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CURSO DE DIREITO

(ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA)


(1ª Etapa-2023/1º Sem.) (Gabarito)
Disciplina: Direito Constitucional-III

Professor: Antonio Ricardo Zany

Períodos: 4º/5º Turma: - Turno: Noturno Valor da APS: 20,0

Etapa: 1ª Data: 10/04/2023

Responda as perguntas abaixo:

QUESTÕES OBJETIVAS

1. (OAB/107º) Quando da promulgação de uma nova Constituição, diz-se que a legislação


ordinária compatível perde o suporte de validade da Constituição antiga, mas continua válida
pela teoria da(o):
a) Repristinação;
b) Desconstitucionalização;
c) Recepção;
d) Poder constituinte subordinado.

(R.: letra “C”. O direito pré-constitucional, em face da Constituição superveniente, NÃO está sujeito
à aferição de constitucionalidade. Trata-se de direito intertemporal: quando a lei anterior à
Constituição é MATERIALMENTE compatível com ela, é recepcionada; caso contrário, não será
RECEPCIONADA, ou seja, será REVOGADA (ADI-7/DF, 04.09.1992). Portanto, o STF não admite a
inconstitucionalidade superveniente. Como exemplo, citamos o Código Tributário Nacional – Lei
5.172/66), que embora tenha sido elaborado com quórum de lei ordinária, foi recepcionado pela nova
ordem como lei complementar, sendo que os ditames que tratam sobre matérias previstas no art.
146, I, II e III, CF só poderão ser alterados por lei complementar.
Como regra geral, o Brasil adotou a impossibilidade do fenômeno da repristinação, salvo se a nova
ordem jurídica expressamente assim se pronunciar (art. 2º, §3º, LINDB).
Por sua vez a desconstitucionalização trata-se de fenômeno pelo qual as normas da Constituição
anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status de lei
infraconstitucional).

2. Assinale a alternativa que se aplica à Teoria da Recepção:


a) Os atos normativos posteriores à Constituição sofrem análise somente de sua compatibilidade
material, com o parâmetro constitucional vigente.
b) Aplica-se a Reserva de Plenário, para o julgamento no STF.
c) Os atos normativos anteriores à Constituição sofrem análise somente de sua compatibilidade
material, com o parâmetro constitucional vigente, mas tais atos permanecem com o status normativo
concedido pelo modelo constitucional anterior.
d) Os atos normativos anteriores à Constituição sofrem análise somente de sua compatibilidade
material, com o parâmetro constitucional vigente, mas tais atos adquirem o status atribuído pelo
modelo constitucional vigente.

(R.: letra “D”. A norma anterior à Constituição vigente será analisada quanto à sua compatibilidade
material, com a atual CF. Caso seja recepcionada, a norma irá adquirir o status normativo
determinado pelo texto constitucional vigente. Ex.: o Código Tributário Nacional – CTN - é uma lei
ordinária (Lei 5.172/66), que ao ser recepcionada em alguns de seus dispositivos pela atual CF,
passou a ter o status de Lei Complementar, nestas matérias, porque a CF/88 estabeleceu que alguns
assuntos tributários deveriam ser regrados por esta espécie normativa).

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3. São normas constitucionais revestidas de parametricidade (parâmetros constitucionais):
a) Parte dogmática da Constituição e Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH).
b) Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e Tratados Internacionais sobre o
Comércio Marítimo.
c) Preâmbulo Constitucional e Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana sobre
Direitos Humanos - CADH).
d) Parte Dogmática, ADCT e princípios constitucionais implícitos.
e) ADCT, Preâmbulo Constitucional e princípios da Administração Pública.

(R.: letra “D”. A: incorreta, segundo a jurisprudência do STF, nem todo Tratado Internacional de
Direitos Humanos possui força de norma constitucional, somente aqueles internalizados em nosso
ordenamento em conformidade com o quórum previsto no art. 5º, § 3º, CF; B: incorreta, Tratados
Internacionais sobre Comércio Marítimo têm força de norma infraconstitucional, revogando a lei
anterior, em sentido contrário; C: incorreta, o Pacto de San José da Costa Rica (Convenção
Americana sobre DH) possui força normativa supralegal, conforme a jurisprudência do STF).

4. Assinale a assertiva que se coaduna com o entendimento atual do STF:


a) Para que os Tratados Internacionais de Direitos Humanos adquiram o status constitucional de
emenda à Constituição, deverão ser aprovados em dois turnos, em cada Casa do Congresso
Nacional, por maioria absoluta dos respectivos membros.
b) As Convenções Internacionais de Direitos Humanos, que no seu procedimento de internalização
ao ordenamento jurídico brasileiro, observarem o quórum previsto para as emendas constitucionais,
não estarão sujeitas ao controle de constitucionalidade.
c) As Convenções Internacionais de Direitos Humanos aprovadas em dois turnos, em cada Casa do
Congresso Nacional, por três quintos dos respectivos membros, serão consideradas parâmetros do
controle de constitucionalidade, mas estarão submetidas ao próprio controle de constitucionalidade.
d) Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos, internalizados ao ordenamento jurídico pátrio,
anteriormente à vigência da EC 45/2004, terão o status constitucional de emenda, mas estarão
sujeitos ao controle de constitucionalidade.
e) Para que os Tratados Internacionais de Direitos Humanos adquiram o status constitucional de
emenda à Constituição, deverão ser aprovados em dois turnos, em cada Casa do Congresso
Nacional, por dois quintos dos respectivos membros.

(R.: letra “C”. Art. 5º, § 3º, CF. Atente, no que se refere à assertiva “C”, que os TIDH, aprovados
segundo o mencionado quórum, assim como as emendas constitucionais, podem ser objeto do
controle de constitucionalidade).

5. São Tratados Internacionais de Direitos Humanos com status normativo de emenda à


Constituição Federal:
a) Convenção Interamericana de Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) e Convenção
Internacional da Pessoa com Deficiência.
b) Convenção da OIT sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil (Convenção
182/OIT) e Convenção da OIT que estabelece a Idade Mínima de Admissão ao Emprego
(Convenção 138/OIT).
c) Convenção de Nova York (Convenção Internacional da Pessoa com Deficiência) e Convenção de
Marraqueche (Convenção Internacional para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas
cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para aceder ao texto impresso) .
d) Carta de São Francisco (Carta de São Francisco de 1945) e Pacto Internacional de Direitos Civis
e Políticos da ONU de 1966.

