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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO

JUDICIÁRIA DE ________________--______

XXXXXXXX, já cadastrado eletronicamente, vem,


respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 326 e
327 do Código de Processo Civil, apresentar RÉPLICA À
CONTESTAÇÃO, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a
expor:

Trata-se de processo previdenciário no qual o Autor postula a concessão de aposentadoria especial


com o reconhecimento do tempo de serviço desenvolvido nos períodos de 01/04/1989 a 02/03/1992,
04/03/1992 a 31/12/1996, 01/01/1997 a 31/03/2008, e de 01/04/2008 a 21/01/2014.

Apesar do visível esforço despendido na contestação, o Réu não logrou êxito em descaracterizar
os argumentos trazidos na inicial.

A Autarquia Federal sustenta a peça de bloqueio basicamente na falta de comprovação da


exposição a agentes nocivos. Entretanto, tal argumentação não merece prosperar.

Período de 01/01/1997 a 31/03/2008, e de 01/04/2008 a 21/01/2014


Empresa: XXXXXXXXXXX.
Cargo: Mecânico

Em relação a estes períodos a parte Autora apresenta formulário PPP devidamente embasado em
laudo técnico, que indica exposição habitual e permanente a hidrocarbonetos proveniente de óleos e
graxas minerais, bem como a ruído de 86 dB(A). Portanto, está plenamente comprovada a exposição
hidrocarbonetos devendo ser reconhecida especialidade atividade desenvolvida nesses períodos, com
enquadramento nos códigos 1.2.11 do Decreto 53.831/64 e 1.0.7 dos Decretos 2.172/97 e 3.048/99. Nesse
sentido reconhecendo a especialidade da atividade de mecânico em razão da exposição a graxas e óleos
minerais, destaca-se o seguinte precedente do TRF4.
PREVIDENCIÁRIO. MECÂNICO. HIDROCARBONETOS. GRAXA E ÓLEO
MINERAL. USO DE EPI. INTERMITÊNCIA DA EXPOSIÇÃO AOS AGENTES
NOCIVOS. RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE ESPECIAL. CONVERSÃO DA
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO EM APOSENTADORIA
ESPECIAL NA DATA DO REQUERIMENTO (DER). 1. O reconhecimento da
especialidade e o enquadramento da atividade exercida sob condições nocivas são
disciplinados pela lei em vigor à época em que efetivamente exercidos, passando a
integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. 2. Até 28-04-1995
é admissível o reconhecimento da especialidade por categoria profissional ou por sujeição
a agentes nocivos, admitindo-se qualquer meio de prova (exceto para ruído e calor); a
partir de 29-04-1995 não mais é possível o enquadramento por categoria profissional,
sendo necessária a comprovação da exposição do segurado a agentes nocivos por
qualquer meio de prova até 05-03-1997 e, a partir de então, através de formulário
embasado em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. 3. A exposição a
hidrocarbonetos (graxas e óleos) enseja o reconhecimento do tempo de serviço como
especial. 4. Não havendo provas consistentes de que o uso de EPIs neutralizava os efeitos
dos agentes nocivos a que foi exposto o segurado durante o período laboral, deve-se
enquadrar a respectiva atividade como especial. 5. A habitualidade e permanência do
tempo de trabalho em condições especiais prejudiciais à saúde ou à integridade física
referidas no artigo 57, § 3º, da Lei 8.213/91 não pressupõem a submissão contínua ao
agente nocivo durante toda a jornada de trabalho. Não se interpreta como ocasional,
eventual ou intermitente a exposição ínsita ao desenvolvimento das atividades cometidas
ao trabalhador, integrada à sua rotina de trabalho. Precedentes desta Corte. 6.
Implementados mais de 25 anos de tempo de atividade nociva à saúde ou integridade
física e cumprida a carência mínima, é devida a concessão do benefício de aposentadoria
especial, a contar da data do requerimento administrativo, nos termos do § 2º do art. 57
c/c art. 49, II, da Lei n. 8.213/91. (TRF4, APELREEX 5003410-40.2012.404.7104,
Quinta Turma, Relator p/ Acórdão (auxílio Lugon) Taís Schilling Ferraz, juntado aos
autos em 13/08/2014)

Ademais, como está comprovado através de PPP embasado em laudo técnico que nos períodos de
01/01/1997 a 31/03/2008, e de 01/04/2008 a 21/01/2014 o demandante permanecia exposto a ruído de 86
dB(A), é devido o reconhecimento da especialidade das atividades desenvolvidas após 19/11/1997 pela
exposição ruído superior ao previsto no Anexo IV do Decreto nº 3.048/1999 com a alteração introduzida
pelo Decreto nº 4.882/2003.

