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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA ___ VARA

FEDERAL DE BELO HORIZONTE/MG.


Fulano de tal, brasileiro, casado, Emendador de cabos telefô nicos, portador do RG nº: MG-,
inscrito no CPF sob o nº:, residente e domiciliado na avenida 29 de outubro, nº: 20, bairro
Joã o Pinheiro, CEP: 30.530-060 – Belo Horizonte/MG, por meio de seu procurador e
advogado Kris Kristoferson Pereira, OAB/MG nº 167.489 constituído consoante
procuraçã o em anexo, sendo seu endereço eletrô nico: kristian100ax@hotmail.com e com
escritó rio profissional na rua, bairro, CEP: – Belo Horizonte/MG, onde recebem intimaçõese
notificaçõ es, vem à presença de Vossa Excelência interpor
AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSAO DE APOSENTADORIA ESPECIAL,
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pessoa jurídica de direito
pú blico, autarquia federal, com endereço na Avenida Amazonas, 266 – 14º andar CEP:
30.180-001 – Belo Horizonte/MG, com respaldo nos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:

I – DOS FATOS
O requerente durante grande parte da sua vida profissional desempenhou suas atividades
sob grande risco a sua integridade física e a exposiçã o de agentes agressores.
Permanecendo, portanto, em contato com agentes nocivos. Exposto, durante sua jornada
laboral, a agentes mecâ nicos acima dos limites de tolerâ ncia de maneira habitual e
permanente.
Entende o autor que tem direito ao reconhecimento de tal lapso temporal como de serviço
especial, de acordo com a sistemá tica vigente à época em que o trabalho foi executado de
acordo com o Princípio do “Tempus Regit Actum” aplicá vel ao caso concreto, sendo seu
direito à percepçã o da Aposentadoria Especial.
Assim sendo, requereu administrativamente a concessã o do benefício denominado
Aposentadoria Especial, identificado pelo NB 168.624.841-2, em 14/03/2016, que restou
indeferido pela Autarquia, sob o argumento de falta de tempo de contribuiçã o até
16/12/98 ou até a data do requerimento.
A documentaçã o acostada à inicial é suficiente para comprovar, sem deixar dú vidas, que o
autor sempre laborou em condiçõ es especiais e, portanto, faz jus ao benefício
previdenciá rio de aposentadoria especial com 25 (vinte e cinco) anos de contribuiçã o.
Conforme consta nas declarações, anotadas nos PPP’S, o autor exerceu atividades, de
Emendador de cabos telefô nicos, sendo exposto à agentes mecâ nicos com grandes riscos de
causar danos a sua saú de e risco de vida eminente.
Por conseguinte, inconformado com a decisã o da Autarquia Previdenciá ria, que lhe negou
administrativamente o direito a concessã o da aposentadoria especial, o que considera uma
arbitrariedade do INSS, o Requerente vem, por este motivo, buscar a guarida judicial, por
meio da presente açã o.
I. I SUMÁRIO DE PROVAS
Doc 1: Carta de Indeferimento da Concessã o do benefício de aposentadoria pelo INSS.
Doc 2: Perfil Profissiográ fico Previdenciá rio – PPP – Empresa: Construtel Participaçõ es.
Doc 3: Perfil Profissiográ fico Previdenciá rio – PPP – Empresa: Telemont Eng. De
Telecomunicaçõ es S/A.
Doc 4: Simples demonstrativo do INSS de tempo de contribuiçã o do requerente sem
considerar nenhuma atividade especial.
Doc 5: Xerox das CTPS dos respectivos tempos laborados.
II - DO DIREITO
Maria Helena Carreira Alvim Ribeiro conceitua aposentadoria especial como o benefício
que visa garantir ao segurado uma compensaçã o pelo desgaste resultante do tempo de
serviço prestado em condiçõ es prejudiciais à sua saú de.
Em razã o da relevâ ncia da matéria, a aposentadoria especial tem status constitucional. A
esse respeito, dispõ e o art. 201, § 1º da Carta Magna que preleciona:
É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados
os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde e
integridade física.
A razã o de ser desta ressalva gravada pelo constituinte é o reconhecimento de que existem
algumas atividades dignas de especial atençã o em virtude de que as mesmas sã o exercidas
em condiçõ es prejudiciais à saú de ou integridade física do segurado.