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(R.: letra “C”. O Decreto 6.949/09 constitucionalizou a Convenção Internacional das Pessoas com
Deficiência e o seu Protocolo Facultativo) e o Decreto 9.522/18 constitucionalizou o Tratado de
Marraqueche, para facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência
visual ou com outras dificuldades para aceder ao texto impresso).

6. No que se refere à acepção histórica do Controle de Constitucionalidade, assinale a


assertiva INCORRETA:
a) O controle judicial difuso (Judicial Review) tem a sua gênese histórica no Direito Norte-Americano,
no célebre caso Marbury v. Madison, em 1803. Surge no Brasil com a Constituição da República em
1891.
b) O controle preventivo de constitucionalidade tem a sua origem no direito francês.
c) O controle concentrado de constitucionalidade surge na Áustria, em 1920, sob a influência de
Hans Kelsen.
d) A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADI-O) e a Arguição de Preceito
Fundamental (ADPF) foram introduzidas no espectro constitucional, respectivamente, pelas
Emendas Constitucionais 3/1993 e 45/2004.

(R.: letra “D”. Tanto a ADIO (art. 103, § 2º, CF), quanto a ADPF (art. 102, § 1º, CF) surgem com o
texto originário. Deve-se perceber, que o § 1º do art. 102 (outrora parágrafo único), simplesmente,
teve a sua numeração modificada, com a EC 3/93).

7. São características do controle difuso, EXCETO:


a) A competência para fiscalizar a validade das leis é outorgada a todos os componentes do Poder
Judiciário.
b) O juiz ou tribunal pode alegar a inconstitucionalidade de ofício, de forma fundamentada, sendo
desnecessária a demonstração de repercussão geral, no caso de interposição de Recurso
Extraordinário ao STF.
c) O componente do Poder Judiciário, declarando a norma inconstitucional, deixa de aplicá-la ao
caso concreto.
d) A questão constitucional é antecedente necessário e indispensável ao julgamento do mérito. A
declaração de inconstitucionalidade constará da fundamentação da sentença, pois tal
inconstitucionalidade será a causa de pedir da demanda.

(R.: letra “B”. Incorreta, pois é necessária a demonstração de repercussão geral em caso de
interposição de RE (art. 102, §3º, CF c/c art. 1.035, § 2º, CPC)).

8. Acerca do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade, assinale a opção INCORRETA:


a) A consequência da cláusula de reserva de plenário é a previsão pela Legislação Processual Civil
do incidente de arguição de inconstitucionalidade.
b) Um Tribunal é composto por órgãos fracionários (câmaras, turmas etc.). Se em qualquer um
deles for arguida a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo de forma incidental, o relator ouvirá o
MP e as partes e submeterá a questão aos demais membros do órgão julgador.
c) Na eventualidade de os componentes do órgão fracionário entenderem que a norma é
constitucional, rejeitarão a arguição e o julgamento prosseguirá normalmente. Neste caso, mesmo
que haja a declaração de constitucionalidade será necessária a reserva de plenário.
d) Se os componentes do órgão fracionário entenderem que a lei ou ato normativo é
inconstitucional, devem submeter a questão ao Plenário ou ao Órgão Especial, o qual obedecerá a
Reserva de Plenário, salvo se já houver pronunciamento do Plenário, Órgão Especial ou do STF
sobre o tema.

(R.: letra “C”. A: Incidente de arguição de inconstitucionalidade (art. 948/950, CPC); B: (art. 948, CPC); C:
Incorreta, pois no caso de declaração de constitucionalidade não há que se falar em Reserva de Plenário (art.
97, CF c/c art. 949, I, CPC); D: (art. 949, II e § único, CPC).

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9. A verificação da compatibilidade vertical das normas com a Constituição Federal (CF) ou
com as Constituições Estaduais (CE) pode assumir diversas classificações. Analise as
proposições a seguir e assinale a alternativa correta.
I. A inconstitucionalidade material ocorre quando o conteúdo da lei contraria a Constituição.
O procedimento legislativo constitucionalmente exigido pode ter sido obedecido, mas a
matéria é incompatível com a CF ou CE.
II. A inconstitucionalidade formal se opera quando há desrespeito à CF ou à CE no tocante
ao processo de elaboração da norma, podendo alcançar tanto o requisito competência
(inconstitucionalidade orgânica), quanto ao processo legislativo em si.
III. O controle preventivo (a priori) se perfaz quando a fiscalização da validade da norma
incidir sobre o projeto, antes de a norma estar pronta e acabada, buscando evitar a produção
de uma norma inconstitucional. Tem origem no direito francês.
IV. O controle repressivo (sucessivo ou a posteriori) ocorre quando a fiscalização da validade
incide sobre a norma pronta e acabada, já inserida no ordenamento jurídico. É o caso do
controle judicial no Brasil. Excepcionalmente, poderá ser feito pelo Legislativo, Executivo e
Tribunais de Contas.

a) Todas as proposições são verdadeiras.


b) Todas as proposições são falsas.
c) Apenas uma das proposições é verdadeira.
d) Apenas uma das proposições é falsa.

(R.: letra “A”).

10. (Analista – TRT/20ª – 2011 –FCC) O controle difuso de constitucionalidade é verificado


quando:
a) A Câmara dos Deputados desaprova emenda constitucional que altera cláusula pétrea.
b) O legitimado para julgar for apenas a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça.
c) Se reconhece o exercício a todos os membros do Poder Judiciário.
d) O Senado Federal desaprova projeto de lei tendente a revogar cláusula pétrea.
e) O chefe do Poder Executivo veta lei que viola as disposições constitucionais.

