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BEVILAQUA & GUIDA 537

ADVOGADOS

EXMO.(A.) SR.(A.) DR.(A.) JUIZ(A) DE DIREITO DA DÉCIMA TERCEIRA VARA CIVEL


DA COMARCA DA CAPITAL – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO

Processo nº 0374063-61.2013.8.19.0001

TJRJ CAP CV13 201901194633 19/02/19 12:04:38135492 PROGER-VIRTUAL


ALEXANDRE LOURENÇO, já qualificado nos autos do feito em epígrafe, em
consideração ao momento processual em que se encontra o processo – na iminência de se
realizar expropriação de bem imóvel –, vem, por seus advogados (cf. instrumento anexado),
com fundamento, essencialmente, no disposto nos arts. 805 e 835, ambos do Código de
Processo Civil de 2015, vem apresentar a presente manifestação.

1. Das publicações e intimações

De antemão, o EXECUTADO requer, sob pena de nulidade, que as futuras


comunicações relativas ao andamento deste processo sejam feitas em nome de Luiz
Hamilcar da Silva Bevilaqua (OAB/RJ nº 189.630) e de Ricardo Guida (OAB/RJ nº 173.638).

2. Do Direito

2.1. Preliminarmente, quanto à Gratuidade de Justiça, do exame dos


autos resta que esse benefício havia sido requerido na petição apresentada pela d.
Defensoria Pública do Estado, conforme teor de fls. 196/197. Nessa linha, no esforço de
comprovar a evidente hipossuficiência (ensejadora do benefício em comento), também se
apresentara Declaração de Imposto de Renda do ora EXECUTADO, referente ao exercício
de 2016 (fls. 231/232). Contudo, até o presente momento, não houve provimento judicial
deliberando acerca da concessão de tal pleito. Nessa linha, em reforço, a fim de comprovar
a atualidade (e permanência) da citada insuficiência econômica, apresentamos Declaração
de Imposto de Renda relativa ao exercício de 2018 (documento anexado).

LUIZ HAMILCAR DA S. BEVILAQUA – OAB/RJ nº 189.630 – luizhamilcar@gmail.com


RICARDO GUIDA - OAB/RJ nº 173.638 – advguidarj@gmail.com
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2.2. No tocante ao cálculo do valor devido (quantum em execução),


com a devida vênia, há suficiente demonstração no feito indicando que valores apontados
pelo EXEQUENTE se mostram incorretos, haja vista que o DEMANDANTE indica supostos
débitos contra o EXECUTADO, os quais, evidentemente, teriam surgido após a prolação da
sentença nos presentes autos. Isso porque, lida a referida decisão (fls. 166/167), percebe-
se que a procedência do pedido fora concedida, em 16 de junho de 2016, impondo o
pagamento de débitos constituídos até essa data, não podendo, portanto, ser acrescidos
novos supostos débitos à imposição decorrente da sentença. Para esclarecer, vale a
reprodução de trecho do decisório em questão:

“Diante do exposto, julgo procedente o pedido autoral,


condenando a parte Ré no pagamento das cotas condominiais
devidas, as quais deverão ser acrescidas de correção
monetária pelo índice deste Tribunal, multa de 2% a.m., e juros
de 1% ao mês, ambos a contar do vencimento”.

Em acréscimo, às fls. 161/163, o próprio EXEQUENTE, em 16 de maio de


2016, juntou planilha indicando cálculo de débito no valor total de R$ 15.041,04 (quinze mil
e quarenta e um reais e quatro centavos).

Porém, nada obstante, o EXEQUENTE, deliberadamente, segue no processo


incluindo valores indevidos em seu cálculo, fazendo referência expressa a cotas
condominiais com vencimento depois da data de prolação da sentença, a exemplo do que
se nota ao final de fl. 208 (onde o EXEQUENTE incluiu cotas com vencimento em agosto,
setembro e outubro de 2016) e à fl. 340, donde constam diversos valores referentes ao ano
de 2017.

Portanto, a se admitir o prosseguimento da execução nos indevidos termos


pretendidos pelo EXEQUENTE, ter-se-ia violação clara à congruência obrigatória entre
sentença e pedido, o que resultaria em decisão ultra ou extra petita, a depender dos
parâmetros fático-processuais fixados e da linha doutrinária a se seguir. Fato é que a
pretensão executória conformada pelo pleito do EXEQUENTE pretende violar, dentre outros,
o caput do art. 492 do CPC/2015 (“É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da
pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que
lhe foi demandado”), visto que inclui supostos débitos não abarcados pela sentença proferida
nestes autos.

Há ainda outro fato relevante a se considerar: conforme consta à fl. 408, foi
determinado expressamente por este d. Juízo que os autos fossem remetidos ao contador
judicial, justamente para que se precisasse, com base no determinado pela sentença, an
debeatur. Todavia, os autos revelam que essa determinação não foi cumprida, prosseguindo
a execução com base nos cálculos unilateralmente apresentados pelo condomínio.