No que concerne à utilização de EPI’s, destaca-se que o STF, ao julgar o recurso extraordinário
com repercussão geral reconhecida (ARE 664335), fixou entendimento no sentido de que, em caso de
exposição ao agente ruído a especialidade nunca é descaracterizada pela utilização de EPI’s , eis que
não existem equipamentos de proteção capazes de neutralizar a nocividade do ruído, e que a informação
de fornecimento de EPI constante em formulário PPP não é suficiente para comprovação
descaracterização da atividade especial, pois quando há divergência ou duvida sobre a eficácia dos
equipamentos de proteção individual, deve ser reconhecido o direito da aposentadoria especial. Nesse
sentido a ementa:
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO
CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ART. 201,
§ 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REQUISITOS DE
CARACTERIZAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO SOB CONDIÇÕES
NOCIVAS. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL -
EPI. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA PELO PLENÁRIO
VIRTUAL. EFETIVA EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚDE.
NEUTRALIZAÇÃO DA RELAÇÃO NOCIVA ENTRE O AGENTE INSALUBRE E O
TRABALHADOR. COMPROVAÇÃO NO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO
PREVIDENCIÁRIO PPP OU SIMILAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DOS
PRESSUPOSTOS HÁBEIS À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL.
CASO CONCRETO. AGENTE NOCIVO RUÍDO. UTILIZAÇÃO DE EPI.
EFICÁCIA. REDUÇÃO DA NOCIVIDADE. CENÁRIO ATUAL.
IMPOSSIBILIDADE DE NEUTRALIZAÇÃO. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO
DAS CONDIÇÕES PREJUDICIAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DEVIDO.
AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO.1. Conduz à admissibilidade do Recurso Extraordinário a
densidade constitucional, no aresto recorrido, do direito fundamental à previdência social
(art. 201, CRFB/88), com reflexos mediatos nos cânones constitucionais do direito à vida
(art. 5º, caput, CRFB/88), à saúde (arts. 3º, 5º e 196, CRFB/88), à dignidade da pessoa
humana (art. 1º, III, CRFB/88) e ao meio ambiente de trabalho equilibrado (arts. 193 e
225, CRFB/88). 2. A eliminação das atividades laborais nocivas deve ser a meta maior da
Sociedade - Estado, empresariado, trabalhadores e representantes sindicais -, que devem
voltar-se incessantemente para com a defesa da saúde dos trabalhadores, como enuncia a
Constituição da República, ao erigir como pilares do Estado Democrático de Direito a
dignidade humana (art. 1º, III, CRFB/88), a valorização social do trabalho, a preservação
da vida e da saúde (art. 3º, 5º, e 196, CRFB/88), e o meio ambiente de trabalho
equilibrado (art. 193, e 225, CRFB/88). 3. A aposentadoria especial prevista no artigo
201, § 1º, da Constituição da República, significa que poderão ser adotados, para
concessão de aposentadorias aos beneficiários do regime geral de previdência social,
requisitos e critérios diferenciados nos “casos de atividades exercidas sob condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar”. 4. A aposentadoria
especial possui nítido caráter preventivo e impõe-se para aqueles trabalhadores que
laboram expostos a agentes prejudiciais à saúde e a fortiori possuem um desgaste
naturalmente maior, por que não se lhes pode exigir o cumprimento do mesmo tempo de
contribuição que aqueles empregados que não se encontram expostos a nenhum agente
nocivo. 5. A norma inscrita no art. 195, § 5º, CRFB/88, veda a criação, majoração ou
extensão de benefício sem a correspondente fonte de custeio, disposição dirigida ao
legislador ordinário, sendo inexigível quando se tratar de benefício criado diretamente
pela Constituição. Deveras, o direito à aposentadoria especial foi outorgado aos seus
destinatários por norma constitucional (em sua origem o art. 202, e atualmente o art. 201,
§ 1º, CRFB/88). Precedentes: RE 151.106 AgR/SP, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento
em 28/09/1993, Primeira Turma, DJ de 26/11/93; RE 220.742, Rel. Min. Néri da Silveira,
julgamento em 03/03/98, Segunda Turma, DJ de 04/09/1998. 6. Existência de fonte de
custeio para o direito à aposentadoria especial antes, através dos instrumentos tradicionais
de financiamento da previdência social mencionados no art. 195, da CRFB/88, e depois
da Medida Provisória nº 1.729/98, posteriormente convertida na Lei nº 9.732, de 11 de
dezembro de 1998. Legislação que, ao reformular o seu modelo de financiamento, inseriu
os §§ 6º e 7º no art. 57 da Lei n.º 8.213/91, e estabeleceu que este benefício será
financiado com recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da
Lei nº 8.212/91, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais,
conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de
aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição,
respectivamente. 7. Por outro lado, o art. 10 da Lei nº 10.666/2003, ao criar o Fator
Acidentário de Prevenção-FAP, concedeu redução de até 50% do valor desta contribuição
em favor das empresas que disponibilizem aos seus empregados equipamentos de
proteção declarados eficazes nos formulários previstos na legislação, o qual funciona
como incentivo para que as empresas continuem a cumprir a sua função social,
proporcionando um ambiente de trabalho hígido a seus trabalhadores. 8. O risco social
aplicável ao benefício previdenciário da aposentadoria especial é o exercício de atividade
em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física (CRFB/88, art. 201, § 1º), de
forma que torna indispensável que o indivíduo trabalhe exposto a uma nocividade
notadamente capaz de ensejar o referido dano, porquanto a tutela legal considera a
exposição do segurado pelo risco presumido presente na relação entre agente nocivo e o
trabalhador. 9. A interpretação do instituto da aposentadoria especial mais consentânea
com o texto constitucional é aquela que conduz a uma proteção efetiva do trabalhador,
considerando o benefício da aposentadoria especial excepcional, destinado ao segurado
que efetivamente exerceu suas atividades laborativas em “condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física”. 10. Consectariamente, a primeira tese
objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição
do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de
neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial. 11.
A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações
prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de
divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção
Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo
reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial . Isto
porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afigurar
suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a
que o empregado se submete.12. In casu, tratando-se especificamente do
agente nocivo ruído, desde que em limites acima do limite legal, constata-se que,
apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a
agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade,
a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além
daqueles relacionados à perda das funções auditivas. O benefício previsto neste artigo
será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do
art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze,
nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço
da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e
cinco anos de contribuição, respectivamente. O benefício previsto neste artigo será
financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22
da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou
seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da
empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e
cinco anos de contribuição, respectivamente. 13. Ainda que se pudesse aceitar que o
problema causado pela exposição ao ruído relacionasse apenas à perda das funções
auditivas, o que indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma
eficácia real na eliminação dos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização de
EPI, pois são inúmeros os fatores que influenciam na sua efetividade, dentro dos quais
muitos são impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto pelos
trabalhadores. 14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é
a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais
de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual
- EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. 15. Agravo
conhecido para negar provimento ao Recurso Extraordinário.(ARE 664335, Relator(a): 
Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 04/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
DJe-029 DIVULG 11-02-2015 PUBLIC 12-02-2015, grifos acrescidos).

