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AO DOUTO JUÍZO DA 00ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE

CIDADE/UF

NOME DO CLIENTE, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do


CPF/MF nº 0000000, com Documento de Identidade de n° 000000, residente
e domiciliado na Rua TAL, nº 00000, bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF,
vem respeitosamente perante a Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face de RECLAMADO (A), PESSOA FÍSICA/JURÍDICA, com CPF/CNPJ de


n. 0000000, com Documento de Identidade de n° 000000, residente e
domiciliado na Rua TAL, nº 00000, bairro TAL, CEP: 000000, CIDADE/UF,
pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir e no final requer.:

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Consoante o disposto nas Leis 1.060/50 e 7.115/83, o Promovente declara para
os devidos fins e sob as penas da lei, ser pobre na forma da lei, não tendo
como arcar com o pagamento de custas e demais despesas processuais, sem
prejuízo do próprio sustento e de sua família.

Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados


pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (NCPC),
artigo 98 e seguintes.

DOS FATOS

O reclamante trabalhou clandestinamente para a reclamada de DIA/MÊS/ANO


até DIA/MÊS/ANO, na função, denominada pelo próprio autor, TAL, recebendo
a título de remuneração a quantia de R$ 000 (REAIS) e possuía carga horária
de 00HRS diárias, folgando todas as segundas feiras e um domingo por mês.

Ocorre que o desrespeito a seus direitos não se deu apenas pela não
assinatura de sua CTPS, acontecendo várias vezes no decorrer de seu labor,
como será demonstrado a seguir.

Ocorre que, para começar, insta salientar, que o reclamante é ex-usuário de


drogas, e mesmo nunca utilizando dentro do ambiente de trabalho, bem como
nunca trabalhando sob efeito de nenhum entorpecente, sofria por diversas
oportunidades preconceitos e constrangimentos de seu superior Sr. FULANO
DE TAL (FUNÇÃO), mesmo já sendo pacificado que a dependência química é
uma doença, o reclamante, mesmo na tentativa de não mais utilizar era
taxado como usuário, o que daí já se percebe o tipo de tratamento adotado
pela reclamada.

Mesmo sofrendo com as injustas represálias de seu superior, o reclamante


permanecia em seu trabalho, haja vista necessitava de seu salário, entretanto
no fim de DIA/MÊS/ANO o reclamado acabou por demiti-lo sem justo motivo,
e no momento de receber as verbas rescisórias devidas, o reclamante foi
surpreendido com o oferecimento da quantia de R$ 000 (REAIS), não
observando outra oportunidade de ver seus direitos respeitados, as vias
judiciais.

Neste interim, enquanto laborava para a reclamada, para agravar a situação,


o reclamante nunca tirou férias, tampouco recebeu algo a mais pelo tempo
indevido trabalhado, fazendo jus ao recebimento de 00 anos de férias
(ANO/ANO).

Vale ressaltar que como o funcionário laborava de forma clandestina, não teve
nenhum depósito do FGTS e contribuição ao INSS realizados, e que tentou
conciliação por três vezes nas via extrajudiciais, entretanto o reclamado
informou que procurasse a justiça para por fim à situação.
Tendo em vista os argumentos jurídicos a seguir apresentados, interpõe-se a
presente Reclamação Trabalhista no intuito de serem satisfeitos todos os
direitos da Reclamante.

DO DIREITO

DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Não é a primeira nem a última vez em que empresas se utilizam de


trabalhadores clandestinos para suprimir os direitos trabalhistas de seus
empregados, ocorre que a jurisprudência pátria já tem um demasiado acervo
de como devem ser tratados tais relações, senão vejamos:

Contrato de empreitada. Autonomia não comprovada.


Reconhecimento de vinculo empregatício. No Direito do Trabalho
impera a presunção de que toda a prestação de serviços é de
natureza subordinada, salvo robusta prova em contrário. Recurso
Ordinário do reclamante provido.

