Você está na página 1de 16

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A)

RELATOR(A) DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO

PROCESSO 0011822-15.2014.8.19.0026
AUTOR: JAYME PIRES DE CASTRO
RÉU: BANCO DO BRASIL S/A

A ORA PARTA AUTORA, já devidamente qualificada nos autos em epígrafe,


por seu advogado e procurador infra-firmado, em razão da decisão de mov.68 que
suspendeu o cumprimento de sentença, vem, respeitosamente, na presença de Vossa
Excelência, apresentar AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL, e efeito suspensivo com fulcro no artigo
1.015, inciso II c/c art. 1.019, inc. I e ao EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO, conforme razões inclusas.
Requer seja concedido ao recurso em ambos os efeitos, suspendendo a
decisão.
Contra-minutado, ou não, requer-se o seu total provimento, cassando-se em
definitivo a r. decisão agravada.
Informa que, deixa de recolher as custas de preparo de interposição do
presente Recurso, por ser beneficiária da justiça gratuita.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rio de janeiro/RJ, 16 de outubro de 2018.

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/RJ 136.516
AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RAZÕES DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

Egrégio Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro


Emérito(a) Desembargador(a) Relator(a),
Douto(a) Desembargador(a) Relator(a),

A ora parte Agravante, já qualificado nos autos supra descritos, vem por seus
procuradores habilitados, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO em face
da decisão proferida que homologou cálculo equivocado elaborado pela Contadoria
Judicial.
Excelências, a decisão agravada deve ser reformada in totum, eis que se
mantida for, acarretará danos irreversíveis ao agravante.

DO PREPARO

Deixa de recolher as custas de preparo de interposição do presente Recurso,


por ser beneficiária da justiça gratuita.
Conforma consta dos autos, a parte recorrente é beneficiária da justiça gratuita,
o que lhe isento do recolhimento das custas judiciais, entre elas o preparo e o porte e
remessa.
A Constituição dispõe que “o Estado prestará assistência jurídica integral e
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos” (artigo 5º, LXXIV, CRFB/88).
Trata-se de cláusula pétrea da nossa Constituição, não se podendo incrementar o
texto normativo para nele inserir outras exigências.
Em consonância aos ditames Constitucionais e art. 99, caput e § 7º, do NCPC,
prevê que “O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição
inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em
recurso.” e "requerida a concessão de gratuidade da justiça em recurso, o
recorrente estará dispensado de comprovar o recolhimento do preparo,
incumbindo ao relator, neste caso, apreciar o requerimento e, se indeferi-lo, fixar
prazo para realização do recolhimento."
Todavia, desde já a parte recorrente reitera o pedido de justiça gratuita a corte
superior, isentando-a do pagamento das às taxas judiciárias, dos emolumentos e às
custas, na forma da Lei.
Assim sendo, requer-se a extensão da benesse para esta instância recursal.
DA TEMPESTIVIDADE

Inicialmente, cumpre ressaltar a tempestividade do presente recurso, sendo


que o prazo é de 15 (quinze cinco) dias.
Portanto, é tempestivo o presente Recurso apresentado nesta data.

DA SÍNTESE PROCESSUAL

Detalhando-se o histórico processual relativo ao presente feito, cumpre


informar, de início, tratar-se de feito com vistas à execução da sentença coletiva do
chamado Plano Verão, instituído em 15 de janeiro de 1989, por meio da Medida
Provisória n. 32, convertida posteriormente na Lei n. 7.730, de 31.1.1989.
Portanto, este feito, em verdade, tem como origem a Ação Civil Pública n.º.
0719385-60.1995.8.26.0100 (já colacionada aos autos) na qual o INSTITUTO
BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – IDEC demandou em face o BANCO
BANEB, atual BANCO BRADESCO S/A, objetivando a condenação no pagamento das
diferenças das correções aplicadas às cadernetas de poupanças, em virtude do Plano
Verão.
Ato contínuo, foi homologado o cálculo apresentado pela contadoria.
A partir da leitura do comando decisório exarado nos autos, com a devida
vênia, verifica-se que o Juízo de Origem equivocou-se a homologação do cálculo
realizado pela contadoria, eis que totalmente equivocado.
Desta forma, novamente pedindo-se todas as vênias ao entendimento
contrário, não há que se falar em ocorrência de prescrição, conforme restará
demonstrada nos termos abaixo delineados, de modo que torna-se necessário a
reforma da sentença de piso.

DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA – DA POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO DE


ERRO MATERIAL A QUALQUER TEMPO DO PROCESSO

Discordamos, enfaticamente, da parte da decisão recorrida que diz:


1) Analisando os cálculos elaborados pelo Contador Judicial,
verifico que foram realizados em obediência aos critérios
definidos na decisão de fls. 215/218. Assim, tendo em vista a
ausência de impugnação específica e fundamentada,
homologo os cálculos de fls. 237/238. Intimem-se. 2) Preclusa
a decisão, considerando o depósito (fls. 146) realizado pelo
devedor em 30/12/2014, expeça-se mandado de pagamento no
valor de R$ 74.552,75 (setenta e quatro mil, quinhentos e
cinquenta e dois reais e setenta e cinco centavos) em nome da
parte autora e em nome de seu patrono, no caso de haver
poderes específicos na procuração. Observo que no ato do
levantamento, ao valor de face do mandado será somado os
acréscimos legais pelo banco pagador. 3) Com a retirada do
mandado, voltem para extinção e liberação do valor
remanescente ao réu/devedor.
Com efeito, a prevalecer o entendimento, data máxima vênia, equivocado do
Magistrado recorrido teríamos a sui generis situação do erro material que se
sobrepõe à “coisa julgada”.
Neste caso, temos, por óbvio, que a decisão atacada viola sim à coisa
julgada, constituindo, desse modo, ofensa direta à Constituição da República de
1.988, no inciso XXXVI do artigo 5º, o qual prescreve:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
perfeito e a coisa julgada;
Noutras palavras, não se opera a preclusão contra erro material. Vejamos:
PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
SOBRE ERROMATERIAL NÃO OPERA PRECLUSÃO.
ART. 463 DO CPC. 1. Se requerida pela parte retificação
de erro de material, o juiz não pode furtar-se ao exame do pedido
alegando preclusão à impugnação do cálculo pelo fato
de não terem sido interpostos embargos tempestivamente. 2.
Hipótese de aplicação do art. 463 do CPC. 3. Agravo de
instrumento provido. (TRF-4 - AG 16822 RS 2003.04.01.016822-0
(TRF-4) Data de publicação: 10/09/2003)
 Feitas estas considerações, temos que a r. decisão incorreu em erro quando
homologou o cálculo realizado pela contadoria. Cálculo este muito aquém do valor
que tem direito a parte Apelante.
Obviamente, Excelência, que não compete ao Tribunal a elaboração de
cálculos aritméticos, esse é um serviço que pode ser realizado tanto pelas partes ou
pela Contadoria Judicial, e, quando mais complexo (o que, em absoluto, não é o
caso) por peritos externos.
Ocorre, todavia, que a Contadoria, por um lapso, em seus cálculos,
mormente, olvida-se cálculo finde de " R$ 74.552,75 (hum mil cento e noventa reais e
sessenta e nove centavos), para 24/10/2014 (data do depósito) em favor do
exequente", sendo que, esta falha acarreta substancialmente o crédito a ser recebido
pela Apelante, além de gerar enriquecimento sem causa para Agravada.
Para piorar a situação, o MM. Magistrado, homologou o cálculo da
Contadoria, sem ao menos analisar que este estava muito abaixo do valor requerido
na inicial.
Com efeito, é império seja, neste ponto, cassada a respeitável decisão , eis
que o valor correto a ser considerado, nos termos da sentença (valor atualizado até
a data do depósito em 24/10/2014, no percentual de R$ 116.600,34.
Por consequência, os cálculos para atualização e incidências de juros da conta
n. 140.019.148-0 deverão considerar o saldo existente, qual seja, NCz$ 17.021,87,
com data de aniversário no dia 04 foi aplicado percentual de 20,4626%, chamado de
percentual controvertido, descobrindo-se o valor de NCz$ 3.465,80 chamado de valor
controvertido, valor remunerado à menor, à época, ao poupador.
Sobre o valor controvertido, incide desde a data do plano Verão juros e
correções diferenciados até 24/10/2014 conforme as tabelas descritas abaixo
atingindo desta forma o valor controvertido corrigido de R$ 37.431,89.
Posto isso, a divergência nos cálculos se dá, especialmente, porque não foi
atendido os parâmetros para elaboração do cálculo definidos na sentença da Ação
Civil Publica e na posição Majoritária do Superior Tribunal de Justiça, ocorrendo em
resultado a menor.
Importa salientar que, o valor controvertido não contempla juros
remuneratórios.
Como há processo em andamento o controvertido corrigido terá acréscimos de
juros moratórios desde a citação em 08/06/1993 até a data do efetivo depósito em
24/10/2014 sendo então R$ R$ 116.600,34, pela planilha anexa.
 Aqui, Excelências, temos que em hipótese alguma pretende-se o desrespeito
ao artigo 876, do Código de Processo Civil, ocorre que, o Juiz "a quo", homologou
um cálculo totalmente equivocado, causando sérios prejuízos a parte Agravante.
