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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO(A) 7ª TURMA RECURSAL - 2º

JUIZ RELATOR (RJ)

NÚMERO: 5012579-17.2023.4.02.5101
RECORRENTE(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
RECORRIDO(S): TANIA BASTOS DE MORAES

A PARTE RECORRIDA, já qualificado(a) nos autos da ação em epígrafe, que


move contra INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, vem
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas
CONTRARRAZÕES ao Recurso Extraordinário interposto, cujas razões seguem em
anexo e fazem parte da peça processual. Assim, por próprio e tempestivo, requer-se
que seja mantida a r. decisão.

Nesses termos,
Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 2023.


EVANDRO JOSÉ LAGO
OAB/RJ 136516
CONTRARRAZÕES AO RECURSO ESPECIAL

Nobre Ministros

Não procede o apelo do recorrente.


Não há qualquer reparo a ser feito na r. decisão.

PRELIMINARMENTE

O Recurso Extraordinário não deve ser conhecido, pois há falta de


prequestionamento da matéria alegada.
Ainda, também não merece conhecimento Recurso Extraordinário para
reexame do conjunto fático-probatório dos autos.
Diante do exposto, requer-se que o recurso não seja conhecido.

DA INOVAÇÃO RECURSAL

O Recurso Extraordinário tem como fundamento violação aos artigos 2º, 5º,
caput, 61, § 1º, ii, da CF/88, bem como à interpretação feita pelo STF sobre o art. 40,
§§ 4º e 8º da CF/88 nos seus temas nº 983 e 1.082 da repercussão geral e à súmula
vinculante nº 37 do STF.
Ocorre que essa matéria esta sendo trazida aos autos somente em sede de
Recurso Extraordinário.
Em nenhum momento das peças oferecidas pelo Recorrente, foi alegado à
suposta violação aos artigos 2º, 5º, caput, 61, § 1º, ii, da CF/88.
Assim sendo, requer-se que o recurso não seja conhecido por inovação
recursal.

DO MÉRITO

O Recurso Extraordinário tem como fundamento violação aos artigos 2º, 5º,
caput, 61, § 1º, ii, da CF/88, bem como à interpretação feita pelo STF sobre o art. 40,
§§ 4º e 8º da CF/88 nos seus temas nº 983 e 1.082 da repercussão geral e à súmula
vinculante nº 37 do STF.
Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra decisão que rejeitou os
Embargos de Declaração nos seguintes termos: “CONHECER DOS EMBARGOS
DE DECLARAÇÃO, MAS NEGO-LHES PROVIMENTO, devendo ser mantido o
acórdão impugnado. A presente decisão foi REFERENDADA pelos demais
integrantes da 7ª Turma Recursal, conforme artigo 7º, IX, alínea b, do Regimento

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Interno das Turmas Recursais da 2ª Região (Resolução nº TRF2-RSP-2019/00003,
de 8 de fevereiro de 2019).”
Faz-se necessário destacar, que a ora parte Autora goza da condição de
servidor aposentado/pensionista cujos proventos de aposentadoria foram instituídos
à luz de fundamento constitucional garantidor da paridade remuneratória com os
servidores ativos, assistindo-lhes, por tal razão, o direito à extensão de todo e
qualquer benefício ou vantagem que venha a ser concedida em caráter geral aos
servidores em atividade.
A partir do ano de 2004, a ora parte Autora passou a receber o pagamento
da Gratificação de Desempenho de Atividades do Seguro Social – GDASS: criada
pela Lei nº 10.855, de 1º-04-2004, com previsão de pagamento aos servidores
optantes pela nova Carreira do Seguro Social (resultante da reestruturação da
Carreira Previdenciária), com a vedação de que fosse ela estendida na mesma
proporção paga aos servidores ativos, em evidente afronta ao princípio da paridade
insculpido no Texto da Lei Maior.
Como é consabido, o tema do pagamento paritário das gratificações de
desempenho foi debatido no âmbito da Egrégia Corte Suprema há mais de uma
década, estando consolidado o entendimento de que assiste aos servidores
aposentados e pensionistas – desde que contemplados com a garantia da paridade
com os servidores ativos – o direito ao recebimento da vantagem no mesmo
patamar percebido pelos ativos, uma vez configurado o necessário caráter geral.
Para o Egrégio Supremo Tribunal Federal, esse caráter geral é identificado no
pagamento de um patamar mínimo aos servidores ativos, sem que para tal concorra
qualquer exigência e/ou condição. Foi sob essa interpretação que se decidiu por
estender a inativos e pensionistas o direito ao pagamento paritário de inúmeras
gratificações, até a homologação dos resultados do primeiro ciclo de avaliações
de desempenho individual (Tema 983/STF).
No tocante ao regramento da GDASS, segundo a definição originária do art.
11, § 1º, da Lei nº 10.855/2004, o seu pagamento obedecia ao limite máximo de 100
(cem) pontos e mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor, sendo 20 (vinte) pontos
aferíveis em função da avaliação individual e os 80 (oitenta) pontos restantes em
função da avaliação institucional. Até a edição da Lei nº 11.501, de 11-07-2007, a
distribuição da pontuação da GDASS se dava na proporção de 40% por conta da
avaliação de desempenho institucional e 60% a título de avaliação de desempenho
individual, sendo que, a partir da edição desta Lei, a regra prevista no art. 11 da Lei
nº 10.855/2004, passou a ter a seguinte redação:
Art. 11. Fica instituída a Gratificação de Desempenho de
Atividade do Seguro Social - GDASS, devida aos integrantes da
Carreira do Seguro Social, em função do desempenho
institucional e individual. (Redação dada pela Lei nº 11.501, de
2007)
§ 1º A GDASS será paga observado o limite máximo de 100 (cem)
pontos e o mínimo de 30 (trinta) pontos por servidor, correspondendo
cada ponto, em seus respectivos níveis e classes, ao valor
estabelecido no Anexo VI desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11.501, de 2007)
§ 2º A pontuação referente à GDASS será assim distribuída:
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)

