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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DE

UMA DAS VARAS DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO ESTADO DE XXX

XXXXX, brasileiro, casado, vigilante, RG nº /RN e CPF nº , residente e


domiciliado na Rua, nº, Apto nº, Planalto, Natal/RN, CEP XXXXX, endereço
eletrônico: por seus advogados e legais procuradores (doc.01), com escritório na
Rua XXXXXXXXXXXXXXX, endereço em que recebe intimações, vem à presença de
Vossa Excelência, impetrar:

AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa


jurídica de direito público, autarquia federal vinculada ao Ministério da Previdência
Social, instituída com base no artigo 17 da Lei 8.029/90 – Agência na Rua Doutor
Carlos Matheus, n.º 1484, Bairro Centro, na cidade de Parnamirim/RN, endereço
eletrônico:, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

PRELIINARES

1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

O Autor é Vigilante, não recebendo, assim remuneração em patamares que


lhe proporcione arcar com as custas processuais e demais gastos inerentes à
demanda sem que haja o comprometimento da já debilitada saúde financeira e de
sua família.

Ressalte-se que é entendimento uníssono dos Tribunais pátrios de que a


simples alegação da ausência de capacidade de arcar com os custos da demanda
em vista da hipossuficiência financeira é motivo suficiente para a concessão da
benesse.

Diante disso, requer desse Douto Juízo os benefícios da Assistência


Judiciária Gratuita, conforme previsão constitucional do art. 5º, LXXIV, bem como
das disposições da pela Lei 13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.

2. DA SÍNTESE FÁTICA

A Parte Autora requereu em 19/10/2015 a concessão do benefício de


Aposentadoria por Tempo de Contribuição, com reconhecimento de períodos
trabalhados em atividade sujeita a agentes prejudiciais a saúde e a integridade
física, tendo seu benefício indeferido pelo INSS.

Todavia, a Parte Autora, preenche todos os requisitos necessários à


concessão da benesse pleiteada, mostrando-se indevida a negativa do INSS.

Desta forma, busca a tutela jurisdicional do Estado para ver concedido o


seu benefício.

3. DO DIREITO

A aposentadoria especial, prevista no art. 57 da Lei n. º 8.213/91, é


devida ao segurado tiver trabalhado sujeito a condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física durante 15, 20 ou 25 anos, in verbis:

Art. 57. A aposentadoria especial será devida, uma vez


cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver
trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte)
ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei.
§ 1º A aposentadoria especial, observado o disposto no art.
33 desta Lei, consistirá numa renda mensal equivalente a
100% (cem por cento) do salário-de-benefício.
§ 2º A data de início do benefício será fixada da mesma forma
que a da aposentadoria por idade, conforme o disposto no art.
49.
§ 3º A concessão da aposentadoria especial dependerá de
comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do
Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não
ocasional nem intermitente, em condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o
período mínimo fixado.
§ 4º O segurado deverá comprovar, além do tempo de
trabalho, exposição aos agentes nocivos químicos, físicos,
biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à
integridade física, pelo período equivalente ao exigido para a
concessão do benefício.
§ 5º O tempo de trabalho exercido sob condições especiais
que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde
ou à integridade física será somado, após a respectiva
conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade
comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da
Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de
qualquer benefício.

Com relação ao reconhecimento da atividade exercida como especial, é


de ressaltar-se que o tempo de serviço é disciplinado pela lei em vigor à época em
que efetivamente exercido, passando a integrar, como direito adquirido, o
patrimônio jurídico do trabalhador.

Desse modo, uma vez prestado o serviço sob a égide de legislação que
o ampara, o segurado adquire o direito à contagem como tal, bem como à
comprovação das condições de trabalho na forma então exigida, não se aplicando
retroativamente uma lei nova que venha a estabelecer restrições à admissão do
tempo de serviço especial.

Nesse sentido, aliás, é a orientação adotada pelo Supremo Tribunal


Federal:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO.
ATIVIDADE INSALUBRE. CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO
PARA FINS DE APOSENTADORIA. PERÍODO ANTERIOR À
SUPERVENIÊNCIA DO REGIME JURÍDICO ÚNICO.
1. Atividade insalubre, perigosa ou penosa. Contagem do
tempo de serviço para fins de aposentadoria. Possibilidade. O
tempo de serviço exercido alternadamente em atividade que
seja ou venha a ser considerada perigosa, insalubre ou
penosa é somado, após a respectiva conversão, segundo
critérios de equivalência fixados pelo MPAS, para efeito de
qualquer espécie de aposentadoria. Legislação
previdenciária vigente à época da prestação laboral:
Consolidação das Leis da Previdência Social, artigo 35,
§ 2º.
2. Superveniência do Regime Jurídico Único: novo regime
jurídico que, apesar de prever a edição de lei específica para
regulamentar a concessão de aposentadoria para os agentes
públicos que exercerem atividade em condições insalubres,
perigosas ou penosas, não desconsiderou nem desqualificou o
tempo de serviço prestado nos moldes da legislação anterior
(Lei n. 8.112/90, artigo 103, V). Agravo regimental não
provido.
(STF, AgRg no RE n. 431.200, 1ª Turma, Min. Eros Grau,
julgado em 29/03/2005, sem grifo no original).

