Você está na página 1de 10

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA XX.

ª VARA FEDERAL DE CURITIBA


– SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Autos eletrônicos sob n. º XXXXX.XXX.XXX.X.XX-XXXX/PR

Ação Previdenciária

Nome do cliente, devidamente qualificado nos autos supra que move em


face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, vem, respeitosamente, perante
Vossa Excelência, apresentar, tempestivamente, as presentes:

CONTRARRAZÕES

Em face do Recurso de Apelação interposto pela autarquia-ré, com base nas


razões e fundamentos anexos.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.
EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA QUARTA REGIÃO

CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO

Autos sob o n. XXXXX.XXX.XXX.X.XX-XXXX/PR

Origem: xxª Vara Federal de Curitiba – PR

EMÉRITOS JULGADORES

A parte autora ajuizou a presente ação com o fito de ver reconhecido que
na DER, 14/07/2015, o autor fazia jus a concessão do benefício de aposentadoria por tempo de
contribuição mediante o reconhecimento dos períodos urbanos de 02/06/1997 a 31/05/1998,
de 01/03/2006 a 31/07/2012, de 01/10/2012 a 31/01/2013 e de 01/12/2013 a 31/07/2014.

Destaca-se que em petição de evento n. 37, o INSS reconheceu os períodos


urbanos de 01/10/2012 a 31/01/2013 e de 01/12/2013 a 31/07/2014.

Em r. sentença de evento n. 72 foi dado provimento aos pedidos da parte


autora, conforme verifica-se do dispositivo da r. sentença que segue transcrito:

“Ante o exposto, homologo o reconhecimento da procedência do


pedido, resolvendo o mérito nos termos do art. 487, III, a, do Novo
Código de Processo Civil (L. 13.105/2015), quanto à averbação dos
períodos de 02/06/1997 a 31/05/1998, de 01/10/2012 a 31/01/2013
e de 01/12/2013 a 31/07/2014; e, resolvendo o mérito nos termos do
art. 487, I, NCPC, julgo procedentes os demais pedidos, o que faço
para condenar o INSS a 1) averbar os períodos já relacionados como
objeto do reconhecimento da procedência do pedido; 2) averbar o
período de 01/03/2006 a 31/07/2012; 3) implantar em favor do
autor a aposentadoria integral por tempo de serviço/contribuição a
contar de 14/07/2015 (DIB = DER), pagando-lhe as prestações
vencidas desde então, monetariamente corrigidas e acrescidas de
juros nos termos da fundamentação.
Condeno o INSS ao pagamento de honorários de sucumbência,
fixando-os em 10% do valor da condenação, nos termos do inciso I do
§3º do artigo 85 do Código de Processo Civil. A base de cálculo será o
valor da condenação, limitado ao valor das parcelas vencidas até a
sentença (Súmula 111, STJ; Súmula 76, TRF4).

Sem custas a restituir por ser a parte autora beneficiária da


gratuidade de justiça.

Intimem-se.

Interposta apelação, intime-se a parte contrária para contrarrazões,


por 15 dias e, em seguida, remetam-se os autos ao Tribunal Regional
Federal da 4º Região, nos termos do art. 1010, § 3º, do NCPC.

Em que pese ilíquida a sentença, o valor da condenação claramente é


inferior a 1.000 (mil) salários-mínimos. Assim, dispensado o reexame
necessário, nos termos do artigo 496, §3°, I, do NCPC.” Grifo nosso

Inconformado com r. sentença a quo o INSS apresentou recurso


requerendo que a mesma fosse reformada no ponto que reconheceu o período urbano de
01/03/2006 a 31/07/2012, data vênia, não merece prosperar o inconformismo do INSS, pelas
razões de fato e de direito que seguem expostas:

1. Do período urbano de 01/03/2006 a 31/07/2012:

A r. sentença monocrática que reconheceu o período urbano de


01/03/2006 a 31/07/2012 não merece reforma eis que analisou perfeitamente o caso em
questão, conforme verifica-se da fundamentação da mesma que segue transcrita:

Vê-se que o INSS, após análise administrativa, também reconheceu o


período de 02/06/1997 a 31/05/1998 (evento 37, PET1, item 3º), tal
como delimitado na inicial. Disto decorrem duas conclusões: a uma,
houve reconhecimento da procedência do pedido também em
relação ao período de 02/06/1997 a 31/05/1998; a duas, a lide fica
restrita à averbação do período de 01/03/2006 a 31/07/2012. Passo
a análise deste último período.

