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PROVA DE PROCESSO PENAL II

Aluno: Diometson Sangiorgy de Sá Andrade – MAT 1802132

1- O que é juízo de admissibilidade recursal?

Antes do pedido ser analisado, o julgador a quo primeiro irá avaliar se estão presentes os
pressupostos mínimos estabelecidos pela Lei, para que o recurso consiga produzir os seus
efeitos, chegando este, após à etapa de admissibilidade, para o juízo de mérito, conhecendo do
recurso, quando positivo e não conhecendo do recurso, quando houver alguma das razões
negativas para sua não admissão.

Em suma, para sua admissibilidade é necessário esclarecer que um recurso somente é viável
quando presentes todos os seus pressupostos objetivos e subjetivos.

2-Quais os pressupostos recursais objetivos e subjetivos?

1. Adequação

Esse é um requisito objetivo, segundo o qual o recurso a ser interposto tem que ser um recurso
adequado. Ou seja, a parte deve verificar qual é o tipo de decisão proferida da qual se quer
recorrer, o motivo da decisão, e interpor aquele que seja o recurso adequado para o seu caso.
Em matéria recursal, no processo civil, a parte não tem a possibilidade de escolher qual recurso
interpor. Portanto, para cada decisão proferida, há um recurso adequado para impugná-la.

2. Tempestividade

Também é um requisito objetivo, segundo o qual o recurso deve ser interposto dentro do prazo

legal. Logo, se ele não for interposto dentro desse prazo, será considerado um recurso

intempestivo e, consequentemente, inadmissível.

3. Preparo

Requisito objetivo e refere-se ao pagamento das custas. Em outras palavras, os recursos, como

regra, exigem um pagamento de custas para serem interpostos. Dessa forma, para cada vez que

a parte interpõe um recurso, ela deve pagar as custas referentes àquele recurso. No mais, as

custas têm que ser pagas antes da interposição do recurso e comprovadas no ato da

interposição do recurso (art. 1.007, caput, do CPC).


Tal requisito não se aplica aos embargos de declaração, já que eles pressupõem um vício na

decisão por parte do julgador, e não visam uma mudança no resultado do julgado.

4. Regularidade formal

Requisito objetivo. Diz respeito à regularidade na interposição do recurso – observância de


formalidades exigidas pela lei para a sua interposição. Alguns recursos têm formalidades
genéricas, e outros formalidades específicas.

Como regra, há a interposição do recurso por petição escrita, acompanhada das razões
recursais. Na petição, há a fundamentação do recurso, justificando-se os motivos pelos quais a
parte entende que a decisão está equivocada e que, por isso, deve ser reformada/anulada.

5. Legitimidade

É um requisito subjetivo, segundo o qual a parte tem que ter legitimidade para interpor o
recurso. Pode interpor recurso contra uma determinada decisão:

i) as partes (todo aquele que é parte no processo tem legitimidade para recorrer – os que
ingressaram originariamente no processo e os que se tornaram parte por alguma intervenção
de terceiros);

ii) o Ministério Público (atuando como parte, como próprio MP ou como fiscal da lei, naquelas
demandas em que, em razão do interesse social, deve haver a presença obrigatória
do parquet);

iii) advogado, em nome próprio, quando for recorrer exclusivamente em razão de honorários.
Ressalta-se, nesse caso, que, se a parte tiver gratuidade de justiça, essa gratuidade não se
estende ao advogado, de modo que ele terá que recolher custas;

iv) o terceiro interessado – é aquele que não ingressou no processo até então, mas que
consegue demonstrar que poderia estar em juízo como substituto processual. Ele tem que
demonstrar que é um terceiro juridicamente interessado – e que esse interesse jurídico pode
ser atingido pela decisão judicial. Nos termos do art. 996, parágrafo único, do CPC: "Cumpre
ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à
apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como
substituto processual".

6. Interesse processual
É um requisito subjetivo. Enquanto a legitimidade é aferida em tese (independentemente do
resultado ou do conteúdo da decisão), é preciso fazer uma análise em concreto para verificar se
há interesse, a fim de identificar se aquele recurso pode colocar a parte em uma situação
processual melhor do que a que ela tinha com a decisão da qual se pretende recorrer. Em outras
palavras, deve ser analisado se há a possibilidade de a situação da parte interessada ficar melhor
com o recurso do que estava antes dele. Se sim, há interesse processual.

7. Ausência de causa impeditiva ou extintiva do direito de recorrer

Requisito subjetivo. Basicamente, a desistência e a renúncia são causas que impedem o


conhecimento do recurso.