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I - até 20 (vinte) pontos serão atribuídos em função dos
resultados obtidos na avaliação de desempenho individual; e
(incluído pela Lei nº 11.501, de 2007)
II - até 80 (oitenta) pontos serão atribuídos em função dos
resultados obtidos na avaliação de
desempenho institucional. (Incluído pela Lei nº 11.501, de 2007)
(Grifou-se)
Entretanto, os servidores ativos, que até pelo menos outubro de 2009, não
haviam se submetido a processo de avaliação jamais perceberam limite inferior ao
previsto para a parcela institucional por último fixada em 80 (oitenta) pontos, sendo
essa a razão pela qual, aliás, entendeu o E. Supremo Tribunal Federal por
reconhecer, nesse pagamento mínimo incondicional, o caráter geral necessário a
que se estendesse idêntica pontuação a inativos e pensionistas, até a homologação
dos resultados do primeiro ciclo de avaliações individual.
Além disso, mesmo diante do processamento do processo avaliativo,
oficializado, no âmbito do INSS, a partir de outubro de 2009, seria possível defender
o direito ao pagamento paritário da GDASS no patamar mínimo de 80 (oitenta)
pontos, embora não seja esse o mote da presente ação, na medida em que a
invariabilidade do pagamento desse montante mínimo aos servidores ativos durante
anos deixou antever que, em realidade, o único diferencial entre ativos e
inativos/pensionistas residiu, de fato, na avaliação individual: os servidores ativos do
INSS jamais perceberam a GDASS no limite mínimo de 30 (trinta) pontos previsto no
art. 11, § 1º, da Lei nº 10.855/2004 (redação da Lei nº 11.501/2007), simplesmente
porque sempre lhes foi garantido o pagamento do patamar mínimo institucional.
Nesse contexto, com a edição da Lei nº 10.855/2004, que veio a instituir, a
aqui debatida GDASS, foi mantida a regra de incorporação que também previa,
inicialmente, a possibilidade de incorporação pela média, conforme redação
originária do seu art. 16:
Art. 16. A GDASS integrará os proventos da aposentadoria e
das pensões, de acordo com: I - a média dos valores recebidos
nos últimos 60 (sessenta) meses; ou
II - o valor correspondente a 30% (trinta por cento) do valor
máximo a que o servidor faria jus na atividade, quando
percebida por período inferior a 60 (sessenta) meses.
§ 1º Às aposentadorias e às pensões concedidas até a vigência
da Medida Provisória no 146, de 2003, aplica-se o disposto no
inciso II do caput deste artigo.
Essa redação, porém, perdurou tão somente até a edição da Lei nº 11.501,
de 11-07-2007, ou seja, antes que fosse possível o alcance de uma média
razoável de pagamento da vantagem. Eis a nova redação dada ao art. 16, in
verbis:
Art. 16. A GDASS integrará os proventos da aposentadoria e
das pensões, de acordo com:
I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até
19 de fevereiro de 2004, a gratificação será correspondente a 30
(trinta) pontos do valor máximo do respectivo níve l, classe e
padrão; (Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
II - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas

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após 19 de fevereiro de 2004:
(Redação dada pela Lei nº 11.501, de 2007)
a) quando o servidor que deu origem à aposentadoria ou à
pensão enquadrar -se no disposto nos arts. 3º e 6º da Emenda
Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art. 3º da
Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-á o
valor de pontos constante do inciso I do caput deste artigo; (Incluído
pela Lei nº 11.501, de 2007)
b) aos demais aplicar-se-á, para fins de cálculo das
aposentadorias e pensões, o disposto na Lei no 10.887, de 18 de
junho de 2004. (Incluído pela Lei nº 11.501, de 2007)
Depois, com a edição da Lei nº 11.907, de 02-02-2009, foram estatuídos
novos patamares mínimos aos inativos, conforme a redação dada ao art. 16, in
verbis:
Art. 16. A GDASS integrará os proventos da aposentadoria e
das pensões, de acordo com:
I - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas
até 19 de fevereiro de 2004, a gratificação a que se refere o caput
deste artigo será paga aos aposentados e pensionistas: (Redação
dada pela Lei nº 11.907, de 2009)
a) a partir de 1o de julho de 2008, em valor correspondente a 40
(quarenta) pontos; e (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
b) a partir de 1o de julho de 2009, em valor correspondente a 50
(cinqüenta) pontos. (Incluído pela Lei nº 11.907, de 2009)
II - para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas
após 19 de fevereiro de 2004: (Redação dada pela Lei nº 11.501,
de 2007) (...) (destaque nosso)
Para os servidores ativos, no entanto, sempre foi assegurado o patamar
mínimo institucional de 80 (oitenta) pontos. E aos inativos e pensionistas se
garantiu, sob esse regramento, o direito de perceber esse mesmo mínimo
institucional.
Nesse cenário, independentemente da data ou fundamento que houvesse
ensejado a aposentadoria dos servidores, desde que sob o fundamento
constitucional garantidor da paridade com os ativos, os servidores foram submetidos
a idêntico tratamento: todos, sem exceção, tiveram reconhecido o direito ao
pagamento paritário da GDASS exatamente no mesmo patamar mínimo
institucional até então alcançado aos servidores ativos – os 80 (oitenta) pontos
(Tema 983/STF).
O limite mínimo de 30 (trinta) pontos previsto no art. 11, § 1º, da Lei nº
10.855/2004 (redação da Lei nº 11.501/2007), repise-se, jamais foi aplicado no
pagamento da GDASS, simplesmente porque nenhum servidor ativo percebeu limite
inferior ao patamar institucional de 80 (oitenta) pontos.
Os servidores inativos e pensionistas, por sua vez, que tinham limitado o
pagamento da GDASS aos patamares de 40 (quarenta) entre 1º-07-2008 e 30-06-
2009 e 50 (cinquenta) pontos a partir de 1º-07-2009, tiveram reconhecido, por
construção jurisprudencial, o direito à percepção desse mesmo patamar mínimo
institucional alcançado aos servidores ativos (80 pontos), até a homologação dos
resultados do primeiro ciclo de avaliação de desempenho individual.
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Houve, nesse caso, uma justa recomposição do pagamento da vantagem,
atribuindo-se aos inativos e pensionistas o direito ao recebimento paritário da
GDASS durante o período em que deteve esse caráter geral.
Com a edição da Lei nº 13.324, de 29-07-2016, todavia, houve o
estabelecimento de um novo patamar mínimo de pagamento da GDASS, agora
alçado ao limite mínimo de 70 (setenta) pontos, que até então, como se viu, vinha
fixado em 30 (trinta) pontos, do que se conclui que, para os servidores ativos, a
vantagem passou a deter caráter geral até esse novo patamar de pagamento
mínimo. É o que se vê da nova redação dada ao § 1º do art. 11 da Lei nº
10.855/2004:
Art. 11. Fica instituída a Gratificação de Desempenho de
Atividade do Seguro Social - GDASS, devida aos integrantes da
Carreira do Seguro Social, quando em exercício de atividades
inerentes às atribuições do respectivo cargo no INSS, em função
do desempenho institucional e individual. (Redação dada pela
Lei nº 12.702, de 2012)
§ 1o A GDASS será paga observado o limite máximo de cem
pontos e o mínimo de setenta
pontos por servidor, correspondendo cada ponto, nos
respectivos níveis e classes, ao valor estabelecido no Anexo VI.
(Redação dada pela Lei nº 13.324, de 2016) (Grifou-se)
A redação do aludido dispositivo não foi alterada quanto ao mais, do que
resulta que, dos 80 (oitenta) pontos previstos para a parcela institucional, pelo
menos 70 (setenta) pontos estão assegurados nesse novo limite mínimo, na
medida em que a parcela individual, fixada em 20 (vinte) pontos, depende, de fato,
da aferição do desempenho individual de cada servidor;
Sob tal concepção, é possível afirmar, no contexto da construção
jurisprudencial a respeito do tema da paridade, que a GDASS passou a ter caráter
geral até o limite mínimo de 70 (setenta) pontos, no que extensível em idêntica
proporção, aos servidores inativos, cujo provento foi instituído sob fundamento
constitucional garantidor da paridade remuneratória com os ativos. E os efeitos
financeiros devem ser fixados a partir de 1º-08-2015, conforme disposição expressa
do art. 98 do citado diploma legal:
Art. 98. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação,
produzindo feitos a partir de 1 o de agosto de 2015, ou, se
posterior, a partir da data de sua publicação, nas hipóteses em
que não estiver especificada outra data no corpo desta Lei ou
em seus Anexos. (Grifou-se)
Daí a motivação para o ingresso da presente ação, a fim de que seja
assegurado à ora parte Autora o direito ao recebimento paritário da GDASS, no
patamar mínimo de 70 (setenta) pontos, a partir de 1º-08-2015, senão vejamos.

