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AO JUIZO DE DIREITO DA 42ª VARA DO TRABALHO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO - RJ.

Processo nº. 0101034-34.2023.5.01.0042

ELIANE CRISTINA DA COSTA, já devidamente qualificada nos autos vem pela presente
apresentar:

RÉPLICA A CONTESTAÇÃO

Ilustre julgador, quero falar inicialmente da prejudicial arguida pelo colega, destaco que os
valores pleiteados pela requerente pesão sobre uma decisão de primeira instancia proferida
por esta casa em um processo movido pelo sindicado competente no processo 0101040-
55.2022.5.01.0081 que apesar de se encontrar em fase recursal, em sua decisão:

“(...) Julgo PROCEDENTES os pedidos da AÇÃO DE CUMPRIMENTO


ajuizada pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS DE EMPRESAS DE ASSEIO E
CONSERVAÇÃO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO-RJ em face de
COMPANHIA
MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA - "COMLURB", para condenar a
reclamada ao
cumprimento das seguintes obrigações, na forma da fundamentação
precedente, que
passa a integrar o presente dispositivo:
- Pagamento de diferenças salariais retroativas devidas pelo
reenquadramento funcional no âmbito da revisão do PCCS/2017, em favor
de cada
empregado substituído, no período compreendido entre 01.10.2018 e
31.12.2021,
observados os reflexos indicados no capítulo próprio.
Tais pagamentos devem ser feitos com juros e correção
monetária, conforme se apurar em regular liquidação (parcelas constantes
e deferidas
na fundamentação precedente, que passa a fazer parte integrante do
presente
dispositivo). (...)”
Logo assiste o direito ao período que se faz presente nesse processo, tendo em vista que a
requerente busca seu direito que está lhe sendo protelado pela ré desde 2018, deixando de
cumprir todos os determinados em acordos coletivos, que como destaca o nobre colega sobe a
égide da lei que vigora, coloca tais acordos como força de lei, no art. 611-A, V, da CLT, logo a ré
está totalmente em desconformidade com a própria legislação que mereceu destaque em sua
contestação.

Em conseguinte, pasmo ao ver na contestação o pedido de indeferimento da Justiça gratuita


da reclamante, pois é pacificado pela TST e vem sendo aplicado de eximia forma em seus

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julgados que a simples declaração de hipossuficiência é suficiente para a conceção da mesma
como aplicado no julgado a seguir:
“A 5ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST), por unanimidade,
decidiu que a declaração de hipossuficiência econômica é suficiente para a
concessão da justiça gratuita à pessoa física, independentemente de ser
empregado ou empregador (TST- RR-10255-30.2017.5.03.0093, DEJT de
18/03/2022).”

E pasme excelência que falta ao nobre colega que apresentou a contestação interpretação das
próprias citações visto que o mesmo destacou a sumula n°463 do TST, e na própria diz que
para a pessoa natural basta a hipossuficiência firmada pela parte ou advogado com
procuração:
“Súmula no 463 do TST
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO (conversão da
Orientação Jurisprudencial no 304 da SBDI-1, com alterações decorrentes do
CPC de
2015) - Res. 219/2017, DEJT divulgado em 28, 29 e 30.06.2017– republicada
- DEJT
divulgado em 12, 13 e 14.07.2017
I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária
gratuita à pessoa natural, basta a
declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu
advogado, desde que munido de
procuração com poderes específicos para esse fim (art. 105 do CPC de
2015);”

onde o mesmo se fixou no texto que remete as pessoas jurídicas esses sim, cabe o ônus da
prova para aquisição da justiça gratuita.
“II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração: é necessária
a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar com as despesas
do processo.”

Ao tópico da pretensão da autora, chega a ser de uma má-fé da ré afirmar que não é devido
verbas provenientes de um acordo anterior que a mesma não cumpriu para com seus
empregados e tem diversas decisões, reconhecendo o direito de seus funcionários, por isso a
reclamada se vê obrigada a buscar na justiça seus direitos firmados em um acordo totalmente
descumprido pela ré.