Não obstante esses ABSURDOS equívocos apontados, o Magistrado
de primeiro grau, ao julgar a impugnação, entendeu por bem adotar como certo o
cálculo da contadoria. No entanto, ao contrário do quanto apurado pelo Contadoria
Judicial, o critério de correção correto deve ser baseado pela apuração do valor com
base nos critérios definidos na sentença da Ação Civil Pública, vejamos:
Vejamos:
Os juros de mora aplicados no cálculo apresentado ela parte Autora são
considerados a partir da citação da Ação Coletiva (08/06/1993) demonstram-se lícitos
e exigíveis, não merecendo qualquer reparo.
Para fins de julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia, declara-
se consolidada a tese seguinte: "Os juros de mora incidem a partir da citação do
devedor na fase de conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta se fundar
em responsabilidade contratual, se que haja configuração da mora em momento
anterior." 4.- Recurso Especial improvido. (REsp 1361800/SP, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, Rel. p/ Acórdão Ministro SIDNEI BENETI, CORTE ESPECIAL, julgado em
21/05/2014, DJe 14/10/2014) 
Denota-se que não há existe nenhuma irregularidade no cálculo realizado pela
Apelante, que foram elaboradas com absoluta sujeição à r. sentença da Ação Civil
Pública, por meros cálculos aritméticos, mediante as peculiaridades ensejadoras
contida no título judicial.
Impugna desde já o método de cálculo utilizado pela Contadoria, devendo
prevalecer os cálculos da parte Autora (anexo), totalizando a importância de R$
2.955,44 (dois mil novecentos e cinquenta e cinco reais e quarenta e quatro centavos).
Nesse sentido, merece destaque a decisão do Superior Tribunal de Justiça,
senão vejamos:
(...) TERMO INICIAL DOS JUROS DE MORA. CITAÇÃO NA AÇÃO
CIVIL PÚBLICA. MATÉRIA JULGADA SOB O REGIME DO ART.
543-C DO CPC. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. "Os juros de mora
incidem a partir da citação do devedor na fase de conhecimento
da Ação Civil Pública, quando esta se fundar em
responsabilidade contratual, se que haja configuração da mora
em momento anterior" (REsp 1370899/SP, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, CORTE ESPECIAL, julgado em 21/05/2014, REPDJe
16/10/2014, DJe 14/10/2014). 2. Recurso especial a que se nega
seguimento. DECISÃO 1. Cuida-se de recurso especial interposto
por BANCO DO BRASIL S/A, com fundamento no art. 105, III, a e c,
da Constituição Federal de 1988, contra acórdão proferido pelo
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assim ementado: *
INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS - IMPUGNAÇÃO AO
CUMPRIMENTO DO DECISUM - Os juros de mora, nas ações em
que são pleiteadas diferenças dos rendimentos das contas-
poupanças, são devidos a partir da citação na demanda coletiva
- Sucumbência recíproca - Inocorrência - a instituição financeira
arcará com a verba honorária advocatícia em 20% do valor da
condenação - Recurso provido * Em suas razões recursais (fls. 266-
273), aponta a parte recorrente ofensa ao disposto no art. 219 do
Código de Processo Civil. Sustenta que é descabida a incidência dos
juros de mora a partir da citação na ação civil pública. Contrarrazões
ao recurso especial às fls. 279-281. Crivo positivo de admissibilidade
na origem (fl. 283). É o relatório. DECIDO. 2. Não merece prosperar
a irresignação. 3. A Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça, em sessão realizada no dia 21/05/2014, em julgamento
de recursos representativos de controvérsia repetitiva (REsp
1.370.899/SP e REsp 1.361.800/SP), consolidou o entendimento
"Os juros de mora incidem a partir da citação do devedor na
fase de conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta se
fundar em responsabilidade contratual, se que haja
configuração da mora em momento anterior". (...) (STJ - REsp:
1387331 SP 2013/0167883-9, Relator: Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, Data de Publicação: DJ 10/12/2014) (destaquei)
Os juros remuneratórios e a correção monetária, vimbumbra-se incoerente,
uma vez que tratando-se de débito judicial, a incorporam-se sobre a atualização da
moeda todos os expurgos inflacionários, no caso, subsequentes ao reconhecido no
Plano Verão, pois esses independem de novo comando judicial consoante
demonstrado. Assim, são devidas essas correções sobre o montante devido.
Verifica-se, portanto, que a matéria relativa aos juros remuneratórios e a
correção monetária esteve presente no âmbito da ação de conhecimento que ora
se busca dar efetividade através da presente execução. Ademais, seja também
ressaltado que o pleito relativo à aplicação dos juros remuneratórios preenche todos
os requisitos relativos à sistemática legal dos pedidos em nosso ordenamento pátrio.