Igualmente é o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL.


EXPOSIÇÃO A RUÍDO. LIMITE DE TOLERÂNCIA. PERÍODO DE
06/03/1997 A 18/11/2003. RETROAÇÃO DO DECRETO
4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA LEI
VIGENTE À ÉPOCA DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
MATÉRIA SUBMETIDA AO REGIME DO ART. 543-C DO CPC. 1.
O tempo de serviço é regido pela legislação vigente à
época da prestação, não sendo possível a aplicação
retroativa do Decreto 4.882/2003. 2. É de 90 decibéis o limite
de tolerância que caracteriza, como de atividade especial, o
tempo de serviço prestado com exposição a ruído, no período
compreendido entre 06/03/1997 e 18/11/2003, vigência do
Decreto 2.171/1997 - entendimento firmado no REsp
1.398.260/PR, representativo da controvérsia. 3. Agravo
regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 1232182/RS,
Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA, julgado
em 08/09/2015, DJe 22/09/2015, sem grifo no original).

Referido posicionamento passou a ter expressa previsão legislativa com


a edição do Decreto n.º 4.827/2003, o qual alterou a redação do art. 70, §1º, do
Decreto n.º 3.048/99, in verbis:

Art. 70. [...]


§ 1° A caracterização e a comprovação do tempo de
atividade sob condições especiais obedecerá ao
disposto na legislação em vigor na época da prestação
do serviço.
(Grifou-se)

Feita essa consideração, e tendo em vista a diversidade de diplomas


legais que se sucederam na disciplina da matéria, necessário, inicialmente, definir
qual a legislação aplicável ao presente caso, ou seja, qual a legislação vigente
quando da prestação da atividade pela Parte Autora.

Tem-se então a seguinte evolução legislativa quanto ao tema sub judice:

PERÍODO TRABALHADO ENQUADRAMENTO


Até 28/04/1995 Quadro Anexo ao Decreto n° 53.831, de
1964. Anexos I e II do RBPS, aprovado pelo
Decreto 83.080 de 1979.
Sem Exigência de Laudo Técnico, exceto
para ruído (nível de pressão sonora elevado).
De 29/04/1995 a 13/10/1996 Anexo I do Decreto 83.080 de 1979. Código
1.0.0 do anexo ao Decreto n° 53.831, de
1964.
Sem Exigência de Laudo Técnico, exceto
para ruído (nível de pressão sonora elevado).

De 14/10/1996 a 05/03/1997 Anexo I do Decreto 83.080 de 1979. Código


1.0.0 do anexo ao Decreto n° 53.831, de
1964.
Com Exigência de Laudo Técnico, exceto
para ruído (nível de pressão sonora elevado).
De 06/03/1997 a 05/05/1999 Anexo IV do Decreto n° 2.172 de 1997.
Com Exigência de Laudo Técnico para todos
os agentes nocivos
A partir de 06/05/1999 Anexo IV do Decreto n° 3.048 de 1999.
Com Exigência de Laudo Técnico para todos
os agentes nocivos

No presente caso, a Parte Autora laborou nas seguintes empresas:

a. ENARQ ENGENHARIA E ARQUITETURA LTDA de 20/02/1980 até


14/03/1980, onde exerceu a função de servente.

b. INPASA INDUSTRIA DE PAPÉIS SA de 04/11/1980 até


25/02/1982, onde exerceu a função de servente.

c. IMOCASTRO IMOBILIÁRIA CASTRO LTDA de 26/07/1982 até


20/09/1982, onde exerceu a função de servente.

d. METALÚRGICA JAWA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA de


22/04/1983 até 13/09/1983, onde exerceu a função de auxiliar de
marcenaria.

e. INPASA INDÚSTRIA DE PAPÉIS SA de 18/10/1983 até


31/10/2009, onde exerceu a função de auxiliar de vigia.

f. INDAIÁ BRASIL ÁGUAS MINERAIS LTDA de 01/02/1988 até


13/08/1993, onde exerceu a função de vigia armado (revólver calibre .38).
O período acima compreendido pelo Autor segundo a contagem de
tempo de serviço da Autarquia Ré, contabilizou 05 (cinco) anos 6 (seis)
meses e 13(treze) dias.

