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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ____ª

VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE CIDADE-ESTADO

... (nome completo em negrito do reclamante), ... (nacionalidade), ...


(estado civil), ... (profissão), portador do CPF/MF nº ..., com Documento de
Identidade de n° ..., residente e domiciliado na Rua ..., n. ..., ... (bairro), CEP:
..., ... (Município – UF), vem respeitosamente perante a Vossa Excelência
propor:

CONTESTAÇÃO

à pretensão autoral pelos fatos e fundamentos que passa a expor.

DOS FATOS ALEGADOS EM EXORDIAL

O reclamante alega em inicial que labora para a reclamada desde 2013


de forma clandestina, na função de motorista, levando funcionários até o Polo
Cloroquímico de Marechal Deodoro, e os buscando, numa jornada irreal de
treze horas e meia diária, recebendo abaixo do piso salarial da classe, quando
em outubro de 2015 foi demitido.

Requer assim o pagamento do FGTS + 40%, as diferenças salariais, e o


pagamento das horas extras.

Este é o resumo.

PRELIMINARES

EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO EM RAZÃO DA


INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA - RITO SUMARÍSSIMO
A reclamante atribuiu como valor da causa o importe de R$ 25.000,00
(vinte e cinco mil reais), o que, por força do artigo 852-A, da CLT abaixo
transcrito, enquadra a presente demanda no procedimento sumaríssimo (40 SM
x R$ 880,00 = R$ 35.200,00). Vejamos:
Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda
a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do
ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao
procedimento sumaríssimo. Parágrafo único. Estão
excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em
que é parte a Administração Pública direta, autárquica e
fundacional.

Não obstante o valor dado a causa se enquadrar legalmente em um


processo a correr sob o rito sumaríssimo, o reclamante não observou por
completo os documentos essenciais da via eleita, qual seja a juntada da
planilha de cálculos contendo a liquidação da sentença.

Assim, percebe-se que não houve cálculo algum que liquidasse os


pedidos das supostas verbas de horas extras, diferenças salariais e depósito de
FGTS, o que DIFICULTA O DEVIDO PROCESSO LEGAL E A AMPLA DEFESA,
ficando desde já SUSCITADA A VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL, NOS
TERMOS DO ART. 5º, II, LIV e LV, DA CF/88, bem como fere ao disposto no
parágrafo primeiro do art. 852-B, da CLT:

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no


procedimento sumaríssimo: I - o pedido deverá ser certo ou
determinado e indicará o valor correspondente; (...) § 1º O
NÃO ATENDIMENTO, pelo reclamante, DO DISPOSTO
NOS INCISOS I E II DESTE ARTIGO IMPORTARÁ NO
ARQUIVAMENTO DA RECLAMAÇÃO E CONDENAÇÃO AO
PAGAMENTO DE CUSTAS SOBRE O VALOR DA CAUSA.
(...). (destaques nossos)

Como se não fosse o suficiente, as falhas na petição inicial ainda


persistiram e por sua vez, não satisfeita, deu à causa o valor de R$ 25.000,00,
o que provavelmente denota pela quantia fornecida, e pelo que foi pedido, que
não houve sequer razoabilidade e proporcionalidade ao auferir tal valor. Razão
pela qual merece ser EXTINTO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO, em razão dos fundamentos acima expostos.

DA INEPCIA DA PETIÇÃO INICIAL


A Reclamada suscita a INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL forte no art. 840, §
1º da CLT c/c art. 330, I, do NOVO CPC, quanto aos pedidos insertos na
petição inicial, EM ESPECIAL NO TOCANTE À QUANTIDADE DAS SUPOSTAS
HORAS EXTRAS, posto que SEQUER FEZ A INDICAÇÃO DOS DIAS DE
TRABALHO E DE FOLGA DURANTE A SEMANA, tampouco não informou sequer
o total de horas extras a que requer, impossibilitando a reclamada de exercer
seu amplo direito de defesa.

