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REDE DE ENSINO DOCTUM

BRENDON RODRIGUES BRANDINI


CAIO SILVA OLIVEIRA DE SOUZA
DIOGO MOHAMMED ARARIBA CARDOSO
JULIA RODRIGUES ALVES KELLY
ALESSANDRA CARVALHO MURDOCH
PATRICIA GONÇALVES ALBRIGO
RAYANNI GONÇALVES GOMES
SERGIO LUIZ GOMES

Efeitos dos Recursos

Guarapari/ES
2023
REDE DE ENSINO DOCTUM

BRENDON RODRIGUES BRANDINI


CAIO SILVA OLIVEIRA DE SOUZA
DIOGO MOHAMMED ARARIBA CARDOSO
JULIA RODRIGUES ALVES
KELLY ALESSANDRA CARVALHO MURDOCH
PATRICIA GONÇALVES ALBRIGO
RAYANNI GONÇALVES GOMES
SERGIO LUIZ GOMES

Efeito dos Recursos

Trabalho de graduação em Direito, pela Rede de


Ensino Doctum, no Campus de Guarapari,
apresentando os Efeitos dos Recursos, dentro da
teoria geral dos Recursos.

Orientador: Prof. Dr. Rubens

Guarapari/ES
2023
RESUMO

Efeitos dos Recursos. 2023. Trabalho Acadêmico – Curso de Direito – Rede de Ensino
Doctum, Guarapari, 2023.

Neste trabalho busca-se obter um melhor entendimento sobre os Efeitos dos Recursos.
Tivemos como base a Teoria Geral dos Recursos e o Código de Processo Civil.
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CONCEITO E OBJETIVOS

Antes de entrarmos nos efeitos, vale comentar sobre o conceito e definição de


recursos. Segundo Luiz Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero,

“É um meio voluntário de impugnação de


decisões judiciais, interno ao processo, que visa
à reforma, à anulação ou ao aprimoramento da
decisão atacada.” (CPC - Comentado artigo por
artigo - Editora Revista dos Tribunais, 2008,
página 505).

Recursos são instrumentos que permitem às partes impugnarem as decisões judiciais,


no intuito de que sejam modificadas, explicadas, integradas ou mesmo anuladas. Eles também
podem ter o objetivo de igualar a jurisprudência, para manter a coerência das decisões
judiciais e a observância da lei. Dessa forma, recurso pode ser considerado um ônus, uma
possibilidade de melhora do resultado, sob pena de preclusão caso não seja interposto. O
recurso é voluntario e deve ocorrer dentro do mesmo processo.

Sabendo o conceito, vale pontuar os objetivos dos recursos que são:

 Reformar – quando se busca uma modificação na solução, visando a obter um


pronunciamento mais favorável ao recorrente;
 Invalidar – quando se pretende apenas anular ou cassar a decisão, para que outra seja
proferida em seu lugar; ocorre muito em caso de vícios processuais.
 Esclarecer – tornar claro algo obscuro ou contraditório (por meio de Embargos de
Declaração).
 Integrar – completar uma omissão (também por meio de Embargos de Declaração).

O objeto do recurso é impugnar a decisão interlocutória, sentença, acórdão, decisão


monocrática do relator e decisão unipessoal do presidente ou do vice. O Brasil adota em
relação aos recursos o princípio da taxatividade. Significa que todos os recursos estão
previstos em lei. Não existe, portanto, recurso atípico, sem previsão legal.
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Gustavo Deitos, professor de Cursos Preparatórios pra Concursos Públicos, explica o


principio da taxatividade da seguinte forma,

“Todas as espécies de recursos que podem ser interpostos


devem estar expressamente previstas em lei. Não é possível a
criação de recursos para casos concretos específicos, nem a
conjugação de elementos de vários recursos para formar um só.
Cada recurso deve ser regrado por disposições legais
específicas e ser devidamente previsto na legislação
processual.” (DIREITO PROCESSUAL CIVIL, pág. 06.)

Os recursos devem ser cabíveis e devem estar previstos no rol do art. 994 do Código
de Processo Civil. São espécies de recursos dentro do nosso sistema:

Art. 994, CPC.  São cabíveis os seguintes recursos: 

I – Apelação;
II – Agravo de instrumento;
III – Agravo interno;
IV – Embargos de declaração;
V – Recurso ordinário;
VI – Recurso especial;
VII – Recurso extraordinário;
VIII – Agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX – Embargos de divergência.