Não foi levado em conta a atividade ARMADA que aplicando o


fator de 1,4 (um vírgula quatro pontos), elevaria o tempo de serviço para
7 (sete) anos e 7 (sete) meses de serviço.

g. FANE ACESSÓRIOS DE VESTUÁRIO LTDA de 26/02/1994 até


01/04/1997, onde exerceu a função de vigilante (revólver calibre .38).

Novamente, O período acima compreendido pelo Autor segundo a


contagem de tempo de serviço da Autarquia Ré, contabilizou 03 (três)
anos 2 (dois) meses e 05(cinco) dias.

Não foi levado em conta a atividade ARMADA que aplicando o


fator de 1,4 (um vírgula quatro pontos), elevaria o tempo de serviço para
4 (quatro) anos e 4 (quatro) meses de serviço.

h. CIBRAJU COM IND E EXPORT DERIVADOS DE CAJU de 01/11/1997


até 28/02/1998, onde exerceu a função de Vigilante.

i. Onde lê-se INPASA INDÚSTRIA DE PAPÉIS AS, Leia-se RN PAPEL E


EMBALAGENS LTDA também, haja vista anotação na página nº 45 da CTPS do
Autor em anexo, período de 01/11/1999 até os dias atuais.

É mister salientar que a Carteira de Trabalho do Autor teve uma


anotação de forma errada, colocaram que o Autor exercia a função de
agente de portaria, mais depois de constatado tal erro, vide pág. 46
(CTPS) em anexo, retificaram sua CTPS com a verdadeira função que
exercia na empresa “VIGILANTE”.

O período acima compreendido pelo Autor até 11/09/15 segundo a


contagem de tempo de serviço da Autarquia Ré, contabilizou 15 (quinze)
anos 10 (dez) meses e 11(onze) dias.

Não foi levado em conta a atividade ARMADA que aplicando o


fator de 1,4 (um vírgula quatro pontos), elevaria o tempo de serviço para
22 (vinte e dois) anos e 02 (dois) meses e 15 (quinze) dias de serviço.
No caso em exame, somados os períodos de atividade especial
reconhecidos administrativamente pelo INSS somavam até o dia
26/01/2016, 33 anos, 11 meses e 06 dias, mediante informações obtidas
através do Resumo de Documentos para Cálculo de Tempo de
Contribuição fornecida pela própria Autarquia.

Ao aplicarmos o percentual de 1,4 (um vírgula quatro pontos) as


atividades de Vigilante e Vigia (todas armadas), os períodos a serem
conhecidos pelo provimento jurisdicional, tem-se um total de 41 anos, 03
meses e 17 dias de serviço.

Assim, como se observa pelos documentos, fatos e direito apresentados, a


Parte Autora cumpre todos os requisitos necessários para a concessão da
aposentadoria especial nos moldes dos artigos 57 e 58 da Lei n.º 8.213/91.

4. DOS PEDIDOS

Diante do todo exposto, considerando tudo o mais que dos autos constam,
requer a essa Autoridade Julgadora, que:

1. A concessão do benefício da justiça gratuita em virtude da Parte Autora


não poder arcar com os pagamentos das custas processuais e
honorários advocatícios sem prejuízo dos seus sustentos ou de suas
famílias, condição que expressamente declaram, na forma da Lei
13.105/2015 (CPC), artigo 98 e seguintes.

2. O recebimento e a autuação da presente petição inicial, com os


documentos que a instruem;

3. A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, na pessoa do


seu representante legal, para que responda a presente demanda, no
prazo legal, sob pena de revelia;

4. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para


reconhecer o período em que a Parte Autora exerceu atividade especial
de 01/02/1988 até 13/08/1993, 26/02/1994 até 01/04/1997,
01/11/1997 até 28/02/1998, 01/11/1999 até os dias atuais,
bem como a sua conversão para tempo de Contribuição comum.

5. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para


conceder o benefício de aposentadoria especial, bem como pagar as
parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo (DER
19/10/2015), monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes
até a data do efetivo pagamento;

6. A condenação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para arcar


com as custas processuais e honorários advocatícios;

7. Informa, por fim, ter interesse na realização de audiência de


conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do CPC.

8. Que todas as intimações sejam feitas em nome dos advogados


XXXXXXXX, sob pena de nulidade.

Pretende-se provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, tais


como o depoimento de testemunhas, pericial, e documentais, buscando assim, o
esclarecimento e resolução dessa lide, como medida da legítima justiça;

Dá-se a causa o valor de R$ XXXX (XXXXXX), referente à projeção ao


proveito econômico do demandante.

Nestes Termos, Confia no deferimento.

XXXXX/XX, julho de 2016.

Advogado
OAB

Rol de documentos:

1. Procuração;
2.Cédula de Identidade do Autor e Comprovante de residência;

3.

4.

5.

6.

7.;

8.

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