O trabalhador é submetido à exposiçã o de agentes nocivos de natureza química, física,
bioló gica ou ainda a associaçã o desses agentes prejudiciais e, consequentemente, tem a
perda de sua qualidade de vida.
A concessã o da aposentadoria especial depende da comprovaçã o pelo segurado, perante o
INSS, do tempo de trabalho permanente, nã o ocasional nem intermitente, exercido em
condiçõ es especiais que prejudiquem a saú de ou a integridade física, nos termos do que
prescreve o artigo 57 caput e §§ 3º e 4º da Lei 8.213/91, in fine:
Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida
nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25
(vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.
(...)
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo
segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho
permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado.
(Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de trabalho, exposição aos
agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à
saúde ou à integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a concessão
do benefício. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995).
Nã o há dú vida que as condiçõ es ensejadoras para concessã o do benefício pleiteado estã o
reunidas no presente caso, o que se afirma com arrimo nos documentos que ora se juntam.
III - DO RECONHECIMENTO DA ATIVIDADE ESPECIAL PELO SIMPLES
ENQUADRAMENTO DE CATEGORIA PROFISSIONAL OU EXERCÍCIO DE ATIVIDADE.
Até a ediçã o da Lei 9.032/95 que alterou o caput do art. 57 da Lei 8.213/91, bastava ao
segurado para o reconhecimento da atividade especial, comprovar seu enquadramento em
uma das categorias profissionais ou o exercício de uma das atividades relacionadas nos
anexos dos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, nã o havendo qualquer necessidade de fazer
prova efetiva das condiçõ es prejudiciais à saú de ou à integridade física.
Nesse sentido, há de se perceber que no concernente à s atividades prestadas em período
anterior à Lei 9.032/95 há uma presunçã o “iures et de iure” de exposiçã o a agentes nocivos
em relaçã o à s categorias profissionais e ocupaçõ es previstas nos Decretos 53.831/64 e
83.080/79, salvo para o agente ruído, o qual já havia a necessidade de comprovaçã o por
laudo técnico.
Mesmo que por equiparaçã o, a atividade de vigilante se beneficia também da
presunção de periculosidade prevista no Decreto n.º 53.0831/64, até 28/4/1995,
data em que foi editada a Lei nº 9.832.
Daí, havendo o enquadramento por equiparaçã o, a legislaçã o pressupõ e que a atividade, até
28/04/1995, é presumidamente perigosa sendo exercida de modo habitual e permanente.
Importantíssimo mencionar que doutrina e jurisprudência posicionam-se no sentido de
que o rol de atividades insalubres, perigosas e penosas previsto nos decretos mencionados
acima nã o é “numerus clausus”, mas sim exemplificativo, de modo que, preenchidos os
demais requisitos e comprovado o cará ter nocivo da atividade exercida pelo segurado faz
ele jus a aposentadoria especial, ainda que a atividade exercida nã o esteja inscrita em
regulamento.
Para a surpresa do Autor nenhum período trabalhado anterior a 16/12/98 foi
reconhecido pelo INSS, nem mesmo aqueles que deveriam ser enquadrados
administrativamente (conforme anexo).
III. I - QUADRO RESUMO
Empresa Função Período
Contrutura Arcos LTDA Emendador de Cabos 01/04/92 até 27/12/93
Siret Soc. Inst. Redes Elétricas Emendador de Cabos 05/05/1994 até 09/11/1995
Projetos Construtel Emendador de Cabos V 10/11/1995 até 16/12/1997
Tempos totais
1 – 01/03/2007 a 30/04/2011 = 4 anos + 1 mês
2 – 01/05/2011 a 30/09/2012 = 1 ano e 4 meses
3 – 01/10/2012 a 31/12/2012 = 2 meses e 21 dias
4 – 01/01/2013 a 30/04/2014 = 1 ano e 3 meses
5 – 01/05/2014 a 31/05/2015 = 1 ano e 30 dias
6 – 01/06/2015 a 01/06/2016 = 1 ano
Total de 8 anos e 10 meses (sem converter)
Convertendo: 8 anos: 8,833=12.366
10/12: 0,833
0,366 x 12= 4.392
Convertido: 12 anos, 4 meses e 11 dias convertidos.
