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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ,VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA

DE ${processo_cidade}  

${cliente_nomecompleto}, já qualificado eletronicamente,vem respeitosamente perante Vossa


Excelência, por meio de seus procuradores signatários, apresentar

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS E OBRIGAÇÃO DE FAZER
COM PEDIDO LIMINAR
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), já qualificado eletronicamente,
e INSTITUIÇÃO FINANCEIRA ${informacao_generica}, pessoa jurídica de direito privado,
inscrita no CNPJ sob o nº ${informacao_generica}, com sede na ${informacao_generica}, pelos
fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor:

1 - Fatos
O Autor é titular do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição junto ao INSS (NB $
{informacao_generica}), com Renda Mensal de R$ ${informacao_generica}.

A partir da competência de ${data_generica} o segurado percebeu que descontos estariam


sendo feitos em seu benefício, por suposto empréstimo consignado contratado junto à Ré $
{informacao_generica}.

Ocorre que o Autor jamais contratou tal empréstimo, tratando-se de flagrante fraude empregada
pela empresa ré, que apresentou contrato falso. De igual forma, o INSS agiu sem qualquer
diligência ao proceder com os descontos de forma automática, sem sequer verificar se o
empréstimo era de fato verdadeiro.

O Autor teve o total de R$ ${informacao_generica} descontados de seu benefício nos meses de $


{data_generica} a ${data_generica}, perfazendo atualmente um valor de R$ $
{informacao_generica}.

Requerido administrativamente que fossem cessados os descontos no benefício, a Autarquia


indeferiu o pedido.

Assim, a parte Autora vem pleitear judicialmente a repetição do indébito/declaração de


inexistência de débito, bem como a determinação para que o INSS cesse os descontos no
benefício previdenciário recebido pelo Autor, e sejam os réus condenados a indenizar o Autor
pelo danos morais sofridos.

2 - Mérito
DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSS E DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL
Inicialmente, cumpre salientar que o INSS é parte legítima para figurar no polo passivo de ação
que trate sobre responsabilidade civil nos casos de descontos indevidos à título de empréstimo
consignado.

Nesse sentido, a jurisprudência pacificada pelo Superior Tribunal de Justiça:


ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO NÃO AUTORIZADO.
INDENIZAÇÃO. LEGITIMIDADE E RESPONSABILIDADE DO INSS. REEXAME DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.

O Superior Tribunal de Justiça entende que, nos termos do art. 6º da Lei 10.820/2003, nas
hipóteses em que o empréstimo não tenha sido realizado no mesmo banco em que o
aposentado recebe o benefício, cabe ao INSS reter os valores autorizados por ele e repassar à
instituição financeira credora. Dessa forma, é de sua responsabilidade verificar se houve a
efetiva autorização. Reconhecida, assim, a legitimidade da autarquia para responder os
termos da demanda.

Consignado pela Corte local que foi autorizado o desconto indevido de valores sobre a
aposentadoria do segurado, sem a sua necessária autorização, o que resultou em dano para o
autor, fica caracterizada a responsabilidade civil, no caso. A revisão desse entendimento
demanda reexame do contexto fático-probatório, o que é inviável no Superior Tribunal de
Justiça, ante o óbice da Súmula 7/STJ: "A pretensão de simples reexame de prova não enseja
Recurso Especial."

Prcedentes: AgRg no REsp 1335598/SC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe
24.9.2015; AgRg no REsp 1272441/AL, Rel. Ministra Regina Helena Costa, Primeira Turma, DJe
02.6.2015; AgRg no AgRg no REsp 1370441/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda
Turma, DJe 13/05/2015; AREsp 484.968/SE, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe
20.5.2014; AgRg no REsp 1.369.669/PR, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe
12.9.2013; REsp 1.213.288/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 1º.7.2013; AgRg
no REsp 1.363.502/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 2.5.2013.

Agravo Regimental não provido.