Desta forma, em primeiro lugar, temos que o pedido formulado nos moldes
acima é juridicamente possível. Temos também que o próprio pleito de aplicação da
correção monetária se relaciona à causa de pedir e é por ela delimitado, sendo,
assim, congruente e coerente com o que fora debatido ao longo da Ação Coletiva.
Tal correção, conforme vem entendendo os Tribunais do país, é devida, por se
tratar de direito adquirido através de um ato jurídico perfeito, garantido pelo artigo 5º,
XXXVI da Constituição Federal e definido pelo artigo 6º da Lei de Introdução ao
Código Civil de 1916:
DIREITO ECONOMICO. CADERNETA DE POUPANÇA.
ALTERAÇÃO DO CRITERIO DE ATUALIZAÇÃO. JUNHO/87.
DIREITO ADQUIRIDO DO DEPOSITANTE. PRECEDENTES.
RECURSO NÃO-CONHECIDO. I - A jurisprudência desta corte
orientou-se no sentido de que as regras relativas aos
rendimentos da poupança, resultantes das resoluções 1.336/87,
1.338/87 e 1.343/87, do Conselho Monetário Nacional, aplicam-se
aos períodos aquisitivos iniciados a partir do dia 17 de junho de
1987, de sorte a preservar o direito do depositante de ter
creditado o valor relativo ao IPC para corrigir os saldos em
contas cujo trintídio se iniciou antes dessa data. II - A retirada
do dinheiro antes de completados os trinta dias - e essa
consciência o poupador a tem também no momento da
celebração ou renovação da aplicação – importa apenas na
perda voluntária do direito ao rendimento, perda que, contudo,
decorre de atitude unilateral facultada contratualmente ao
investidor de não mais se dispor a cumprir a condição
suspensiva a que se deveria submeter para fazer jus a
contraprestação remuneratória ajustada. III - O que não se
admite, porém, é que, uma vez transcorrido o lapso temporal
exigível sem retiradas, cumprido portanto pelo poupador tudo o
que lhe incumbia, a instituição financeira venha a creditar o
rendimento com base em índice diverso do vigente à época da
contratação. IV – Eventuais alterações na política econômica,
decorrentes de planos governamentais, não afastam por si, a
legitimidade ad causam das partes envolvidas em contratos de
direito privado, inclusive as instituições financeiras que atuam
como agentes captadores. Existindo vínculo jurídico de índole
contratual entre as partes, a legitimidade não se arreda pela
simples circunstância de terem sido emitidas normas por
órgãos oficiais que possam afetar a relação entre os
contratantes. (REsp 77.709/MG, Rel. Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 13.05.1996,
DJ 10.06.1996 p. 20339)
Portanto, considerando-se que o direito adquirido é direito fundamental,
alcançado constitucionalmente, conforme disposto no artigo 5º, XXXVI, CF, bem como
na Lei de Introdução ao Código Civil, junto ao artigo 6º, §2º, faz jus o Autor à correção
monetária pelo índice pleiteado na peça inaugural.
Quanto à alegação de excesso de execução, não assiste razão ao Réu, vez
que este não trouxe elementos hábeis a desconstituir os cálculos apresentados pela
parte Autora. Neste sentido, salienta-se que cabia ao Réu/Impugnante o ônus de
comprovar a irregularidade no cálculo realizado, o que não foi verificado na espécie.
Ademais, verifica-se que tais cálculos foram elaborados em conformidade fixados na
sentença, sendo irrelevante a discussão acerca de métodos utilizados na elaboração
dos mesmos, uma vez que não compete mais a este juízo decidir o que já foi decidido
na Ação Civil Pública. Se a sentença diz que a parte tem direito, não precisa
absolutamente de decisão do juízo para discutir decisão já transitada em julgada.
Aliás, não só não precisa como este juízo NÃO DEVE decidir nada a respeito, pois já
foi decidido com força de coisa julgada material.
Além disso, resta nitidamente demonstrado, que a discussão do tema está
protegido sob o manto da coisa julgada, conduta que beira a má-fé processual por
parte da Instituição Financeira Ré, por caracterizar resistência injustificada ao
andamento do processo, bem como deduzir novo método de cálculo, diferente daquele
constante na sentença da ação civil pública.
Salienta-se ainda que, por coisa julgada material entende-se a eficácia, que
torna imutável e indiscutível a sentença para as partes litigantes (arts. 502 e seguintes,
do CPC/2015).
Na verdade, o juízo pode e deve decidir omissões, questões que não foram
expressas claramente na sentença coletiva, TÃO SOMENTE ISSO. O que não é o
caso dos autos.
Portanto, não há como negar que os valores são equivocadamente inferiores
ao que deveria ter sido homologado, na sentença exequenda, sendo, portanto, ilegal e
arbitrária tal decisão que homologou o cálculo da contadoria, devendo prevalecer o
cálculo apresentado pela parte Agravante de R$ R$ 116.600,34 (dois mil novecentos e
cinquenta e cinco reais e quarenta e quatro centavos)