(R.: letra “C”. A e D: incorretas. Quando a Câmara ou o Senado não aprovam proposta de emenda
constitucional que altera cláusula pétrea, estão fazendo controle prévio ou preventivo de
constitucionalidade. O controle difuso é feito posteriormente ao ato normativo, ou seja, visa reprimir
um vício de inconstitucionalidade existente. Esse controle, normalmente, é realizado pelo Poder
Judiciário; B: incorreta. Diferentemente do concentrado, em que o controle federal se concentra no
STF e o estadual nos Tribunais de Justiça dos Estados, o controle difuso é realizado por qualquer juiz
ou tribunal, num caso concreto. Desse modo, é errada a afirmação de que há apenas um legitimado
para julgar; C: correta. De fato, o exercício do controle difuso é reconhecido a todos os membros do
Poder Judiciário; E: incorreta. O chefe do Poder Executivo, ao vetar um projeto de lei que reputa
inconstitucional, faz controle prévio de constitucionalidade).

11. (Analista – TRE/SP – 2012 – FCC) De acordo com o texto da Constituição da República
e com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em matéria de controle de
constitucionalidade é correto afirmar:
a) Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua
incidência, no todo ou em parte.
b) A cláusula de reserva de plenário não se aplica aos processos de competência da justiça do
Trabalho e da Justiça Eleitoral.

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c) Aos magistrados dos juizados especiais é vedado o exercício do controle de constitucionalidade
de leis e atos normativos.
d) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade, produzem eficácia contra
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário, mas não vinculam a
atuação da administração pública.
e) Compete ao Supremo Tribunal Federal julgar as ações declaratórias de constitucionalidade de lei
ou ato normativo federal ou estadual.

(R.: letra “A”. A: correta, (Súmula Vinculante nº 10/STF); B: incorreta. A cláusula de reserva de
plenário, prevista no art. 97, CF, determina que os Tribunais (órgãos colegiados), ao declararem a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, façam-no pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial. Tal regra é aplicada também na Justiça do
Trabalho e na Justiça Eleitoral; C: incorreta, pois o controle difuso (ou incidental) de
inconstitucionalidade, aquele se que dá em um caso concreto, pode ser feito por qualquer juiz ou
qualquer tribunal; D: incorreta, pois as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo
Tribunal Federal nas ações de controle concentrado, vinculam também a Administração Pública (art.
102, § 2º, CF); E: incorreta. Só cabe ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo
de natureza federal (art. 102, I, “a”, CF)).

12. (Procurador do Município/São José dos Campos – SP – 2012 – VUNESP) Sobre o


controle de constitucionalidade preventivo, é correto afirmar que:
a) Tem sua origem no direito norte-americano e, no Brasil, é exercido pelos três poderes da
República.
b) Tem sua origem no direito francês e, no Brasil, esse controle é feito pela Arguição de Preceito
Fundamental.
c) Pode ser exercido pelo STF, no sistema difuso, visando ao cumprimento de regras do processo
legislativo.
d) Tem sua aplicação no direito brasileiro e é exercido por meio da ação declaratória de
constitucionalidade.
e) Não é admitido no direito brasileiro.

(R.: letra “C”. O controle de constitucionalidade preventivo tem origem no direito francês. No
Judiciário, o controle preventivo é admitido pelo STF na hipótese de impetração de Mandado de
Segurança por deputados e senadores (não pelo Presidente da República), para evitar a tramitação
de proposta de emenda constitucional que fira o art. 60, § 4º, CF, por entender que os congressistas
têm direito líquido e certo ao devido processo legislativo).

13. (Procurador do Estado/PA – 2011) Sobre o caso Marbury v. Madison (1803), assinale a
alternativa CORRETA:
a) Trata-se de um marco do controle ocidental, porque a Suprema Corte dos Estados Unidos
proferiu, pela primeira vez, uma decisão que condenou o então Presidente George Washington, com
fundamento na Constituição de 1787.
b) Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental, porque a Suprema Corte criou o modelo
jurisdicional de controle de constitucionalidade concentrado e abstrato, assim como um Tribunal
Constitucional, inspirado na Teoria Pura do Direito de Hans Kelsen, para decidir sobre a validade dos
atos emanados pelos Poderes Executivo e Legislativo.
c) Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental, porque a Suprema Corte criou o modelo
jurisdicional de controle de constitucionalidade difuso e concreto, assim como um Tribunal
Constitucional, inspirado no pensamento de Hans Kelsen, para decidir sobre a validade de atos
emanados pelos Poderes Executivo e Legislativo.

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d) Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental, porque a Suprema Corte assentou que a
imunidade do Executivo não era um valor absoluto e que, nas circunstâncias, deveria ser ponderada
com a necessidade de produção de prova em um processo penal em curso. Determinou, assim, que
o Presidente John Adams entregasse ao Judiciário documentos que o incriminavam.
e) Trata-se de um marco do constitucionalismo ocidental, porque a Suprema Corte, em que pese não
ter decidido o mérito, afirmou, em seus dicta, o princípio da supremacia da Constituição, assim como
a autoridade do Poder Judiciário para zelar por ela, inclusive invalidando os atos emanados dos
Poderes Executivo e Legislativo que a contrariem.

(R.: letra “E”. De acordo com Luís Roberto Barroso, Marbury v. Madison foi a primeira decisão na
qual a Suprema Corte afirmou seu poder de exercer o controle de constitucionalidade,
negando aplicação às leis que, de acordo com sua interpretação, fossem inconstitucionais. No
desenvolvimento de seu voto, Marshall (ex-Secretário de Estado de John Adams) dedicou a primeira
parte à demonstração de que Marbury (um dos nomeados que não recebeu o ato de investidura no
cargo) tinha direito. Na segunda parte, assentou que, se Marbury tinha o direito, necessariamente
deveria haver um remédio jurídico para assegurá-lo. Ao enfrentar a segunda questão – se a Suprema
Corte tinha competência para expedir o writ – Marshall sustentou que o § 13 da lei Judiciária de 1789,
ao criar uma hipótese de competência originária da Suprema Corte fora das que estavam previstas
no art. 3º da Constituição, incorreria em uma inconstitucionalidade. Diante do conflito entre a lei e a
Constituição, chegou a questão central do acórdão: pode a Suprema Corte deixar de aplicar, por
inválida, uma lei inconstitucional? Ao expor suas razões, enunciou ainda três grandes
fundamentos que justificam o controle judicial de constitucionalidade: a supremacia da Constituição, a
nulidade de lei que a contrarie e o Judiciário como intérprete final da Constituição. Na sequência
histórica, a Suprema Corte estabeleceu sua competência para exercer também o controle sobre atos,
leis e decisões estaduais em face da Constituição e das leis federais).