EFEITOS DOS RECURSOS

Efeitos dos recursos no processo civil:

 Efeito devolutivo
 Efeito substitutivo
 Efeito suspensivo
 Efeito translativo
 Efeito regressivo
 Efeito obstativo
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EFEITO DEVOLUTIVO

O efeito devolutivo está presente em todas as espécies de recurso. O efeito


devolutivo significa a transferência do poder de reexaminar a decisão do órgão que prolatou a
decisão (a quo) para o órgão que vai julgar o recurso (ad quem). O efeito devolutivo alcança
somente as partes da decisão impugnadas pelo recorrente. A análise do efeito devolutivo,
segundo a maior parte da doutrina, deve ser feita em dois sentidos, por extensão e por
profundidade.
Efeito devolutivo por extensão trata-se da análise horizontal do recurso. Aqui, o
tribunal deve analisar apenas pontos levantados ou questionados pela parte. Nesse caso,
vigora O princípio do “tantum devolutum quantum apellatum”. Assim, a parte dispõe do seu
direito para apelar somente daquilo que desejar e o Tribunal, somente poderão conhecer
daquilo que a parte recorreu. Já o caso do Efeito devolutivo em profundidade trata-se da
análise vertical.
este dispõe no art. 1.013, § 1º, do CPC:

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada.


§ 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado.

José Carlos Barbosa Moreira comenta sobre o tema:

A exata configuração do efeito devolutivo é problema que se


desdobra em dois: o primeiro concernente à extensão do efeito,
o segundo à sua profundidade. Delimitar a extensão do efeito
devolutivo é precisar o que se submete, por força do recurso, ao
julgamento do órgão ad quem; medir-lhe a profundidade é
determinar com que material há de trabalhar o órgão ad quem
para julgar. (BARBOSA, José – pág. 429)

Já Barbosa Moreira, menciona sobre:

“Delimitar a extensão do efeito devolutivo é precisar o que se


submete, por força do recurso, ao julgamento do órgão ad
quem; medir-lhe a profundidade é determinar com que
material há de trabalhar o órgão ad quem para julgar.”
BARBOSA MOREIRA, José Carlos. 2004 – Pág. 445
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A extensão do efeito devolutivo é determinada pela extensão da apelação, conforme
o princípio tantum devolutum quantum appellatum, estabelecido no art. 515 do CPC que
defere ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. Trata-se de abordagem do efeito
devolutivo sob a perspectiva horizontal.
Resumidamente, o efeito devolutivo trata-se do efeito que leva a matéria do recurso
para nova apreciação.

EFEITO SUSTITUTIVO

Ele significa que, toda vez que um recurso é admitido para ser julgado, a decisão que
examina o mérito recursal substitui a decisão anterior. Na apelação, o tribunal analisa
novamente a sentença e profere uma nova decisão, que substitui a sentença impugnada.
Assim, mesmo que o teor da sentença seja mantido, é o novo julgamento daquela demanda
recursal que vale, substituindo a referida sentença. O efeito substitutivo se dá somente quando
o recurso é reconhecido. O efeito substitutivo dispõe no artigo 1008 do Código de Processo
Civil:

Art. 1008: O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no


que tiver sido objeto de recurso.

Como lembra Humberto Teodoro Junior, esse efeito consiste:

“Consiste ele na força do julgamento de qualquer recurso de


substituir, para todos os efeitos, a decisão recorrida, nos limites
da impugnação. Trata-se de um derivativo do efeito devolutivo.
Se ao órgão ad quem é dado reexaminar e decidir novamente a
matéria cogitada no decisório impugnado, tona-se necessário
que somente um julgamento a seu respeito prevaleça no
processo." THEODORO JUNIOR, Humberto. 2007, pág. 646.

Segundo o autor trata-se de uma necessidade do sistema a sua existência vez que, se
o Tribunal reexamina a matéria, é preciso que somente seu julgamento prevaleça no processo.
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Esse posicionamento também é compartilhado por outros autores como Carnelutti, Chovenda
e Greco.

