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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 1ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE

ARAGUAÍNA - TO

Autos nº 0001137-15.2017.5.10.0811

Reclamante: DEUZIRENE DE SOUSA RODRIGUES

Reclamada: DÊNIA RODRIGUES CHAGAS

DEUZIRENE DE SOUSA RODRIGUES, já qualificada nos autos da


RECLAMATÓRIA TRABALHISTA que move em face de DÊNIA RODRIGUES CHAGAS também
qualificada, por seus procuradores infra-assinados, vem, mui respeitosamente, perante Vossa
Excelência, em atenção à defesa apresentada na forma de contestação, oferecer IMPUGNAÇÃO
A CONTESTAÇÃO, pelos seguintes motivos:

BREVE RELATO

A reclamada, ao responder a presente demanda, trouxe fundamentos e


fatos que não merecem prosperar, pelos fundamentos que passa a expor:

1- DA RÉPLICA

1.1- QUANTO A PRELIMINAR ARGUIDA - DA INÉPCIA INICIAL – PEDIDO GENÉRICO DE HORA


EXTRAS

Impugna-se!

Em sua contestação, a reclamada alega que a petição inicial apresenta


inépcia, que a pretensão de horas extras se mostra incompleta, que não foi informado a real
jornada cumprida pela reclamante e que não indicou os meses que os referidos depósitos não
foram recolhidos.

No entanto Excelência, uma singela leitura da exordial no tópico das


HORAS EXTRAS, fica claro que tal alegação da reclamada é totalmente inconsistente não
devendo prosperar.

O referido pedido de HORAS EXTRAS da reclamante está muito bem claro e


coerente, atendendo assim a melhor maneira de compreensão quanto aos fatos e aos
requisitos do pedido, no qual foi informado corretamente a jornada de trabalho cumprida pela
mesma conforme consta na inicial:

“... ficava à disposição da Reclamada de Segunda à Sexta-feira das


07h00 às 17h00 horas, e aos sábados das 07h00 as 15h00, sem
descanso para repouso e alimentação.

A Reclamante possuía uma jornada diária além do limite legal da


duração de trabalho normal, que são de 08 horas diárias, já que sua
jornada diária de labor era de cerca de 10 horas, o que gera cerca de
2 horas extras por dia.

Assim, resta configurado que a reclamante realizava


aproximadamente 10 horas extra de segunda a sexta-feira, e aos
sábados 4 horas extras, totalizando 14 horas extras por semana e em
média 56 horas extras mensalmente.

A reclamada alega também que na inicial não foi indicado o mês ou os


meses que os referidos depósitos de FGTS não foram recolhidos.

Excelência, a reclamada em sua defesa reconhece o vínculo empregatício,


ficando claro que não houve a assinatura da CTPS da autora, portanto, se não assinou a CTPS da
reclamante, automaticamente não houve depósitos de FGTS.

Nos pedidos do FGTS, ficou bem explícito o pedido requerendo a


regularização de todos os meses trabalhados desde a data de admissão em 30/01/2017 até a
data da baixa da CTPS em 06/10/2017 devido a projeção do aviso prévio indenizado, fato este
que foi explanado durante toda a exordial.

Portanto Excelência, a reclamante expos com clareza, de forma objetiva e


coesa, não faltando-lhe com a verdade quanto aos fatos que integram a causa de pedir da
reclamatória trabalhista, não havendo pedidos genéricos.

Diante do exposto, impugna-se as alegações da reclamada aqui discutidas,


não merecendo prosperar.
1.2- PRELIMINAR ARGUIDA - IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

Impugna-se!

Em apertada síntese, alega a reclamada em contestação que a reclamante


não comprovou ser pobre, devendo assim a mesma arcar com as custas judiciais não usufruindo
da Assistência judiciária Gratuita, devendo também haver comprovação mediante atestado da
autoridade local do Ministério do Trabalho (art. 14, § 2º, da Lei nº 5.584/70) da situação
econômica peculiar.