14. (Procurador do Estado/MT – FCC – 2011) Ao julgar ações diretas de


inconstitucionalidade tendo por objeto dispositivos de lei definidora de critérios para o rateio
dos Fundos de Participação dos Estados e do Distrito Federal, o Supremo Tribunal Federal
(STF) declarou a inconstitucionalidade, sem pronúncia de nulidade, dos dispositivos
atacados, assegurada sua aplicação até 31 de dezembro de 2012 (ADI 875, ADI 1.987 e ADI
2.727, Rel. Min. Gilmar Mendes, Plenário, publicação DJE de 30-4-2010). No caso em tela,
a) A decisão é nula, uma vez que o vício de inconstitucionalidade pressupõe a nulidade do ato,
devendo a declaração de inconstitucionalidade produzir efeitos retroativos e eficácia contra todos.
b) A decisão é nula, uma vez que somente se admite a possibilidade de restrição do alcance
subjetivo da declaração de inconstitucionalidade em sede de controle concentrado.
c) A decisão somente produzirá efeitos se vier a ser editada Resolução do Senado Federal
suspendendo a eficácia dos dispositivos legais declarados inconstitucionais pelo STF.
d) As ações foram julgadas parcialmente procedentes, uma vez que não foi pronunciada a nulidade
dos dispositivos legais tidos por inconstitucionais.
e) O STF procedeu à modulação dos efeitos temporais da declaração de inconstitucionalidade,
consoante faculdade prevista expressamente em lei.

(R.: letra “E”. Trata-se da Modulação dos Efeitos Temporais da Decisão, prevista no art. 27, Lei
9.868/1999).

15. (Procurador do Estado/AC – FMP - 2012) A teor do disposto no art. 97 da CRFB/88,


pode-se dizer que a cláusula de reserva de plenário está fundada na presunção de
constitucionalidade das leis e, assim, a decisão de órgão fracionário de tribunal que afasta a
incidência da lei ou ato normativo:
a) Viola a referida cláusula, acaso declare expressamente a inconstitucionalidade da lei ou ato
normativo.

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b) Não viola a cláusula de reserva de plenário.
c) Viola a cláusula de reserva de plenário, mesmo que não declare expressamente a
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo.
d) Esta cláusula não admite que monocraticamente se rejeite a arguição de invalidade dos atos
normativos.

(R.: letra “C”, conforme previsão no art. 97, CF c/c Súmula Vinculante nº 10/STF. Muitas vezes, para
“disfarçar”, os órgãos fracionários não afirmam que estão declarando a inconstitucionalidade da
norma, mas a afastam sob outro fundamento. Essa conduta viola o art. 97, CF da mesma forma. O
incidente de deslocamento, necessário por determinação do art. 97, CF, é realizado na forma dos art.
948 e 949, CPC/15, sendo desnecessário quando houver pronunciamento anterior do próprio
Pleno ou órgão especial do próprio Tribunal ou do Plenário do STF (art. 949, parágrafo único,
NCPC). Sobre o tema, deve-se conferir, ainda, o teor da Súmula Vinculante nº 10/STF: “Viola a
cláusula de reserva de plenário (art. 97, CF) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora
não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta
sua incidência, no todo ou em parte”).

16. (Magistratura do Trabalho – 2ª Região – 2012) Quanto ao controle de


constitucionalidade das leis é CORRETO afirmar que:
a) Há quanto ao órgão de controle político, um controle jurisdicional, um controle legislativo e um
controle administrativo.
b) O veto oposto pelo Executivo a projeto de lei, com fundamento em inconstitucionalidade da
proposta legislativa, configura típico exemplo de controle de constitucionalidade misto.
c) O veto parcial somente abrangerá texto parcial de artigo, de parágrafo, de inciso ou alínea.
d) O sistema brasileiro admite o controle judicial preventivo, nos casos de mandado de segurança
impetrado por parlamentar com objetivo de impedir a tramitação de projeto de emenda constitucional
lesiva às cláusulas pétreas
e) Há controle de constitucionalidade político quando a atividade do controle é exercida pelo órgão
jurisdicional.

(R.: letra “D”. A: incorreta. De acordo com Pedro Lenza, “os órgãos de controle variam de acordo
com o sistema de controle adotado pelo Estado, podendo ser político, jurisdicional ou híbrido. O
político se verifica em Estados onde o controle é exercido por um órgão distinto dos três Poderes,
órgão esse garantidor da supremacia da Constituição. O sistema de controle jurisdicional dos atos
normativos é realizado pelo Poder Judiciário, tanto através de um único órgão (controle concentrado),
como por qualquer juiz ou tribunal (controle difuso). No híbrido, temos uma mistura dos outros dois
sistemas acima noticiados. Assim, algumas normas são levadas a controle perante um órgão distinto
dos três poderes (controle político), enquanto outras são apreciadas pelo Poder Judiciário (controle
jurisdicional). O Brasil adotou o sistema jurisdicional misto, porque realizado pelo Poder Judiciário
– daí ser jurisdicional – tanto de forma concentrada (controle concentrado) como por qualquer juiz ou
tribunal (controle difuso)” (Direito Constitucional Esquematizado, 15ª Ed., p. 240-241); B:
incorreta. Como mencionado, o controle misto é do tipo jurisdicional, pois feito por órgãos do
Judiciário. Vale lembrar que Luís Roberto Barroso entende que o veto do Executivo a projeto de lei
por entendê-lo inconstitucional (veto jurídico), bem como a rejeição a projeto de lei na Comissão de
Constituição e Justiça seriam exemplos de controle político (O Controle de Constitucionalidade no
Direito Brasileiro, 2ª Ed., p 42-43); C: incorreta, pois de acordo com o art. 66, § 2º, CF, o veto
parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea; D: correta,
pois de fato, excepcionalmente, o Poder Judiciário pode fazer controle preventivo de
constitucionalidade, por exemplo, ao julgar mandado de segurança impetrado por parlamentares
contra a continuidade de um processo legislativo em que esteja sendo deliberado assunto tendente a
abolir uma das cláusulas pétreas. Segundo o STF, os deputados e senadores possuem o direito
líquido e certo ao chamado devido processo legislativo. Por conta disso, podem impetrar mandado
de segurança quando há violação das regras procedimentais, ainda que o processo legislativo não
tenha sido concluído. Vale lembrar que a impetração do remédio com esta finalidade específica é
dada apenas aos congressistas; E: incorreta, pois o controle político é feito por alguém que não

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integra o Judiciário. Há quem entenda que tem de ser um órgão que não faça parte de nenhum dos
três Poderes (ex. Pedro Lenza) e outros que entendem que basta ser um órgão não integrante do
Judiciário. Embora haja esses posicionamentos, ambos sustentam que o controle feito pelo Judiciário
é chamado de jurisdicional).