Destaca-se os seguintes trechos elucidativos das manifestações dos ministros do STF ao apreciar a
questão:

Ministro Luiz Fux:

Ab initio, podemos deduzir, como questão de lógico-jurídica, que o simples fornecimento do EPI
pelo empregador não exclui a hipótese de exposição do trabalhador aos agentes nocivos à saúde. A
propósito, em sentido análogo, mas referente ao adicional de insalubridade, foi editada a Súmula nº 289 do
TST, verbis: “O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento
do adicional de insalubridade, cabendo-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da
nocividade, dentre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado”.

(...)

Insta salientar que em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de
Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do
direito ao benefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI pode não se afigurar suficiente
para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se submete nos seus afazeres.
Necessário enfatizar que a autoridade competente sempre poderá, no exercício da fiscalização, aferir as
informações prestadas pela empresa no laudo técnico de condições ambientais do trabalho ou documento
equivalente, tudo sem prejuízo do inafastável judicial review. Parece-nos que, dessa forma, concretizaremos
o devido fim que as normas constitucionais inerentes quis tutelar.

(...)

A discussão jurídica presente no recurso ora apreciado diz respeito, em síntese, a saber se o
fornecimento de Equipamento de Proteção Individual – EPI, informado no Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP), especificamente em se tratando do agente nocivo ruído, atende aos requisitos
estabelecidos na tese ora firmada, para descaracterizar o tempo de serviço especial para aposentadoria.

A resposta é negativa.

No que tange especificamente ao referido agente nocivo (ruído), a tese invocada cai por terra, na
medida em que, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individual (protetor auricular) reduzir a
agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em
tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções
auditivas....

(...)
Portanto, não se pode, de maneira alguma, cogitar-se de uma proteção efetiva que descaracterize a
insalubridade da relação ambiente-trabalhador para fins da não concessão do benefício da aposentadoria
especial quanto ao ruído.

A segunda tese a ser firmada é a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima
dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico
Previdenciário (PPP), no sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual – EPI, não
descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria.

(...)

Ministro Ricardo Lewandowski

Eu tenho impressão de que nós não estamos conseguindo chegar a um consenso, porque nós
estamos girando em torno do equipamento, da eficácia ou não. Quando, na verdade, eu penso que nós
temos que nos cingir a saber se esse Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, apresentação dele
regular pelo empregador, ele descaracteriza ou não o tempo especial de serviço.

