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Ao evento XX, a União ao apresentar sua peça de bloqueio, alegou em síntese, a ocorrência de
prescrição, uma vez que transcorrido o prazo quinquenal, nos termos do art. 1º do Decreto nº 20.910/32.
Outrossim, dignou-se a afastar sua legitimidade passiva tanto no que se refere à pensão especial, quanto a
indenização pleiteada. Por fim, referiu não haver comprovação nos autos de que o Demandante, de fato,
sofre com os efeitos da Síndrome da Talidomida, devendo, portanto, ser extinto o feito sem resolução do
mérito ou a decretada a total improcedência dos pedidos exordiais.
Como já referido, não merece guarida as alegações firmadas pela União, porquanto, infundadas e
sem qualquer pertinência diante dos elementos já apresentados. Senão, vejamos:
Da prescrição:
Aliás, não obstante a norma que autoriza a pensão especial aos acometidos pela moléstia, datar de
1982, tanto o entendimento da Demandada, como do órgão julgador supracitado deixou de atentar à
natureza personalíssima atrelada à pretensão exordial, porquanto, cuida de benefício/indenização
intransferível fornecido como meio de “reduzir” o dano causado a partir do erro estatal, ou seja,
tanto a benesse prevista na lei de 1982, quanto a de 2010 tratam de indenização, entretanto, a
primeira vitalícia e a segunda valor fixo à titulo de dano moral.
Nesses termos, é cediço que, se tratando de direito de personalidade, não há que se falar em
prescrição quinquenal prevista no art. 1º do Decreto 20.910/31, uma vez que “inaplicável à danos
decorrentes de violação de direitos de personalidade, que são imprescritíveis”.1 Veja-se:
1
AGRESP 200800132257, Ministro Herman Benjamin, STJ - Segunda Turma, DJE de 09/03/2009.
reais) deve ser mantido. 5. Sobre o quantum indenizatório devido pelos danos morais incidião os juros de mora desde
a citação e a correção monetária, nos termos da Sumula 362 do STJ, a partir do arbitramento da indenização, e ambos
deverão ser calculados nos moldes da MP nº 2180-35/2001, que os fixa em 0,5%. 6. Apelação e remessa oficial
improvidas. (TRF-5 - REEX: 129227720104058300 , Relator: Desembargador Federal Marcelo Navarro, Data de
Julgamento: 18/07/2013, Terceira Turma, Data de Publicação: 23/07/2013). (grifamos).
Ora, Excelência, conforme já ventilado, não merece respaldo as aferições trazidas pela União em
sua contestação, pois, além de direito personalíssimo, tratamos no caso em tela de benesse
previdenciária, igualmente imprescritível, podendo ser requerida a qualquer tempo.
Aliás, a inteligência da jurisprudência tornou-se pacífica neste tocante, inclusive quanto tratamos
de pensão especial em virtude da Síndrome de Talidomida. Veja-se:
De outra banda, referiu a Demandada, ao Evento XX não ser parte legítima a figurar no polo
passivo da presente ação, uma vez que, a operacionalização e a manutenção da pensão especial e da
indenização requerida pelo Autor são de responsabilidade do Instituto Nacional do Seguro Social, sendo
de seu encargo, tão somente, o repasse de verbas orçamentárias, de acordo com as disposições do art. 4º
da Lei 7.070/82 e art. 3 º do Decreto 7.235/10.
Deste ponto, giza-se que, tendo o Autor ajuizado a presente ação em face da União e da referida
Autarquia por entender serem estas solidárias, não há razão para a extinção do feito sem resolução do
mérito, ficando a cargo deste juízo a figuração do polo passivo.
Assim como sustentou a União no mérito de sua peça contestatória, a alegada não comprovação de
afecção de Síndrome da Talidomida pelo Demandante foi alvo de insurgência pelo INSS ao evento XX,
indo mais além, afirmando não haverem informações idôneas do uso da substância pela mãe e que
tampouco foi realizado requerimento administrativo no sentido de buscar a pensão especial.
Ora, primeiramente é pertinente destacar o tamanho descaso da Autarquia Previdenciária para com
o caso do Autor, tanto no que tange a análise administrativa que sequer teve laudo válido com
geneticista, quanto ao fato de que ao contestar o feito nem mesmo dignou-se a analisar os documentos
anexos ao Evento XX.
Diz-se isso, mormente, pois, esteou o INSS, primeiramente, não haver pretensão resistida,
porquanto o Demandante não realizou requerimento administrativo requerendo a pensão especial
pretendida, o que beira verdadeiro absurdo!