Normal:
12 anos, 2 meses e 13 dias.
2 por 12= 2,433 por 12=0,202
13 por 30=0,433
12 + 0,202
12,202x1.4 = 17.082
17=
0,082 x 12=0,984
9 meses
0,84 x 30= 25 dias
Tempo Especial convertido = tempo normal= 35 anos.
IV - DA EXIGÊ NCIA DE LAUDO TÉ CNICO PARA FUNDAMENTAR A EMISSÃ O DE
FORMULÁ RIOS SOMENTE A PARTIR DA EDIÇÃ O DO DEC. 2.172/97.
O Superior Tribunal de Justiça já firmou entendimento no sentido de que a exigência de
comprovaçã o de efetiva exposiçã o aos agentes nocivos, estabelecida no § 4º do art. 57 e §§
1º e 2º do artigo 58 da Lei nº. 8.213/91, este na redaçã o da Lei nº. 9.732/98, só pode ser
aplicar-se ao tempo de serviço prestado durante a sua vigência, e nã o retroativamente,
porquanto se trata de condiçã o restritiva ao reconhecimento do direito.
Se a legislaçã o anterior exigia a comprovaçã o da exposiçã o aos agentes nocivos, mas nã o
limitava os meios de prova, a lei posterior que passou a exigir laudo técnico, tem inegá vel
cará ter restritivo ao exercício do direito, nã o podendo ser aplicada a situaçõ es pretéritas.
Até o advento da Lei nº. 9.032/95, em 29/04/95, era possível o reconhecimento do tempo
de serviço especial, com base na categoria profissional do trabalhador. A partir na vigência
desta Norma, a comprovaçã o da atividade especial é feita por intermédio dos formulá rios
SB-40 e DSS-8030, até a ediçã o do Decreto n. 2.172, de 5.3.97, que regulamentou a MP n.
1.523/96 (convertida na Lei nº. 9.529/97), que passou a exigir o laudo técnico.
Nã o obstante resta acostado nos autos, a instruçã o das provas (PPP’S) do período laborado
em condiçõ es insalubres pelo autor (anexo).
V - DAS EXIGÊNCIAS ATUAIS PARA A COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE
ESPECIAL
Com base no pará grafo primeiro do art. 58 da Lei 8.213/91, com redaçã o dada pela Lei
9.732/98, a comprovaçã o da efetiva exposiçã o do segurado aos agentes nocivos é feita,
atualmente, mediante formulá rio denominado perfil profissiográ fico previdenciá rio (PPP),
que substituiu o SB-40, DISES BE 5235, DSS 8030 e DIRBEN 8030, sendo aquele exigido a
partir de 1º de janeiro de 2004.
Note que se o documento for elaborado a partir de 01/01/2004 obrigatoriamente será o
PPP, em que pese possa este contemplar períodos laborais anteriores a esta data, ocasiã o
em que será dispensada a apresentaçã o de quaisquer outros documentos conforme o
disposto no pará grafo primeiro do artigo 161 da Instruçã o Normativa INSS/PRES nº.
20/2007, “in verbis”:
§ 1º Quando for apresentado o documento de que trata o § 14 do art. 178 desta Instruçã o
Normativa (Perfil Profissiográ fico Previdenciá rio), contemplando também os períodos
laborados até 31 de dezembro de 2003, serã o dispensados os demais documentos referidos
neste artigo. (alterado pela Instruçã o Normativa nº 27/INSS/PRES, de 30/04/2008)
O autor comprovou junto ao INSS o seu direito a aposentadoria especial na base de 25
(vinte e cinco) anos de contribuiçã o conforme o exigido pelo ordenamento jurídico, no
entanto até a presente data tem seu direito tolhido em virtude da negativa da parte ré no
â mbito administrativo.
Os documentos acostados aos autos pelo autor, especialmente, o PPP fornecido pela
empresa para as qual laborou sã o idô neos a comprovarem a atividade especial
desempenhada, pois assinados pelos responsá veis da mesma, nã o havendo qualquer
dú vida quanto a sua autenticidade.