A Orientação Jurisprudencial 304 da SDI 1 do Colendo Tribunal Superior


do Trabalho abre exceção afirmando que:

"Honorários advocatícios. Assistência judiciária. Declaração


de pobreza. Comprovação. Atendidos os requisitos da Lei
nº 5.584 /70 (art. 14, § 2º), para a concessão da assistência
judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou do
seu advogado, na petição inicial, para considerar
configurada a sua situação econômica (art. 4º , § 1º , da Lei
nº 7510 /1986, que deu nova redação à Lei nº 1060
/1950) ".

Excelência a nova Súmula 463 do TST afirma que quaisquer pedidos de


concessão de assistência judiciária gratuita devem ser apresentados em procuração do
advogado com poderes específicos para esse fim.

Súmula 463

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO


(conversão da Orientação Jurisprudencial 304 da SBDI-I, com
alterações decorrentes do CPC de 2015)

I – A partir de 26.06.2017, para a concessão da assistência


judiciária gratuita à pessoa natural, basta a declaração de
hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu
advogado, desde que munido de procuração com poderes
específicos para esse fim (art. 105 do CPC de 2015);

II – No caso de pessoa jurídica, não basta a mera declaração:


é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a
parte arcar com as despesas do processo.

A procuração da reclamante constante nos autos esta totalmente de


acordo com as novas exigências para a concessão do benefício da Assistência Judiciária gratuita,
tendo em vista seu estado de dificuldade econômica da reclamante estando desempregada,
sendo impossível a mesma pleitear seus direitos trabalhistas sem a referida assistência, uma
vez que não teria condições de suportar a demanda sem prejuízos do seu sustento e de sua
família.
Desta feita, resta impugnada a alegação da Reclamada e provada a
hipossuficiência da Reclamante.

2- DA REALIDADE FACTUAL – CONTORNOS DA RELAÇÃO EMPREGATÍCIA


2.1- DA JORNADA DE TRABALHO

Impugna-se!

Alega a reclamada em sua defesa, que a reclamante distorceu a realidade


dos fatos quanto a jornada de trabalho, aduz que a autora laborava sempre das 07h00 às
16h00, que encerrava os serviços as 16h00 mas que a autora ficava aguardando seu marido a
buscar, que abandonava a casa apenas as 17h00.

Excelência não merece prosperar tal alegação, infelizmente a reclamada


em sua defesa, busca de forma mentirosa distorcer os fatos procurando diminuir a jornada de
trabalho de trabalho da reclamante para não ser condenada a pagar as horas extras, tendo em
vista que a autora laborava das 07h00 as 17h00 com uma carga horária de trabalho de 10 horas
ininterruptas conforme exposto na exordial.

Nas poucas vezes que a reclamante conseguia encerrar os serviços antes


das 17h00, a mesma não deixava o local de trabalho antes das 17h00, horário este que foi
combinado na contratação, a autora sempre cumpriu com sua jornada pontualmente, ficando a
disposição da reclamada até o final do expediente, que nunca ficava parada, devido a grande
mansão no qual é a residência da reclamada.

Excelência, a autora possui sua motocicleta, não necessitando que seu


marido a levasse e buscasse no local de trabalho, ficando claro ser mentira tal alegação da
reclamada. Poucas foram as vezes que a reclamante necessitou de carona do seu marido, fato
este que ocorreu quando a motocicleta da reclamante apresentou problemas mecânicos.

É possível verificar que a reclamada não juntou documentos para que


pudesse comprovar tais alegações quanto à jornada de trabalho.

O Art. 12 da Lei Complementar nº 150 de 2015, tratou de regulamentar


expressamente o assunto:

É obrigatório o registro do horário de trabalho do


empregado doméstico por qualquer meio manual, mecânico
ou eletrônico, desde que idôneo.

