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ESPELHO DE CORREÇÃO
DIREITO
TRABALHISTA
Seção 3
DIREITO TRABALHISTA
Na prática!
Vamos à resolução?
A peça processual a ser elaborada é o Recurso Ordinário, haja vista que a decisão da 2ª Vara do
Trabalho de Curitiba/PR foi desfavorável aos interesses da sua cliente. Como se trata de uma
sentença, o Recurso Ordinário é o cabível, nos termos do art. 895, da CLT.
A peça processual deve ser endereçada ao juízo prolator da decisão, ou seja, à 2ª Vara do Trabalho
de Curitiba/PR, com a inserção do número do processo e qualificação das partes, ainda que
remissivas.
A praxe forense sugere que a primeira lauda seja uma petição endereçada ao juízo que prolatou a
sentença, requerendo a juntada das razões recursais. Anexo a ela é elaborado o Recurso Ordinário,
dirigido ao Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, que irá julgar o apelo.
No mérito, a sugestão é dividir a peça processual por tópicos, como feito na petição inicial.
Após expor os fundamentos fáticos e jurídicos pelos quais pugna a reforma da decisão de primeiro
grau, você, aluno, deve requerer o conhecimento e provimento do Recurso Ordinário.
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Questão de ordem!
Processo nº 0002244-30.2022.5.09.0002
RECURSO ORDINÁRIO
Requer, por fim, a remessa das razões anexas ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª
Região.
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Processo nº 0002244-30.2022.5.09.0002
Recorrente: Teresa Silva
Recorrido: Expert Tecnologia da Informação LTDA.
COLENDO TRIBUNAL
I – TEMPESTIVIDADE
Tendo em vista que o prazo processual é contado em dias úteis, ele se iniciou em 26/10/2022 e finda
em 07/11/2022, segunda-feira, haja vista que o dia 02/11/2022 foi feriado nacional (“finados”).
II – CUSTAS PROCESSUAIS
III - MÉRITO
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A redação do art. 62, inciso III, da CLT, de fato exclui o teletrabalhador do controle de jornada e,
consequentemente, do direito à percepção de horas extras, caso realizadas. Todavia, a melhor
interpretação não é a literal, mas aquela que se harmoniza com os ditames da relação de emprego.
No caso em tela a situação fática é incontestável, ou seja, não se discute a extensão da jornada além
da 8ª diária e 44ª semanal, assim como era possível o seu controle pelo login/logout no sistema da
empresa.
A interpretação do inciso III, do art. 62, da CLT, portanto, deve ser similar àquela dada ao seu inciso
I. Se o empregador tinha meios de controlar a jornada do trabalhador externo, mas não o fez, ele
deve arcar, então, com os ônus de sua escolha. Nesse sentido, é a jurisprudência:
Como muito bem pontuado na petição inicial, a alteração do invocado inciso III promovida pela
Medida Provisória nº 1.108/22 coaduna com a interpretação correta do dispositivo legal. Ela excluiu
do controle de jornada somente os teletrabalhadores contratados por tarefa ou produção, permitindo,
portanto, o deferimento de horas extras àqueles contratados por jornada, como foi o caso da
reclamante.
Diante do exposto, requer seja o Recurso Ordinário conhecido e provido, a fim de que sejam
deferidas horas extras que extrapolaram a jornada diária de 8h (oito horas) e a semanal de 44h
(quarenta e quatro horas), com o adicional legal de 50% e os devidos reflexos em aviso prévio, férias
+ 1/3, décimo terceiro salário, depósitos do FGTS e multa de 40% sobre o saldo do FGTS.
Em atenção ao princípio da eventualidade, caso não se conceba a reforma total do julgado, pugna
para que, ao menos, sejam deferidas as horas extras a partir de 25 de março de 2022, dada da
publicação da MP nº 1.108, que alterou a redação do art. 62, inciso III, da CLT, excluindo o direito ao
recebimento de horas extras somente daqueles que foram contratados por tarefa ou produção. Como
a reclamante firmou pacto laboral por jornada, faz jus às horas extras, ainda que em regime de
teletrabalho.
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Subsidiariamente, portanto, pugna pela reforma da sentença para que sejam deferidas as
mencionadas horas extras, com os consectários postulados, a partir de 25 de março de 2022 até o
término do pacto laboral.
O fundamento é de que houve celebração de contrato escrito prevendo que todos os gastos ficassem
a cargo da reclamante, o que encontra respaldo no art. 75-D da CLT.
De fato, o texto legal prevê que as “disposições” relativas aos gastos serão previstas em contrato
escrito. Todavia, ele não autoriza que eles sejam suportados pelo empregado. Não contém essa
previsão em virtude do princípio da alteridade (art. 2º da CLT), segundo o qual o empregador assume
os riscos da atividade econômica, devendo arcar com os gastos inerentes aos instrumentos de
trabalho.
Nesse contexto, a interpretação do art. 75-D não pode ser na direção de que as partes livremente
decidam quem irá arcar com os custos das ferramentas da prestação de serviços.
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Diante do exposto, requer seja o Recurso Ordinário conhecido e provido para que a reclamada seja
condenada ao ressarcimento de R$ 3.000,00 (três mil reais) referentes à aquisição do mobiliário,
assim como ao pagamento da quantia mensal de R$ 50,00 (cinquenta reais) pelos gastos
extraordinários com a internet e R$ 15,00 (quinze reais) por mês pelo dispêndio com energia elétrica,
por todo o período de duração do contrato de trabalho.
IV – PEDIDO
Diante do exposto, requer seja conhecido e dado provimento ao Recurso Ordinário, nos termos da
fundamentação supra.
Local, data
Resolução comentada
1) Como ficam os gastos com vale transporte e vale refeição durante o teletrabalho?
4) Como fica o recolhimento das custas e do depósito recursal quando existe condenação solidária
ou subsidiária?
5) Se a parte esquecer de fazer o depósito recursal ou de pagar as custas, há algo a ser feito?