A renúncia é prévia. Ou seja, deve ocorrer antes da interposição do recurso. Pode ser expressa,
quando a parte declara expressamente que renuncia ao seu direito de recorrer. Dessa forma, ao
peticionar renunciando ao recurso, tem-se uma causa impeditiva do direito que a parte tem de
recorrer. Mas também pode ser tácita, quando há a prática de um ato incompatível com o
direito de recorrer, a exemplo do imediato cumprimento da obrigação e pedido de extinção do
feito.

Ademais, como dispõe o art. 999 do CPC, "a renúncia ao direito de recorrer independe da
aceitação da outra parte".

A desistência, por sua vez, é posterior à interposição do recurso, e, por isso mesmo, deve
ser expressa. A desistência pode ser feita até o momento que antecede o início do julgamento
do recurso: até esse momento, a parte pode desistir. Também não é necessária a anuência do
recorrido para que o recorrente desista.

3-Quais os recursos que são privativos da defesa?

No âmbito do CPP, os embargos infringentes e de nulidade funcionam como a impugnação


destinada ao reexame de decisões não unânimes dos Tribunais de segunda instância no
julgamento de apelações, recursos em sentido estrito e agravos em execução, desde que
desfavoráveis ao acusado.”

Assim, os embargos infringentes e de nulidade são um recurso ordinário (no sentido de comum),
exclusivo da defesa, cabível contra decisões desfavoráveis ao réu, não unânimes, ou seja,
quando houver voto vencido, em segunda instância, do julgamento de apelação, RESE ou agravo
em execução.

4-Explique os efeitos, devolutivo, suspensivo, regressivo e extensivo do recursos.

(i) Devolutivo: comum a todos os recursos. Significa que a interposição reabre a possibilidade
de analise da questão, mediante novo julgamento. Uma vez que o conhecimento da decisão
recorrida é devolvido a um órgão jurisdicional para o reexame. Transfere-se a competência para
conhecimento da causa do juízo ad quo para o tribunal ad quem.
(ii) Suspensivo: significa que a interposição de determinado recurso impede a eficácia da
decisão recorrida. Regra regral no Processo Penal é a não existência de recurso com efeito
suspensivo. O que tecnicamente ocorre é a suspensão da produção dos efeitos da decisão
impugnada, devendo o processo de execução da sentença enquanto não transita em julgado a
condenação, com fundamento no princípio da presunção de inocência. Não é comum em todos
os recursos; depende de previsão legal.

(iii) Regressivo: Devolve para o juiz com a possibilidade de alterar a decisão. Efeito atribuível a
recursos em que a lei autoriza que o mesmo órgão que proferiu a decisão judicial, exerça o juízo
de retratação, modificando-a. Não sendo a hipótese de exercer a retratação, o juiz sustentará a
decisão, pelo que manifestará juízo de sustentação.

(iv) Extensivo: eventual beneficio concedido em um recurso a um réu, e se estende ao corréu


que esteja na mesma situação. Também chamado de efeito expansivo, este efeito se dá em
hipótese de concurso de agentes, sobretudo quando a decisão do recurso interposto por um
dos réus, se fundando em motivos que não sejam de caráter, quando um dos corréus recorre
alegando matéria de caráter que não seja exclusivamente pessoal, este recurso irá beneficiar o
consorte que não recorreu.

5-Diferencie recurso especial do recurso extraordinário.

Os requisitos diferenciados de admissibilidade do recurso especial e extraordinário são um


reflexo da preocupação dos legisladores em evitar o uso incorreto deles.

Para diferenciá-los é importante observar em especial a sua finalidade, uma vez que o recurso
especial busca a uniformização da interpretação da legislação federal, enquanto o recurso
extraordinário busca uniformizar a interpretação dada à Constituição Federal.

Por exemplo, se o TJ do Rio de Janeiro chega a uma decisão diferente da tomada pelo Tribunal
de São Paulo sobre o mesmo dispositivo de lei ou tratado federal, cabe ao STJ decidir qual é a
interpretação adequada, servindo de orientação a todos os Tribunais de Justiça e Tribunais
Federais.
Já o extraordinário, julgado exclusivamente pelo STF, considera as decisões de tribunais
estaduais ou federais que contrariam a CRFB e pode declarar a inconstitucionalidade de norma
estadual ou federal.
Apesar de serem julgados por órgãos distintos, é preciso observar que, se o recurso
extraordinário prejudicar o recurso especial, o relator suspenderá o julgamento deste último e,
em seguida, enviará os autos ao STF para o julgamento do primeiro.
Caso haja entendimento diferente do relator, o STF devolverá os autos do processo ao STJ,
visando ao julgamento, cuja decisão deverá ser acatada pelo relator. Dessa forma, ambos
recursos têm fundamentação restrita, inerente apenas à ofensa à matéria constitucional ou à
legislação federal.