17. (OAB/Exame Unificado – 2012.3.A – Adaptada) João ingressa com ação individual
buscando a repetição de indébito tributário, tendo como causa de pedir a
inconstitucionalidade da Lei Federal “X”, que criou o tributo.
Sobre a demanda, assinale a alternativa correta.
a) João não possui legitimidade para ingressar com a demanda, questionando a constitucionalidade
da Lei Federal “X”, atribuída exclusivamente às pessoas e entidades previstas no art. 103 da
Constituição.
b) Caso a questão seja levada ao Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinário, e
este declarar a inconstitucionalidade da Lei Federal “X” pela maioria absoluta dos seus membros, a
decisão terá eficácia contra todos e efeitos vinculantes.
c) O órgão colegiado, em sede de apelação, não pode declarar a inconstitucionalidade da norma,
devendo submeter a questão ao Pleno do Tribunal ou ao órgão especial (quando houver), salvo se já
houver prévio pronunciamento deste ou do plenário do STF sobre a inconstitucionalidade.
d) O juiz de primeiro grau não detém competência para a declaração de inconstitucionalidade de lei
ou ato normativo, mas somente o Tribunal de segundo grau e desde que haja prévio pronunciamento
do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
e) João possui legitimidade para ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo
tributário municipal.

(R.: letra “C”. A: incorreta. João possui legitimidade para ingressar com a demanda, pois está
alegando a inconstitucionalidade de lei em sede de controle difuso. A atribuição exclusiva às pessoas
e autoridades previstas no art. 103, CF é aplicada ao controle concentrado, realizado por meio das
seguintes ações: ação direta de inconstitucionalidade (ADI), ação declaratória de constitucionalidade
(ADC) e arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF); B: incorreta. Ainda que a
decisão seja proferida pelo STF, como foi dada em um caso concreto (controle difuso), os efeitos, em
regra, são inter partes (para as partes) e ex tunc (retroativos). Há a possibilidade de ampliação
desses efeitos caso o STF comunique ao Senado Federal que a norma foi declarada inconstitucional
de forma definitiva e este determine que seja suspensa a execução da lei no todo ou em parte (art.
52, X, CF); C: correta. De fato; quando a declaração de inconstitucionalidade tiver de ser dada por
um tribunal, a Constituição Federal exige que seja feita pelo voto da maioria absoluta dos seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial (art. 97, CF e Súm. Vinculante nº 10/STF). É
a chamada cláusula de reserva de plenário; D: incorreta. O juiz de primeiro grau pode declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, em sede de controle difuso de constitucionalidade. A
cláusula de reserva de plenário apenas se aplica quando a decisão tiver de ser dada por um Tribunal;
E: incorreta, João não pertence ao rol de legitimados à propositura da ADI, previstos no art. 103, CF
– nada foi informado na questão. Outro erro na assertiva: ato normativo municipal não pode objeto
desta espécie de ação).

18. (OAB/Exame Unificado – 2008.1) No controle difuso da constitucionalidade,


a) Somente os tribunais poderão declarar a inconstitucionalidade das leis e atos normativos, pelo
voto da maioria dos seus membros.
b) A declaração de inconstitucionalidade nunca produzirá efeitos erga omnes.
c) As decisões proferidas em única ou última instância estarão sujeitas a recurso extraordinário,
quando declararem a inconstitucionalidade de lei federal.
d) O processo deverá ser suspenso, se houver ação direta de inconstitucionalidade contra a mesma
lei ou ato normativo pendente de julgamento no STF.

(R.: letra “C”. A: incorreta. O controle difuso, também chamado aberto, é realizado por qualquer juízo
ou tribunal do Poder Judiciário; B: incorreta. Art. 52, X, CF; C: correta (art. 102, III, “b”, CF); D:

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incorreta, pois o questionamento da lei ou do ato normativo, via ação direta, não tem o condão de
determinar a suspensão do processo, onde também se discuta a questão constitucional, por via de
exceção).

19. (FGV – 2011) A empresa XYZ Ltda. ajuizou ação de mandado de segurança a fim de que
não fosse obrigada a recolher determinado imposto federal alegando a inconstitucionalidade
do referido tributo. O juiz proferiu sentença concedendo a ordem pleiteada, declarando para
tanto a inconstitucionalidade da lei. Indignada, a União federal interpôs recurso ao tribunal,
que manteve a decisão pelos mesmos fundamentos. Por fim, a União federal interpôs recurso
ao STF, que também manteve a decisão, reafirmando a inconstitucionalidade da lei tributária.
Diante desse caso, é correto afirmar que a declaração de inconstitucionalidade:
a) Vale apenas para a empresa XYZ Ltda.
b) Vale para as empresas que atuam no mesmo ramo.
c) Vale para todos os contribuintes.
d) Só terá validade após a suspensão pelo Congresso Nacional.
e) Só terá validade após a suspensão pela Câmara dos Deputados.

(R.: letra “A”. A presente hipótese trata-se de um exemplo de controle difuso de constitucionalidade.
Desse modo, como a decisão, dada em sede de controle difuso, em regra, produz efeitos inter partes,
a declaração de inconstitucionalidade valerá apenas para a empresa XYZ Ltda.).