A ré pede que seja observado a integralidade sobre o PCCS, afirma que está tudo no preto e no
branco, contudo existe zonas cinzas haja visto que no acordo coletivo 2018-2019, na 33ª
clausula a COMLURB firma o seguinte compromisso com o sindicato:
“CLÁUSULA TRIGÉSIMA SÉTIMA - PLANO DE CARREIRAS, CARGOS E
SALÁRIOS.
A COMLURB formalizará, em até 10 dias, a partir da assinatura deste
acordo coletivo, a revisão do PCCS - Plano de Carreiras, Cargos e Salários,
conforme estudo realizado em 2017, com efeitos financeiros a vigorar a
partir de 1º de outubro de 2018.”

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Outro ponto que é mencionado pela ré também é que ao interpretarmos essa mesma clausula
vemos que em seu parágrafo primeiro é garantido no enquadramento e nova possibilidade a
TODOS os empregados, com elevação salarial a gari II e gari-III, ou seja a pretensão da autora é
válida pela própria interpretação do texto a qual a empresa concordou.

Referente a todos os pontos sobre a questão sobre quando se considera o período dos reflexo
trago a luz se novamente é tão simples e logico como colocado pelo defensor da empresa, por
qual razão o sindicato move a ação de protocolo 0101040-55.2022.5.01.0081, buscando
judicialmente esse período e que o mesmo alega ter se perdido em razão de um termo aditivo,
não seria ilógico por parte do sindicato buscar tal pleito e não seria então mais logico que a
defesas da COMLURB saísse ganhadora na sua tese de defesa, contudo a decisão desta ilustre
instituição encontro solidez no pedido dos trabalhadores lhe dando provimento como destaco
novamente:
“Julgo PROCEDENTES os pedidos da AÇÃO DE CUMPRIMENTO
ajuizada pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS DE EMPRESAS DE ASSEIO E
CONSERVAÇÃO DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO-RJ em face de
COMPANHIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA - "COMLURB", para
condenar a reclamada ao
cumprimento das seguintes obrigações, na forma da fundamentação
precedente, que
passa a integrar o presente dispositivo:
- Pagamento de diferenças salariais retroativas devidas pelo
reenquadramento funcional no âmbito da revisão do PCCS/2017, em favor
de cada
empregado substituído, no período compreendido entre 01.10.2018 e
31.12.2021,
observados os reflexos indicados no capítulo próprio.
Tais pagamentos devem ser feitos com juros e correção
monetária, conforme se apurar em regular liquidação (parcelas constantes
e deferidas
na fundamentação precedente, que passa a fazer parte integrante do
presente
dispositivo).
Contribuições previdenciárias e fiscais incidirão na forma da
legislação em vigor. O recolhimento deverá ser comprovado no prazo legal,
sob pena
de execução.
Determino a dedução das quantias adimplidas a idêntico título,
o que será verificado no âmbito de cada execução individual da presente
sentença”

Então existe mérito nos pedidos da autora e decaem todos os argumentos


da defesa que o desabonam, já que a todo instante o mesmo se prende a
lógica então pela logica todos os empregados tem direito aos reflexos desde
2018.
Trago também para base outro julgado esse sim já com trânsito em julgado,
o processo 0100237-33.2023.5.01.0018, este já tento trânsito e julgado
inclusive com execução liquidada, destaco essa parte do acordão em
segunda instancia:
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“Em outras palavras, nada foi registrado quanto à retroatividade dos efeitos
financeiros, que continuou sendo devido desde outubro/2018.