(...)

Ministro Marco Aurélio

Estamos todos de acordo, porque, evidentemente, o empregador se pronunciará, considerado –


como disse o ministro Teori Zavascki – diante de relação jurídica tributária para com o Instituto. Qual é a
tendência? É a de que se aponte que não há, para ter a alíquota da contribuição diminuída, a problemática
do risco maior. Convivemos muito, no âmbito da Justiça do Trabalho, com a questão alusiva ao formal e à
realidade: vinga, na Justiça do Trabalho, o princípio da realidade, como também no dia a dia da vida
gregária.”

Portanto, verifica-se que o STF entendeu que quando a há exposição ruído acima dos limites de
tolerância a especialidade estará caracteriza ainda que exista comprovação da utilização efetiva utilização
de EPI’s, e em relação aos demais agentes nocivos o tempo de serviço especial deverá ser reconhecido se
houver qualquer duvida quanto a efetiva utilização de EPI’s.

No presente caso, em que pese haja registro de fornecimento de EPI’s nos formulários PPPs não
restou devidamente comprovado o efetivo fornecimento, e muito menos a fiscalização e efetiva utilização
de EPI’s. Com efeito, através das fichas de entrega de EPI’s anexas a inicial verifica-se que a
entrega/troca de EPI’s não era efetuada com regularidade, não sendo possível aferir que havia
fornecimento de EPI’s suficientes para neutralizar os agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho
do demandante.

Portanto, está devidamente comprovado o exercício de atividade especial nos períodos de ,


01/01/1997 a 31/03/2008, e de 01/04/2008 a 21/01/2014.

Período de 01/04/1989 a 02/03/1992, 04/03/1992 a 31/12/1996


Empresa: XXXXXXXXXXX.
Cargo: Mecânico

A análise das condições de trabalho do Autor restou prejudicada no período em comento, visto
que não há qualquer indicação a respeito de profissional especializado em medicina ou segurança do
trabalho no PPP emitido pela empresa (evento 1, PROCADM5, página 03), o que explica a falta de
informações a respeito das condições do ambiente em que foram desenvolvidas as atividades.

Registra-se que a empresa xxxxxxxxxx encerrou suas atividades sendo impossível a realização
de perícia in loco.

Desse modo, a realização de prova pericial por similitude é a medida mais adequada para fins de
comprovação da atividade especial praticada pelo Autor no período mencionado.

Nesse sentido, importante destacar o entendimento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO. RECONHECIMENTO DE ATIVIDADE


ESPECIAL. PERÍCIA TÉCNICA. HONORÁRIOS PERICIAIS. COMPETÊNCIA
DELEGADA. 1. A prova pericial é o meio adequado a se atestar a sujeição a agentes
nocivos à saúde, para efeito de enquadramento como atividade especial . 2. Admite-se
até mesmo a realização de perícia por similitude em empresa paradigma, na
hipótese em que não existe mais a empresa para a qual houve a prestação de
serviço. 3. Hipótese em que a realização das perícias, bem como da prova testemunhal
se faz necessária, todavia, porque os documentos e as informações reunidas nos autos
são insuficientes para comprovação do labor especial. 4. Em hipótese de competência
delegada, aplica-se a Resolução n. 541-07 do Conselho da Justiça Federal para efeito de
fixação da remuneração de peritos. 5. É certo que o juiz pode ultrapassar em até 3 vezes
o limite máximo nela previsto, mas para isso deve-se ter em conta o grau de
especialização do perito, à complexidade do exame e o local de sua realização. (TRF4,
AG 0002444-66.2014.404.0000, Sexta Turma, Relator João Batista Pinto Silveira, D.E.
09/07/2014, com grifos acrescidos)

PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PERÍCIA POR


SIMILARIDADE. CABIMENTO. RESULTADO DO JULGAMENTO
INALTERADO. 1. Nada impede a realização da perícia inclusive indireta, ou
por similitude, em empresa similar àquela em que laborou o segurado,
como meio de prova, diante da impossibilidade de se coletar dados in loco,
para a averiguação e comprovação do desempenho de atividade especial. 2.
Resultado do julgamento inalterado. (TRF4 5000460-83.2011.404.7107, Sexta Turma,
Relator p/ Acórdão Néfi Cordeiro, juntado aos autos em 07/11/2013, com grifos
acrescidos).

Dessa forma, requer seja produzida prova pericial para a comprovação da atividade especial .

ASSIM SENDO, restam dafastados todos os argumentos elaborados pelo INSS em sua peça
contestatória na exordial, motivo pelo qual a Autora requer o prosseguimento do feito e o julgamento
procedente de todos os pedidos formulados.

Nesses Termos;
Pede Deferimento.

___________, ______ de ________________ de 20___.

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