(AgRg no REsp 1445011/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/11/2016, DJe 30/11/2016)

Diante da necessidade da presença da Autarquia Previdenciária no polo passivo da demanda,


evidente é a atração da competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da
Constituição:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquicaou empresa pública federal forem


interessadas na condição deautoras, rés,assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; (grifado)

Assim, presente a legitimidade passiva do INSS e a competência da Justiça Federal para


processar e julgar o feito.

DA RESPONSABILIDADE DO INSS PELA VERIFICAÇÃO DA VERACIDADE DO


EMPRÉSTIMO CONTRATADO PELO SEGURADO
Prevê o art. 6º da Lei nº 10.820/2003 que os titulares de benefícios de aposentadoria podem
autorizar o INSS a proceder aos descontos de valores referentes ao pagamento de empréstimos,
financiamentos e operações de arrendamento mercantil concedidos por instituições financeiras:

Art. 6o Os titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência


Social poderão autorizar o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS a proceder aos descontos
referidos no art. 1o desta Lei, bem como autorizar, de forma irrevogável e irretratável, que a
instituição financeira na qual recebam seus benefícios retenha, para fins de amortização, valores
referentes ao pagamento mensal de empréstimos, financiamentos e operações de arrendamento
mercantil por ela concedidos, quando previstos em contrato, nas condições estabelecidas em
regulamento, observadas as normas editadas pelo INSS. (Redação dada pela Lei nº 10.953, de
2004)

Nesse sentido, vislumbra-se que a operação financeira só é perfectibilizada mediante a chancela


da Autarquia, imprescindindo de sua fiscalização e controle. Ou seja, o INSS não pode autorizar
os descontos no benefício do segurado de forma automática e sem qualquer tipo de controle,
uma vez que se está lidando com verbas de natureza alimentar.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça já se consolidou no sentido da responsabilidade


do INSS em casos idênticos ao presente:

ADMINISTRATIVO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO FRAUDULENTO. DESCONTOS INDEVIDOS EM


PROVENTOS DE APOSENTADORIA. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA.
LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSS CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
DEMONSTRADA. DANOS MORAIS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE OS ARESTOS CONFRONTADOS.

A Corte de origem dirimiu a controvérsia de forma clara e fundamentada, embora de maneira


desfavorável à pretensão do recorrente. Não é possível se falar, assim, em maltrato ao art. 535, II,
do Código de Processo Civil.

Nos termos do art. 6º da Lei 10.820/03, cabe ao INSS a responsabilidade por reter os valores
autorizados pelo beneficiário e repassar à instituição financeira credora (quando o empréstimo é
realizado em agência diversa da qual recebe o benefício); ou manter os pagamentos do titular na
agência em que contratado o empréstimo, nas operações em que for autorizada a retenção. Ora,
se lhe cabe reter e repassar os valores autorizados, é de responsabilidade do INSS verificar
se houve a efetiva autorização.

Consignado no aresto recorrido que o ente público agiu com negligência, o que resultou em
dano para o autor, fica caracterizada a responsabilidade civil do Estado.

É indispensável para o conhecimento do recurso especial sejam apontados os dispositivos que o


recorrente entende violados, sob pena de incidência, por analogia, da súmula 284/STF.

O conhecimento da divergência jurisprudencial pressupõe demonstração, mediante a realização


do devido cotejo analítico, da existência de similitude das circunstâncias fáticas e do direito
aplicado nos acórdãos recorrido e paradigmas, nos moldes dos arts. 541 do CPC e 255 do RISTJ.

Recurso especial conhecido em parte e não provido.

(REsp 1260467/RN, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/06/2013, DJe
01/07/2013 - grifado).

