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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZA DA ÚNICA VARA DO

TRABALHO DE CARATINGA – MINAS GERAIS.

Processo nº: xxxxxxxxxxxxxxxx

Reclamante: JOÃO DOS SANTOS

Reclamada: LUZ PARA TODOS LTDA

JOÃO DOS SANTOS, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem,


respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, através de seu procurador
in fine, informar que não ficou satisfeito com a Sentença proferida por este
Juízo, motivo pelo qual vem apresentar o presente RECURSO ORDINÁRIO,
com fulcro no Art. 895 da CLT, em face da Sentença preferida no processo em
que tem como contraparte LUZ PARA TODOS LTDA., pelos fatos e
fundamentos que serão expostos na peça principal do Recurso.

Caso Vossa Excelência venha a entender que o presente Recurso Ordinário


está regular, preenchendo os requisitos processuais para seu recebimento,
então, requer-se o envio dos autos ao Tribunal Regional do Trabalho da 3ª
Região, para que seja feito o segundo juízo de admissibilidade e,
eventualmente, o julgamento do mérito.

Nestes Termos,

Pede Deferimento.

Caratinga, 23 de outubro de 2022.

OAB/224567
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL
REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO.

Razões de Recurso Ordinário

Processo nº: xxxxxxxxxxxxxxxx

Recorrente: JOÃO DOS SANTOS

Recorrido: LUZ PARA TODOS LTDA

EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO

COLENDA TURMA

EXCELENTÍSSIMO RELATOR

Trata-se de Recurso Ordinário, com fulcro no Art. 895 da CLT, questionando


decisão do Juízo de Primeira Instância que nega a procedência à Ação
Reclamatória Trabalhista interposta pelo Recorrente, pelos fatos e fundamentos
que passa a expor.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O autor não possui condições de pagar as custas e despesas do processo


sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de
hipossuficiência anexa, com fundamento no Artigo 5º, LXXIV da Constituição
Federal e Art. 98 do Código de Processo Civil. Desse modo, o autor faz jus à
concessão da gratuidade de Justiça..
DOS FATOS

O reclamante foi contratado pela reclamada na data de 04/01/2011, para


exercer a função de instalado de cabos elétricos, tendo como último salário a
quantia de R$2.200,00 (dois mil e duzentos reais).

O horário de trabalho contratual era de 13:00 sendo de 07:00h às 20:00h, com


01 hora de intervalo intrajornada.

Contudo o instalador de cabos elétricos trabalhou em regime de horas extras,


sem receber a devida contraprestação, entre outras irregularidades.

Na audiência realizada em 19/10/2022, foi colhido o depoimento pessoal do


Reclamante.

Na assentada em prosseguimento, foram ouvidas quatro testemunhas.

Encerrou-se, em seguida, a instrução processual.

Tentativas de conciliação frustradas.

Prolatada sentença id xxxxxx

Em síntese são os fatos.

PRELIMINAR

Em análise a reclamada não apresentou o controle de jornada, assim


descumprindo o dispositivo na sumula 338 do TST, sendo que a Súmula 338
do TST estabelece que o empregador que conta com mais de dez empregados
tem o dever de registrar a jornada de trabalho, e a não apresentação
injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade
da jornada de trabalho alegada pelo empregado, sendo que como foi provado a
reclamada em questão tem mais de 10 empregados.

DA REFORMA DA SENTENÇA

DA DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME COMPENSATÓRIO A


HABITUALIDADE DE HORAS EXTRAS
Na sentença o MM. Magistrado a quo, entendeu por indeferir os pedidos
contidos na inicial, referentes, as horas extras e reflexos.

Argumenta em sua decisão que não há de se falar em horas extras Uma vez
que o reclamaram-te se enquadra no inciso I do art 62 da CLT sendo que o
determinado artigo define em quais situações o empregador não é obrigado a
pagar horas extras e adicionais noturnos para o colaborador, sendo elas:
atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, cargos de
confiança e teletrabalho.

Entretanto o reclamante não se encaixa em nenhuma dessas opções uma vez


que ele trabalha única e exclusivamente como instalador de cabos elétricos a
mais de dez anos como indica a sua própria carteiras de trabalho.

Além do mais o reclamado não apresentou o controle de ponto do reclamante


sendo assim diante da ausência do mesmo pela reclamada, impõe-se a
aplicação da presunção relativa de veracidade dos fatos apontados na petição
inicial, em consonância ao entendimento sedimentado pelo TST, através da
sumula 338 da CLT, sendo assim não há nos autos, nenhum elemento de
convicção capaz de apontar a incompatibilidade do controle de jornada, assim
como o horário efetivamente cumprido pelo reclamante.

Sendo assim o reclamante, conforme o seu depoimento na inicial encaminhado


para a reclamada, laborou além do permitido em lei, haja vista que prestou
serviço além do permitido em lei para a reclamada uma vez que sua jornada de
trabalho consistia de 07:00 as 20:00 sendo que e preceituado em nosso
ordenamento jurídico que:

Art. 58. A duração normal do trabalho, para empregados em qualquer atividade


privada, não excederá a 8 (oito) horas diárias [...]