Ademais a jurisprudência já é pacífica nesse sentido, vejamos:
1- PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - RECONHECIMENTO DE TEMPO DE
SERVIÇO ESPECIAL - CABISTA E EMENDADOR - CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM
COMUM - LEIS 3087/60 E 8213/91 - DECRETOS 53.831/64 E 83.080/79 -
POSSIBILIDADE. 1. Insurgindo-se o impetrante contra o ato da autoridade impetrada que
lhe negou aposentadoria por tempo de serviço e trazendo aos autos provas robustas que
comprovam a liquidez do seu direito, rejeita-se a preliminar de impropriedade da via eleita.
Precedente da Turma: AMS 2000.38.00.036392-1/MG, Relator DES. FEDERAL ANTONIO
SÁ VIO DE OLIVEIRA CHAVES, DJ 05/05/2003. 2. Exercendo o segurado uma ou mais
atividades sujeitas a condições prejudiciais à saúde sem que tenha complementado o
prazo mínimo para aposentadoria especial, é permitida a conversão de tempo de
serviço prestado sob condições especiais em comum, para fins de concessão de
aposentadoria. (RESP 411946/RS, Relator Min. JORGE SCARTEZZINI, DJ 07/04/2003;
AMS 2000.38.00.036392-1/MG, Relator DES. FEDERAL ANTONIO SÁ VIO DE OLIVEIRA
CHAVES, PRIMEIRA TURMA, DJ 05/05/2003) 3. O rol de agentes nocivos previstos nos
Anexos I e II do Decreto n. 83.080/79 e no Anexo do Decreto n. 53.831/69, vigorou até a
ediçã o do Decreto n. 2.172/97 (05.03.97), por força do disposto no art. 292 do Decreto
611/92 (AMS 2001.38.00.032815-3/MG, Relator DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO
SÁ VIO DE OLIVEIRA CHAVES, PRIMEIRA TURMA, DJ 06/10/2003, AMS
2000.38.00.018266-8/MG, Relator DES. FEDERAL LUIZ GONZAGA BARBOSA MOREIRA,
PRIMEIRA TURMA, DJ 17/03/2003; AMS 2000.38.00.029539-2/MG, Relator Convocado
JUIZ FEDERAL ITELMAR RAYDAN EVANGELISTA, PRIMEIRA TURMA, DJ 13/02/2006). 4. A
atividade profissional de cabista e emendador exercida pelo apelado, em que há utilizaçã o
de maçarico para efetuar soldagem em luvas de chumbo, na presença de baratas,
escorpiõ es, urina e fezes de rato e outros animais peçonhentos, é de ser reconhecida como
especial, nos termos do item 1.1.3, 1.1.8 e 1.2.4, item IV, do Decreto 53.831/64 e 1.2.4 do
decreto 83080/79 (...)"(AC 2005.34.00.018678-1/DF, Relator Convocado JUIZ FEDERAL
ITELMAR RAYDAN EVANGELISTA, PRIMEIRA TURMA, Publicaçã o: 29/07/2008 e-DJF1).
2- TRF-2 - APELAÇÃO CIVEL AC 200202010101528 RJ 2002.02.01.010152-8 (TRF-2)
Ementa: PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL.
COMPROVAÇÃ O. 1. O tempo de serviço especial deve ser comprovado de acordo com a
legislaçã o de regência da época dos fatos, ou seja: até 29/04/95 (Lein. 9.032), pela
categoria profissional; a partir dessa data, é obrigató ria a apresentaçã o de Laudo Técnico.
2. Embora o laudo técnico seja dispensado no primeiro período, sua apresentaçã o supre a
ausência do enquadramento da atividade como especial, uma vez que as atividades
constantes nos regulamentos sã o meramente exemplificativas, e nã o taxativas. 3. Hipó tese
em que a decisã o impugnada considerou como tempo de serviço prestado em condiçõ es
especiais o período de 06/11/78 a 25/05/98, em que o autor laborou nas funçõ es de
“cabista”, “emendador” e “instalador reparador de rede”. 4. A atividade de “cabista”
encontra-se incluída no rol exemplificativo de atividades profissionais consideradas
insalubres, perigosas ou penosas, inserto no Decreto nº 53.831 /64 (código 1.1.8),
não sendo, pois, necessária a comprovação das condições especiais de trabalho. 5. Já
as atividades de “emendador” e “instalador reparador de rede”, não obstante não se
encontrarem elencadas nos Decretos n. 53.831 /64 e 83.080 /79, tiveram as
condições especiais de trabalho comprovadas mediante a apresentação de
formulário e de laudo técnico, assinados por Engenheiro de Segurança do Trabalho e
por Médico do Trabalho, que atestam que o autor, no exercício de suas atividades, estava
exposto “tensõ es elétricas superiores a 250 Volts” e a “agentes bioló gicos (fungos,
bactérias, parasitas, etc), de modo habitual e permanente.