6-Quando cabe a carta testemunhável e a correição parcial?


Cabe correição parcial, no processo penal, para a emenda de erro ou abuso que importe
inversão tumultuária dos atos e fórmulas processuais, quando não previsto recurso específico.

Cabe Carta testemunhável, de acordo com o Art. 639:

Dar-se-á carta testemunhável:

I – da decisão que denegar o recurso;

II – da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad
quem.

7-Elenque os princípios recursais.

Os princípios delineiam o estudo dos recursos desde as hipóteses de cabimento até a


possibilidade de fungibilidade entre eles. Como por exemplo:

· O principio da fungibilidade possibilita a aceitação do recurso mesmo que interposto


erroneamente. Para tanto, a ausência de má-fé é imprescindível para que possa ser interpretado
apenas como mero erro de forma:

“Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um
recurso por outro. Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do
recurso interposto pela parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.”

· O princípio da conversão permite que o recurso seja interposto embora com endereçamento
distinto do que devia, sendo encaminhado ao órgão competente para conhecê-lo. Tal recurso
igualmente será recebido se for obedecido os procedimentos e a tempestividade. Cada recurso
possui um prazo legal adequado para sua interposição e que é de obrigatória, quando o Código
de processual Penal.

· Princípio da Unirrecorribilidade: contra cada decisão, caberá apenas um recurso. Não sendo
possível a utilização simultânea de dois recursos contra a mesma decisão, ou seja, para cada
caso há um recuso adequado e somente um. Contudo, está regra não é absoluta comportando
exceção principalmente em acórdãos que eventualmente possam infringir normas federais e
constitucionais ao mesmo tempo, sendo portanto, admitida a possibilidade de interposição de
um recurso especial e de um recurso extraordinário, respectivamente.

· Princípio da proibição: Reformatio in Pejus não se admite que a reforma da decisão imponha
uma situação mais grave que a anteriormente experimentada pelo recorrente. Isso porque,
segundo a doutrina, admitir essa possibilidade seria ir de encontro ao próprio interesse recursal
que figura como pressuposto do direito de recorrer. Entretanto, isso não significa que o
recorrente possa experimentar uma piora na sua situação advinda do provimento de um recurso
interposto pela parte contraria.

8- O que é sucumbência?
É o princípio pelo qual a parte perdedora no processo é obrigada a arcar com os honorários do
advogado da parte vencedora. Acolhido no processo civil, é extensível, com base naquele
dispositivo do ordenamento processual penal (art. 3º do CPP), às ações penais privadas. A verba
honorária é, portanto, conseqüência que decorre, objetiva e inevitavelmente, da derrota de
qualquer das partes na queixa-crime.

9-Diferencie embargos declaratórios dos embargos infringentes e de nulidade.

Embargos de declaração: Servem para integrar a decisão judicial (não para substituí-la). Podem
ser conceituados como sendo o recurso cabível contra a decisão que contiver obscuridade,
ambiguidade, contradição ou omissão.

Embargos Infringentes: A divergência diz respeito a matéria penal (mérito).

Embargos de Nulidades: A divergência diz respeito a matéria processual (nulidade processual).

Os dois últimos podem substituir/instituir decisão judicial/mudança de mérito.

10-Quando é cabível a reclamação constitucional?

Primeiramente, salienta-se que a reclamação constitucional possui previsão na CF/88, na


Lei 11.417/06 e no Novo CPC, com as respectivas hipóteses de cabimento.

De acordo com a CF/88, será cabível a reclamação constitucional em DUAS hipóteses:

 Como forma de preservação da competência dos tribunais superiores;


 Garantia da autoridade de suas decisões.

Além dessas duas hipóteses, a Lei 11.417/2006 (art. 7o): prevê mais uma hipótese de
cabimento da reclamação constitucional:

 Decisão judicial ou ato administrativo que contrariar, negar vigência ou aplicar


indevidamente entendimento consagrado em súmula vinculante.

O Novo CPC, além de repetir essas três hipóteses acima elencadas (art. 988, I, II e III do NCPC),
cria novas hipóteses no inciso IV, vejamos:

 Garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de


demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência.

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