Isto pois, o Requerente requereu o benefício através de petição fundamentada em todos os seus
termos e recebida pelo Sr. XXXXXXXXX, Técnico do Seguro Social, em XX/XX/XXXX (Evento XX,
fls. XX a XX). Aliás, se não houvesse requerimento administrativo, não haveria qualquer razão que
explicasse o Comunicado de Decisão, indeferindo o pedido de pensão (Evento XX, fls. XX e XX), muito
menos teria sido produzido laudo técnico junto à Agência de XXXXXXXX, que posteriormente o
encaminhou à nova análise em XXXXXXXX (Evento XX, fls. XX).
Como se percebe, não há qualquer cabimento na referida alegação, que, em verdade, nem mesmo
carecia ser rebatida em réplica, tamanha a sua incoerência e descabimento.
Primeiramente, o Autor é pessoa pobre e sem condições de arcar com despesas relativas à exames
genéticos que possibilitem a comprovação esperada pelos Réus, tanto que realiza tratamento e
acompanhamento médico junto ao Sistema Único de Saúde, como se percebe dos atestados médicos
juntados ao Evento XX. Aliás, tamanha a complexidade de tais análises que nem mesmo a Agência
do INSS de XXXXX possuía profissionais habilitados a realizar tal diagnóstico.
Tal impossibilidade se torna mais clara quando nos reportamos à realidade tanto da época, quanto
da situação humilde da mãe do Autor, que, evidentemente, não dispôs de acompanhamento
especializado que lhe propiciasse maiores esclarecimentos acerca das deformidades que
acometeram o filho.
E fato inconteste é que, da época da gestação e após o nascimento do Autor não era sabido
das implicações geradas com o uso da Talidomida, o que diminui ainda mais as razões para que
algum atestado ou exame médico fosse guardado até hoje, pois, tratava-se de medicação rotineira à
muitas gestantes no trato de enjoos.
Outro fator a ser considerado é que, segundo as Rés, o laudo pericial realizado na esfera
administrativa não identificou serem as deformidades presentes no Autor, sequelas pelo uso de
Talidomida, entretanto, o parecer especializado/credenciado realizado na cidade de XXXXX (Evento
XX) não pode servir de respaldo para qualquer alegação em sentido contrário aos fundamentos
presentes na exordial, visto não constar qualquer informação, ou seja, somente contém preenchidos
os campos com o número do benefício e o nome do Requerente. Nenhuma das respostas relativas à
saúde do Autor resta esclarecida! O LAUDO ENCONTRA-SE EM BRANCO!
Ademais, em momento algum o Sr. XXXXX, chefe do SGBENIN manteve contato direto com o
Demandante. É cediço que o diagnóstico para a referida anomalia não pode ser verificado através de
exame laboratorial, sendo este clínico e baseado no estudo de 2.500 indivíduos com exposição
confirmada ao redor do mundo.2
Desta forma, como se pode levar em consideração um diagnóstico que somente pode ser
procedido através de análise detalhada das deformidades existentes, sendo que, em nenhum
momento o profissional teve contato direto com o paciente? E mais, como pode ser acatado como
válido um parecer em branco e sem qualquer conclusão científica e específica acerca do caso?
Por fim, cabe referir que quando avaliado pelos profissionais da agência de XXXXXXX, o
Demandante foi submetido a ponderada anamnese, sendo que ao ser procedida a sinopse da avaliação,
2
http://gravidez-segura.org/PDFs/Talidomida_diagnostico.pdf
todos os membros a serem assinalados foram afetados no caso em tela, bem como, as imagens de
deformidades condizentes com a síndrome, são semelhantes à do autor em XX momentos, recebendo por
conseguinte a pontuação XX em sua avaliação final. Veja-se (Evento XX, fl. XX):
Ora, não resta dúvidas acerca da inadmissibilidade da prova produzida pela perícia especializada
em genética acostada ao Evento XX, uma vez que NULA. Aliás as Rés, por tratarem-se de órgãos
públicos e idôneos nem mesmo deveriam mencionar tal decisão como meio de prova a descaracterizar a
Síndrome de que sofre o Requerente, tamanho o descabimento da mesma.
ISTO POSTO, não há outra medida que não a produção de perícia judicial, a fim de confirmar a
natureza das deformidades que acometem os membros do Autor, o que possibilitará a este juízo certificar-
se da veracidade das alegações presentes na peça inicial, uma vez que, acometido de Síndrome da
Talidomida.
OUTROSSIM, eis que as contestações não se prestam a desconstituir o direito pleiteado, o Autor
REITERA todos os argumentos e pedidos trazidos na petição exordial, postulando pelo prosseguimento
do feito e julgamento PROCEDENTE do pedido.
Nesses Termos;
Pede Deferimento.
Local e Data.
Advogado
OAB/UF