A redação do artigo supracitado determina que o controle de ponto deve


ser realizado de maneira obrigatória. Não há qualquer limitação ou condição para que o
controle de ponto seja realizado. Trata-se de norma destinada a todos os empregadores
domésticos, independentemente do número de empregados que possuir.
A reclamante provará em audiência por meio de testemunha sua jornada
de trabalho.

Diante do exposto impugna-se a defesa da reclamada quanto a jornada de


trabalha alegada.

2.2- DO INTERVALO INTRAJORNADA

Impugna-se!

Alega a reclamada em contestação que a Reclamante sempre gozava do


intervalo para descanso nas dependências da residência, que sempre após o almoço a
Reclamante tinha entre 01 e 02 horas para descansar, onde permanecia sentada ou deitada,
vezes assistindo TV e outras dormia, e que tinha duas domésticas trabalhando na residência,
alegações estas mais uma vez mentirosas que não merecem prosperar.

A verdade é que após o almoço, a reclamante não tinha seu horário de


descanso, devido a grande carga de trabalho que tinha na casa, se a mesma fosse descansar 2
horas conforme dito na contestação, a reclamante iria sair do trabalho as 19 horas da noite,
pois não daria tempo de terminar todo o serviço da casa.

A autora almoçava e logo já voltava ao batente tendo em vista a casa da


reclamada se tratar de uma mansão.

Importante informar que na residência tinha o total de 08 moradores, que


de segunda a sexta-feira a reclamante lavava as roupas dos moradores todos os dias e no outro
dia passava, além de limpar a casa como é de praxe da função da doméstica. Apenas aos
sábados que a autora não passava roupa, sendo possível conseguir sair do trabalho as 15h00
nos sábados.

Excelência, desde o início do pacto laboral, a reclamante sempre laborou


sendo a única doméstica da residência, apenas na última semana antes da demissão da
reclamante, que a reclamada contratou outra empregada doméstica tendo em vista que a
reclamante encontrava-se doente tendo apresentado atestado médico.

Portanto a Reclamante durante todo o período laborado, não usufruiu de


algum intervalo para descanso, vez que sempre que acabava de almoçar, já voltava a trabalhar
lavando as panelas do almoço e assim por diante.

Mais uma vez Excelência, a reclamada tenta distorcer os fatos com


alegações mentirosas, bem como, não faz juntada de provas documentais quanto ao referido
intervalo intrajornada aqui discutida.

Diante do exposto, a reclamante faz jus ao intervalo intrajornada.


2.3- OUTROS FATOS ALEGADOS PELA RECLAMADA - SUPOSTA CONTRATAÇÃO DA
RECLAMANTE EM COLÉGIO DA RECLAMADA

Impugna-se!

Alega à reclamada em sua contestação, que a autora pediu que fosse


contratada como funcionária do colégio no qual a reclamada é proprietária, tendo a reclamada
assim solicitada para que a reclamante comparecesse na escola para ter sua CTPS assinada,
porém a autora sumiu e que jamais procurou a reclamada a fim de informar que pretendia a
rescisão do contrato, e tampouco justificar o abandono de emprego, fato este não ser verdade
devendo ser impugnado tais alegações.

Excelência lamentavelmente a reclamada usa de invenções e de mentiras


para contestar a exordial.

A reclamante nunca pediu para que fosse contratada em colégio, e muito


menos cogitou trabalhar em outro lugar. A verdade real dos fatos do que aconteceu foi que a
reclamada dispensou a autora, pois já estava com outra doméstica trabalhando em sua
residência e apresentou a proposta de contratar a reclamante no colégio para que assim a
autora tivesse sua carteira assinada pelo colégio, mas com o intuito de que a autora abrisse
mão dos seus direitos trabalhistas domésticos.

A autora de forma correta não aceitou a proposta da reclamada


informando que não iria trabalhar no colégio, no qual quis receber apenas seus direitos
trabalhistas domésticos a que tinha direito, tendo em vista que laborou durante 8 meses para a
reclamada em sua residência, fato este que não agradou a reclamada, que não mais atendeu os
telefonemas da reclamante deixando totalmente desamparada de seus direitos.

