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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DE

TUBARÃO/SC

Autos nº. (…)


Reclamante: Marcos Antunes Coimbra
Reclamada: Mecanica Caminhões Brasil LTDA

MECÂNICA CAMINHÕES BRASIL LTDA, já qualificada nos autos, por seu


representante legal..., com endereço em..., vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, através de seu advogado que a esta subscreve, apresentar DEFESA
TRABALHISTA, com fundamento no art. 847 da CLT c/c art. 5º, LV, da CF/88, em
face da reclamatória trabalhista ajuizada por MARCOS ANTUNES COIMBRA, pelos
fatos e fundamentos que passa a expor:

I- DOS FATOS

A reclamante ajuizou reclamação trabalhista contra a reclamada requerendo as


seguintes verbas:
a) Do saldo salário referente ao mês de março no valor de R$ 1.100,00 (mil
e cem reais);
b) Das férias +1/3 no ano de 2021 no valor de R$ 3.990,00 (três mil
novecentos e noventa reais) e proporcionais de 2022 no valor de R$ 731.50 (setecentos
e trinta e um reais e cinquenta centavos);
c) Da gratificação natalina do ano de 2021 no valor de R$3000,00 (três mil
reais) e proporcionais de 2022 no valor de R$550,00 (quinhentos e cinquenta reais);
d) Do aviso prévio indenizado no valor de R$6.000,00 (seis mil reais),
conforme o g1° do artigo 487 da CLT;Horas extras e reflexos;
e) Do depósito do FGTS devido durante todo o período contratual
acrescidos de juros e correção monetária;
f) da multa de 40% do FGTS;
g) do seguro-desemprego;
h) da multa prevista no g8° do art. 477 da CLT;
i) da multa prevista no art. 467 da CLT;.
A reclamada foi intimada na data... para apresentar a medida cabível.

II – DAS PREJUIDICIAIS DE MÉRITO - DA PRESCRIÇÃO


PARCIAL/TOTAL
Conforme se verifica no contrato de trabalho, a reclamada foi admita em
10/01/2005 e dispensada em 10/04/2022.
Desta forma, conforme estabelece art. 7º, XXIX da Constituição Federal e art. 11
da CLT, poderá requerer os valores somente dos últimos 5 anos de trabalho, sendo de
22/08/2017 até 22/08/2022:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;
Art. 11. A pretensão quanto a créditos resultantes das relações de trabalho
prescreve em cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.

Assim, deve ser reconhecida a prescrição dos anos anteriores as datas


mencionadas acima.

III – DO MÉRITO
1) Do Aviso Prévio Indenizado
Não merece acolhido o pedido de condenação ao pagamento de aviso prévio
indenizado, assim como multa sobre o depósito de FGTS, na forma como almejado pela
Reclamante.
 Como afirmado anteriormente nesta peça processual, as partes, mutuamente
acertadas, celebraram instrumento de distrato.
 Dessarte, é evidente que a Reclamante não faz jus às parcelas rescisórias ora em
debate, uma vez que afrontam à diretriz fixada no art. 487, § 1º, da CLT, assim como do
art. 18, da Lei nº. 8036/90. É dizer, não houve dispensa sem justa causa, muito menos
relação de emprego.

2) Da insalubridade
A reclamada foi admita para desempenhar funções de serviços gerais, sendo que
realizava a limpeza nos sanitários que eram utilizados por poucas pessoas diariamente,
sempre sendo disponibilizados os equipamentos de proteção individuais (EPI’s)
eficazes, sendo os agentes insalubres obstados por esses equipamentos, não tendo
direito ao adicional de insalubridade requerido.
É o que a legislação trabalhista expõe:
Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade
ocorrerá:                     
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador,
que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância.  

A Reclamante não faz jus ao adicional de Insalubridade, eis que o trabalho


realizado em nada é insalubre.
A atividade laboral desenvolvida pela Reclamante era de mecânico de
caminhões, sendo que NUNCA teve nenhum contato com qualquer tipo de agente,
produto químico que possa ensejar adicional de insalubridade, devendo ser realizada
perícia para tal comprovação.
Segundo a CLT, é considerada atividade insalubre aquela em que o trabalhador é
exposto a agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, assim a pretensão da Reclamante é totalmente descabida, eis que
não utilizava nenhum tipo de produto ou era exposta, em suas atividades laborais.
Ainda, segundo a CLT nos termos do art. 195, a aferição de condições insalubres
ou perigosas se dá por meio de perícia técnica.
A 2ª Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) decidiu que os adicionais
de insalubridade e de periculosidade não são cumuláveis, reafirmando a jurisprudência
pacífica da Corte (RR-11734-22.2014.5.03.0042, DEJT 21/05/2021).
Art. 193. São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da
regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas
que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em
virtude de exposição permanente do trabalhador a:      
§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que
porventura lhe seja devido.          

