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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO.

PROCESSO Nº0010101- 20.2017.512.0001

Jonas Fagundes, já qualificado nos autos do processo em epígrafe que lhe


move...................., por seu procurador abaixo subscrito, inconformado com o
venerando acórdão de folhas ...., vem tempestiva e respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, interpor
RECURSO DE REVISTA
com fulcro no artigo 896, alínea c da CLT, em consonância com a
transcendência descrita no artigo 896-A da CLT e a Instrução Normativa nº
23/03, de acordo com as razões em anexo, as quais requer que sejam
recebidas e remetidas ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho.
A matéria abordada nas razões está devidamente pré questionada, conforme
Súmula nº 297 do TST.

Segue comprovante do preparo, devidamente recolhido.

Igualmente, requer a notificação da parte contrária para que apresente


eventuais contrarrazões.

Termos em que,

Pede deferimento.

(Local,data e ano)

ADVOGADO/OAB UF
RAZÕES DO RECURSO DE REVISTA
ORIGEM:Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região.

PROCESSO Nº 0010101- 20.2017.512.0001

RECORRENTE: Jonas Fagundes


RECORRIDA: Lojas Mensa Ltda

EGRÉGIO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO!

COLENDA TURMA!

EMÉRITOS JULGADORES!

I - DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

O presente recurso preenche os requisitos exigidos para sua interposição,


restando cumpridos os pressupostos extrínsecos e intrínsecos, tais como
tempestividade, adequação, regularidade processual, legitimidade,
capacidade, entre outros. Dessa forma, tendo em vista o preenchimento de
todos os pressupostos recursais exigíveis, o presente Recurso de Revista
deve ser conhecido para que seu mérito seja apreciado por este Egrégio
Tribunal.

II – DO PREQUESTIONAMENTO

O presente Recurso de Revista preenche o pressuposto recursal específico


do prequestionamento, nos termos do Art. 896, § 1.º-A, CLT, e da súmula 297
do TST, desta forma o v. acórdão foi devidamente debatido, devendo ser
conhecido e ter seu regular processamento.