E que não ouse o INSS alegar a excludente de responsabilidade elencada no art. 6º, §2º, I e II, da
Lei 10.820/03, uma vez que já restou pacificado pela TNU que nos casos de descontos oriundos
de empréstimo fraudulento, o INSS deve ser responsabilizado, não incidente as referidas
excludente de responsabilidade:

"que no caso descontos indevidos em razão de contrato de empréstimo consignado


pactuado fraudulentamente por terceiro em nome do segurado, não tem aplicação a
excludente de responsabilidade contida na parte final dos incisos I e II, do §2º, do art. 6º, da
Lei nº 10.820/2003,cumprindo aferir a responsabilidade do INSS pela reparação dos danos
alegados pela parte autora da demanda na forma do §6º, do art. 37, da Constituição Federal, à
vista dos elementos probatórios contidos nos autos." (PEDILEF n° 052446957.2010.4.05.8300,
DOU 10/11/2016)

E no caso dos autos, o contrato do suposto empréstimo consignado é falso, eis que o Autor
jamais contratou qualquer operação financeira desta natureza, e tampouco autorizou descontos
em seu benefício, de sorte que o INSS não agiu com a diligência necessária, autorizando os
descontos sem sequer verificar a existência do contrato.

A fim de comprovar a irregularidade da operação financeira, a Parte Autora postula a realização


de perícia, visando atestar a falsidade da assinatura contida no contrato.

Assim, o INSS deve ser responsabilizado solidariamente ao réu ${informacao_generica}, uma vez


que concorreu para ocorrência dos danos materiais e morais.

DO DANOS MATERIAIS E MORAIS


No caso em liça, houve dano material referente aos descontos realizados pelo INSS no benefício
do Demandante, repassados ao réu ${informacao_generica}. Os valores descontados totalizam
atualmente o montante de R$ ${informacao_generica}, referentes aos meses de $
{data_generica} a ${data_generica}.

Nesse sentido, deve ser condenado o réu ${informacao_generica} a devolver os valores recebidos


indevidamente por meio dos descontos realizados.

Outrossim, no presente caso é inequívoca a existência de dano moral sofrido pelo Autor, na
medida em que o mesmo foi privado parcialmente de sua verba alimentar por empréstimo
consignado contratado de forma fraudulenta.

Nesse sentido, reconhecendo a existência de dano moral em caso análogo, a jurisprudência do


TRF/4:

ADMINISTRATIVO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DESCONTOS


INDEVIDOS. BANCO E INSS - FALHA NOS SERVIÇOS BANCÁRIO E PREVIDENCIÁRIO.
RESPONSABILIDADE. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - CABÍVEL.

É requisito para a concretização do dano moral a necessária conjunção de circunstâncias, quais


sejam: fato gerador, nexo causal e a ocorrência do dano.

Há dano indenizável a partir da falha na prestação do serviço bancário e previdenciário


quando é descontado valor indevido na conta do cliente/beneficiário, gerando estresse
desnecessário à parte autora.

Demonstrado o nexo causal entre o fato lesivo imputável aos réus, exsurge o dever de indenizar,
mediante compensação pecuniária compatível com a dor moral.

Indenização por danos morais fixada em R$ 5.000,00, solidariamente.

(TRF4, AC 5003069-48.2016.4.04.7112, TERCEIRA TURMA, Relator FERNANDO QUADROS DA SILVA,


juntado aos autos em 14/06/2017, grifado)
ADMINISTRATIVO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DESCONTOS
INDEVIDOS. BANCO E INSS - FALHA NOS SERVIÇOS BANCÁRIO E PREVIDENCIÁRIO.
RESPONSABILIDADE. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - CABÍVEL.

É requisito para a concretização do dano moral a necessária conjunção de circunstâncias, quais


sejam: fato gerador, nexo causal e a ocorrência do dano.

Há dano indenizável a partir da falha na prestação do serviço bancário e previdenciário


quando é descontado valor indevido na conta do cliente/beneficiário, gerando estresse
desnecessário à parte autora.

Demonstrado o nexo causal entre o fato lesivo imputável aos réus, exsurge o dever de indenizar,
mediante compensação pecuniária compatível com a dor moral.

Indenização por danos morais mantida em R$ 3.000,00.