Veja Excelência que a confusão nos fatos da exordial, na tentativa de


indicar uma data de admissão e demissão, impede que a reclamada exerça seu
amplo direito de defesa e com violação ao contraditório e ao devido processo
legal, posto que não conseguiu entender o que o reclamante almejou alegar,
assim como tratar-se INDISCUTIVELMENTE DE UMA PETIÇÃO GENÉRICA.

Insiste o reclamante em afirmar que não teve suas supostas horas extras
retidas, bem como não recebia salário que respeitasse o piso da categoria, MAS
CONTINUA SEM INDICAR:

- Dias de trabalho e folga durante a semana;

- bem como em que período do tempo alegado, recebia a suposta


remuneração de R$900,00 (novecentos reais).

Portanto, temos que A INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL ESTÁ


NITIDAMENTE CONFIGURADA.

Consabido que os requisitos da petição inicial trabalhista são: "sendo


escrita, A RECLAMAÇÃO DEVERÁ CONTER a designação do Presidente da Junta
(VARA DO TRABALHO), ou do juiz de direito, a quem for dirigida, a qualificação
do reclamante e do reclamado, UMA BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS DE QUE
RESULTE O DISSÍDIO, o pedido, a data e a assinatura do reclamante ou de seu
representante." (os grifos do art. 841, da CLT são nossos)

É preciso que realmente haja uma breve exposição dos fatos acerca de
tudo que for pedido, pois somente poderá ser apta a formar alguma convicção
para que possa viabilizar o processo, se estiver em condições de
entendimento.

Outrossim, a petição inicial não apresenta a documentação mínima


necessária para a apreciação dos pedidos, inclusive a INEXISTÊNCIA DA
PRÓPRIA CAUSA DE PEDIR prejudicando o exercício do pleno direito de defesa,
maculando o devido processo legal.

Desta forma, impõe-se a extinção do processo sem resolução do mérito,


nos termos impugnados nesta proemial e forte nos artigos 330, I e 485, I, do
NOVO Código de Processo Civil - Lei nº 13.105/2015 c/c art. 769, da CLT

NO MÉRITO
Por mero juízo de precaução, caso vossa excelência entenda por dar
continuidade ao andamento processual, mesmo com todas as falhas contidas
em exordial, inclusive prejudicando a própria defesa do reclamado, passaremos
agora a analisar o mérito.

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Inicialmente requer a V. Exa. lhe sejam concedidos os benefícios da


Gratuidade Justiça na forma do art. 2º, Parágrafo único, c/c art. 4º da Lei 1.060
de 05 de fevereiro de 1950, por ser um micro empresário individual, tratando-
se de um negócio pequeno, que por si só já traz bastante despesa ao seu
proprietário, não podendo arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu
sustento e de sua família.

DO TEMPO DE SERVIÇO E DO FGTS

Em exordial é alegado que o reclamante começou a trabalhar como


motorista do reclamado, levando e buscando funcionários para o Polo
Cloroquímico de Marechal Deodoro, e saiu de seu labor por diversas vezes,
sendo em todas às vezes demitido sem justa causa.

Ocorre excelência que tais demissões injustificadas nunca ocorreram, o


que deveras aconteceu foi que, quando fichado, o reclamante veio a pedir
demissão pelo fato de que começaria a trabalhar para a empresa de ônibus
Veleiro, conforme se depreende pela própria carteira de trabalho do
reclamante, assinada por um período em nome da empresa de ônibus, e no
momento em que pediu demissão teve todas as suas verbas rescisórias
quitadas, conforme documento em anexo.

Desta feita, o reclamante, posteriormente, e por ser amigo íntimo do


proprietário da reclamada, pediu ajuda por está desempregado, sendo acatado
pela reclamado, retornando ao serviço no mês de março de 2016, onde
permaneceu até o mês de julho de 2016, momento no qual novamente pediu
demissão, desta vez porque iria focar no pequeno negócio alimentício que sua
esposa estava montando.