Neste sentido:

"PCCS. DIFERENÇAS SALARIAIS RETROATIVAS. COMLURB. Apesar da


celebração de sucessivas normas coletivas postergando a obrigação de a
COMLURB proceder ao enquadramento de seus empregados no PCCS, até
outubro/2019, os efeitos financeiros pretéritos deveriam retroagir até
outubro/2018, com início do efetivo pagamento a partir de janeiro/2020.
Porém, não cumprindo as obrigações assumidas, o pleito formulado pelos
trabalhadores deve ser acolhido." (RO - 0100123-07.2022.5.01.0026,
Relatora Cláudia Maria Samy Pereira da Silva, Segunda Turma, Julgamento
25/01/2023, disponibilizado em 03/02/2023).

Pelo exposto, admitido pelo próprio recorrente o descumprimento da norma


coletiva e parcialmente inadimplida a implementação do PCCS negociado, e
tampouco pagas as diferenças pleiteadas, perfilho o posicionamento do
Juízo de primeiro grau, pelo que mantenho a sentença por seus próprios
fundamentos.

Nego provimento.

DO PREQUESTIONAMENTO
Tendo esta Relatora adotado tese explícita sobre o thema decidendum e
sabendo-se que o juiz não necessita fazer expressa menção a argumento
manejado pelas partes quando os fundamentos do julgado infirmam cada
um deles (Resolução nº 203/2016, artigo 15, III, C. TST), desde que
fundamente o julgado, ressalvados os capazes, em tese, de infirmar a
conclusão adotada (artigos 371, 489 CPC/2015, 832 CLT e 93, IX CF/88),
tem-se por prequestionados os dispositivos legais invocados pelo recorrente
(Súmula 297, I, TST).

DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS


Por fim, registro que oposição de embargos de declaração com finalidade
de reapreciação de prova ou de discussão de itens acerca dos quais houve
pronunciamento expresso do órgão julgador, ainda que em sentido
contrário ao interesse da parte, ocasionará configuração de intuito
claramente protelatório. Tal proceder abusivo, que atenta contra o princípio
da celeridade processual previsto na Constituição Federal em seu artigo 5º,
inciso LXXVIII, acarretará a aplicação inevitável e pedagógica de sanção
prevista no parágrafo segundo do artigo 1.026 do Código de Processo Civil
de 2015.

Conclusão do recurso
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Pelo exposto, conheço do recurso ordinário interposto por COMPANHIA
MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA - COMLURB, eis que preenchidos os
pressupostos de admissibilidade, e, no mérito, nego-lhe provimento, na
forma da fundamentação.

ACÓRDÃO
A C O R D A M os Desembargadores da Quarta Turma do Tribunal Regional
do Trabalho da Primeira Região, por unanimidade, conhecer do recurso
ordinário interposto por COMPANHIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA -
COMLURB, eis que preenchidos os pressupostos de admissibilidade, para, no
mérito, por maioria, negar-lhe provimento, nos termos do voto da
Desembargadora Relatora. Vencido o Excelentíssimo Juiz José Mateus
Alexandre Romano que dava provimento para, reformando a sentença,
julgar improcedentes os pedidos da petição inicial. Rio de Janeiro, 14 de
agosto de 2023”

E sobre o reenquadramento nesse mesmo processo na sentença o ilustre julgador julga para
um gari a elevação salarial e de referência:
“Isto posto, assiste clara razão ao trabalhador autor. Diante do exposto
condeno a reclamada ao pagamento de diferenças salariais de
outubro/2018 até a efetiva implantação em contracheque das diferenças,
considerando a elevação do nível referencial 56 para o 67, com reflexos em
anuênios, 13º salários, férias acrescidas de 1/3 e FGTS (que deverá ser
recolhido na conta vinculada do autor), horas extras (quitadas nos recibos
salariais) decorrentes das diferenças salariais, respeitados os períodos
acima fixados.”

Diante de todo o exposto,

Pede a autora pelo indeferimento de todos os pedidos na contestação, bem como o


deferimento dos pedidos feitos na inicial, qual aproveito para ratifica-lo.

.
Nestes termos,

pede deferimento.

Rio de Janeiro, 25 de janeiro de 2024.

Pâmela dos Santos da Silva Rafael Henrique Alves Rodrigues


OAB/RJ 223106 OAB/RJ 247649

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