DOS JUROS MORATÓRIOS

A parte Autora, ora agravante, ingressou com Ação de Cumprimento de


Sentença para reaver direito seu, em relação a valores do plano verão, conforme
demonstram os documentos acostados à inicial.
A parte Agravada alegou em sua Impugnação a ocorrência de excesso de
execução, aduzindo que os cálculos realizados não obedecem aos critérios definidos
na Ação Coletiva do IDEC, e, portanto, não devem ser convalidados pelo juízo.
Alegou em sua defesa, ainda, que os juros de mora devem incidir a partir da
intimação do Impugnante para o pagamento do débito, pois o título executivo advém
de uma Ação Civil Pública, e, por esta razão, não se saberia precisar os detentores do
direito protegido, razão pela qual demonstrar-se-ia incorreto o cômputo de juros
moratórios a partir da citação na Ação Coletiva.
Ao final, exibe um cálculo do valor que entende devido, o qual se apresenta
muito aquém do valor executado.
O Juiz “a quo” proferiu a sentença determinado a contagem do termo inicial dos
juros de mora a partir da citação do banco na ação de cumprimento de sentença.
No entanto, totalmente equivocada a decisão do Douto Magistrado, uma vez
que os juros de mora aplicados no cálculo apresentado pela parte Autora são
considerados a partir da citação da Ação Coletiva (21/05/1993) demonstram-se lícitos
e exigíveis, não merecendo qualquer reparo.
Isto porque, a sentença de procedência da Ação Civil Pública de natureza
condenatória, condenou o Banco Agravado a indenizar perdas decorrentes de Planos
Econômicos, estabelecendo limites da obrigação. No entanto, tal condenação nao
interfere na data do ínicio da incidência de juros moratórios, que correm a partir da
data da citação para a Ação Civil Pública.
Para fins de julgamento de Recurso Representativo de Controvérsia, declara-
se consolidada a tese seguinte: "Os juros de mora incidem a partir da citação do
devedor na fase de conhecimento da Ação Civil Pública, quando esta se fundar
em responsabilidade contratual, se que haja configuração da mora em momento
anterior." 4.- Recurso Especial improvido. (REsp 1361800/SP, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, Rel. p/ Acórdão Ministro SIDNEI BENETI, CORTE ESPECIAL, julgado em
21/05/2014, DJe 14/10/2014).
Nesse ínterim, vale reportar-se aos termos da peça inaugural que assim restou
disposta, no que se refere aos critérios do cálculo adotados:
- que os juros moratórios sejam computados a partir da
citação na Ação Coletiva (15/06/1993), quando da
constituição da mora, conforme determinação expressa do
artigo 219, caput, do CPC, no importe de 1% ao mês, na
forma do art. 406 do Código Civil, em consonância com o
disposto no art. 161, § 1º, do CTN.
Ou seja, adotaram-se os preceitos do Código Civilista para a definição dos
índices de juros a serem aplicados ao caso, cujo teor dos dispositivos legais invocados
segue abaixo:
a) Art. 397 do Código Civil:
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e
líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o
devedor.
b) Art. 405 do Código Civil:
Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação
inicial.
c) art. 406 do Código Civil:
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem
convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou
quando provierem de determinação da lei, serão fixados
segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do
pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
d) Art. 161 do Código Tributário Nacional:
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é
acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo
determinante da falta, sem prejuízo da imposição das
penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas
de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária.
§ 1º - Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de
mora são calculados à taxa de um por cento ao mês.
e) Art. 219 do Código de Processo Civil:
Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz
litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando
ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o
devedor e interrompe a prescrição.
Outrossim, em que pese a legislação federal por si só demonstrar a licitude
nos parâmetros adotados no cálculo elaborado, são uníssonas as decisões dos
Tribunais de Justiça do nosso país quanto ao ponto. Veja-se os seguintes exemplos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. CONTRATO DE CONTA POUPANÇA. TÍTULO
EXECUTIVO JUDICIAL. AÇÃO COLETIVA. ABRANGÊNCIA
NACIONAL DA DECISÃO. DOMICÍLIO DO AUTOR.
COMPETENTE. LEGITIMIDADE. A decisão proferida nos autos
da ação civil pública nº 16.798-9/98 constitui título judicial hábil
a embasar execuções individuais em todo o território nacional,
já que a abrangência nacional do julgado restou reconhecida
na própria decisão. Portanto, eventual decisão em sentido
contrário representaria ofensa à coisa julgada material. Além
disso, tratando-se de cumprimento de sentença proferida em
Ação Coletiva, possível seu ajuizamento no foro de domicílio
do consumidor, mesmo que distinto do foro do órgão prolator
da sentença, em atenção ao disposto no artigo 101, I, do CDC.
SOBRESTAMENTO. As decisões proferidas no STF, nos autos
dos Recursos Extraordinários nº 626307 e nº 591797,
determinam a suspensão dos julgamentos de mérito relativos
aos expurgos inflacionários advindos do Plano Bresser, Plano
Verão, Plano Collor I e poupança Collor II. LIQUIDAÇÃO
PRÉVIA PARA INGRESSAR COM A PRETENSÃO
EXECUTIVA. DESNECESSIDADE. É desnecessária a
realização de liquidação de sentença, tendo em vista que, com
base nos comandos da sentença e os extratos da conta
poupança, é possível efetuar o cálculo do valor da condenação