Dispõe a Lei de Benefícios (L. 8.213/91):

Art. 55. ...


§3º. A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta
Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial,
conforme o disposto no artigo 108, só produzirá efeito quando
baseada em início de prova material, não sendo admitida prova
exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento.

E o Regulamento da Previdência Social (Dec. 3.048/99):

"Art. 62. A prova do tempo de serviço, considerado tempo de


contribuição na forma do artigo 60, observado o disposto no artigo
19 e, no que couber, as peculiaridades do segurado de que tratam as
alíneas j e l do inciso V do caput do artigo 9º e do artigo 11, é feita
mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos
períodos a serem contados, devendo esses documentos ser
contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de
início e término e, quando se tratar de trabalhador avulso, a duração
do trabalho e a condição em que foi prestado.
§2º. Subsidiariamente ao disposto no artigo 19, servem para a
prova do tempo de contribuição que trata do caput:
I - para os trabalhadores em geral, os documentos seguintes:
a) o contrato individual de trabalho, a Carteira Profissional, a
Carteira de Trabalho e Previdência Social, a carteira de férias, a
carteira sanitária, a caderneta de matrícula e a caderneta de
contribuições dos extintos institutos de aposentadoria e pensões, a
caderneta de inscrição pessoal visada pela Capitania dos Portos, pela
Superintendência do Desenvolvimento da Pesca, pelo Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas e declarações da Secretaria da
Receita Federal do Brasil;
b) certidão de inscrição em órgão de fiscalização profissional,
acompanhada de documento que prove o exercício da atividade;
c) contrato social e o respectivo distrato, quando for o caso,
ata de assembleia-geral e registro de empresário; ou
d) certificado de sindicato ou órgão gestor de mão de obra que
agrupa trabalhadores avulsos;
...
§3º. Na falta de documento contemporâneo podem ser aceitos
declaração do empregador ou seu preposto, atestado de empresa
ainda existente, certificado ou certidão de entidade oficial dos quais
constem os dados previstos no caput deste artigo, desde que
extraídos de registros efetivamente existentes e acessíveis à
fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social.
§4º. Se o documento apresentado pelo segurado não atender
ao estabelecido neste artigo, a prova exigida pode ser
complementada por outros documentos que levem à convicção do
fato a comprovar, inclusive mediante justificação administrativa, na
forma do Capítulo VI deste Título."
A leitura do dispositivo regulamentar revela uma hierarquização dos
documentos aptos a servirem como prova do tempo de
serviço/contribuição: primeiramente, a autarquia recorre aos dados
constantes do cadastro nacional de informações sociais - CNIS, tal
como previsto no artigo 19 do RPS; subsidiaramente aos dados desse
Cadastro, recorre aos documentos arrolados no §2º do artigo 62 do
RPS, aos quais atribui força probante do tempo de contribuição
("servem para a prova", na dicção do próprio texto regulamentar);
por fim, admite a apresentação de outros documentos que "levem à
convicção do fato a comprovar, inclusive mediante justificação
administrativa". Como a lei veda a justificação sem início de prova
material, é de se concluir que o §4º do artigo 62 do RPS trata
justamente deste início, definindo-o como documentos que "levem à
convicção".

Como se vê, a sentença de mérito proferida pela Justiça do Trabalho


não consta do rol dos documentos aos quais o RPS confere força
probatória, situação que gerou insegurança, tanto para o segurado,
que dispunha do reconhecimento judicial do tempo de trabalho,
quanto para o INSS, estranho à relação processual trabalhista . A
JURISPRUDÊNCIA CONVERGIU PELA ACEITAÇÃO DA SENTENÇA
TRABALHISTA COMO INÍCIO DE PROVA MATERIAL, COM ALGUMAS
RESSALVAS, PAUTADAS PELO TEOR DO §3º DO ARTIGO 55 DA LEI DE
BENEFÍCIOS. NESTE SENTIDO, COLHEM-SE JULGADOS DO STJ:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE


RECONSIDERAÇÃO RECEBIDO COMO AGRAVO INTERNO.
PENSÃO POR MORTE. SENTENÇA HOMOLOGATÓRIA DE
ACORDO TRABALHISTA. INEXISTÊNCIA DE ELEMENTOS QUE
EVIDENCIEM O PERÍODO TRABALHADO E A ATIVIDADE
EXERCIDA. QUALIDADE DE SEGURADO NÃO COMPROVADA.
1. Inicialmente, em conformidade com os princípios da
fungibilidade e da economia processual e tendo em vista
que o pedido de reconsideração não consta do rol de
recursos do art. 994 do NCPC, recebo o presente pedido de
reconsideração como agravo interno.
2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que a
sentença trabalhista homologatória de acordo só pode ser
considerada como início de prova material se fundada em
elementos que demonstrem o labor exercido na função e os
períodos alegados pelo trabalhador, sendo, dessa forma, apta
a comprovar o tempo de serviço enunciado no art. 55, § 3º, da
Lei 8.213/91.
3. Contudo, segundo consta no acórdão recorrido, não houve
instrução probatória, nem exame de mérito da demanda
trabalhista que demonstre o efetivo exercício da atividade
laboral. Qualidade de segurado não demonstrada. Pedido de
reconsideração recebido como agravo interno e improvido.
(RCD no AREsp 886.650/SP, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe
25/05/2016)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL


EM RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. SENTENÇA
TRABALHISTA COMO INÍCIO DE PROVA MATERIAL. AUSÊNCIA
DE OUTRA PROVAS. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO REGIMENTAL
NÃO PROVIDO.
1. A parte agravante não trouxe qualquer fundamento capaz
de infirmar a decisão agravada, que deverá ser mantida pelos
seus próprios fundamentos, pois o início de prova material
deve ser conjugado e corroborado com outros elementos
probatórios a fim de se comprovar a qualidade de segurado do
genitor falecido, para a concessão de pensão por morte.
Observância dos precedentes do Superior Tribunal de Justiça.
2. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1532661/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe
12/08/2015)

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL


NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ARGUMENTOS
INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO ATACADA.
RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO. INÍCIO DE PROVA
MATERIAL. SENTENÇA TRABALHISTA. POSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 83/STJ.
I - É pacífico o entendimento no Superior Tribunal de Justiça
segundo o qual a sentença trabalhista pode ser considerada
como início de prova material para a obtenção de benefício
previdenciário, ainda que o INSS não tenha integrado a
respectiva lide, desde que fundada em elementos que
evidenciem o período trabalhado e a função exercida pelo
trabalhador.
II - O recurso especial, interposto pela alínea a e/ou pela alínea
c, do inciso III, do art. 105, da Constituição da República, não
merece prosperar quando o acórdão recorrido encontra-se em
sintonia com a jurisprudência dessa Corte, a teor da Súmula n.
83/STJ.
III - O Agravante não apresenta, no regimental, argumentos
suficientes para desconstituir a decisão agravada.

IV - Agravo Regimental improvido.


(AgRg no AREsp 359.425/PE, Rel. Ministra REGINA HELENA
COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2015, DJe
05/08/2015)

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE.


QUALIDADE DE SEGURADO. SENTENÇA TRABALHISTA
HOMOLOGATÓRIA DE ACORDO ENTRE O ESPÓLIO DO
INSTITUIDOR DA PENSÃO E O SUPOSTO EMPREGADOR.
1. A jurisprudência desta Corte está firmada no sentido de que
a sentença trabalhista pode ser considerada como início de
prova material, desde que prolatada com base em elementos
probatórios capazes de demonstrar o exercício da atividade
laborativa, durante o período que se pretende ter reconhecido
na ação previdenciária.
2. Na espécie, ao que se tem dos autos, a sentença trabalhista
está fundada apenas nos depoimentos da viúva e do aludido
ex-empregador, motivo pelo qual não se revela possível a sua
consideração como início de prova material para fins de
reconhecimento da qualidade de segurado do instituidor do
benefício e, por conseguinte, do direito da autora à pensão por
morte.
3. Recurso especial provido.
(REsp 1427988/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 27/03/2014, DJe 09/04/2014)

À vista de tais julgados, pode-se concluir que a sentença trabalhista é


admitida como início de prova material quando seja, ela mesma,
sustentada em prova documental ou, ao menos, venha a ser
complementada por esta. Com efeito, o que explica a recusa de força
probatória à sentença homologatória de acordo ou fundada
unicamente em prova testemunhal, é a exigência de prova
documental da prestação do trabalho. Sem ela, não pode a sentença
trabalhista ser aceita como início de prova material.