(APELAÇÃO CÍVEL Nº 5010078-69.2013.4.04.7208/SC,RELATOR : FERNANDO QUADROS DA SILVA,


JULGADO EM 27/01/2016, grifado)

Ainda, reconhecendo a existência do dano moral em casos de descontos indevidos pela


Autarquia Previdenciária, a jurisprudência da TRU/4:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO REGIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO INSS. DESCONTO


INDEVIDO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ATO ILÍCITO PRATICADO PELA AUTARQUIA. DANO
MORAL CONFIGURADO. 1. Desconto indevido em benefício previdenciário é ato
objetivamente capaz de gerar prejuízo moral, sendo possível a responsabilização do INSS
por essa retenção indevida de valores.2. Incidente conhecido e provido. (5001819-
37.2012.404.7203, Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, Relator p/ Acórdão Alessandra
Günther Favaro, juntado aos autos em 09/04/2015)

Cumpre ressaltar que nos casos como o presente, a imputação do dano moral se da
objetivamente, uma vez que o dano se caracteriza de forma in re ipsa, eis que é presumida o
abalo gerado pelo desconto em benefício previdenciário decorrente de operação financeira
fraudulenta.

Ante ao exposto, evidente a configuração do dano moral, na medida em que não somente houve
falha no serviço bancário e previdenciário, como o Demandante foi privado de parte de seu
benefício previdenciário, de caráter alimentar.

Assim, deve ser condenado o réu ${informacao_generica} a devolução dos valores recebidos em


virtude do empréstimo consignado fraudulento, bem como condenados solidariamente os réus
ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$ ${informacao_generica}.

DA TUTELA DE URGÊNCIA EM CARÁTER LIMINAR


A tutela de urgência tem previsão no art. 300 do Código de Processo Civil, e será deferida quando
restar demonstrada a probabilidade do direito, tão como o periculum in morada prestação
jurisdicional. Disto se infere que, havendo prova da veracidade dos argumentos exordiais e,
sendo iminente a necessidade da obtenção da tutela, deve o magistrado deferir
antecipadamente o objeto postulado.

No presente caso, verifica-se que o INSS não cessou os descontos decorrentes do empréstimo
consignado fraudulento, de sorte que o Autor continua a ter sua verba de caráter alimentar
prejudicada.
Nesse sentido, considerando que se trata de benefício de caráter alimentar substitutivo, que
garante a digna sobrevivência do Demandante é intuitivo o risco de ineficácia do provimento
final da lide.

Assim, deve ser determinado liminarmente que o INSS cesse os descontos no benefício do Autor,
ao menos até o julgamento final da lide.

3 – Pedidos
ANTE AO EXPOSTO, o Autor REQUER:

1. O recebimento da presente petição inicial com seu consequente processamento, bem


como a concessão de prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da Lei 10.741/03
(Estatuto do Idoso), tendo em vista que o Autor conta com mais de 60 anos;
2. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, por não ter o Autor condições de
arcar com as custas do presente feito, sem prejuízo do seu próprio sustento;
3. A concessão da tutela de urgência em caráter liminar, a fim de determinar a suspensão
nos descontos do benefício do Autor, ao menos até o julgamento final do processo;
4. A citação do INSS para que, querendo, apresente defesa, sob pena de revelia e confissão;
5. A nãorealização de audiência de conciliação;
6. A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial o documental,
pericial e testemunhal;
7. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA para:
0. Desconstituir as operações financeiras que envolvem o Autor e o Réu $
{informacao_generica}, com todos os débitos lançados;
1. CONDENAR o Réu ${informacao_generica} à devolver os valores retidos pelo
INSS e repassados para si;
2. CONDENAR solidariamenteos réus ao pagamento de indenização por danos
morais no valor de R$ ${informacao_generica};
3. Confirmar a tutela de urgência, tornando-a definitiva, determinando que o INSS
cesse os descontos no benefício do Autor.
8. A condenação dos réus ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos do art. 85,
§3º do CPC.

Dá à causa o valor de R$ ${processo_valordacausa}[1].

Nesses Termos;

Pede Deferimento.

${processo_cidade}, ${processo_hoje}.

${advogado_assinatura}  

[1]Valor da causa = valores descontados do benefício do autor + indenização por dano

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