A reclamante tentou por diversas vezes entrar em contato com a


reclamada, tentativas todas frustradas, obrigando a autora a procurar o poder jurisdicional,
tendo em vista que a mesma não abandonou o emprego e sim foi dispensada.

Diante do exposto Excelência, impugna-se tais alegações da reclamada.

3- DO ABANDONO DE EMPREGO – RESCISÃO POR JUSTA CAUSA E DEMAIS VERBAS


RESCISÓRIAS

Impugna-se!

Alega a reclamada em sua defesa, que foi a reclamante que deu causa à
rescisão do contrato caracterizado de ABANDONO DE EMPREGO, ou seja POR JUSTA CAUSA;
que a mesma manifestou desejo de não mais trabalhar na casa da reclamada e que deveria se
apresentar na empresa para assinatura da CTPS, mas que a autora não se apresentou na
residência da Reclamada para laborar e tampouco na empresa da reclamada, ficando assim
desaparecida até a presente data caracterizando o ABANDONO DE EMPREGO; que a
Reclamante foi chamada por diversas vezes para retornar ao trabalho, bem como lhe foi
oportunizado que, acaso não tivesse mais interesse na transferência, que retornasse ao labor na
residência da Reclamada; e que todo o atraso no pagamento das verbas foi por culpa
exclusivamente da autora.

Excelência, a reclamada além de nunca ter assinado a CTPS da autora,


nunca ter feito nenhum depósito referente ao FGTS que é de direito do empregado doméstico,
busca ainda de todos os modos distorcer a verdade dos fatos, com intuito de não pagar nem as
verbas incontroversas da reclamante.

Conforme já exposto, a reclamante nunca pediu para que fosse contratada


em colégio, e muito menos cogitou trabalhar em outro lugar. A verdade real dos fatos do que
aconteceu foi que a reclamada dispensou a autora, pois já estava com outra doméstica
trabalhando em sua residência e apresentou a proposta de contratar a reclamante no colégio
para que assim a autora tivesse sua carteira assinada pelo colégio, mas com o intuito de que a
autora abrisse mão dos seus direitos trabalhistas domésticos.

A autora de forma correta informou que não iria trabalhar no colégio e


assim não aceitou a proposta da reclamada, optando por receber apenas seus direitos
trabalhistas domésticos a que tinha direito, tendo em vista que laborou durante 8 meses para a
reclamada em sua residência, fato este que não agradou a reclamada, que não mais atendeu os
telefonemas da reclamante deixando a reclamante totalmente desamparada de seus direitos.

Importante ressaltar que a reclamante buscou por diversas vezes a


reclamada para tentar ao menos um diálogo, mas infelizmente foram todas as tentativas
infrutíferas, a reclamada bloqueou a reclamante no whatsapp e nem atendia seus telefonemas.

Portanto Excelência, não tem que se falar em demissão POR JUSTA CAUSA
e nem abandono de emprego, pois a reclamante foi demitida sem justa causa sendo obrigada a
procurar o poder jurisdicional tendo em vista a ausência por parte da reclamada após a
demissão, que não lhe deu qualquer satisfação quanto aos seus direitos.

A obreira procurou fazer tudo que estava em seu alcance mesmo sendo a
parte mais frágil da relação empregatícia.

Diante de todo o exposto, a reclamante tem direito sim a todas as verbas


rescisórias provenientes da dispensa sem justa causa, quais sejam: Saldo de salário, Aviso
Prévio Indenizado, 13º salário proporcional, Férias proporcionais, Terço Constitucional das
férias, FGTS e multa de 40%.
4- MULTAS DOS ARTS. 467 E 477 DA CLT

Impugna-se!

A reclamada em sua defesa requer a improcedência do pedido de


pagamento das multas previstas nos arts. 467 e 477 da CLT, alegando que a autora foi a
causadora da mora.