No presente caso, verifica-se que a reclamatória trabalhista foi


ajuizada pelo autor visando a rescisão indireta do contrato de
trabalho com data em 30/06/2012, sob a alegação de que as
empresas Diandro Pisos Ltda. e Mourasul Pisos Industriais,
constituintes de grupo econômico, teriam descumprido vários
deveres oriundos do contrato e da legislação trabalhista (evento 31,
OUT2, p. 2-14).

Das empresas lá indicadas como ex-empregadoras do autor, somente


a primeira - Diandro Pisos Ltda. - ofereceu contestação, opondo-se à
pretensão do autor (evento 31, OUT2, p. 67 e OUT3, p. 1-2). Na ata
da primeira audiência verifica-se que somente esta ré se apresentou
em Juízo (evento 31, OUT3, p.8), situação que, à luz do artigo 844 da
Convenção das Leis do Trabalho, "importa revelia, além de confissão
quanto à matéria de fato". Na ocasião, a primeira ré indicou o
endereço da segunda ré, nominando ainda os integrantes da
sociedade.

Outra audiência foi realizada, resultando em conciliação nos


seguintes termos (evento 31, OUT4, p. 1):

"A 1ª ré, com a exclusão da 2ª, reconhece que a dispensa


ocorrida em 31.07.2012, se deu por iniciativa da ré, sem justa
causa e pagará ao autor a importância líquida e total de R$
5.000,00, sendo R$ 1.000,00 referente à primeira parcela do
acordo, no dia 10/04/2013, e o restante como discriminado a
seguir:

2ª parcela, no valor de R$ 800,00, até 10/05/2013


3ª parcela, no valor de R$ 800,00, até 10/06/2013
4ª parcela, no valor de R$ 800,00, até 10/07/2013
5ª parcela, no valor de R$ 800,00, até 10/08/2013
6ª parcela, no valor de R$ 800,00, até 10/09/2013
...
O autor declarou-se satisfeito com o valor do acordo e ciente
de seus efeitos, e com o recebimento dará quitação das verbas
postuladas na inicial e do extinto contrato de trabalho, ficando
estipulada cláusula penal de 50%, incidente sobre o saldo em
aberto com vencimento antecipado das parcelas vincendas.
...
As partes declaram que a transação é composta de 100% de
parcelas de natureza indenizatória, correspondentes a multa
do art. 477/CLT (R$ 2.000,00), vale alimentação (R$ 1.000,00) e
multa de 40% do FGTS (R$ 2.000,00), sobre as quais não há
incidência de contribuição previdenciária."

No curso daquele processo, verificou-se o descumprimento do


acordo pela primeira ré, resultando na instauração da fase executiva
(evento 31, OUT4, p. 9). A execução restou infrutífera, sendo os autos
da reclamatória remetidos ao arquivo (evento 31, OUT4, p. 27).

IMPORTA, ASSIM, DELIMITAR O OBJETO DA LIDE TRABALHISTA, JÁ


QUE NELA NÃO SE BUSCAVA O RECONHECIMENTO DO VÍNCULO
TRABALHISTA PROPRIAMENTE, MAS DA FORMA COMO ELE HAVIA
SE ENCERRADO - POR CULPA DO EMPREGADOR QUE, AO
DESCUMPRIR SUAS OBRIGAÇÕES FRENTE AO EMPREGADO, TERIA
PROVOCADO A RESCISÃO INDIRETA. AO CELEBRAR O ACORDO, A
PRIMEIRA RÉ TERIA CONFESSADO A RESCISÃO INDIRETA,
CONFIRMANDO O TÉRMINO DO CONTRATO NA DATA DE
31/07/2012.