20. (OAB/113º - Adaptada) Quando se diz caber todos os componentes do Poder Judiciário
o exercício do controle da compatibilidade vertical das normas da ordenação jurídica de um
país, está se falando em:
a) Controle constitucional difuso, por via de ação;
b) Jurisdição constitucional concentrada, por via de exceção;
c) Jurisdição constitucional difusa, por via de exceção;
d) Controle constitucional concentrado, por via de ação.
e) Inconstitucionalidade consequente de preceitos não impugnados.

(R.: letra “C”. O modelo/sistema difuso é na ampla maioria das vezes veiculado pela via de exceção
ou defesa. E: incorreta, pois a inconstitucionalidade consequente de preceitos não impugnados trata-
se de sinônimo de inconstitucionalidade por arrastamento).

21. (PROC/MP/MG/2007) Considere as seguintes ações:

I. Ação de competência do Supremo Tribunal Federal destinada a obter a decretação de


inconstitucionalidade, em tese, de lei federal ou estadual, sem outro objetivo, senão o de
expurgar da ordem jurídica a incompatibilidade vertical. Visa exclusivamente, a defesa do
Princípio da Supremacia Constitucional.
II. Ação, que pode ser federal, por proposta exclusiva do Procurador-Geral da República, e de
competência do Supremo Tribunal Federal, destinada a promover a intervenção federal em
Estado da federação.
III. Ação cujo pressuposto é a controvérsia a respeito da constitucionalidade da lei, tendo
como finalidade imediata a rápida solução dessas pendências, e como objetivo a verificação
da constitucionalidade de um ato normativo federal impugnado em processos concretos.
Essas situações dizem respeito, respectivamente, às ações:
a) Direta de inconstitucionalidade genérica, direta de inconstitucionalidade interventiva e direta de
inconstitucionalidade específica.
b) Direta de inconstitucionalidade não-interventiva, direta de inconstitucionalidade específica e direta
de inconstitucionalidade genérica.
c) Declaratória de constitucionalidade, direta de inconstitucionalidade interventiva e direta de
inconstitucionalidade genérica.
d) Declaratória de constitucionalidade, direta de inconstitucionalidade genérica e direta de
inconstitucionalidade não-interventiva.
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e) Direta de inconstitucionalidade genérica, direta de inconstitucionalidade interventiva, e declaratória
de constitucionalidade.

(R.: letra “E”).

22. (OAB/104º - Adaptada) Qualquer que tenha sido o órgão prolator, a decisão no controle
de constitucionalidade incidental (difuso) só alcança as partes do processo (eficácia inter
partes), não dispondo de efeito vinculante e, em regra, produzindo efeitos retroativos (ex tunc
– fulminando, desde o nascimento, a relação jurídica fundada na lei inconstitucional).
Contudo, se a decisão for proferida pelo STF, há a possibilidade de ampliação dos efeitos da
declaração incidental de inconstitucionalidade, seja mediante a aprovação de uma súmula
vinculante, seja por meio da:
a) Competência dada ao Senado Federal para suspender a execução de lei declarada
inconstitucional pelo STF;
b) Competência dada ao Presidente da Câmara dos Deputados para suspender a execução de lei
declarada inconstitucional pelo STF;
c) Competência dada ao Conselho da República para suspender a execução de lei declarada
inconstitucional pelo STF;
d) Competência dada ao Presidente da República para suspender a execução de lei declarada
inconstitucional pelo STF.
e) Competência dada à Câmara dos Deputados para revogar (ab initio) a lei declarada
inconstitucional pelo STF;

(R.: letra “A”. Na via incidental (controle difuso de constitucionalidade), para evitar que outros
interessados, posteriormente, tenham de recorrer também ao Judiciário, para obter a mesma
decisão, atribui-se ao Senado Federal a FACULDADE de suspender ato declarado inconstitucional
pelo STF, conferindo eficácia geral (erga omnes) à decisão da corte (art. 52, X: “Compete
privativamente ao Senado Federal: X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;”), proferida em um caso
concreto. O instrumento para suspensão da execução é a resolução).

23. (OAB/104º - Adaptada) Um dos grupos ou pessoas abaixo nomeados certamente não é
legitimado para intentar ação de inconstitucionalidade:
a) o Presidente da República;
b) a Mesa da Assembleia Legislativa;
c) o partido político, desde que possua representação no Congresso Nacional;
d) entidade de classe de âmbito municipal ou estadual.
e) o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.

(R.: letra “D”. Quem é legitimada é a entidade de classe de âmbito nacional, cf, art. 103, X, CF. Os
legitimados previstos no art. 103, CF são os seguintes: Pres.Rep., Mesas da Câmara e do Senado,
PGR, Conselho Federal da OAB, partidos políticos com representação no Congresso Nacional,
confederações sindicais, entidades de classe de âmbito nacional, Mesas das Assembleias
Legislativas estaduais, Câmara Legislativa do DF e governadores dos estados e DF).

24. (OAB/113º - Adaptada) O Presidente da República expede Decreto com o fim de


regulamentar determinada lei federal. No entanto, o Decreto acaba por criar determinada
obrigação não prevista na lei regulamentada. Em tal hipótese, o Congresso Nacional:
a) Poderia revogar todo o Decreto, por meio de Resolução;
b) Poderia revogar a parte do Decreto que criou a obrigação não prevista na lei, por meio de
Resolução;
c) Poderia sustar a parte do Decreto que criou a obrigação não prevista na lei, por meio de Decreto
Legislativo;

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d) Poderia sustar a parte do Decreto que criou a obrigação não prevista na lei, por meio de
Resolução;
e) Nada poderia fazer em relação ao Decreto, em respeito ao princípio da separação de poderes.

(R.: letra “C”. Trata-se de controle de constitucionalidade realizado pelo Poder Legislativo (Congresso
Nacional), exceção à regra geral do controle de constitucionalidade jurisdicional misto (difuso e
concentrado), pelo qual o controle é exercido por órgão do Poder Judiciário. Consubstancia-se em
autorização ao Congresso Nacional para sustar os atos normativos do Executivo que exorbitem o
poder regulamentar ou os limites da delegação legislativa (art. 68 c/c art. 49, V, ambos da CF). O
ato do Congresso nacional surtirá efeitos não-retroativos (ex nunc), porquanto não se cuida de
pronúncia de inconstitucionalidade, mas sim de sustação da eficácia. O próprio Parlamento, por
decreto legislativo, pode sustar os atos, não precisando recorrer ao Judiciário.