Conforme já foi exposto, está mais do que claro que a reclamante não
abandonou o emprego, no dia 06 de setembro de 2017 a reclamante foi dispensada sem justa
causa, a reclamada sabendo que deveria pagar os direitos da reclamante e procurando se
isentar desta obrigação, propôs que a autora fosse contratada por seu colégio, e em troca
deveria abrir mão dos seus direitos trabalhistas fato este que não aconteceu.

A autora não quis trabalhar no colégio da reclamada, e sim optou por


receber seus direitos trabalhistas.

Após a demissão, a reclamada representada por sua mãe só veio entrar em


contato com a reclamante após ter sido intimada referente a RECLAMAÇÃO TRABALHISTA aqui
discutida, ou seja, mais de 30 dias depois de ter dispensado a autora.

Portanto a reclamante faz jus a multa dos arts. 467 e 477 da CLT.

Impugna-se as alegações da reclamada.

5- DO SALÁRIO-FAMÍLIA

Impugna-se!

A reclamada em sua defesa requer a improcedência do pedido de salário-


família por não ter comprovado a entrega da documentação dos filhos.

Excelência não merece prosperar tais alegações da reclamada, pois na data


da contratação a reclamada falou que se a reclamante aguentasse trabalhar na residência 30
dias, a reclamada iria assinar a carteira da reclamante bem como pagar todos os seus direitos
estando incluso o salário-família. Passado os 30 dias de experiência, a reclamada informou a
reclamante que iria assinar sua carteira de trabalho apenas no mês de maio de 2017.

A parte reclamante iria apresentar toda a documentação de seus filhos


quando a reclamada fosse finalmente assinar sua carteira de trabalho, fato este Excelência que
nunca aconteceu.

Sendo a reclamante a parte mais frágil da relação empregatícia, não seria


ela que iria obrigar a parte reclamada a cumprir com suas obrigações, tendo em vista, a autora
necessitar e muito do trabalho, bem como possuir 5 filhos para alimentar, restando-lhe apenas
a opção de esperar a boa vontade da reclamada de assinar a sua CTPS.

Quando a reclamada não cumpre o mais elementar de seus deveres que é


registrar a CTPS de seu empregado, recai sobre a reclamada o ônus da prova.

TRT-5 - Recurso Ordinário RecOrd 00008015620145050196


BA 0000801-56.2014.5.05.0196 (TRT-5)
Data de publicação: 04/02/2014
Ementa: SALÁRIO-FAMÍLIA. EMPREGADO SEM REGISTRO NA
CTPS. BENEFÍCIO DEVIDO. Para determinar o pagamento
coercitivo do salário-família, não basta que o trabalhador
faça prova de seus dependentes em juízo. Contestado pelo
empregador que o tenha feito no curso do contrato de
trabalho, cumpre ao obreiro demonstrá-lo, por se tratar de
fato constitutivo do pedido. Não obstante, atrai o reclamado
o ônus da prova quando não cumpre o mais elementar de
seus deveres: registrar a CTPS do empregado.

Diante do exposto, a reclamante faz jus a todas as quotas do salário-


família, estando impugnadas as alegações da reclamada.

6- DO DEPÓSITO DE FGTS

Impugna-se!

A reclamada em sua contestação alega que garantirá o depósito integral


do FGTS da reclamante não devendo haver condenação ao pedido sob pena de enriquecimento
ilícito, e também requer o não pagamento de 40% sobre o saldo do FGTS, por entender que a
obreira abandonou o emprego.

Excelência, a Lei das Domésticas LC 150/2015 dispõe sobre a


regulamentação do FGTS, definindo que o empregador deverá efetuar na rede bancária um
depósito correspondente a 8% (oito por cento) da remuneração paga ao trabalhador no mês
anterior, conforme define o art. 34, IV, da lei acima citada, que diz "O Simples Doméstico
assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes
valores: IV - 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS.

A reclamada em contestação reconheceu o vínculo empregatício bem


como também garantiu o depósito integral do FGTS da reclamante.