III – DOS FATOS

Jonas Fagundes ajuizou ação trabalhista nº 0010101- 20.2017.512.0001 em


face das Lojas Mensa Ltda., alegando 2 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA
JURÍDICA DIREITO DO TRABALHO - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 6 que foi
contratado em 1/8/2016 para exercer as funções de montador de móveis.
Todavia, aduz que para tanto foi firmado contrato de prestação de serviços
fraudulento, haja vista que estão presentes no caso concreto todos os
elementos necessários para o reconhecimento do vínculo empregatício, que é
o que pleiteia. Afirma que o contrato foi rescindido pelas Lojas Mensa Ltda. em
31/1/2017, sem qualquer aviso prévio. Uma vez reconhecida a relação de
emprego, postula o reclamante a condenação da reclamada ao pagamento da
multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. Ainda requer que seja dado provimento
aos pedidos de pagamento de horas extras, de reconhecimento dos valores
pagos a título de aluguel de motocicleta como sendo de natureza salarial e de
adicional de periculosidade em virtude do uso de moto para exercer as
atividades laborativas. Atribuiu à causa o valor de R$ 50.000,00. Juntou
documentos. Citada, a reclamada compareceu à audiência. Proposta a
conciliação, não foi aceita. O reclamado apresentou contestação alegando a
inexistência do vínculo empregatício, ao fundamento de que não estão
presentes os elementos pessoalidade e subordinação. Pugna pela
improcedência do pedido de pagamento da multa prevista no art. 477, §8º, da
CLT, haja vista a inexistência de relação empregatícia. Também afirma que
eventual vínculo terá sido reconhecido em juízo, não havendo, portanto, atraso
no pagamento das verbas rescisórias. Ainda quanto a este 3 NPJ Direito do
Trabalho - Sua Petição - Seção 6 tema, assevera que não há previsão legal
para pagamento da citada multa quando a relação de emprego é reconhecida
pela Justiça do Trabalho. No tocante às horas extras, alega que se trata de
trabalho externo, encaixando na previsão contida no art. 62, inciso I, da CLT.
Quanto ao reconhecimento do pagamento do aluguel da motocicleta como
parcela de natureza salarial, assevera que a pretensão é descabida, pois os
valores contemplavam também os gastos com manutenção, seguro,
combustível e depreciação do veículo, tendo sido fixado em patamar razoável.
Por fim, pugna pela inexistência do dever de pagamento do adicional de
periculosidade pelo labor com uso de motocicleta. Afirma que o uso era de
pouco tempo por dia, somente para o reclamante se deslocar de um cliente a
outro, não se enquadrando, portanto, na previsão legal, que tem como
destinatários aqueles que usam a motocicleta por grandes períodos, como os
motoboys. A decisão de primeiro grau julgou parcialmente procedentes os
pedidos, reconhecendo a existência de relação de emprego no período de
1/8/2016 a 2/3/2017, e condenou a reclamada ao pagamento das seguintes
parcelas: - Verbas rescisórias: 30 (trinta) dias de aviso prévio, de 7/12 de férias
proporcionais acrescidas do 1/3 constitucional, 2/12 de décimo terceiro salário
proporcional e da multa de 40% sobre o FGTS. 4 NPJ Direito do Trabalho - Sua
Petição - Seção 6 - Multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. - Reflexos do valor
pago a título de aluguel da motocicleta em aviso prévio, férias proporcionais
acrescidas do 1/3 constitucional, décimo terceiro salário proporcional e multa
de 40% sobre o FGTS. - Anotação da CTPS com data de admissão em
1/8/2016 e de saída em 2/3/2017, constando a função de montador de móveis
e salário de R$ 3.900,00, no prazo de 5 (cinco) dias após o trânsito em julgado,
após intimação específica para este fim. - Entrega das guias CD/SD e do
TRCT, no prazo de 5 (cinco) dias após o trânsito em julgado, após intimação
específica para este fim. Ambas as partes apresentaram Recurso Ordinário,
sendo o da reclamada na modalidade adesiva. Foram apresentadas
contrarrazões. É, em síntese, o relatório. 2 - Voto 2.1 – Juízo de conhecimento
Presentes os pressupostos intrínsecos e extrínsecos de admissibilidade,
conheço dos Recursos Ordinários interpostos, bem como das contrarrazões
tempestivamente apresentadas. 5 NPJ Direito do Trabalho - Sua Petição -
Seção 6 Passo, portanto, à análise de cada um dos temas. 2.2 – Preliminar