25. (MP/SP/2006) Relativamente à Cláusula de Reserva de Plenário, assinale a alternativa


correta.
a) Toda demanda que suscite questão constitucional deve ser apreciada, originalmente, pelo
Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, sob pena de nulidade de julgamento.
b) Toda demanda que suscite questão constitucional deve ser apreciada, originalmente, pelo
Supremo Tribunal Federal, que, somente pelo voto de 2/3 (dois terços) de seus membros poderá
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
c) Compete ao Supremo Tribunal Federal, privativamente, tanto em suas ações originárias, quanto no
exercício de sua competência recursal, declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo pelo
voto da maioria de seus ministros.
d) Somente pelo voto de 2/3 de seus membros poderão os Tribunais declarar a inconstitucionalidade
de lei ou ato normativo, sob pena de nulidade do julgamento.
e) Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.

(R.: letra “E”. Em conformidade com o art. 97, CF, os tribunais (todos eles, inclusive o STF e
tribunais de contas) só poderão declarar a inconstitucionalidade das leis e demais atos do Poder
Público pelo voto da maioria absoluta dos membros ou pela maioria absoluta dos membros do
respectivo órgão especial. (que poderão ser instituídos em tribunais com mais de 25 membros – art.
93, XI). Não há que se falar em aplicação da reserva de plenário na aferição da revogação (ou da
recepção) do direito pré-constitucional).

26. (OAB/112º - Adaptada) A declaração de inconstitucionalidade de ato normativo que


revoga outro ato normativo tem como consequência lógica:
a) o restabelecimento do ato normativo anterior;
b) a repristinação do ato normativo anterior;
c) a perda da eficácia de ambos os atos;
d) a impossibilidade de restabelecer o ato normativo anterior.
e) a modulação dos efeitos da decisão.

(R.: letra “A”. Como regra geral, a declaração de inconstitucionalidade no controle concentrado, em
abstrato, em tese, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração, faz instaurar um
processo objetivo, sem partes, no qual inexiste litígio referente a situações concretas ou individuais
(RTJ 147, 31, rel. Min. Celso de Mello), tornando os atos institucionais nulos e, por consequência,
destituídos de qualquer carga de eficácia jurídica, com alcance, de modo vinculado e para todos,
sobre os atos pretéritos, fazendo com que, dentre tantos efeitos, a declaração de
inconstitucionalidade do referido ato normativo que tenha “revogado” outro ato normativo (nossa
análise nesse ponto refere-se à ADI perante o STF, de lei ou ato normativo federal ou estadual, ou
distrital desde que no exercício da competência estadual) provoque o restabelecimento do ato
normativo anterior).
Para recordar, os efeitos gerais da declaração de inconstitucionalidade no controle concentrado, por
meio de ADI, são: erga omnes, ex tunc e vinculante, podendo ser dado efeito ex nunc, ou a partir de
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outro momento que venha a ser fixado (exceção à regra geral do princípio da nulidade), desde que a
votação tenha sido por 2/3 dos Ministros, tendo em vista razões de segurança jurídica ou de
excepcional interesse social. CUIDADO: o STF vem utilizando a terminologia “efeito repristinatório”
(cf. ADI 2.215-PE, medida cautelar, rel. Min. Celso de Mello, Inf. 224/STF. E: incorreta, pois a
modulação dos efeitos temporais não será consequência lógica da declaração de
inconstitucionalidade, pois requer a decisão fundamentada de 2/3 dos Ministros).

27. Assinale dentre as alternativas abaixo aquela que contenha o conceito de


inconstitucionalidade por arrastamento ou derivada ou inconstitucionalidade consequente de
preceito não impugnado:
a) Trata-se de impetração de Mandado de Segurança, por parlamentar, perante o STF, frente à
possibilidade de aprovação de projeto de lei flagrantemente inconstitucional.
b) Opera-se quando a afronta à Constituição resulta de uma omissão do legislador, em face de um
preceito constitucional que determine que seja elaborada norma regulamentando suas disposições.
c) Situação em que a inconstitucionalidade de um dispositivo de lei é estendida a outro dispositivo
(ou outros), em razão da existência de uma correlação, conexão ou dependência entre eles. Trata-se
de exceção à regra de adstrição ao pedido, pelo STF.
d) Dá-se diante de uma controvérsia concreta, submetida à apreciação do Poder Judiciário (qualquer
juízo ou tribunal), em que uma das partes requer o reconhecimento da inconstitucionalidade de uma
lei, com o fim de afastar a sua aplicação ao caso concreto de seu interesse.

(R.: letra “C”).

QUESTÕES DISCURSIVAS

28. Defina inconstitucionalidade por ação e por omissão.


R.: A inconstitucionalidade por ação ocorre quando o desrespeito à Constituição resulta de uma
conduta comissiva, positiva, praticada por algum órgão estatal. É o caso, e.g., da elaboração pelo
legislador ordinário de uma lei em desacordo com a Constituição.
A inconstitucionalidade por omissão se opera quando a afronta à Constituição resulta de uma
omissão do legislador, em face de um preceito constitucional que determine que seja elaborada norma
regulamentando suas disposições. A inconstitucionalidade existirá em razão da ausência da norma
regulamentadora.

29. Como podemos classificar o controle de constitucionalidade quanto ao momento de


seu exercício?
R.:
a) Preventivo (a priori): quando a fiscalização da validade da norma incidir sobre o projeto, antes de
a norma estar pronta e acabada, busca evitar a produção de uma norma inconstitucional.
b) Repressivo (sucessivo ou a posteriori): a fiscalização da validade incide sobre a norma pronta e
acabada, já inserida no ordenamento jurídico.