Neste caso, a reclamante impugna em parte as alegações da reclamada,


tendo em vista que a reclamante não abandonou o emprego conforme alega a reclamada,
devendo a autora fazer jus a multa de 40% sobre o saldo do FGTS.
Diante do exposto, a obreira requer a condenação da reclamada ao
pagamento do depósito integral do FGTS, bem como a multa de 40% oriundas da dispensa sem
justa causa.

7- DA INEXISTENCIA DE HORAS EXTRAS

A reclamada em sua contestação no tópico 6- DA INEXISTENCIA DE HORAS


EXTRAS, reconhece que a reclamante laborava 10 horas por dia quando aduz:

A Reclamante sempre laborou das 07h00 às 17h00, sendo que nas


ocasiões em que permaneceu nas dependências da residência além
desse horário se deu pelo fato de que a mesma esperava seu marido a
buscar, não exercendo qualquer serviço para a Reclamada nesse período
de espera.

Excelência, importante informar que a reclamante possui sua motocicleta,


não necessitando esperar o seu marido para busca-la, situação bem diferente do que alega à
reclamada.

A obreira laborava das 07h00 as 17h00 de segunda a sexta feira, e das


07h00 as 15h00 nos sábados, sempre cumprindo pontualmente com sua jornada de trabalho
que foi combinada na data de sua contratação demonstrando sua subordinação.

A reclamante em audiência de instrução provará por meio de testemunhas


sua jornada de trabalho aqui discutida.

Diante do exposto, impugna-se tais alegações da reclamada de que a


reclamante não laborava além da jornada de 44 horas semanais, tendo em vista que foi exposto
acima, que a própria reclamada reconheceu em sua contestação que a autora laborava das
07h00 as 17h00, totalizando 10 horas por dia.

Ante o exposto, a reclamante faz jus a todas as horas extras pleiteadas na


exordial.

8- INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS – CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO

Argumenta a Reclamada no sentido de que não são devidos os honorários


advocatícios pleiteados pelo Reclamante em exordial, visto que o mesmo não é pobre na
acepção jurídica da palavra e nem representado por sindicato de sua categoria.

No concernente aos honorários advocatícios, cabe salientar que a outorga


legal da capacidade postulatória às partes não pode ser vista como elemento inibidor da
aplicação da verba honorária advocatícia ao processo trabalhista.
Apesar da capacidade postulatória outorgada às partes pela Lei, a
complexidade da técnica processual exige a participação efetiva e concreta dos profissionais
habilitados, sob pena de inverter a sua própria finalidade, ou seja, de que seja um instrumento
de justiça. Evidentemente que a participação do profissional habilitado na Justiça do Trabalho
representa um “plus” às partes e à própria justiça.

Neste sentido, o Eminente magistrado da 1a Vara do Trabalho da Comarca


de Piracicaba, Dr. Marcus Menezes Barberino Mendes, julgou da seguinte forma o pedido das
verbas advocatícias, in verbis:

“DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: Extinta a representação


classista, último resquício da origem corporativa e
administrativa da Justiça do Trabalho, abro novamente a
divergência para encetar novos argumentos em torno do pleito
de verba honorária, que me parece ter nexo de causalidade
com o próprio art. 186 do Código Civil. Com efeito, na Justiça
do Trabalho não se aplica o princípio da sucumbência como
instituído pelo direito processual comum, mormente no que
tange a sucumbência recíproca, sendo as custas judiciais pagas
pelo vencido, conforme art. 789 da CLT, que outro não é senão
aquele que teve seu patrimônio atingido pela sentença,
devendo desembolsar quantia correspondente aos pedidos
deferidos pelo título judicial. Por outro lado, o obreiro teve
resistida sua pretensão à percepção das parcelas
remuneratórias do contrato de trabalho, necessitando
ingressar em juízo para reavê-las. Embora vigente o “Jus
postulandi” das partes, não nos parece razoável que quem não
tenha dado causa à lide sofra um decréscimo patrimonial para
restabelecer seus “status quo ante”, resultante da contratação
de profissional habilitado. Acrescente-se que o art. 5º, inciso
LV, da Magna Carta assegura aos litigantes em geral o “due
process of law” com todos os meio e recursos a ele inerentes.
Ora, é indubitável que fazer-se acompanhar em Juízo por
profissional habilitado resulta num “plus” à defesa da parte e,
naturalmente, meio inerente à ampla defesa, posto que
assegura-lhe a utilização de todos os recursos técnicos da
moderna processualística. Logo não há incompatibilidade
entre “ius postulandi” e o deferimento de honorários
advocatícios, pois estes compõem a ordem judicial que
determina o restabelecimento do “status quo ante”, em
homenagem ao próprio art. 186 do Código Civil. Assim, em que
pese substanciosas e mesmo majorantes opiniões doutrinárias
e jurisprudenciais em contrário, SE E QUANDO acompanhado
por advogado, são devidos os honorários advocatícios, para
que DEFERE-SE a verba honorária em percentual equivalente a
15% do valor da condenação a ser suportada exclusivamente
pela Reclamada” (1a Vara do Trabalho da Comarca de
Piracicaba – Processo 1987/2003 – j. 12.07.2004 – Juiz Dr.
Marcus Menezes Barberino Mendes).

Outrossim:

O art. 133 da Lex Mater não revogou, por incompatibilidade,


as normas existentes permissivas do exercício das funções de
advogado por quem não preencha as condições necessárias
para a atividade profissional da advocacia. Tão somente
elevou a nível constitucional à indispensabilidade do advogado
na administração da justiça. O princípio do jus postulandi,
consagrado nos arts. 791 e 839, alínea “a” da CLT, subsistiu à
nova ordem jurídica-constitucional. Contudo não há
incompatibilidade entre o jus postulandi e o princípio da
sucumbência quando a parte valer-se da contratação de
advogado para defender seus interesses em Juízo. O jus
postulandi é uma faculdade e não um dever. Destarte, defere-
se ao reclamante os honorários advocatícios na base de 15%
sobre o valor da condenação, nos termos do art. 20 do Código
de Processo Civil. (1ª. Vara do Trabalho da Comarca de
Piracicaba – Proc. n.º 1284/2004-1 – j. 18/12/2005 – Juíza Ana
Paula Alvarenga Martins).

E, no mesmo entendimento dos julgados acima, recente decisão


no processo número 937/2005, em trâmite perante a 1ª Vara do Trabalho desta comarca,
prolatada pelo MM. Juiz, condenou a Embargada ao pagamento dos honorários no seguinte
posicionamento:
“I - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Efetivamente a
sentença é omissa, urgindo a complementação da tutela
jurisdicional sobre tal aspecto da lide. Extinta a representação
classista, último resquício da origem corporativa e
administrativa da Justiça do Trabalho, abro novamente a
divergência para encetar novos argumentos em torno do pleito
de verba honorária, que me parece ter nexo de causalidade
com o próprio art. 186 do Código Civil e com o art. 20 do
Código de Processo Civil. Com efeito, na Justiça do Trabalho
não se aplica o princípio da sucumbência tal como instituído
pelo direito processual comum, mormente no que tange a
sucumbência recíproca, sendo as custas judiciais pagas pelo
vencido, conforme art. 789 da CLT, que outro não é senão
aquele que teve seu patrimônio atingido pela sentença,
devendo desembolsar quantia correspondente aos pedidos
deferidos pelo título judicial. Por outro lado, o obreiro teve
resistida sua pretensão à percepção das parcelas
remuneratórias do contrato de trabalho, necessitando
ingressar em Juízo para reavê-las. Embora vigente o "jus
postulandi" das partes, não nos parece razoável que quem não
tenha dado causa à lide sofra um decréscimo patrimonial para
restabelecer seu "status quo ante", resultante da contratação
de profissional habilitado. Acrescente-se que o art. 5º, inciso
LV, da magna carta assegura aos litigantes em geral o "due
process of law" com todos os meios e recursos a ele inerentes.
Ora, é indubitável que fazer-se acompanhar em Juízo por
profissional habilitado resulta num "plus" à defesa da parte e,
naturalmente, meio inerente à ampla defesa, posto que
assegura-lhe a utilização de todos os recursos técnicos da
moderna processualística. Logo, não há incompatibilidade
entre "ius postulandi" e o deferimento de honorários
advocatícios, pois estes compõem a ordem judicial que
determina o restabelecimento do "status quo ante", em
homenagem ao próprio art. 186 do Código Civil. Assim, em que
pese substanciosas e mesmo majoritárias opiniões doutrinárias
e jurisprudenciais em contrário, SE E QUANDO acompanhado
por advogado, são devidos os honorários advocatícios, pelo
que DEFERE-SE a verba honorária em percentual equivalente a
15% do valor da condenação a ser suportada exclusivamente
pela Reclamada” (g.n.). (1a Vara do Trabalho da Comarca de
Piracicaba – Processo 937/2005 – Juiz Dr. Marcus Menezes
Barberino Mendes).