2.2.2 – Cerceamento de defesa Aduz o recorrente que houve cerceamento de
defesa, na medida em que foi indeferida a oitiva da sua segunda testemunha. A
decisão de primeiro grau não merece reparo. Não houve cerceamento de
defesa, vez que a reclamada pretendia ouvir a outra testemunha apenas para
corroborar o que havia sido dito pela testemunha anterior, isto é, os fatos que
pretendiam provar já estavam suficientemente demonstrados pela oitiva da
primeira testemunha. Neste contexto, a conduta adotada encontra respaldo nos
arts. 765, da CLT, e 139 e 370, do CPC, razão pela qual nego provimento ao
Recurso Ordinário Adesivo, neste particular. 2.3 – Mérito 2.3.1 – Vínculo
empregatício No tocante ao vínculo de emprego, também merece ser mantida
a sentença que reconheceu a existência de relação de emprego no período de
1/8/2016 até 2/3/2017. O conjunto probatório, devidamente analisado pela
decisão de primeiro grau, conduz à inarredável conclusão de que estão
presentes todos os requisitos ensejadores do vínculo empregatício previstos no
art. 3º da CLT. 6 NPJ Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 6 Constitui fato
incontroverso que o reclamante laborava todos os dias, estando presente,
portanto, a não eventualidade. Além disso, a prova colhida nos autos
demonstra que foi a reclamada quem fixou a remuneração por tarefa do
obreiro. A subordinação também fica evidente pelo fato de ser a reclamada
quem agendava as visitas a serem feitas pelo trabalhador, assim como
modificava a rota de prestação de serviços durante a jornada de trabalho. A
onerosidade é indubitável, na medida em que os pagamentos eram feitos pela
reclamada. A pessoalidade está presente, haja vista que o reclamante não
podia ser substituído por colega. Diante do exposto, nego provimento ao
Recurso Ordinário Adesivo. 2.3.2 - Multa do art. 477, §8º, da CLT A reclamada
também se insurge contra a condenação ao pagamento da multa prevista no
art. 477, §8º, da CLT. Razão lhe assiste. No caso em tela, houve o
reconhecimento judicial do vínculo empregatício. Todavia, para que a multa em
questão seja aplicável, é necessário que haja atraso no seu pagamento,
conforme disposto no art. 477, §6º, da CLT. Tendo a relação de emprego sido
reconhecida somente em juízo, não houve atraso no pagamento das verbas
rescisórias. 7 NPJ Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 6 Diante do
exposto, ouso discordar do disposto na Súmula nº 462, do TST, dando
provimento ao Recurso Ordinário Adesivo, a fim de que o pedido de pagamento
da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT, seja julgado improcedente. 2.3.3 -
Horas extras - duração do trabalho e trabalho externo Alega o reclamante que
faz jus ao adicional de horas extras pleiteado, ao fundamento de que embora
exercesse jornada externa era possível o seu controle, por exemplo, via
telefone celular. Assiste razão ao recorrente. A exceção contida no art. 62,
inciso I, da CLT, somente se aplica quando a atividade for externa e ao mesmo
tempo não for possível o controle de jornada. No caso em comento, somente
se verifica a presença de um desses requisitos, qual seja, a realização de
atividade externa. Todavia, o empregador poderia muito bem controlar a
jornada do obreiro, por exemplo, por meio do telefone celular. Prova disso é
que o trabalhador era invariavelmente acionado para visitar mais um cliente ou
deixar de ir a outro, contato que era feito pelo gerente da reclamada. Neste
sentido, é pacífica a jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho,
como se infere do seguinte aresto: RECURSO DE REVISTA. HORAS
EXTRAORDINÁRIAS. MOTORISTA CARRETEIRO. ATIVIDADE EXTERNA.
POSSIBILIDADE DE CONTROLE DA JORNADA. RASTREAMENTO POR
SATÉLITE E CELULAR. Demonstrado pelo eg. Tribunal Regional que havia 8
NPJ Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 6 possibilidade de controle do
horário de trabalho por meio de rastreamento por satélite e celular, não
havendo como inserir o reclamante no art. 62, I, da CLT. Recurso de revista
não conhecido. HORAS EXTRAORDINÁRIAS. MOTORISTA. ESCALA 24X24.
Não afronta a literalidade dos artigos 126 e 335 do CPC e 166, II, do CCB,
decisão regional que, após valoração da prova, constata a adoção de regime
de escala 24x24 e declara a sua invalidade, por contrariar as regras mínimas