e requerer seu cumprimento. EXCESSO DE EXECUÇÃO.
JUROS MORATÓRIOS. Não há excesso de execução, tendo
em vista que os juros moratórios são decorrentes do não
cumprimento integral da obrigação, motivo pelo qual deve
incidir no percentual de 1% ao mês, a contar da citação da
ação civil pública, nos termos do art. 406 do Código Civil,
c/c art. 161, § 1º do Código Tributário Nacional. AGRAVO
DESPROVIDO. (Agravo de Instrumento n. 70050023357,
Vigésima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Jorge Maraschin dos Santos, Julgado em 26.09.2012)
(destaquei)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. EXCESSO DE
EXECUÇÃO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
AFASTADO. O excesso de execução não foi corretamente
fundamentado no recurso, pois a parte agravante não
demonstrou as irregularidades do cálculo, e, tampouco,
referiu quais os índices entende como corretos. Ademais, é
possível aferir que a instituição financeira formulou seus
argumentos de forma genérica, sem comprovar a
existência do referido excesso, deixando de apontar onde
se encontraria o erro do cálculo realizado pela parte
agravada, restando em confronto ao art. 475-L, §2º, do
CPC. EXECUÇÃO INDIVIDUAL. PRESCRIÇÃO. AFASTADA.
O beneficiário da ação coletiva tem o prazo de cinco anos para
ajuizar execução individual, contados a partir do trânsito em
julgado da sentença, e o prazo de vinte anos para o
ajuizamento da ação de conhecimento individual, contados dos
pagamentos a menor da correção monetária exigida em função
de planos econômicos. CADERNETAS DE poupança.
CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS REMUNERATÓRIOS.
PRESCRIÇÃO. AFASTADA. Aplica-se o prazo de vinte anos
para a prescrição das ações que discutem os critérios de
remuneração das cadernetas de poupança, inclusive no que se
refere aos juros remuneratórios e correção monetária
incidentes, conforme previsto nos artigos 177 do Código Civil
de 1916 e 2.028 do Código Civil de 2002. JUROS
MORATÓRIOS. Os juros moratórios são decorrentes do
não cumprimento integral da obrigação, motivo pelo qual
deve incidir no percentual de 1% ao mês, a contar da
citação da ação civil pública, nos termos do art. 406 do
Código Civil, c/c art. 161, § 1º do Código Tributário
Nacional. SOBRESTAMENTO. As decisões proferidas no STF,
nos autos dos Recursos Extraordinários nº 626.307, nº 591.797
e nº 754.745, determinam a suspensão dos julgamentos de
mérito relativos aos expurgos inflacionários advindos do Plano
Bresser, Plano Verão, Plano Collor I e Plano Collor II. Contudo,
excepcionaram da suspensão os recursos que estiverem em
sede de execução ou na fase de instrução, o que é o caso.
AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (Agravo de
Instrumento n. 70050019991, Vigésima Quarta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Maraschin dos
Santos, Julgado em 26.09.2012) (destaquei)
ILEGITIMIDADE ATIVA. PREFACIAL RECHAÇADA.
DESNECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DE VÍNCULO
ASSOCIATIVO DO POUPADOR/EXEQUENTE COM O
INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR -
IDEC, ÓRGÃO QUE PROMOVEU A AÇÃO COLETIVA.
INCIDÊNCIA DAS NORMAS PROTETIVAS DE CONSUMO
QUE ALCANÇA TODOS OS LESADOS COM A CONDUTA DA
FINANCEIRA AGRAVANTE. ILETIMIDADE PASSIVA AD
CAUSAM. REJEIÇÃO. AGRAVANTE QUE, NA QUALIDADE
DE SUCESSORA DO BANCO BAMERINDUS, É PARTE
LEGÍTIMA PARA FIGURAR NO POLO PASSIVO DA
DEMANDA. QUANTUM DEBEATUR A SER AFERIDO POR
SIMPLES CÁLCULO ARITMÉTICO. EXEGESE DO ART. 475-
B DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. FEITO QUE NÃO
NECESSITA DE LIQUIDAÇÃO. DISCUSSÃO SOBRE O
MARCO PARA O CÔMPUTO DOS JUROS DE MORA NA
APURAÇÃO DO MONTANTE DEVIDO. INCIDÊNCIA QUE
DEVE TER INÍCIO COM A CITAÇÃO DO AGENTE
FINANCEIRO RÉU NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA COLETIVA.
PRECEDENTES DESTA CORTE. MANUTENÇÃO. "[...] nas
ações em que são pleiteadas diferenças de rendimentos
das contas de poupança, são devidos a partir da citação"
(AgRg no Resp n. 1050731/SP, rel. Min. João Otávio de
Noronha, DJe 1-7-2010). (destaquei)
Com efeito, perceba-se Excelência que a parte Agravada não apresenta nos
autos qualquer fundamentação ou impugnação específica ao ponto capaz de
compadecer do entendimento desse Nobre Julgador, já que essa matéria encontra-
se pacificada no sentido de que os juros moratórios são devidos a partir da
citação da Ação Coletiva, pois esta visou resguardar direitos violados dos
consumidores que mantinham conta poupança junto a Instituição Financeira
Embargada naquele determinado período.
Nesse diapasão, importante reportar-se ao entendimento consolidado no
Agravo de Instrumento n. 2013.064686-8, julgado pela Câmara Especial Regional de
Chapecó/SC, em 29.11.2013, tendo como relator o Desembargador Artur Jenichen
Filho:
Reconhecido o direito dos poupadores abrangidos pela decisão
em execução, o pedido de cumprimento de sentença o
materializa, de forma que a demonstração de interesse da
parte na obtenção do resultado alcançado com o
julgamento da ação coletiva apenas se concretiza com o
efetivo ingresso do pedido de cumprimento de sentença
em juízo.
Nesse viés, a partir da citação na ação civil pública é que
passa a incidir os juros de mora referentes ao
inadimplemento da obrigação, em virtude de ser o
momento em que a própria parte devedora passou a saber
da pretensão reparatória pretendida pelo poupador.
(destaquei)
Por conseguinte, desde o momento do recebimento da citação da Ação
Coletiva, em 15.06.1993, a Agravada passou a ser conhecedor da obrigação de pagar
o reajuste vindicado a todos os consumidores que mantinham conta poupança no
período sub judice.
