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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL, DE UMA DAS VARAS DA JUSTIÇA

FEDERAL DA COMARCA DE CAMPINAS ESTADO DE SÃO PAULO/SP

Inicial

Prioridade - Maior de 70 anos

SANDRA REGINA FERNANDES, viúva, portadora da cédula de


identidade RG nº 11990139 SSP/SP, inscrita sob nº CPF/MF: 188.166.238-10,
residente e domiciliado na Rua: Mto João Brademburgo , 53 BL E AP 01, SBF C
Popular CEP: 13031-240 - Campinas SP, por sua advogada “in fine” assinado
(Procuração em anexo) onde recebe intimações e notificações, vêm mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência IMPETRAR o presente:

MANDADO DE SEGURANÇA COM TUTELA DE URGÊNCIA EM CARÁTER


LIMINAR

Com fundamento no art.5º LXIX da CF e na Lei 12.016/09, contra


ato ilegal do Sr. (a). Gerente Executivo da Previdência Social da cidade de
Campinas SP, podendo ser encontrado na rua: Barreto Leme, 1117 - Centro,
Campinas - SP, 13010-201, estando a autoridade coatora vinculada à pessoa
jurídica do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos fatos e
fundamentos adiante expostos:

I- DOS FATOS

A Autora manteve com o de Cujus, Fernando de Oliveira Campos,


um relacionamento duradouro, público e continuo por mais de 30 anos (trinta anos),
que se encerrou apenas com óbito deste último, caracterizando, desta forma, a
figura da união estável.

Após o óbito do seu companheiro em 28.09.2021(atestado de óbito


anexo), a Autora solicitou a pensão por morte em 10.12.2021, requereu, nos termos
do art.74 da Lei nº 8.213/91, benefício da pensão por morte junto à agência da
Previdência Social, NB: 2020993478, sendo “indeferido” por não cumprir as
exigências que foram feitas, sendo elas; “ a necessidade de apresentar no
mínimo duas provas da união estável, sendo uma delas emitida no período dos
24 meses anteriores ao óbito, mas no cumprimento de exigência só foi
apresentada uma prova de união estável e emitida em período mais antigo aos
24 meses anteriores ao óbito, de modo que não foi possível conceder o
benefício”.

Diante do indeferimento, a autora recorreu cumprindo as exigências


e protocolou sob o nº 1736496810 em 14.01.2022 o pedido de revisão, o qual
retornou indeferido por “FALTA DE QUALIDADE DE DEPENDENTE –
COMPANHEIRO”.

A autora recorreu com Recurso Administrativo sendo protocolado em


27.09.2022, entrou para a Sessão de Julgamento Ordinária - Nº 0574/2023 – em
16/08/23 08:03, o Recurso foi reconhecido e dado provimento, por unanimidade -
Acórdão: 07ª JR/12237/2023 em 18.08.2023.
Acontece Exa., que em 18.08.2023 o Acordão foi encaminhado para
a junta do INSS para ser Analisado - Número do protocolo GET da subtarefa:
1652621180

No caso concreto, após o julgamento do recurso pela 11ª Junta de


Recursos, muito embora o procedimento administrativo tenha sido movimentado de
um órgão administrativo para outro, por mais de 2 (dois) meses não houve o
cumprimento do decidido no acórdão da Junta de Recursos, nem a interposição,
pela autoridade coatora, de outros recursos que viessem a atacar a decisão da
Junta, extrapolando o prazo previsto na Lei dos Processos Administrativos (Lei
9.784/1999), motivo pelo qual a impetrante impetra o presente Mandado de
Segurança.

Sendo assim, a autora tem sofrido diante da demora, haja vista que
a mesma aguarda por este benefício desde 10.12.2021, totalizando 1 ano e 11
meses.

A demora na análise tem causado danos a Impetrante sendo eles,


problemas financeiros, psicológico e a saúde da mesma, que necessita da pensão
com urgência, tendo em vista que a Impetrante sofreu um AVC em 18/02/2022, hoje
encontra-se acamada, dependendo de ajuda para seus cuidados básicos, e quem
custeava os seus gastos com hospital, cuidadora e medicamento, era o falecido Sr.
Fernando, conforme documento em anexo.

II- DO DIREITO

DO CABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA


Conforme o Artigo 5º LXIX, da Constituição da República Federativa
do Brasil, conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público.

Nesse mesmo sentido é a redação do artigo 1º da Lei 12.016 de


2009 ao assegurar que conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que
categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.

No caso em tela, o direito líquido e certo está sendo violado por ato
ilegal do INSS – na figura do Gerente – eis que o Acordão não foi analisado dentro
do prazo por Lei.