Da garantia constitucional à paridade.


Do direito à incorporação de verba de natureza geral aos proventos.

Considerando o disposto na Lei nº 10.855/2004, conforme as alterações


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promovidas pela Lei nº 13.324/2016, verifica-se que os servidores públicos
federais aposentados integrantes da Carreira do Seguro Social, no âmbito do
Instituto Nacional do Seguro Social, e respectivos pensionistas têm direito à
incorporação da GDASS aos proventos e pensões, no patamar mínimo de 70
(setenta) pontos, desde 1º de agosto de 2015, por se tratar de verba de natureza
geral, devida a todos indistintamente.
O Texto Constitucional de 1988, já na sua redação original, trouxe para o
ordenamento jurídico pátrio, no tocante às relações com a Administração Pública,
norma que tornava isonômica a situação entre aposentados, pensionistas e
servidores em atividade. A paridade, tornada obrigatória entre os vencimentos de
servidores ocupantes dos cargos públicos e os proventos dos aposentados e
pensionistas, estava disposta no art. 40, §§ 4º e 5º nos seguintes termos:
Art. 40 (...)
§ 4º Os proventos da aposentadoria serão revistos, na mesma
proporção e na mesma data, sempre que se modificar a
remuneração dos servidores em atividade, sendo também
estendidos aos inativos quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos aos servidores em atividade,
inclusive quando decorrentes da transformação ou
reclassificação do cargo ou função em que se deu a
aposentadoria, na forma da lei.
§ 5º O benefício da pensão por morte corresponderá à
totalidade dos vencimentos ou proventos do servidor falecido,
até o limite estabelecido em lei, observado o disposto no
parágrafo anterior. (Grifos nossos).
A regra inovadora da Carta de 1988, em face do Texto Constitucional de
1969 que estendia aos proventos apenas os reajustes concedidos aos
vencimentos, não sofreu modificação pela Emenda Constitucional nº 20/98,
sendo-lhe apenas emprestada uma nova redação, consoante se vê dos §§ 7º e 8º
do art. 40 da Constituição, in litteris:
Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previd
ência de caráter contributivo, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste
artigo.
(...)
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício da pensão por
morte, que será igual ao valor dos proventos do servidor
falecido ou ao valor dos proventos a que teria direito o
servidor em atividade na data de seu falecimento, observado o
disposto no § 3º.;
§ 8º Observado o disposto no artigo 37, XI, os proventos de
aposentadoria e as pensões serão
revistos na mesma proporção e na mesma data, sempre que se
modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo
também estendidos aos aposentados e aos pensionistas
quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos
aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da
transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu

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a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da
pensão, na forma da lei. (...) (Grifos nossos)
Não obstante a Emenda Constitucional nº 41, de 19/12/2003, tenha
alterado a redação dos dispositivos constitucionais acima transcritos (art. 40, §§ 7º
e 8º), fez constar, em seu arts. 3º, 6º, 6º-A (incluído pela Emenda Constitucional
nº 70/2012) e 7º, regra garantidora da isonomia vencimental entre os servidores
ativos, aposentados e pensionistas, dispondo:
Art. 3º É assegurada a concessão, a qualquer tempo, de
aposentadoria aos servidores públicos, bem como pensão aos
seus dependentes, que, até a data de publicação desta Emenda,
tenham cumprido todos os requisitos para obtenção desses
benefícios, com base nos critérios da legislação então vigente.
§ 1º O servidor de que trata este artigo que opte por permanecer
em atividade tendo completado as exigências para
aposentadoria voluntária e que conte com, no mínimo, vinte e
cinco anos de contribuição, se mulher, ou trinta anos de
contribuição, se homem, fará jus a um abono depermanência
equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até
completar as exigências para aposentadoria compulsória
contidas no art. 40, § 1º, II, da Constituição Federal.
§ 2º Os proventos da aposentadoria a ser concedida aos
servidores públicos referidos no caput,
em termos integrais ou proporcionais ao tempo de contribuição
j á exercido até a data de publicação desta Emenda, bem como
as pensões de seus dependentes, serão calculados de acordo
com a legislação em vigor à época em que foram atendidos os
requisitos nela estabelecidos para a concessão desses
benefícios ou nas condiç ões da legislação vigente.
(...)
Art. 6º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas
normas estabelecidas pelo art. 40 da Constituição Federal ou
pelas regras estabelecidas pelo art. 2º desta Emenda, o servidor
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no
serviço público até a data de publicação desta Emenda poderá
aposentar -se com proventos integrais, que corresponderão à
totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que
se der a aposentadoria, na forma da lei, quando, observadas as
reduções de idade e tempo de contribuição contidas no § 5º do
art. 40 da Constituição Federal, vier a preencher,
cumulativamente, as seguintes condições:
I - sessenta anos de idade, se homem, e cinqüenta e cinco
anos de idade, se mulher;
II - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos
de contribuição, se mulher; III - vinte anos de efetivo exercício no
serviço público; e
IV - dez anos de carreira e cinco anos de efetivo exercício no
cargo em que se der a aposentadoria.
Parágrafo único. Os proventos das aposentadorias concedidas
conforme este artigo serão revistos na mesma proporção e na

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mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos
servidores em atividade, na forma da lei, observado o
disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal. (Revogado
pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)
Art. 6º-A. O servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que
tenha ingressado no serviço público até a data de publicação
desta Emenda Constitucional e que tenha se aposentado ou
venha a se aposentar por invalidez permanente, com
fundamento no inciso I do § 1º do art. 40 da Constituição Federal
, tem direito a proventos de aposentadoria calculados com base
na remuneração do cargo efetivo em que se der a
aposentadoria, na forma da lei, não sendo aplicáveis as
disposições constantes dos §§ 3º, 8º e 17 do art. 40 da
Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
70, de 2012) Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos
de aposentadorias concedidas com base no caput o disposto no
art. 7º desta Emenda Constitucional, observando-se igual
critério de revisão às pensões derivadas dos proventos desses
servidores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 70, de
2012)
Art. 7º Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição
Federal, os proventos de aposentadoria dos servidores
públicos titulares de cargo efetivo e as pensões dos seus
dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição
na data de publicação desta Eme nda, bem como os proventos
de aposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes
abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serão revistos na mesma
proporção e na mesma data, sempre que se modificar a
remuneração dos servidores em atividade, sendo também
estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer
benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos
servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da
transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se
deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a
concessão da pensão, na forma da lei. (Grifos nossos).
A garantia da paridade também está atualmente assegurada nos arts. 2º e 3º,
§ único, da Emenda Constitucional nº 47, de 05/07/2005, in verbis:
Art. 2º Aplica-se aos proventos de aposentadorias dos
servidores públicos que se aposentarem na forma do caput do
art. 6º da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, o disposto no
art. 7º da mesma Emenda.
Art. 3º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas
normas estabelecidas pelo art. 40 da Constituição Federal ou
pelas regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da Emenda
Constitucional nº 41, de 2003, o servidor da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas
autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço
público até 16 de dezembro de 1998 poderá aposentar-se com
proventos integrais, desde que preencha, cumulativamente, as
seguintes condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos

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de contribuição, se mulher;
II - vinte e cinco anos de efetivo exercício no serviço público,
quinze anos de carreira e cinco anos no cargo em que se der a
aposentadoria;
III - idade mínima resultante da redução, relativamente aos
limites do art. 40, § 1º, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal,
de um ano de idade para cada ano de contribuição que exceder a
condição prevista no inciso I do caput deste artigo.
Parágrafo único. Aplica-se ao valor dos proventos de
aposentadorias concedidas com base neste
artigo o disposto no art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de
2003, observando-se igual critério de revisão às pensões
derivadas dos proventos de servidores falecidos que tenham
se aposentado em conformidade com este artigo. (Grifos
nossos).
Deve ser destacado ainda que, em consonância com o que já definia a
original redação do art. 40, §§ 4o e 5o, da Constituição Federal, a Lei nº 8.112/90,
em seu art. 189, § único, consagrou o mesmo direito, estatuindo:
Art. 189. O provento da aposentadoria será calculado com
observância do disposto no § 3º do artigo 41, e revisto na
mesma data e proporção, sempre que se modificar a
remuneração dos servidores em atividade.
Parágrafo único. São estendidos aos inativos quaisquer
benefícios ou vantagens posteriormente
concedidas aos servidores em atividade, inclusive quando
decorrentes de transformação ou reclassificação do cargo ou
função em que se deu a aposentadoria. (Grifos nossos)
Reforçando a amplitude da paridade determinada pela Carta Constitucional,
destaca-se a Súmula Vinculante n° 20, editada pelo Egrégio Supremo Tribunal
Federal, no ano de 2009, em que foi reconhecida a extensão aos inativos da
mesma pontuação ou percentual fixo pago aos ativos, a título de gratificação de
desempenho, enquanto inexistente a regulamentação, in verbis:
A Gratificação de Desempenho de Atividade de Técnico -
Administrativa – GDATA, instituída pela Lei n° 10.404/2002,
deve ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a
37,5 (trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro
a maio de 2002 e, nos termos do artigo 5°, parágrafo único, da
Lei n° 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a
conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se
refere o artigo 1° da Media Provisória n° 198/2004, a partir da
qual passa ser de 60 (sessenta) pontos.
Do mesmo modo, destaca-se a Súmula Vinculante nº 34 do Egrégio
Supremo Tribunal Federal, editada em 2014, que também reconheceu a extensão
da mesma pontuação ou percentual fixo pago aos ativos, a título de GDASST, aos
servidores inativos, in verbis:
A Gratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade
Social e do Trabalho - GDASST, instituída pela lei 10.483/2002,
deve ser estendida aos inativos no valor correspondente a 60
(sessenta) pontos, desde o advento da Medida Provisória

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198/2004, convertida na Lei 10.971/2004, quando tais inativos
façam jus à paridade constitucional (EC 20/1998, 41/2003 e
47/2005).
Nesse sentido, segundo entendimento firmado pelo Egrégio Supremo
Tribunal Federal, as gratificações vinculadas à produtividade são extensíveis aos
servidores inativos e pensionistas, na mesma proporção alcançada aos servidores
ativos, até a homologação do primeiro ciclo de avaliações de desempenho
individuais. Essa é a orientação estabelecida pelo Plenário do STF desde o
julgamento do Tema 983, que se constituiu como o leading case a respeito do
tema:
EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. GRATIFICAÇÕES FEDERAIS
DE DESEMPENHO. TERMO FINAL DO PAGAMENTO
EQUIPARADO ENTRE ATIVOS E INATIVOS. REDUÇÃO DO
VALOR PAGO AOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS E
PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS.
1. Revelam especial relevância, na forma do art. 102, § 3º, da
Constituição, duas questões
concernentes às chamadas gratificações federais de
desempenho: (I) qual o exato momento em que as gratificações
deixam de ter feição genérica e assumem o caráter pro labore
faciendo, legitimando o pagamento diferenciado entre
servidores ativos e inativos; (II) a redução do valor pago aos
aposentados e pensionistas, decorrente da supressão, total ou
parcial, da gratificação, ofende, ou não, o princípio da
irredutibilidade de vencimentos. 2. Reafirma -se a jurisprudência
dominante desta Corte nos termos da seguinte tese de repercussão
geral: (I) O termo inicial do pagamento diferenciado das
gratificações de desempenho entre servidores ativos e inativos
é o da data da homologação do resultado das avaliações, após
a conclusão do primeiro ciclo; (II) A redução, após a
homologação do resultado das avaliações, do valor da gratificação
de desempenho paga aos inativos e pensionistas não configura
ofensa ao princípio da irredutibilidade de vencimentos. (...). (Grifou-
se)
Sob essa sistemática, tem-se que, a partir do momento em que se
estabelece aos servidores ativos do INSS, integrantes da Carreira do Seguro
Social, o direito à percepção da GDASS no limite mínimo de 70 (setenta)
pontos – conforme a nova regra do § 1º do art. 11 da Lei nº 10.855/2004, na
redação da Lei nº 13.324/20161 –, sem que para tal concorra a exigência de
submissão a processo avaliativo, visualiza-se aí a inexistência de fator de
discrímen capaz de justificar tratamento diferenciado aos servidores, mesmo
diante da previsão contida no art. 16, inciso I, alínea “b”, da Lei nº
10.855/2004, na redação dada pela Lei nº 11.907/2009.
1
“Art. 11. Fica instituída a Gratificação de Desempenho de
Atividade do Seguro Social - GDASS, devida aos integrantes da
Carreira do Seguro Social, quando em exercício de atividades
inerentes às atribuições do respectivo cargo no INSS, em função
do desempenho institucional e individual. (Redação dada pela Lei
nº 12.702, de 2012)