Desta feita, diante da complexidade das relações da Justiça Trabalhista e


sendo praticamente imprescindível a presença do advogado para o alcance da sublime justiça, e
ainda, em decorrência do estado de penúria da Reclamante desempregada, requer a V. Exa.
digne-se arbitrar os honorários advocatícios, conforme delimitado na exordial.
9- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

A reclamada em contestação requer que seja a reclamante condenada ao


pagamento de honorários advocatícios no percentual de 20%.

Excelência a Reforma Trabalhista (Lei no 13.467/17) acrescentou o art.


791-A à CLT, instituindo honorários advocatícios em todas as ações trabalhistas.

“Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria,


serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o
mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze
por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da
sentença, do proveito econômico obtido ou, não sendo
possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.

Diante do exposto, caso a reclamante seja a parte vencida, requer que a


condenação quanto à sucumbência seja no valor mínimo de 5% conforme o art. 791-A da CLT ,
e não 20% como deseja a reclamada restando assim impugnado o pedido da reclamada.

Caso a reclamante seja a parte vencedora da reclamação trabalhista,


requer a condenação da parte reclamada ao pagamento de honorários advocatícios no
percentual de 15%, conforme o art. 791-A da CLT.

10- DO ÔNUS PROBANDI

A reclamada em contestação alega que incumbe a parte autora o ônus da


prova.

Excelência, considerando ser a reclamante a parte mais frágil da relação


empregatícia no qual fica prejudicada a possibilidade de produzir provas documentais de suas
alegações, desse modo, requer que seja aplicada a regra de inversão do ônus da prova
constante do Código de Defesa do Consumidor, em razão da omissão da CLT e compatibilidade
que regem o processo do trabalho, máxime o princípio do acesso à justiça do trabalhador.

Caso não entenda assim o Nobre julgador, a reclamante provará em


audiência por meio de testemunhas que suas alegações são verdadeiras.

DOS PEDIDOS

Requer desta forma, impugnada toda e qualquer fundamentação


embasada na defesa da Reclamada, pelo fato de que os argumentos não estão em consonância
como a efetiva realidade dos fatos.
ISTO POSTO, requer a V. Exa. se digne rejeitar a presente defesa, bem
como a preliminar argüida, condenando a Reclamada nos consectários de direito, em todos os
pedidos da inicial, sem exceção, JULGANDO TOTALMENTE PROCEDENTE OS PEDIDOS DA
EXORDIAL, como medida da mais nobre e elevada

Protesta pela produção de todos os meios de provas em direito admitidos,


especialmente testemunhal.

Nesses termos,

Pede deferimento.

Araguaína-TO, 20 de novembro de 2017.

THAWANN PAGANI MACHADO

Advogado – OAB/TO 7084

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