O posto pagava o adicional de periculosidade, por ser mais benéfico a reclamante.


Na hipótese de não ser acolhido, no caso de eventual condenação requer os
valores pagos a título de insalubridade para pagarmos apenas a diferença.

3) Da dedução em Razão de Pedidos Fundados em Normas Coletivas:


A reclamante pleiteia direitos previstos em normas coletivas, que não são juntadas
aos autos.
Os instrumentos autônomos são prova do direito vindicado, tratando-se de
interesse e ônus da parte autora colacionar aos autos as normas coletivas que embasam
suas pretensões (artigos 818 da CLT e 373, inciso I, do NCPC).
É conveniente destacar, ainda, não ser a norma coletiva documento indispensável
à propositura da ação (não atraindo a aplicação do entendimento consagrado na Súmula
n. 263 do TST), mas da prova do direito, v. G., como na exigência contida no artigo 376
do NCPC.
Nesta senda, incabível os pedidos que têm como causa de pedir remota as normas
coletivas da categoria, quais sejam, reajustes salariais da categoria de mecânico.
Ainda, é evidente que a própria requerida não especificou o valor total nas verbas
devidas em consonância com o suposto piso da categoria de mecânico em seus pedidos.

4) Das Verbas Rescisórias: Férias, 13º, FGTS, Seguro-Desemprego


A Reclamante recebeu o valor devido correspondente a férias proporcionais dos
meses em que trabalhou, para a sua contratação.
Descabida é a pretensão da Reclamante em receber 1/3 de férias referentes ao ano
de 2021 e proporcionais ao ano de 2022, eis que não trabalhou o período de 2022, bem
como não a que se falar em unicidade dos contratos no caso em tela.
Ressalta-se que na inicial a Reclamante em nenhum momento requereu o valor
correspondente ao 13º, logo constata-se que essa verba foi paga pela requerida não
podendo servir para discussões futuras.
Os depósitos mensais do FGTS foram devidamente depositados, bem como a
multa de 40% foi devidamente paga, não existindo nenhum valor a receber, sendo
descabida a pretensão.

5) Dos honorários advocatícios:


Tratando-se de litígio decorrente da relação de emprego, nos termos da Instrução
Normativa n. º 27/2005 do TST, nesta Justiça Especializada, os honorários advocatícios
são disciplinados na Lei n.ª 5.584/70.
Não preenchidos os requisitos do art. 14 da referida lei, uma vez que não consta
dos autos credencial sindical, não faz jus o Reclamante ao pagamento de honorários
advocatícios. Aplicação ao caso do entendimento consubstanciado nas Súmulas n. º 219
e 329 do TST.
Assim, requer seja indeferida a condenação de honorários advocatícios.

6) Da impugnação de todos os pedidos:


Impugna-se TODOS os pedidos da Reclamante eis que manifestamente
improcedentes não merecendo guarida, bem como por terem sido devidamente pagos.
Vai impugnado:
7.1 – Pagamento de parcelas rescisórias, eis terem sido devidamente pagas;
7.2 – Pagamento de horas extras, acréscimos, reflexos em férias, natalinas, aviso
prévio e FGTS;
7.3 – Majoração de salário;
7.4 – Adicional de Insalubridade, eis que as atividades desenvolvidas não ensejam
tal adicional;
7.8 – Multa de 40% sobre FGTS;
7.9 – Aplicação de multa do artigo 467 e do 477 ambos da CLT;
7.12 – Emissão de guias de seguro desemprego, eis que foram fornecidas;
7.13 – Honorários advocatícios.

IV – DOS REQUERIMENTOS
Ante o exposto, requer:
a) Isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente Contestação,
para julgar Improcedente a presente demanda, com extinção do feito com resolução de
mérito, condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais;
b) Protesta por todos os meios de prova em direito admitido, em especial
depoimento pessoal do Reclamante e testemunhal;
c) Impugna-se o pedido de Assistência Judiciária, eis que o Reclamante não
cumpre com os requisitos legais para tal concessão;
d) No que tange aos honorários assistenciais, nota-se que o procurador do
Reclamante não cumpre os requisitos legais para tal recebimento restando que diante do
jus postulandi inexiste a figura dos honorários de sucumbência;
e) Postula-se seja aplicado, ao pedido de assistência e honorários assistenciais, o
quanto determinado nos artigos 14 e seguintes, da Lei 5584/70, bem como sumulas 219
e 329 do E. TST;
f) Alternativamente, caso seja deferido algum dos pedidos do Reclamante, postula
seja deferida a compensação dos valores pagos.

Nestes termos, pede deferimento.


Tubarão/SC

Beatriz Costa Antônio


Bruno de Souza May
Edson Mussi
Marian Pickler
Raissa Caetano
OAB...

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