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EXCELENTISSÍMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO __ VARA

DO TRABALHO BELO HORIZONTE/MG

Processo: 05002564-56.2023.8.13.0223

BANCO INTER S.A qualificação e endereço completos, vem,


respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu
advogado adiante assinado (procuração anexa), com escritório
profissional no endereço completo, onde recebe intimações e
notificações, com fulcro no artigo 847 da CLT, OFERECER

CONTESTAÇÃO

em face de MARIA EFIGÊNIA SOUSA E SILVA, já qualificada nos


autos em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

1- PRELIMINAR DE MÉRITO
1.1- INEPCIA DA INICIAL
A petição inicial oferecida pela Requerente não apresenta valor
da causa, apresenta defeito na apresentação da conclusão dos fatos
alegados diante do que se pede. Ressalva os artigos 293 e 337, inciso III
do CPC/2015.
Art. 293 do CPC/2015: “O réu poderá impugnar, em
preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo
autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito,
impondo, se for o caso, a complementação das custas.”
Art. 337, CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,
alegar:
III - incorreção do valor da causa;

1.2-IMCOPENTÊNCIA RELATIVA
A Requerente apresentou também na inicial foro incompatível
para processar e julgar a lide, não se atentando por meio de seu contrato
o local de prestação de serviço que deve ser levado em consideração em
primeiro lugar, segundo o que traz o art.337, inciso II do CPC/2015
juntamente com art. 651, parágrafo 3º da CLT.

Art. 337, CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito,


alegar:
II - incompetência absoluta e relativa;

Desse modo, requer que seja feito resignação relativa para o


juízo competente, respeitando o território e sede da empresa onde a
Reclamante prestava serviços.
Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e
Julgamento é determinada pela localidade onde o
empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou
no estrangeiro.

1.3- TEMPESTIVIDADE
Foi apresentado contestação no prazo correto estabelecido em lei
pelo prazo de 15 dias.

2- MÉRITO
2.1- INTERVALO INTRAJORNADA
O Reclamante alega ter sido contratada pela Reclamada com o
horário de trabalho de segunda a sexta-feira: de 08:00 às 14:00, e no
sábado e aos domingos, de 09:00 às 13:00, sem intervalor intrajornada
para descanso e alimentação.
Diante do exposto, e por meio do sistema de login do banco para
acessar e poder efetuar os trabalhos que eram demandados para a
Requerente, fazia-se e faz a cotação de rotatividade da carga horária
trabalhada por meio do acesso. A resolução do artigo 71, parágrafo 1º da
CLT traz que não excedendo a 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto,
obrigatório intervalo mínimo de 15 (quinze) minutos, onde na qual, a
Reclamante fazia o gozo desse período.
Desse modo, requer a improcedência do pedido da Reclamante
de recebimento de horas, acrescida de 50%, com base no artigo 71,
parágrafo 1º da CLT.

2.2- DESCONTOS INDEVIDOS


No período de julho a dezembro de 2021, a Reclamante alega
ter recebido apenas R$ 1.000,00 mensais, menos do que o mínimo
previsto para o ano.
Não houve desconto indevido porque a Requerente havia feito
um adiantamento salarial que seria descontado de 6X como consta em
anexo com a devida assinatura da mesma, tendo ciência do desconto.
Meses que seria descontado: JULHO, AGOSTO, SETEMBRO,
OUTUBRO, NOVEMBRO E DEZEMBRO.
A previsão legal para o desconto do adiantamento salarial
encontra-se no artigo 462 da CLT, o qual prevê que: “Ao empregador é
vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo
quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo” juntamente com a SUMULA nº 342 do TST:
SUMULA Nº 342 - DESCONTOS SALARIAIS. ARTIGO 462 DA
CLT
Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização
prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos
de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de
previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou
recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e
de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT,
salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro
defeito que vicie o ato jurídico.

Segundo o exposto apresentado, requer que seja negado o


pedido de recebimento do desconto indevido, porque a Requerente
apresentava adiantamentos salariais para ser descontado.

2.3- DIREITO AUTORAL


A Reclamante alega que em junho de 2022 criou e programou
um aplicativo para facilitar as postagens das redes sociais da empresa
da Reclamada, porém não recebeu nada além por isto.
O artigo 88 da LEI nº 9.279/1996 ressalta que: A invenção e o
modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador
quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra
no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade
inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais
foi o empregado contratado.
§ 1o – Salvo expressa disposição contratual em contrário, a
retribuição pelo trabalho a que se refere este artigo limita-se ao
salário ajustado.
§ 2o – Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na
vigência do contrato a invenção ou o modelo de utilidade cuja
patente seja requerida pelo empregado até 1 (um) ano após a
extinção do vínculo empregatício.”

Outro lado, requer improcedência do pedido de direito autoral


segundo o que dispõe artigo 88 da LEI nº 9.279/1996.