de condições de trabalho. Recurso de revista não conhecido. JORNADA
12X36. DIVISOR 220. O fato de o empregado trabalhar quarenta e oito horas
na primeira semana e trinta e seis horas na semana seguinte não autoriza a
aplicação de divisor diverso para o cálculo de horas extraordinárias, que
continua sendo o 220, quanto à parte fixa do salário (limite recursal). Recurso
de revista conhecido e parcialmente provido. (TST, processo nº
12854420135030105, publicado no DEJT em 7/11/2014). Diante do exposto,
dou provimento ao Recurso Ordinário para condenar a reclamada ao
pagamento do adicional de 50% referente às horas extras laboradas durante
todo o pacto laboral, ou seja, sobre aquelas que extrapolarem a 8ª diária e 44ª
semanal, levando-se em consideração o horário declinado na petição inicial:
segunda à sábado, de 8:00 horas às 20:00 horas. 2.3.4 - Natureza jurídica dos
valores pagos a título de aluguel de motocicleta No apelo adesivo, a reclamada
pleiteia a reforma da decisão que considerou como de natureza salarial o valor
de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) pago mensalmente ao reclamante a
título de aluguel da motocicleta e para cobrir os gastos com combustível,
manutenção e seguro do veículo. Irretocável a decisão de primeiro grau. O art.
457, §2º, da CLT, estabelece como de natureza salarial 9 NPJ Direito do
Trabalho - Sua Petição - Seção 6 a parcela que ultrapassar 50% da
remuneração obreira, o que se verifica no caso em comento, em que o
trabalhador auferia remuneração de R$ 2.400,00 (dois mil e quatrocentos
reais). Ademais, não restou demonstrada a compatibilidade dos valores pagos
com aqueles praticados pelo mercado, ficando nítido que o pagamento da
parcela representava contraprestação ao trabalho realizado, razão pela qual o
valor deve integrar a remuneração para todos os fins. Diante do exposto, nego
provimento ao Recurso Ordinário Adesivo. 2.3.5 - Adicional de periculosidade
Insurge o trabalhador em face da sentença também no que diz respeito ao
adicional de periculosidade pelo uso de motocicleta. Todavia, corroboro do
entendimento consubstanciado na decisão de primeiro grau. O art. 193, §4º, da
CLT, somente deve ser aplicado àqueles casos em que o trabalhador de fato
passa todo o trabalho na motocicleta, o que não é o caso do recorrente, que
apenas a utilizava para se deslocar de um cliente para outro. Assim, não
estava suscetível aos mesmos riscos do que, por exemplo, um motoboy. O fato
de realizar 4 (quatro) ou 5 (cinco) visitas a clientes a cada dia de trabalho não é
suficiente para caracterizar risco passível de deferimento do adicional de
periculosidade. Dessa forma, nego provimento ao Recurso Ordinário. 10 NPJ
Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 6 3 – Conclusão Conheço do
Recurso Ordinário interposto pelo reclamante do Recurso Ordinário Adesivo da
reclamada e, no mérito, dou provimento parcial ao apelo obreiro para lhe deferir
o adicional de 50% referente às horas extras laboradas durante todo o pacto
laboral, conforme fundamentação, assim como ao recurso empresarial para
julgar improcedente o pagamento da multa prevista no art. 477, Assim, frente a
nítida violação de Lei Federal, não resta outra alternativa à Recorrente senão
a interposição do presente Recurso de Revista.

IV – DO CABIMENTO DO RECURSO DE REVISTA E DA REFORMA DA


DECISÃO
De acordo com o Art. 896, alínea c, da CLT, é cabível o Recurso de Revista
quando o Tribunal Regional do Trabalho, em decisão proferida em recurso
ordinário violar dispositivo de lei federal ou afrontar à Constituição Federal. No
presente caso fora o que ocorrerá, o venerável acórdão prolatado está
violando a Lei Federal (CLT).
Deste modo, está evidenciado que o respeitável acórdão proferido está em
desacordo com a aduzida regra do Diploma Consolidado, sendo necessária a
reforma da decisão proferida, objetivando a uniformização da jurisprudência
da Justiça do Trabalho.

V – DA CONCLUSÃO

Diante de todo o exposto, espera-se que o Recurso de Revista seja


conhecido e provido e, ao final, o acórdão prolatado pelo Tribunal Regional do
Trabalho da 12ª Região seja totalmente reformado.

Florianópolis, xxxx de xxxxx de 2017

ADVOGADO/OAB UF

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