(TRT-2 - RO: 00015487620125020481 SP


00015487620125020481 A28, Relator: DAVI FURTADO
MEIRELLES, Data de Julgamento: 03/04/2014, 14ª TURMA, Data
de Publicação: 11/04/2014)
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
DESPACHO DE ADMISSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO TRT. O
juízo de admissibilidade dúplice do recurso de revista é
procedimento previsto em lei, que exige que a Corte regional
analise previamente os pressupostos de admissibilidade recursal,
tanto extrínsecos quanto intrínsecos, nestes estando contidas a
aferição de violação de dispositivo legal e constitucional e de
divergência jurisprudencial, nos termos do § 1º do artigo 896 da
CLT. A decisão proferida pelo Juízo a quo não tem o condão de
vincular o Juízo ad quem, assegurando-se à parte, em caso de
denegação do seguimento do recurso, a faculdade de ver
reexaminada a admissibilidade por meio do competente agravo
de instrumento, via utilizada pelo reclamante. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. A Corte
Regional, no que tange aos temas abordados pelo agravante,
apreciou detalhadamente a lide submetida a exame, atendo-se
aos limites processuais admitidos pelo ordenamento jurídico
pátrio, decidindo-a de modo desfavorável ao reclamante, mas que
não se confunde com negativa de prestação jurisdicional, eis que
regularmente fundamentado o decisum. CONTRATO DE
TRABALHO. PERÍODO CLANDESTINO. Considerando que a decisão
regional, no tocante ao reconhecimento da inexistência de
vínculo empregatício no período anterior à anotação da CTPS do
reclamante, está intrinsecamente amparada no contexto fático-
probatório constante dos autos, para infirmar as conclusões
lançadas no acórdão vergastado seria necessário o reexame dos
fatos e das provas, o que é defeso na instância extraordinária,
nos termos da Súmula nº 126 do TST. Agravo de instrumento a
que se nega provimento.

(TST - AIRR: 14758620135030014, Data de Julgamento:


05/08/2015, Data de Publicação: DEJT 07/08/2015)

Passando agora discorrer acerca do mérito, o reclamante foi contratado pela


reclamada para exercer a função TAL, em DIA/MÊS/ANO, quando em
DIA/MÊS/ANO foi demitido sem justa causa.

Destaque-se que, como o contrato entre as partes era clandestino, o


Reclamante jamais teve sua CTPS assinada pela Reclamada, tampouco teve
seus direitos trabalhistas respeitados, vindo, por meio desta, buscar ser
ressarcido ao que lhe foi ilicitamente usurpado.

No art. 3º da CLT, o legislador trouxe o conceito de empregado estabelecendo


todos os requisitos necessários para que um indivíduo seja reconhecido como
empregado:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar


serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário.

Dessa forma, para ser considerado, é necessário que todos os requisitos


trazidos pela legislação estejam preenchidos cumulativamente.

Durante todo o período em que o Reclamante prestou serviços para a


Reclamada, estiveram presentes todas as características do vínculo de
emprego, quais seja a pessoalidade, onerosidade, subordinação e não
eventualidade.

Devendo o reclamante se reportar ao reclamado, não podendo ser substituído


(pessoalidade), recebia a quantia de R$ 000 (REAIS) mensais (onerosidade),
tinha que obedecer a um superior hierárquico (subordinação), e tinha horário
a cumprir diariamente, tendo dias fixos de trabalhos, carga horária típica de
um funcionário qualquer (não eventualidade)
Em suma, o reclamante cumpria jornada de trabalho delimitada pelo
empregador, além do que trabalhava diariamente, exclusivamente para a
Reclamada, não podendo ser substituído, e mediante ânimo subjetivo de
perceber uma contraprestação mensal.

Conforme se pode observar pelo que foi relatado à presente inicial, o vínculo
empregatício existente entre a Reclamada e a Reclamante é inegável, tendo
em vista que esta laborava de forma subordinada, pessoal, onerosa e não
eventual.

Dessa forma, requer que seja reconhecido o vínculo empregatício, para que a
reclamada proceda à anotação da CTPS da reclamante, surtindo todos os
efeitos legais, como pagamento referente a todas as verbas rescisórias e
indenizatórias, advindas da rescisão do contrato de trabalho sem justa causa,
bem como a liberação das guias de seguro desemprego ou pagamento de
indenização correspondente, sem mencionar a compensação de todos os
encargos trabalhistas e sócias já vencidos, os quais o reclamante possuía o
direito durante o seu labor.

DO SALDO SALÁRIO
O Reclamante trabalhou 00 dias do MÊS/ANO, mês que foi dispensado sem
justa causa, nada recebendo a título de saldo de salários.

De acordo com o art. 4° da CLT, considera-se como tempo de serviço o tempo


efetivamente trabalhado pelo empregado, integrando-se os dias trabalhados
antes de sua dispensa injusta a seu patrimônio jurídico, consubstanciando-se
direito adquirido de acordo com o inciso IV do art. 7° e inciso XXXVI do art.
5°, ambos da CF/88.

De modo que faz a Reclamante jus ao saldo salarial de 00 (NÚMERO) dias


relativo aos dias que trabalhou no mês em que foi demitido.

DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO

Tendo em vista a inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de


trabalho, surge para o Reclamante o direito ao Aviso Prévio indenizado,
prorrogado o término do contrato para DIA/MÊS/ANO, uma vez que o § 1º do
art. 487, da CLT, estabelece que a não concessão de aviso prévio pelo
empregador dá direito ao pagamento dos salários do respectivo período,
integrando-se ao seu tempo de serviço para todos os fins legais.
Dessa forma, o período de aviso prévio indenizado, corresponde a mais 30
dias de tempo de serviço para efeitos de cálculo do 13º salário, FGTS + 40%,
haja vista o reclamante ter laborado por nove anos para a reclamada, sendo
demitido sem justo motivo.

O reclamante faz jus, portanto, ao recebimento do Aviso Prévio indenizado.

DAS FÉRIAS VENCIDAS E PROPORCIONAIS + 1/3 CONSTITUCIONAL

O reclamante tem direito a receber as férias vencidas dos anos trabalhados


(ANO/ANO), bem como o período incompleto de férias referente ao início do
último ano trabalhado (00/12), acrescido do terço constitucional, em
conformidade com o art. 146, parágrafo único da CLT e art. 7º, XVII daCF/88,
haja vista o aviso prévio transfere a data de demissão para DIA/MÊS/ANO.

O parágrafo único do art. 146 da CLT, prevê o direito do empregado ao


período de férias na proporção de 1/12 por mês trabalhado ou fração superior
a 14 dias.
Sendo assim, como a justiça permite, o reclamante faz jus as férias vencidas
(ANO/ANO), bem como das proporcionais referentes a 00 meses trabalhados
do ultimo ano.

DO FGTS + MULTA DE 40%

Diz o art. 15 da lei 8036/90 que todo empregador deverá depositar até o dia 7
de cada mês na conta vinculada do empregado a importância correspondente
a 8% de sua remuneração devida no mês anterior.

Sendo assim, Vossa Exa. Deverá condenar a Reclamada a efetuar os depósitos


correspondentes todo o período da relação de emprego desde seu início até o
final, tendo em vista que a CTPS da Reclamante não foi sequer assinada.

Além disso, por conta da rescisão injusta do contrato de trabalho, deverá ser
paga uma multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS,
de acordo com § 1º do art. 18 da lei 8036/90 c/c art. 7º, I, CF/88.
MULTA DO ART. 477 DA CLT

No prazo estabelecido no art. 477, § 6º, da CLT, nada foi pago ao Reclamante


pelo que se impõe o pagamento de uma multa equivalente a um mês de
salário revertida em favor da Reclamante, conforme § 8º do mesmo art.

MULTA DO ART. 467 DA CLT

A Reclamada deverá pagar a Reclamante, no ato da audiência, todas as


verbas incontroversas, sob pena de acréscimo de 50%, conforme
art. 467 da CLT, transcrito a seguir:

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o
empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do
comparecimento a Justiça do Trabalho, a parte incontroversa
dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinquenta por
cento.
Dessa forma, protesta a Reclamante pelo pagamento de todas as parcelas
incontroversas na primeira audiência.

DOS PEDIDOS

Diante das considerações expostas, requer:

1. A concessão da Justiça Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50,


assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei
13.105/2015 (NCPC), artigo 98 e seguintes;

2. A notificação do Reclamado para comparecer à audiência a ser designada


para querendo apresentar defesa a presente reclamação e acompanha-la em
todos os seus termos, sob as penas da lei.

3. Julgar ao final TOTALMENTE PROCEDENTE a presente Reclamação,


declarando o vínculo empregatício existente entre as partes, condenando a
empresa Reclamada a:
a) Reconhecer o vínculo empregatício anotando a CTPS do Reclamante no
período de DIA/MÊS/ANO a DIA/MÊS/ANO na função TAL;

b) Pagar o Saldo Salário (00/30); o Aviso Prévio indenizado (30 dias); férias
vencidas (ANO/ANO); bem como a proporcional (00/12), ambas acrescidas do
1/3 constitucional; os depósitos de FGTS de todo o período acrescido de multa
de 40% à título de indenização;

4) Pagar honorários advocatícios no patamar de 20% sobre a condenação;

Além disso, condenar a Reclamada ao pagamento da multa prevista no § 8º,


do art. 477 da CLT, e, em não sendo pagas as parcelas incontroversas na
primeira audiência, seja aplicada multa do art. 467 da CLT, tudo acrescido de
correção monetária e juros moratórios.

Requer, ainda, seja a Reclamada condenada ao pagamento das contribuições


previdenciárias devido em face das verbas acima requeridas, visto que caso
tiverem sido pagas na época oportuna, não acarretariam a incidência da
contribuição previdenciária.

Protesta provar o alegado por todos os meios no Direito permitidos,


notadamente oitiva de testemunhas e depoimento pessoal.
Dá-se à causa o valor de R$ 000 (REAIS) para efeitos fiscais.

Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO

ADVOGADO

OAB Nº

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