislação vigente a cada época no que diz respeito a juros
e correção monetária, impedindo a retroatividade da lei para alcançar direito
constituído sobre a égide de legislação anterior;
• Observância da Súmula nº 368 do C. TST;
• Em caso de procedência em parte, apenas argumentando, requer sejam as
custas pagas de forma proporcional (Reclamante e Reclamado), tendo em vista o
disposto no art. 86 do CPC;
• Observância para que a execução corra nos moldes do art. 880 da CLT,
vez que o devedor privado deve ser citado para, se quiser, antes de qualquer
procedimento de constrição, garantir o juízo ou garantir a execução, para discuti-la
posteriormente, sendo inaplicável, portanto, o disposto no art. 523, § 1º do CPC,
vez que impede que a regra explicitada no art. 880 da CLT seja cumprida, sob pena
de restar violado o disposto no art. 5º, inciso II da CRFB;
• Em caso de absurda condenação, que seja fixado, desde já, os parâmetros
da execução, com a observância do disposto na Orientação Jurisprudencial nº 400
da SDI-I do C. TST.
O Reclamado protesta, desde logo, pela produção de todas as provas em direito
admitidas, notadamente a documental, pericial, testemunhal e o depoimento pessoal do
reclamante, sob pena de confissão, a teor da súmula nº 74 do C. TST.

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Em poder dessas considerações, o Reclamado requer seja julgada improcedente


a ação, condenando o reclamante nas custas processuais, por ser medida da mais lídima
e salutar Justiça!

Por fim, declaram os advogados subscritores da presente contestação que


as cópias dos documentos que a instruem são autênticas (CLT, art. 830).

ROL DE DOCUMENTOS

1.Ficha de Registro de Empregado;


2.Contracheques;
3. Documento rescisórios;
4. Documentos COVID;
5. CCTs;
6. Decreto;
7. Portaria;
8. Aso;
9.Documentos Técnicos.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 18 de maio de 2023.

Felipe D’Aguiar Rocha Ferreira


OAB/RJ 150.735

Carlos Eduardo Cavalcante Ramos


OAB/RJ nº 111.030

Alexandra Leiras Gomes


OAB/RJ nº 218.207

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Número do processo: 0100755-37.2022.5.01.0057
Número do documento: 23051817092054600000175703051

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