Quanto à existência de início de prova material, a análise da cópia


dos autos da reclamatória trabalhista revela notas promissórias
emitidas pela empresa nas datas de 10/12/2005, 10/01/2006,
10/02/2006, 10/03/2006, 10/04/2006, 10/05/2006 e 10/06/2006 a
instruir a petição inicial. Elas reforçam a argumentação do autor
acerca da rescisão indireta, pois permitem concluir que a empresa, a
fim de ver-se livre de encargos relativos ao contrato de trabalho -
FGTS e contribuição previdenciária - teria emitido as referidas notas,
entregando-as ao autor.

Há ainda os extratos da conta vinculada ao FGTS, dos quais constam


depósitos efetuados pela Diandro Pisos Ltda. no período de
10/02/2009 a 10/06/2012, o que reforça a conclusão de que teria
havido contrato de trabalho não formalizado entre a referida
empresa e o autor, no período.

Tais documentos constituem início de prova material - quando não a


prova mesma, no caso dos extratos do FGTS - da prestação de
trabalho, o que autoriza, nos termos do §3º do artigo 55 da Lei de
Benefícios, a complementação por prova oral.

A primeira testemunha ouvida foi o Sr. Albertino Derli Ávila Duarte


que declarou conhecer o autor desde 2003, trabalhando juntos na
empresa Mourasul. O trabalho consistia na colocação de piso. Disse
ainda tratar-se da mesma empresa - Diandro. Segundo seu
depoimento, a empresa teria deixado de passar serviço aos
empregados, mantendo-os em disponibilidade, sem pagamento. Esta
situação teria perdurado até 2012.

O Sr. José Roberto de Andrade declarou ter sido contratado pela


Diandro, confirmando também a confusão entre a Diandro e
Mourasul. Disse ter conhecido o autor em trabalho anterior, mantida
a relação nestas últimas. Afirmou que o trabalho consistia na
colocação de pisos, cabendo aos mestres de obras organizar o
serviço, mas também tomando parte nele. Confirmou a prestação de
serviços pelo autor à empresa Diandro até 2012, ainda que de
maneira esporádica, sendo mantido em disponibilidade.

Por fim, o Sr. Sebastião Aparecido da Silva disse conhecer o autor na


Diandro, trabalhando com a colocação de pisos. Disse haver
ingressado na Diandro em 1998, lá permanecendo até 2012,
alternando serviços com períodos à disposição da empresa.
Confirmou a permanência do autor no mesmo período.

Como se vê, as testemunhas convergem quanto às causas da rescisão


indireta, salientando a alternância entre serviços e períodos em
disponibilidade, sendo que nestes últimos não teria havido
pagamento. Tal afirmação se coaduna com os baixos valores
depositados na conta vinculada ao FGTS, indicados nos extratos antes
mencionados, bem como à emissão de notas promissórias.

À vista de tais elementos, resta comprovada a continuidade da


relação de emprego, ainda que de maneira irregular, até 2012. A data
a ser considerada é aquela firmada no acordo homologado pela
Justiça do Trabalho - 31/07/2012.

Procedente o pedido, no ponto.

Ante o exposto, a parte autora requer que seja negado provimento ao


recurso apresentado pelo INSS, sendo mantida a r. sentença a quo.

2. Do pedido:

Por todo o exposto, requer seja o recurso inadmitido, e em caso de


admissão que no mérito seja negado provimento, a fim de manter a r. sentença monocrática
por seus próprios fundamentos no que pertine às razões recursais, com a condenação do INSS
a reconhecer o período urbano de 01/03/2006 a 31/07/2012, bem como, seja mantida a
condenação do INSS à concessão do benefício pleiteado e o pagamento dos atrasados
corrigidos monetariamente pelo INPC e juros de 1% ao mês conforme a Súmula n. 75 do TRF4
e diante do Cancelamento da Súmula n. 61 da TNU.

De forma sucessiva, a parte autora requer que seja determinada a


conversão do feito em diligência para que seja designada a realização de prova pericial e/ou a
reafirmação da DER.

Por derradeiro, em sendo vencedora a parte Recorrida, o que se espera do


Acórdão desta Turma Recursal requer a condenação do INSS ao pagamento dos honorários
advocatícios de sucumbência em 20% sobre o valor da condenação, nos termos contidos na
petição inicial.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Curitiba/PR, data do protocolo eletrônico.

Você também pode gostar