11
§ 1o A GDASS será paga observado o limite máximo de cem
pontos e o mínimo de setenta pontos por servidor,
correspondendo cada ponto, nos respectivos níveis e classes, ao
valor estabelecido no Anexo VI. (Redação dada pela Lei nº
13.324, de 2016)”
Este é o entendimento consolidado pelo Egrégio Tribunal Regional
Federal da 4° Região, no sentido de que a GDASS deve ser estendida, no
patamar mínimo de 70 (setenta) pontos, aos servidores inativos e
pensionistas com paridade, nos termos definidos pela Lei n° 13.324/2016, em
razão do caráter geral da rubrica, até a pontuação mínima fixada, conforme
se verifica dos julgados abaixo:
EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO.
GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DO SEGURO
SOCIAL - GDASS. PATAMAR MÍNIMO DE 70 PONTOS. PARIDADE
REMUNERATÓRIA ENTRE SERVIDORES ATIVOS E INATIVOS.
ART. 11, § 1º DA LEI 10.855/2004. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA.
LEI Nº 13.324/2016. 1. A Gratificação de
Desempenho de Atividade da Seguridade Social - GDASS, instituída
pela Lei nº 10.855/2004 tem caráter de generalidade enquanto não
regulamentados e processados os resultados da avaliação individual
e institucional, a partir de quando a gratificação efetivamente perdeu
o caráter de generalidade e assumiu a condição de gratificação de
desempenho. 2. A Lei nº 13.324, de 2016 alterou
substancialmente a redação do art. 11, §1º, da Lei 10.855/2004,
ao promover o aumento do limite mínimo do pagamento da
Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social
- GDASS aos ativos, passando a dispor que deverá ser
observado o limite máximo de cem pontos e o mínimo de setenta
pontos por servidor. 3. Considerando que restou assegurado ao
servidor em atividade o mínimo fixo de 70 pontos, independente
dos resultados da avaliação, tal parcela assume natureza geral,
de modo que a não extensão da referida gratificação aos
aposentados e pensionistas com direito a paridade, nos
mesmos moldes que deferidos aos servidores em atividade,
ofende o art. 40, §§ 4º e 8º, da Constituição Federal, em sua
redação original.(Grifou-se)2
EMENTA: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GDASS.
PARIDADE REMUNERATÓRIA ENTRE SERVIDORES ATIVOS E
INATIVOS. ART. 11, § 1º DA LEI 10.855/2004. ALTERAÇÃO
LEGISLATIVA. LEI Nº 13.324/2016. 1. A GDASS - Gratificação de
Desempenho de Atividade da Seguridade Social, instituída pela Lei
nº 10.855/2004 tem caráter de generalidade enquanto não
regulamentados e processados os resultados da avaliação individual
e institucional, a partir de quando a gratificação efetivamente perdeu
o caráter de generalidade e assumiu a condição de gratificação de
desempenho. 2. A Lei nº 13.324, de 2016 alterou
substancialmente a redação do art. 11, §1º, da Lei 10.855/2004,
ao promover o aumento do limite mínimo do pagamento da
GDASS - Gratificação de Desempenho de Atividade da
Seguridade Social aos ativos, passando a dispor que deverá ser
observado o limite máximo de cem pontos e o mínimo de setenta
pontos por servidor. 3. Considerando que restou assegurado ao

12
servidor em atividade o mínimo fixo de 70 pontos, independente
dos resultados da avaliação, tal parcela assume indiscutível
natureza geral, de modo que a não extensão da referida
gratificação aos aposentados e pensionistas com direito a
paridade, nos mesmos moldes que deferidos aos servidores em
atividade, ofende o art. 40, §§ 4º e 8º, da Constituição Federal,
em sua redação original. (Grifou-se)3
Assim, por força da garantia constitucional da paridade, impõe-se a
reconstituição isonômica do patamar mínimo da GDASS devido aos Autores,
passando a ser de 70 (setenta) pontos a partir de 1º-08-2015, em detrimento
da aplicação da regra prevista