2.4 - DANO MORAL


A Reclamante postulou que se sentiu bastante constrangida pela
cobrança de vestimenta e acessórios (dress code) inadequada pelo o
que a empresa da Reclamada exigia como padrão para todo o seu
quadro de funcionários alegando que configura como danos morais após
ter sido orientada.
A luz do artigo 456-A da CLT ressalta que: “Cabe ao
empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral,
sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou
de empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à
atividade desempenhada.”
Temos como entendimento também:

RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE EM FACE DE


DECISÃO PUBLICADA NA VIGENCIA DA LEI Nº 13.015 /2014.
EXIGENCIA DE VESTIMENTA PADRONIZADA DRESS CODE.
TRAJE SOCIAL INDENIZAÇÃO. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE.
PODER DIRETIVO DO EMPREGADOR, LIMITES. Não há dúvidas
de que o estabelecimento de dress code (ou código de vestimenta)
se insere no poder diretivo do empregador de conduzir sua
atividade da forma que melhor the aprouver, conforme o disposto
no artigo 2º da CLT. Tal direito, contudo. deve ser exercido em
observância aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade e
em respeito à dignidade do empregado. Assim entende-se que na
sua definição, o empregador deve observar: a) a razoabilidade da
exigência em si, materializada na compatibilidade da vestimenta
com a função exercida, critério que varia de acordo com os
costumes da profissão, tempo, lugar e demais circunstâncias do
caso concreto: e b) em se tratando de peça de vestuário de uso
não comum no dia a dia. à proporcionalidade entre o seu custo e a
remuneração do empregado, de modo que os valores despendidos
não representem comprometimento significativo do seu salário, a
caracterizar a transferência ilegal dos riscos do negócio. A análise,
portanto, é casuística, a depender dos elementos fáticos de cada
caso. A exigência de terno e gravata para advogados em
escritórios de advocacia, ou para executivos em grandes
empresas, por exemplo, é diferente da mesma determinação para
trabalhadores de outros ramos. No presente caso. constou do
quadro fático que a reclamada exigia a utilização de traje social,
costume composto de terno, camisa de manga longa, calça social,
sapatos e gravata. A própria ré afirmou em contestação que o
maior salário do autor, contratado para a função de "auxiliar
operacional", for de R$ 1.601.94. Ainda, descreveu que suas
atividades consistiam em: Inibição, pela mera força de sua
presença, a ocorrência de furto e roubo: - Observação da entrada e
saída de clientes e funcionários das lojas/escritórios, visando
detectar eventuais problemas.". Quanto ao primeiro critério,
verifica-se que a exigência se mostra razoável considerando ser
comum o uso do referido traje por profissionais da área descrita
pela reclamada, especialmente no ambiente em que o autor
trabalhava - joalheria de luxo. Por outro lado, ao contrário do
decidido pelo Tribunal Regional, ainda que o traje social seja
composto de roupas de uso comum, com grande variedade de
oferta no mercado, não se trata de indumentária indispensável,
utilizada no dia a dia pela maioria dos trabalhadores nos diversos
ramos de atividade. Ao contrário, hoje, constitui exceção à regra,
restrito aos ambientes formais e de negócios, sendo que até
mesmo nestes tem sido relativizado. Ademais considerando a
remuneração informada pela ré (R$1.601.94) e que por certo, o
autor necessitava de mais de um traje para executar suas
atividades diárias, resulta patente, no presente caso, a
desproporcionalidade entre o custo da referida vestimenta e o
salário recebido. Caracterizado, portanto, o abuso do poder diretivo
e a transferência ilegal dos riscos do empreendimento. Recurso de
revista conhecido e provido.

Sendo assim é de possível entendimento que a Reclamada não


feriu nenhum dano sobre a Requerente.

2.5- VERBAS RESILITÓRIAS


Alega a Reclamante que foi dispensada sem justa causa pela
reclamada no dia 23 de março de 2023, e não recebeu suas verbas
rescisórias.
Como se consta em anexo, a Requerente emitiu uma carta de
dispensa para o setor do RH, informando que não iria mais fazer parte do
quadro de funcionários da empresa, recebendo as verbas rescisórias que
lhe são conferidas diante da ação que ela tomou de sair da empresa por
livre espontânea vontade.
Desse modo, requer indeferimento do pedido formulado sobre
recebimento de valores rescisórios após ser pedida pra sair da empresa
com consentimento.

2.6- HONORÁRIOS ADVOCATICIOS


Mediante exposto, requer a condenação da Reclamada ao
pagamento de honorários advocatícios em razão de mera sucumbência,
no importe de 15%, à luz do artigo 5, parágrafo 2º do CPC/2015.
Segundo o artigo 319 CPC/2015:
Art. 319. A petição inicial indicará:
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

A fundamentação usada apresenta erro para que seja


pleiteado o que está sendo pedido, requer que seja julgado
improcedência de tal pedido, não há que se falar em pagamento de
honorários sucumbenciais para o representante da Reclamante.
Ademais, requer improcedência dos pedidas feitas pela
Reclamante condenando a mesma ao pagamento de honorários
sucumbências para as advogadas das Reclamada conforme o art.791- A,
parágrafo 5º da CLT.

4- REQUERIMENTOS FINAIS
Diante do exposto requer:
4.1- Seja apreciado a preliminar de preliminar de inépcia da inicial, bem
como a incompetência relativa, pelas razões apresentadas;
4.2- Sejam, no mérito, julgados improcedentes os pedidos da reclamante;
4.3- A condenação da Reclamante em pagamento de honorários de
sucumbência;
4.4- Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidos, em especial pelo depoimento pessoal da Reclamante – pena
de confesso – que fica requerido, testemunhas, perícias, juntada de
novos documentos e outros que se fizerem necessários.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Paulo, 28 de abril de 2023.


Cesar Augusto OAB nº. 223.456
Patrícia Miranda OAB nº. 223.457

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