VI - DA NECESSIDADE DA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA PRETENDIDA PARA
FINS DE DETERMINAR O IMEDIATO PERCEBIMENTO DOS VALORES DEVIDOS A
TÍTULO DE APOSENTADORIA ESPECIAL
A concessã o da tutela de urgência foi inserida em nosso ordenamento pá trio por força do
có digo de processo civil de 2015, em seu art. 300, com o fito de solucionar situaçõ es que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do
processo, como é evidente no caso específico.
Com o advento do art. 300, do Có digo de Processo Civil de 2015, passou a ter a seguinte
redaçã o, verbis:
“A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”.
Fazendo uma leitura do caso em tela, impõ e-se, em respeito à ordem jurídica a concessã o
da tutela de urgência para, determinar o reconhecimento do período trabalhado em
condições especiais não reconhecido administrativamente, como também o
conseqüente deferimento da aposentadoria especial, uma vez que todos seus
pressupostos estão sobejamente demonstrados.
Como explicitado no dispositivo legal supra destacado, para a concessã o da antecipaçã o de
tutela, faz-se mister a presença da prova inequívoca suficiente para convencer esse
digníssimo Juízo acerca da verossimilhança em suas alegaçõ es;
No caso em tela, visualiza-se com facilidade a predita “Prova Inequívoca”, eis que encontra-
se anexada a esta peça a CTPS da autor demonstrando o período trabalhado, bem como o
Perfil Profissiográ fico Previdenciá rio, e demais documentos entã o em apenso, indicando
com clareza quais as datas trabalhadas e a quais agentes nocivos esteve submetido.
Esse tem sido o entendimento que vem sendo aplicado pelo Superior Tribunal de Justiça:
“Tutela antecipada. Requisitos. Deferimento liminar. 1. Ainda que possível, em casos
excepcionais, o deferimento liminar da tutela antecipada, nã o se dispensa o preenchimento
dos requisitos legais, assim a prova inequívoca, a verossimilhança da alegaçã o, o fundado
receio de dano irrepará vel, o abuso de direito de defesa ou o manifesto propó sito
protelató rio do réu, ademais da verificaçã o da existência de perigo de irreversibilidade do
provimento antecipado, tudo em despacho fundamentado de modo claro e preciso. 2. O
despacho que defere liminarmente a antecipaçã o de tutela com apoio, apenas, na
demonstraçã o do fumus boni juris e o periculum in mora malfere a disciplina do art. 273
pelo legislador para a salutar inovaçã o trazida pela Lei nº 8952/94. 3. Recurso especial nã o
conhecido". (RESP 131853/SC, STJ, DJ 08/02/1999, Terceira Turma)
Dessa forma, é realmente razoá vel que o ó rgã o julgador determine a implantaçã o do
beneficio previdenciá rio pretendido antes do trâ nsito em julgado da sentença. In casu, ante
a comprovaçã o do período de carência e situaçã o que envolve o segurado, deve o juiz
determinar ao Instituto Nacional do Seguro Social a imediata implantaçã o do beneficio.