2
TRF4, AC 5039233-52.2019.4.04.7000, QUARTA TURMA, Relatora VIVIAN
JOSETE PANTALEÃO CAMINHA, juntado aos autos em 16/08/2020.
3
TRF4, AC 5011485-24.2019.4.04.7201, TERCEIRA TURMA, Relator ROGER IO
FAVRETO, juntado aos autos em 08/07/2020. no aludido art. 16, inciso I,
alínea “b”, da Lei de regência4, que a prevê no patamar de tão somente 50
(cinquenta) pontos.
Por todas essas razões, infere-se ser direito das Autoras ao pagamento da
GDASS no mesmo patamar mínimo de 70 (setenta) pontos, conforme previsão
do § 1º, do art. 11, da Lei nº 10.855/2004, na redação dada pela Lei nº
13.324/2016.

DA FORMA DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA


NAS CONDENAÇÕES DA FAZENDA PÚBLICA. NOVA REDAÇÃO DO ART. 1º F
DA LEI N.º 9.494/97

De maneira sucinta e objetiva, será tratada esta questão, face sua singeleza.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário n.
870.947, Tema 810): repercussão geral reconhecida e mérito julgado, fixou as
seguintes teses sobre teses sobre índices de correção e juros em condenações
contra Fazenda Pública:
“O artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei
11.960/2009, na parte em que disciplina os juros moratórios
aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação
jurídicotributária, aos quais devem ser aplicados os mesmos
juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu
crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da
isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às condenações
oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos juros
moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de
poupança é constitucional, permanecendo hígido, nesta
extensão, o disposto no artigo 1º-F da Lei 9.494/1997 com a
redação dada pela Lei 11.960/2009.”

13
“O artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei
11.960/2009, na parte em que disciplina a atualização
monetária das condenações impostas à Fazenda Pública
segundo a remuneração oficial da caderneta de poupança,
revela-se inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao
direito de propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não
se qualifica como medida adequada a capturar a variação de
preços da economia, sendo inidônea a promover os fins a que
se destina.”
No resultado do julgamento decidiu-se que o IPCA aplicado pelo TRF estava
correto, senão vejamos:
"Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do
Relator, Ministro Luiz Fux, apreciando o tema 810 da
repercussão geral, deu parcial provimento ao recurso para,
confirmando, em parte, o acórdão lavrado pela Quarta Turma
do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, (i) assentar a
natureza assistencial da relação jurídica em exame (caráter
não-tributário) e (ii) manter a concessão de benefício de
prestação continuada (Lei nº 8.742/93, art. 20) ao ora recorrido
(iii) atualizado monetariamente segundo o IPCA-E desde a
data fixada na sentença e (iv) fixados os juros moratórios
segundo a remuneração da caderneta de poupança, na forma
do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a redação dada pela Lei nº
11.960/09. Vencidos, integralmente o Ministro Marco Aurélio, e
parcialmente os Ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli, Cármen
Lúcia e Gilmar Mendes. Ao final, por maioria, vencido o
Ministro Marco Aurélio, fixou as seguintes teses, nos termos do
voto do Relator: 1) O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a
redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que disciplina
os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda
Pública, é inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de
relação jurídico-tributária, aos quais devem ser aplicados os
mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública
remunera seu crédito tributário, em respeito ao princípio
constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º, caput); quanto às
condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a
fixação dos juros moratórios segundo o índice de remuneração
da caderneta de poupança é constitucional, permanecendo
hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº
9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09; e 2) O art.
1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº
11.960/09, na parte em que disciplina a atualização monetária
das condenações impostas à Fazenda Pública segundo a
remuneração oficial da caderneta de poupança, revela-se
inconstitucional ao impor restrição desproporcional ao direito de
propriedade (CRFB, art. 5º, XXII), uma vez que não se qualifica
como medida adequada a capturar a variação de preços da
economia, sendo inidônea a promover os fins a que se destina.
Presidiu o julgamento a Ministra Cármen Lúcia. Plenário,
20.9.2017."

DOS REQUERIMENTOS

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Ante o exposto, requer-se, preliminarmente, que o recurso não seja
conhecido. Caso conhecido, que seja negado provimento ao recurso de
apresentado, devendo ser irretocável a decisão já proferida.
Requer-se ainda, que seja aplicado ao caso, o diposto no art. 85, § 11, do
CPC, devendo "o tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados
anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal,
observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2 o a 6o, sendo vedado ao tribunal,
no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor,
ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de
conhecimento."

Nesses termos,
Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 2023.

EVANDRO JOSÉ LAGO


OAB/RJ 136516

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