Dessa forma, reconhecer que a obrigação de ressarcir os poupadores
somente se fez exigível a partir do momento da citação da ação de cumprimento
ou liquidação do julgado, seria beneficiar o Banco de sua própria torpeza.
Assim, os juros de mora aplicados no cálculo e considerados a partir da
citação da Ação Coletiva do IDEC demonstram-se lícitos e exigíveis, não merecendo
qualquer reparo.
Portanto, a decisão colacionada nos autos pela Agravada, referindo que os
juros de mora são devidos a partir da intimação do executado para a realização do
pagamento, compõe o entendimento de uma única Turma do STJ, que restou
superado, mediante o julgamento do REsp. 1.370.899/SP, tornando pacífico o
entendimento de que os juros moratórios são devidos a partir da citação da Ação
Coletiva, pois esta visou resguardar direitos violados dos consumidores que
mantinham conta poupança junto a Instituição Financeira Embargada naquele
determinado período.
De outra banda, da mesma forma que juros moratórios estão aplicados de
forma lícita e transparente, os critérios de cálculo adotados são plenamente confiáveis,
pois obedeceram os parâmetros definidos pelo título executivo judicial, integralmente
acolhido pela jurisprudência, conforme se percebe pelas decisões judiciais que ora se
amostra:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NEGÓCIOS JURÍDICOS
BANCÁRIOS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. AÇÃO DE
COBRANÇA. ERRO NO JULGAMENTO. Havendo manifesto
equívoco no julgamento do recurso de apelação, possível o
acolhimento dos embargos declaratórios com efeito infringente,
em caráter excepcional. PRINCÍPIOS DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
Não se vislumbra violação aos princípios constitucionais
invocados, tendo sido, à parte demandada, oportunizada vista
e manifestação de todos os atos processuais adotados. Além
do mais, o próprio réu afirmou ser desnecessária a
apresentação de outros documentos, rechaçando, por vez, a
tese de violação da ampla defesa. REPERCUSSÃO GERAL.
Descabido o sobrestamento do presente recurso, eis que o
comando proferido pelo Supremo Tribunal Federal não o
alcança. Ausência de discussão do direito de poupador aos
expurgos inflacionários, mas apenas em relação a consectário
desse reconhecimento, já trânsito em julgado pela ausência de
irresignação a respeito. Apelação regularmente apreciada.
PRESCRIÇÃO. Sendo certo que se trata de ação de cunho
pessoal, na qual impugnados os critérios de correção aplicados
sobre saldos de poupança, aplicável, inclusive quanto aos juros
remuneratórios, o prazo vintenário previsto no artigo 177 do
Código Civil/1916. Além disso, descabida a incidência do
disposto no artigo 27 do Código de Defesa do Consumidor,
porquanto, em que pese haja relação de consumo estabelecida
entre as partes, não se trata de ação de reparação de danos,
mas de repetição de indébito. CRITÉRIOS DE CÁLCULO. Os
critérios de atualização dos valores que deveriam ter sido
depositados, à época dos planos econômicos, devem nortear-
se pelos vetores de remuneração próprios das cadernetas de
poupança, o que abarca juros remuneratórios e correção
monetária. Viabilidade da repercussão dos juros
remuneratórios, desde a data em que houve o expurgo até o
adimplemento das diferenças, e juros de mora, à razão de 1%
ao mês, contados a partir da citação. SIMULADOR DE
CÁLCULO. Os cálculos da condenação devem ser feitos na
ferramenta-simulador no site do TJ/RS, uma vez que tal
sistema foi desenvolvido por técnicos do Poder Judiciário
especialmente para tal desiderato. Confiabilidade da
ferramenta. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
Redimensionamento da verba. ACOLHERAM OS EMBARGOS
DECLARATÓRIOS COM EFEITO INFRINGENTE E DERAM
PARCIAL PROVIMENTO AO APELO DO RÉU. UNÂNIME.
(Embargos de Declaração n. 70042154369, Primeira Câmara
Especial Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura
Louzada Jaccottet, Julgado em 03.05.2011) – Grifou-se.
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS.
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. POUPANÇA. EMBARGOS À
EXECUÇÃO. Não há afronta à coisa julgada quando
observados os parâmetros fixados na decisão em
cumprimento. A ferramenta disponibilizada pelo site do
Tribunal de Justiça foi elaborada de acordo com o
entendimento jurisprudencial deste Tribunal, aplicando os
juros moratórios de acordo com a legislação correlata, a
qual coaduna-se com o decisum em cumprimento.
Ademais, os juros de mora, devidos independente de
pedido expresso, em ações ajuizadas já na vigência do
novo Código Civil, são devidos no percentual de 1% ao
mês, nos termos dos artigos 406 do Código Civil c/c art.
161, § 1º do Código Tributário Nacional, a partir da citação,
forte nos artigos 405 do Código Civil e 219 do Código de
Processo Civil. No que se refere à correção monetária, a
jurisprudência é pacífica em reconhecer que, nos meses de
março, abril e maio de 1990 e no mês de fevereiro de 1991,
aplica-se o IPC como índice de atualização das diferenças
da correção monetária dos saldos das cadernetas de
poupança. Precedente do STJ. NEGADO PROVIMENTO AO
RECURSO. (Apelação Cível n. 70050280734, 23ª Câmara
Cível do TJRS, Rel. Breno Beutler Junior. Julgado em
11.09.2012) (destaquei)
Destarte, não merece procedência as alegações do Banco Embargado,
tampouco o entendimento proferido na sentença em apreço, uma vez que o cômputo
dos juros moratórios deverá incidir desde a citação da Ação Coletiva, ocorrida em
15.06.1993.
Logo, os valores utilizados como base de cálculo para a incidência dos juros
moratórios estão sendo eleitos de forma errônea, inexistindo assim, excesso de
execução.