LUIZ HAMILCAR DA S. BEVILAQUA – OAB/RJ nº 189.630 – luizhamilcar@gmail.com


RICARDO GUIDA - OAB/RJ nº 173.638 – advguidarj@gmail.com
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2.3. No tocante ao meio executivo “escolhido” pelo EXEQUENTE,


nada obstante o CPC/2015 elencar uma ordem “preferencial” dos meios de execução,
conforme disposto no art. 835, entendeu o EXEQUENTE escolher, e insistir, em meio mais
gravoso, qual seja, a expropriação do imóvel em que reside o EXECUTADO.

Ressaltamos entendimento sedimentado, tanto na doutrina quanto na


jurisprudência, com base no art. 805 do CPC/2015, no sentido de que o EXEQUENTE deve
optar pelo meio de menor onerosidade ao devedor. Nessa linha, podemos afirmar que não
houve utilização de outro meio executivo proposto nos autos.

Nesse sentido, apesar da conhecida determinação legal, em tese, aplicável


ao caso presente, é de se destacar a desproporcionalidade do meio escolhido em
confrontação com o valor total do débito, considerando que há nos autos laudo de avaliação
indireta do imóvel (fls. 316/317), o qual indicou valor aproximado de R$ 206.000,00
(duzentos e seis mil reais).

E, noutra ponta, a dívida residual atualizada, em fevereiro de 2019, alcançava


R$ 4.556,24 (quatro mil, quinhentos e cinquenta e seis reais e vinte e quatro centavos),
conforme planilha anexada (o que, aliás, poderá ser averiguado pelo CONTADOR
JUDICIAL). Ou seja: admitidos tais parâmetros, a dívida a ser executada não alcança o
equivalente a 2,5% (dois e meio pontos percentuais) do valor do imóvel...

Para colocarmos uma pá de cal na questão do valor devido, o EXECUTADO


requer seja cumprida decisão de fls. 408 (remessa ao contador judicial), para que seja
aferida a real dívida residual.

Para tanto, demonstrando interesse de quitar sua dívida, comprova, neste ato,
depósito no valor de R$ 2.117,59 (dois mil, cento e dezessete reais e cinquenta e nove
centavos), quantia esta parte do que entende devido, tendo em vista a impossibilidade
financeira de arcar com toda a dívida, de uma só vez, porém, desde já, compromete-se a
depositar judicialmente, em 6 (seis) parcelas e a cada trinta dias, o valor de R$ 406,44
(quatrocentos e seis reais e quarenta e quatro centavos), que totalizam a diferença de R$
2.438,65 (dois mil e quatrocentos e trinta e oito reais e sessenta e cinco centavos).

Em assim sendo, o EXECUTADO requer seja os atos de expropriação


suspensos pelos próximos seis meses, prazo que prevê o pagamento da última parcela
acima apontada, bem como o retorno dos contador judicial sobre a dívida.

3. Dos pedidos e requerimentos

LUIZ HAMILCAR DA S. BEVILAQUA – OAB/RJ nº 189.630 – luizhamilcar@gmail.com


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Em face do exposto, requer o EXECUTADO:

a) Seja concedida GRATUIDADE DE JUSTIÇA, nos termos do já


requerido às fls. 196/197, para tanto, junta as últimas declarações de
imposto de renda aquelas já juntadas pela douto Defensoria Pública
do Estado do Rio de Janeiro à época que atuava nos presentes autos;

b) REMESSA AO CONTADOR JUDICIAL, em conformidade com o


despacho já exarado nos autos, à fl. 408, para que elabora planilha da
dívida residual a partir dos parâmetros determinados pela sentença
(fls. 166/167); levando em consideração a última planilha apresentada
pelo EXEQUENTE, antes de proferida da sentença (fl. 161/163); o
presente depósito no valor de R$ 2.117,59 (dois mil, cento e dezessete
reais e cinquenta e nove centavos); a presente planilha anexada neste
ato, a qual indica os outros pagamentos efetuados pelo EXECUTADO;
e, se não apreciado pedido de gratuidade justiça, ora reiterado, que o
Sr. Contador considere a possibilidade em cálculos apartados;

c) A SUSPENSÃO DO PROCESSO pelos próximos 6 (seis) meses,


possibilitando que o EXECUTADO quite sua dívida na forma proposta,
ao mesmo tempo seja aferido o real resíduo da dívida pelo contador
judicial.

Nestes termos, pede deferimento.

Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2019.

LUIZ HAMILCAR DA SILVA BEVILAQUA RICARDO GUIDA

OAB-RJ nº 189.630 OAB-RJ nº 173.638

LUIZ HAMILCAR DA S. BEVILAQUA – OAB/RJ nº 189.630 – luizhamilcar@gmail.com


RICARDO GUIDA - OAB/RJ nº 173.638 – advguidarj@gmail.com
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