30. Cite e defina as vias de exercício do controle de constitucionalidade.


R.: São duas as vias (formas) pelas quais uma lei poderá ser impugnada perante o Poder Judiciário:
a) Incidental (concreta ou de defesa ou de exceção): dá-se diante de uma controvérsia concreta,
submetida à apreciação do Poder Judiciário (qualquer juízo ou tribunal), em que uma das partes
requer o reconhecimento da inconstitucionalidade de uma lei, com o fim de afastar a sua aplicação ao
caso concreto de seu interesse.
b) Principal (ação ou abstrata): o pedido do autor da ação é a própria questão de
constitucionalidade do ato normativo, ou seja, o autor requer, por meio de uma ação especial, uma
decisão sobre a constitucionalidade, em tese, de uma lei, com o fim de resguardar a harmonia do

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ordenamento jurídico. Nessa hipótese, não há caso concreto, não havendo interesses subjetivos a
serem tutelados (são “processos objetivos”).

31. Defina inconstitucionalidade formal e material.


R.: A incompetência formal se opera quando há desrespeito à CF no tocante ao processo de
elaboração da norma, podendo alcançar tanto o requisito competência (inconstitucionalidade
orgânica, e.g., lei estadual que disponha sobre direito processual, pois se trata de matéria de
competência privativa da União – art. 22, I), quanto ao processo legislativo em si, v.g, lei
complementar aprovada pela maioria simples, E.C. não aprovada em dois turnos em cada uma das
Casas do Congresso Nacional; ou edição de lei ordinária disciplinando sobre assunto da competência
de lei complementar.
A inconstitucionalidade material ocorre quando o conteúdo da lei contraria a Constituição. O
procedimento legislativo constitucionalmente exigido pode ter sido obedecido, mas a matéria é
incompatível com a CF. Ex.: lei que introduzisse no Brasil a pena de morte, em circunstâncias
normais, afrontando o art. 5º, XLVII, CF.

32. Conceitue a Reserva de Plenário. Qual o seu fundamento constitucional?

R.: Em conformidade com o art. 97, CF, os tribunais (todos eles, inclusive o STF e tribunais de contas)
só poderão declarar a inconstitucionalidade das leis e demais atos do Poder Público pelo voto da
maioria absoluta dos membros ou pela maioria absoluta dos membros do respectivo órgão especial
(que poderão ser instituídos em tribunais com mais de 25 membros – art. 93, XI).

33. Conceitue a Modulação dos Efeitos da Decisão. Ela se encontra restrita ao controle
concentrado?

R.: Embora a regra seja a pronúncia da inconstitucionalidade ter eficácia retroativa (ex tunc), poderá o
STF, por 2/3 dos seus membros, em situações excepcionais, tendo em vista razões de segurança
jurídica ou relevante interesse social, outorgar efeitos meramente prospectivos (ex nunc) à sua
decisão, ou mesmo, fixar outro momento para o início da eficácia de sua decisão (art. 27, Lei
9.868/99). Apesar de inicialmente prevista na Lei 9.868/99, a modulação é possível tanto no controle
concentrado, quanto no controle difuso.

34. Quais são os efeitos da decisão de mérito (sobre a inconstitucionalidade de uma


norma) no controle difuso?
R.: Qualquer que tenha sido o órgão prolator, a decisão no controle de constitucionalidade incidental
só alcança as partes do processo (eficácia inter partes), NÃO dispõe de efeito vinculante e, em regra,
produz efeitos retroativos (ex tunc – fulminando, desde o nascimento, a relação jurídica fundada na
lei inconstitucional).

35. Na interposição de um Recurso Extraordinário (RE), o recorrente deve demonstrar a


presença da repercussão geral das questões constitucionalmente discutidas (art. 102, § 3º),
para o conhecimento do mencionado RE. Neste sentido, conceitue a repercussão geral,
apresentando a sua natureza jurídica.

R.: Possui a natureza jurídica de pressuposto recursal: questão relevante do ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico. Ocorre, a repercussão geral presumida, sempre que o recurso
impugnar decisão contrária à súmula ou jurisprudência dominante do STF.

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36. Conceitue inconstitucionalidade por arrastamento. Por que a doutrina a classifica
como exceção à regra de adstrição do magistrado ao pedido? Qual a relação entre a
inconstitucionalidade por arrastamento e os limites objetivos da coisa julgada?
R.: Situação em que a inconstitucionalidade de um dispositivo de lei é estendida a outro dispositivo
(ou outros), em razão da existência de uma correlação, conexão ou dependência entre eles.
Trata-se de exceção à regra de adstrição ao pedido, pelo STF: a Corte reconhece a invalidade de um
dispositivo “x”, que efetivamente foi impugnado (estava designado no pedido, na petição inicial), e,
“por arrastamento”, declara a inconstitucionalidade dos dispositivos “y” e “z”, cuja legitimidade
NÃO tinha sido questionada pelo autor da ação. Outrossim, destaca-se que os limites da coisa
julgada são estabelecidos pelo pedido e pela causa de pedir. No caso, em tela, conforme explicado, um
pedido não impugnado, tem a sua inconstitucionalidade analisada pelo STF, em razão de conexão
entre os dispositivos.
Ex.: Art. 1º É assegurada a isenção fiscal aos professores.
Art. 2º A isenção do art. 1º deve ser requerida no mês de abril.
Há ajuizamento de ADI sobre o art. 1º.

O STF declara a inconstitucionalidade do art. 1º, mas como há manifesta conexão lógica (entre o art. 1º
e o art. 2º), este também ser declarado inconstitucional.

37. Quais são os legitimados universais e especiais das ações do controle de


constitucionalidade concentrado?

R.: Os legitimados previstos no art. 103, CF são os seguintes: Pres.Rep., Mesas da Câmara e do
Senado, PGR, Conselho Federal da OAB, partidos políticos com representação no Congresso
Nacional, confederações sindicais, entidades de classe de âmbito nacional, Mesas das Assembleias
Legislativas estaduais, Câmara Legislativa do DF e governadores dos estados e DF.
São classificados como legitimados especiais (aqueles que necessitam demonstrar a pertinência
temática entre o ato impugnado e as funções exercidas pelo órgão ou entidade para a propositura da
ação): os Governadores dos estados e do Distrito Federal; as Mesas das Assembleias Legislativas
Estaduais e da Câmara Legislativa do DF; e confederações sindicais e entidades de classe de âmbito
nacional. Os demais legitimados são considerados universais (não precisam demonstrar pertinência
temática para a propositura da ação, ou seja, podem impugnar qualquer matéria, não precisando
demonstrar nenhum interesse específico).

BONS ESTUDOS A TODOS!

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