DA NECESSIDADE DE PROVER-SE EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO

Preenchimento os requisites do artigo 1.019, inciso I, do nCPC

As questões destacadas no presente recurso de Agravo de Instrumento são de


gravidade extremada e reclama, sem sombra de dúvidas, a suspensão do processo ou
concessão da tutela recursal (CPC, art. 1.019, inc. I).
Demonstrado, pois, o preenchimento do requisito do “risco de lesão grave e de
difícil reparação” e da “fundamentação relevante”, há de ser concedido efeito ao
recurso em liça.
Ademais, além da “fundamentação relevante”, devidamente fixada
anteriormente, a peça recursal preenche o requisito do “risco de lesão grave e difícil
reparação”, uma vez que a suspensão da ação de cumprimento de sentença por 24
meses é totalmente desacertada e afronta princípios e regras constitucionais e legais
E NÃO FAZ JUSTIÇA AO AGRAVANTE que é a parte mais lesada até o presente
momento.
Como consequência, pede-se, tutela de maneira a suspender os efeitos da
decisão interlocutória guerreada (NCPC, art. 1.019, inc. I), conferindo-se efeito
suspensivo presente recurso.

DOS PEDIDOS

Portanto Excelências, a agravante requer:


a) A concessão do efeito suspensivo ao presente agravo de instrumento, pelos
motivos acima exposto, sejam revogadas para evitar prejuízos irreparáveis a parte
agravante;
b) A intimação do agravado para, querendo, no prazo legal, apresentar
contrarrazões;
c) Ao final, requer o provimento do presente agravo para cassar a decisão,
determinando o regular prosseguimento do feito.

Nesses termos,
Pede deferimento.

Rio de janeiro/RJ, 16 de outubro de 2018.

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/RJ 136.516

Você também pode gostar