Ainda nã o se pode utilizar-se do argumento de falta possibilidade de antecipaçã o da tutela
contra a Fazenda Pú blica, senã o assim vejamos, pois em casos como este, a jurisprudência
tem se manifestado da seguinte maneira:
“Conforme decidido pelo STF (Rcl. Nº 1.638/ce. Rel. Min. Celso de Mello, dj 28/08/2000),
nã o é geral e irrestrita a vedaçã o de antecipaçã o de tutela contra a fazenda pú blica imposta
pelo art. 1º da lei nº 9.494/97, de modo que nã o sendo caso de reclassificaçã o ou
equiparaçã o de servidores ou de concessã o de aumento ou extensã o de vantagens, outorga
de adiçã o de vencimentos ou reclassificaçã o funcional, é legitima a concessão de tutela
antecipada. Ademais, conforme noticiado no boletim informativo de jurisprudência
do STF, nº 248. “não se aplica, em matéria de natureza previdenciária, a decisão do
STF na ADC-4, que suspendeu liminarmente, com eficácia ex nunc e com efeito
vinculante, ate o final do julgamento da ação, a prolação de qualquer decisão sobre o
pedido de tutela antecipada, contra a fazenda pública, que tenha por pressuposto a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade do art. 1º da lei nº 9.494, de 10.9.97 (rcl
1.136-rs, rel. Min. Moreira alves, 24.10.2001)”. Agravo retido provido para conceder a
tutela antecipada requerida.
Luiz Guilherme Marinoni, citando Cappelletti, leciona que:
Como já lembrou Cappelletti, a demora excessiva é fonte de injustiça social, porque o grau
de resistência do pobre é menor do que o grau de resistência do rico; este ú ltimo, e nã o o
primeiro, pode sem dano grave esperar uma justiça lenta. Na realidade, a demora do
processo é um benefício para o economicamente mais forte, que se torna, no Brasil, um
litigante habitual em homenagem à inefetividade da justiça. Basta lembramos o que se
verifica na justiça do trabalho, onde os economicamente mais fortes, desdenhando a justiça,
apostam na lentidã o da prestaçã o jurisdicional, obrigando os trabalhadores realizar
acordos quase sempre desarrazoá veis.
Nesse diapasã o, com vistas a assegurar o alcance do fim colimado com o presente
instrumento processual, impende que se reconheça a necessidade de antecipaçã o dos
efeitos da tutela de urgêncua pretendida, tendo em vista a natureza alimentar do pedido,
determinando-se que a autarquia demandada providencie o imediato pagamento dos
valores a título de aposentadoria especial, por ser medida que mais se compactua com o
ideal de justiça.
VII - DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer:
a) A concessã o da Assistência Judiciá ria Gratuita diante de sua condiçã o financeira, e por
força da natureza da causa, que tem cunho alimentar;
b) A antecipaçã o dos efeitos da tutela de urgência pretendida nos termos do art. 300 do
CPC/2015, inaudita altera par face a presença de seus pressupostos autorizadores,
determinando que o INSS reconheça imediatamente como período especial (para fins de
concessã o da aposentadoria especial) todo o período laborado pelo autor nas empresas
mencionadas no quadro-resumo no início desta petição, e em ato contínuo
determine a concessão de aposentadoria especial, por ser questão de justiça;
c) A citaçã o do INSS, para querendo, apresentar contestaçã o, sob pena de revelia e seus
efeitos, bem como juntar aos autos có pia do processo administrativo;
d) Seja julgada PROCEDENTE a pretensã o autoral, em todos os seus termos, reconhecendo
como período especial todo lapso laborado nas empresas mencionadas no quadro-resumo
no início desta petiçã o, e, em ato contínuo que seja determinada a concessã o da
Aposentadoria Especial, condenando a ré ao pagamento das parcelas pretéritas a partir do
requerimento administrativo, atualizadas com a incidência da correçã o monetá ria
conforme a Sú mula nº 148 do E. STJ, e acrescidas de juros morató rios de 6% ao ano, a
contar da citaçã o da autarquia até a data do pagamento;
e) Por ú ltimo, a renú ncia do crédito excedente a 60 salá rios mínimos, quando da
atualizaçã o, para que possa o autor optar pelo pagamento do saldo sem o precató rio,
conforme reza o pará grafo 4º do artigo 17, da Lei 10.259/01.
Requer a produçã o de todos os meios de provas admitidas em direito, especialmente
através dos documentos acostados, outros que venham a ser produzidos, e oitiva de
testemunhas, que desde já ficam todas requeridas.
Dá à causa o valor de 60 (sessenta) salá rios mínimos, nos termos do art. 3º da Lei
10.259/01.
Nestes termos,
pede e aguarda deferimento.
Belo Horizonte, de agosto de 201__.
Kris Kristoferson Pereira
OAB/MG

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