Assim, como fora descrito acima, o Reclamante fez uma jornada que excedeu a
jornada legal, o qual gerou ao mesmo o direito ao percebimento de 2.372 horas
extras, eis que laborou de 04/01/2011 até 30/06/2022, comprovando a duração
do contrato de trabalho através da própria CTPS anotada pela reclamada, a
CTPS e os recibos juntados também provam salário mensal de R$2.200,00.
Faz-se necessário verificar o que elucida o art. 7º, inciso III da Constituição
Federal, dispondo que a duração do trabalho normal não poderá ser superior a
oito horas diárias e 44 semanais, podendo haver compensação ou redução da
jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho, o que não
preenche o caso em tela.

DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS

Na sentença o juiz a quo, indeferiu o pedido de danos morais e materiais


alegando que o reclamante recebia equipamentos de proteção individual.
Sendo assim, não houve culpa da reclamada Luz Para Todos LTDA que
pudesse configurar sua responsabilidade civil.

Entretanto é função da empresa orientar sobre as normas de segurança no


trabalho, o empregador deve exigir e fiscalizar o uso do EPI, até porque, a
recusa do empregado em utilizar o equipamento, não exime a culpa do
empregador quanto aos danos causados ao trabalhador em eventual
acidente.

Segundo o artigo 7º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, impõe


como dever do empregador reduzir os riscos inerentes ao trabalho e, entre as
providências nesse sentido, está o fornecimento de EPIs e a garantia de
utilização por parte do empregado, mediante fiscalização da empregadora.

Além do mais na sumula 289 do CLT diz que:

Sumula 289: O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador


não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as
medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as
quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.

DO ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE

Na sentença o Excelentíssimo juiz a quo, o reclamante foi condenado em


litigância de má-fé, haja vista que o mesmo também requereu o recebimento do
adicional de periculosidade. Fundamenta sua decisão no que diz o Art. 193,
§2º, da CLT ao qual veda a cumulação dos adicionais de insalubridade e de
periculosidade, ainda que decorrentes de fatos geradores distintos e autônomo.

Entretanto no decorrer do processo na fase de liquidação de sentença, o


reclamante não teve a opção de escolha mais vantajosa como é previsto no
mesmo art 193 §2º da CLT.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM DESFAVOR DO RECLAMAMTE

Na sentença o Excelentíssimo juiz a quo, condenou o reclamante ao


pagamento de honorários de sucumbência, contudo, entendemos que tal ponto
não merece acolhida, dada a condições financeiras do reclamante que não é
capaz de suportar tal ônus.

Inclusive o próprio Magistrado a quo indeferiu em favor do reclamado a


benesse da justiça gratuita, o que a nosso ver e corroborado pela
jurisprudência desta renomada Corte, afastaria a sucumbência em desfavor do
reclamante.

É a jurisprudência;

PODERJUDICIÁRIO

JUSTIÇADOTRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 03ª REGIÃO

PROCESSO nº 0010272-06.2020.5.03.0079 (RORSum)

RECORRENTES: EDUARDO FERNANDES DE FREITAS, HENRIQUE


SCHREURS

RECORRIDO: MARCELO AUGUSTO LIMA

RELATOR (A): DES. MARIA CECÍLIA ALVES PINTO

Acórdão

Desta forma, entende essa Relatora que quando o autor da ação é beneficiário
da justiça gratuita, há condenação ao pagamento de honorários advocatícios,
mas com suspensão da exigibilidade. Somente se houver recebimento de
crédito e se esse for suficiente para retirar do empregado a condição de
miserabilidade é que se encerra a suspensão de exigibilidade mencionada.
Sendo assim, dou parcial provimento ao recurso para fixar honorários em
proveito do advogado dos reclamados em 10% sobre os pedidos integralmente
improcedentes, verba que fica com a exigibilidade suspensa, nos termos do
parágrafo 4º do artigo 791-A da CLT, por dois anos, após o que será extinta a
obrigação. Parcial provimento, nesses termos.

Como bem registrou o Exmo. Desembargador Luiz Otávio Linhares Renault, no


julgamento do processo de n. 0011711-82.2017.5.03.0006, "a condenação ao
pagamento de honorários advocatícios não pode constituir punição à parte,
devendo ser observada a legislação atinente aos beneficiários da gratuidade de
justiça". Importante ressaltar que a 1ª Turma do STF já firmou entendimento no
sentido de que a parte beneficiária da justiça gratuita somente deve suportar a
despesa com honorários advocatícios caso os créditos recebidos nos autos
alterem a sua condição de miserabilidade."

Ademais não fazendo jus a reclamada em requerer tal benesse até mesmo por
seu porte empresarial.

Pelo exposto pede-se a reforma da r. sentença no tocante aos honorários de


sucumbência para que a reclamada seja condenada ao pagamento dos
honorários de sucumbência em favor do advogado do reclamante, nos termos
do art. 791 – A da CLT.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o conhecimento e provimento do presente recurso


para;

1. Conhecer o pedido preliminar;


2. A concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser o (a) autor
(a) pobre em sentido legal, conforme os preceitos do Artigo 5º, LXXIV da
Constituição Federal e Art. 98 do Código de Processo Civil e declaração
de hipossuficiência;
3. Reformar a R. Sentença nos termos da fundamentação:
a) Deferir a horas extras e reflexos;
b) Deferir os danos morais e materiais;
c) Deferir o pagamento de insalubridade ou periculosidade cabendo
ao reclamante escolher o mais benéfico;
d) Condenar a reclamada aos honorários de sucumbência;

Pretende-se provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em


especial, pelos documentos acostados à inicial, por testemunhas a serem
arroladas em momento oportuno e novos documentos que se mostrarem
necessários.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Caratinga 23 de outubro de 2022

OAB/224567

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