No momento de sua saída, mesmo pedindo para sair, a reclamada


entrou acordou com o reclamante que o pagaria a quantia de R$2.000,00 (dois
mil reais), referente ao FGTS, no qual após pagar os primeiros R$500,00
(quinhentos reais), a reclamada não mais conseguiu contato com o reclamante,
mesmo tendo se dirigido até a casa do genitor do mesmo, não obteve êxito em
encontra-lo, apenas tendo noticia quando da citação.

Sendo assim, em caso de condenação, seja apenas considerado esse


pequeno período de tempo que deveras o reclamante voltou a ser funcionário
da reclamada, vindo a pedir demissão, bem como que seja compensado os
valores já pagos ao reclamado.

DAS HORAS EXTRAS

Continua alegando em inicial que sua carga horária era de 13:30 horas
diárias, momento em que iniciava seus serviços às 05H da manhã, encerrando
apenas a 20:30H quando chegava em casa

Ocorre excelência que o reclamante deixou de observar a seguinte


situação, as 05:00h da manhã o mesmo se dirigia a empresa o qual a
reclamada prestava serviço, deixava os funcionários, e de logo retornava para
sua própria residência, onde ficava esperando chegar às 14:00h da tarde
(conforme tacógrafos em anexo) quando retornaria a Marechal Deodoro,
pegaria os funcionários que lá deixou, e retornava a sua residência já liberado
de seus serviços diários (horário comprovado pelos pontos dos funcionários
anexo aos autos).

Neste interim percebe-se que o horário total de serviço alegado pelo


reclamante não se trata de hora extra, como requerido em exordial, mas sim
tempo de espera, conforme leciona a lei n. 13.103/2015, conhecida como lei
dos motoristas, que deixa bem claro que a hora de espera jamais se confunde
com horas extras, senão vejamos:

Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motorista


profissional será de 8 (oito) horas, admitindo-se a sua
prorrogação por até 2 (duas) horas extraordinárias ou,
mediante previsão em convenção ou acordo coletivo, por até 4
(quatro) horas extraordinárias.
§ 1º Será considerado como trabalho efetivo o tempo
em que o motorista empregado estiver à disposição do
empregador, excluídos os intervalos para refeição, repouso e
descanso e o tempo de espera. (grifo nosso)

Neste diapasão, para que não reste dúvidas acerca do que seria o
horário de descanso, o mesmo artigo acima citado em seu §8º o conceitua,
conforme depreende-se abaixo:

§8º - São considerados tempo de espera as horas em que o


motorista profissional empregado ficar aguardando carga ou
descarga do veículo nas dependências do embarcador ou do
destinatário e o período gasto com a fiscalização da mercadoria
transportada em barreiras fiscais ou alfandegárias, não sendo
computados como jornada de trabalho e nem como horas
extraordinárias. (grifo nosso)

E como já supracitado, ao contrário do que informado em exordial, o


reclamado permitia que o reclamante retornasse a sua residência, mesmo
sendo em outro município, para que assim possuísse um melhor conforto em
seu período de espera.

Tal supra citação põe também fim a qualquer debate acerca da não
aplicação de horas extraordinárias em casos de tempo de espera.
Vale ressaltar que em desacordo ao alegado pelo reclamante o intervalo
entre uma jornada e outra era devidamente respeitado, segundo permite a lei
dos motoristas:

§ 12. Durante o tempo de espera, o motorista poderá realizar


movimentações necessárias do veículo, as quais não serão
consideradas como parte da jornada de trabalho, ficando
garantido, porém, o gozo do descanso de 8 (oito) horas
ininterruptas aludido no § 3o.