DO INTERESSE DE AGIR

No presente caso o interesse processual da Impetrante assenta-se


na decisão arbitrária do Gerente do INSS de não analisar o Acordão, mesmo após
ter preenchidos os requisitos legais, conforme decidiu o Conselho de Recursos da
Previdência Social.

Nessa esteira, considerando a decisão do Gerente do INSS,


evidente a presença do trinômio necessidade-utilidade-adequação que caracteriza o
interesse de agir, na medida em que o ato ilegal emanado pelo Administrador
somente poderá ser reparado pela atuação do Poder Judiciário, por meio do
processo, instrumento útil e adequado para persecução deste fim.
Pelo exposto, denota-se que o descumprimento da decisão do
CRPS, com a não implantação do benefício do Impetrante, implica em grave
prejuízo ao seu direito, e assim configura o interesse de agir.

III- DA LIMINAR

O Art. 7º, III da Lei 12.016/09, a liminar será concedida


suspendendo-se o ato que deu motivo ao pedido, quando for relevante o
fundamento do pedido e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida.

Nesse caso, é imperativo da Justiça a concessão da medida liminar,


tendo em vista que a Impetrante aguarda uma resposta da Impetrada por mais de 1
ano, extrapolando o prazo por lei de 30 dias, conforme a Lei nº 9.784/99, art. 49 do
processo administrativo.

O perigo do dano se dá pelo caráter alimentar do benefício,


sobretudo no presente caso, em que a Impetrante requer o benefício para sua
subsistência.

Isto posto, a Impetrante requer aa este juízo a concessão da tutela


de urgência em caráter liminar, inaudita altera partes, nos termos do art. 7º, III da Lei
12.016/09, com vistas a guarnecer os direitos da Impetrante

IV- DA JUSTIÇA GRATUITA

In casu, a Autora não possui condições de pagar as custas e


despesas do processo sem prejuízos próprio, conforme consta da declaração de
hipossuficiência em anexo. Ademias, há previsão legal no artigo 5º, incisos XXXIV,
LXXIV e LXXVII da Constituição Federal e nos artigos 98 e 99 do código de
Processo Civil, consoante inteligência do parágrafo único do artigo 2º da Lei nº
1.060/50, com as alterações introduzidas pela Lei nº 7.5100/86.
Pelo exposto, com base na garantia jurídica que a lei oferece,
postula a Parte Autora a concessão do benefício da justiça gratuita, em todos os
seus termos, a fim que sejam isentos de quaisquer ônus decorrentes do presente
feito.

V- DA PRIORIDADE DA TRAMITAÇÃO

Conforme documentos pessoais, anexado á inicial, a Autora hoje


está com a idade de 72 anos (setenta e dois anos), sendo assim, faz jus ao
benefício da prioridade na tramitação de procedimentos judiciais, nos termos do
art. 1.048, inciso I, do Código de Processo Civil e art. 71 do Estatuto do idoso.

Isso posto, a Parte autora requer os benefícios da Lei a seu favor.

VI- DO PEDIDOS E REQUERIMENTOS

Diante de todo o exposto, requer:

1- O benefício da gratuidade da justiça, na medida em que a


Impetrante não possui condições de custear o processo sem prejudicar seu
sustento e de sua família, nos termos do art. 5º, LXXXIV da CF/88 e do arts.
98 e seguinte do CPC.

2- A antecipação dos efeitos da sentença, em caráter


liminar, inaudita altera parts, nos termos do art. 7º, III da Lei 12.016/09, de
forma a determinar que a autoridade coatora proceda com o análise do
Acordão.
3- A citação do Órgão ao qual a Autoridade coatora está
vinculada, qual seja, o INSS, na pessoa de seu Procurador Federal, para que
este tome ciência da negativa ora questionada.

4- A notificação da autoridade coatora, qual seja o Sr.


Gerente Executivo da agência da Previdência Social de Campinas SP para
prestar esclarecimentos.

5- A concessão da segurança, impondo o INSS a obrigação


de fazer para que decida no procedimento administrativo do benefício de
requerimento nº NB: 2020993478 no prazo de 10 (dez) dias, fixando-se
astrientes no caso de descumprimento da obrigação.

6- Tratando se de pedido de obrigação de fazer, requer, em


caso de descumprimento da obrigação, que seja aplicada multa diária
(astrientes) no valor de R$1.000,00, na forma prevista nos artigos.497, 536 §
1º e 537 do CPC/15, valor este que deverá ser revertido em favor da
Impetrante.

Dá-se á o valor da causa de R$ 1.000,00 para fins de alçada.

Termo em que,

Pede deferimento,
Campinas, 13 de novembro de 2023

ALINE CRISTINA MENEZES COSTA

OAB/SP nº 411.279

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