EFEITO SUSPENSIVO
Este é o efeito que, por força da mediação do recurso, a decisão recorrida não poderá
produzir efeitos imediatamente. O efeito suspensivo, impede a eficácia da decisão. No caso
ela existe, é válida, mas ainda não pode ser exigida. Uma decisão, como regra, produz efeitos
imediatamente, mas, se contra ela for interposto um recurso que tenha efeito suspensivo, essa
decisão terá sua eficácia suspensa, não produzindo efeitos até o julgamento do recurso.
Como regra, os recursos não têm efeito suspensivo, salvo disposição legal ou por
decisão judicial. É assim que dispõe o art. 995 do CPC:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão
judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se
dá imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível
reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.
Nas palavras de Araken de Assis:

“Não há dúvida que é o recurso, mediante o ato judicial que


lhe agrega determinado efeito, e não a possibilidade de
recorrer, o fator idôneo a inibir a eficácia da decisão.” Assis,
Araken de. Manual dos Recursos. 8.ed. Revista dos Tribunais,
2016.
O efeito suspensivo segue dois critérios, o ope legis e ope judicis. O critério ope
legis, conhecido por efeito suspensivo próprio, é aquele que é previsto em lei. Não é
necessário que haja determinação judicial para tanto, tampouco é necessária a provocação das
partes, desde que preenchidos os requisitos legais, que são: risco de dano grave, de difícil ou
impossível reparação e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. O
critério ope judicis, conhecido por efeito suspensivo impróprio, é aquele dependente de
determinação judicial. Nesses casos, é necessária a análise do caso e o preenchimento dos
requisitos legais.

EFEITO TRANSLATIVO
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Ele é uma exceção ao efeito devolutivo. No caso do efeito translativo, não


necessariamente a parte vai ter que ter alegado aquela matéria pra que o órgão que está
apreciando determinado recurso se manifeste sobre ela. Portanto, é possível que sejam
apreciadas matérias que não foram objeto especifico do recurso. Ele pode ocorrer quando as
matérias podem ser conhecidas de oficio, ou seja, quando a própria mateira depende de
provocação, sendo assim mesmo que a parte não tenha alegado o órgão que vai julgar o
recurso pode falar sobre aquele tema. E acontece em um segundo momento quando aquela
causa já está pronta para ser julgada. Nesse caso mesmo que a parte não tenha impugnado vai
ter um julgamento de mérito. Chama-se esse caso de Causa Madura.

EFEITO REGRESSIVO
Os recursos que têm efeito regressivo são o agravo de instrumento e agravo interno.
É o efeito que permite ao próprio juiz prolator da decisão impugnada rever sua decisão.
Sempre que for aberto um juízo de retratação ao órgão prolator da decisão, pode-se falar em
efeito regressivo.

EFEITO OBSTATIVO
Segundo a doutrina, a interposição de qualquer recurso obsta a preclusão temporal e
o trânsito em julgado da decisão, sendo este somente verificado com o julgamento definitivo
do recurso. Então, conclui-se que, durante o processamento até o julgamento definitivo do
recurso, não há que se falar em preclusão temporal, sendo por consequência afastado o
trânsito em julgado e a coisa julgada material, extraindo assim o chamado efeito obstativo do
recurso.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Recursos no Processo Civil, TRILHANTE https://trilhante.com.br/curso/recursos-no-


processo-civil-1/aula/agravo-de-instrumento-9 Acesso em: 15/04/2023

Principios e efeitos dos recursos no processo civil, MASTERJURIS,


https://masterjuris.com.br/principios-e-efeitos-dos-recursos-no-processo-civil/#:~:text=O
%20efeito%20mais%20%C3%B3bvio%20dos,recursal%20substitui%20a%20decis
%C3%A3o%20anterior Acesso em: 15/04/2023

Os efeitos dos recursos, JUSBRASIL, https://ebradi.jusbrasil.com.br/artigos/454068272/os-


efeitos-dos-recursos#:~:text=3.,decis%C3%A3o%20recorrida%20transite%20em%20julgado.
Acesso em: 15/04/2023

Efeitos dos Recursos, DIREITO DESENHADO, https://direitodesenhado.com.br/efeitos-dos-


recursos/ Acesso em: 15/04/2023

Teoria geral dos recursos, DIREITONET,


https://www.direitonet.com.br/resumos/exibir/193/Teoria-Geral-dos-Recursos-Processo-Civil
Acesso em: 15/04/2023

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