Por fim, resta claro que o pedido de pagamento de horas extras não
merece prosperar, pelo simples fato de não ser aplicado nesta situação,
entretanto por mero juízo de precaução caso surpreendentemente a lei acima
arguida não for considerada pelo MM juízo, é de se considerar que a carga
horária verdadeiramente realizada pelo motorista, não ultrapassa as oito horas
diárias, levando em consideração a existência de duas horas para que o mesmo
realizasse a sua refeição.

DAS DIFERENÇAS SALARIAIS

É aduzido pelo reclamante que o mesmo recebia menos que o piso da


categoria permite, o que não passa de mais outra informação inverídica.

É de bom alvitre trazer a tona que quando fichado, na primeira vez que
laborou para a reclamada, o reclamante não passava de um motorista de Van,
profissão esta que não possui piso salarial definido por lei, e mesmo recebendo
a quantia de R$900,00 (novecentos reais), esta era bastante superior ao salário
mínimo da época, que seria de R$724,00(setecentos e vinte e quatro reais), o
que mostra que era bem remunerado pelo reclamado.

Conforme depreende-se pela TRCT juntada aos autos, o reclamante teve


todos seus direitos quitados, não mais restando ônus ao reclamado, tampouco
o que se falar.

Ao retornar a trabalhar para o reclamado, da segunda vez, o reclamante


não mais dirigia uma Van, mas sim um micro-ônibus, e ao contrário do que
trazido em inicial, o piso salarial era de R$1.298,79 (mil duzentos e noventa e
oito reais e setenta e nove centavos), o que era devidamente respeitado pelo
empregador.

Tais pagamentos poderiam ser devidamente comprovados, haja vista


algum deles foram feitos na conta da esposa do reclamante, posto este não
possuir conta bancária, porém o acesso ao histórico de transferências entre a
conta do reclamante e da esposa do reclamado foi negado pela CEF,
autorizando apenas por ordem judicial, o que abaixo será requerido, posto a
referida negativa bancária, cerceia o direito de defesa do reclamado.

Sendo assim, sem mais a afirmar, e comprovando que as atitudes e


intenções para com seu funcionário foram as melhores, roga o reclamado pela,
primeiramente, extinção sem resolução no mérito por vícios na exordial, e caso
não seja aceito as teses de inépcia, que sejam considerados improcedentes os
pedidos.

COMPENSAÇÃO:

Na hipótese de condenação em qualquer dos itens postulados na inicial,


o reclamado, desde já, requer a compensação de todos os valores que tenham
sido pagos ao Reclamante.

DA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL

Requer também que em caso de prosseguimento processual, seja


autorizado pelo MM Juízo, a liberação do espelho da conta corrente da Caixa
Econômica Federal n. 00002904-6, Agência 0055, operação 003, de titularidade
de Gilsiano Tojal de Castro, CPF 067.442.434-46, de todo ano de 2016, haja
vista que este documento só é fornecido com ordem judicial, e seria de extrema
importância para elucidação dos fatos.

JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA:


Improcedendo, na totalidade, as parcelas pleiteadas, inexistem valores a
serem corrigidos. Todavia, e por cautela, o reclamado invoca a aplicação, à
espécie, do disposto no art. 39 da Lei 8.177/91.

Protesta pela produção de todo o gênero de provas em direito admitidas


e necessárias, em especial depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de
confissão, juntada de documentos, ouvida de testemunhas, realização de
perícias técnicas, dentre outros.

DIANTE DO EXPOSTO, contestados todos os fatos, valores e pretendidas


repercussões contidas na inicial, bem como todo e qualquer direito postulado,
REQUER o reclamado, a habilitação nos presentes autos, bem como seja
acolhida a preliminar arguida declarando a extinção do feito sem resolução
do mérito pela inépcia da inicial e, no mérito seja a ação julgada totalmente
improcedente, responsabilizando o autor pelas custas processuais e demais
ônus de sucumbência.

Nestes termos,

pede e espera deferimento.

... (Município – UF), ... (dia) de ... (mês) de ... (ano).

ADVOGADO
OAB n° .... - UF

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