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CONCEITO
RECURSO ADESIVO
Quando a decisão causar prejuízo a ambas as partes, sucumbência
recíproca, qualquer delas poderá recorrer no prazo comum. No caso
de isso ocorrer, recurso de ambas as partes, os recursos serão
considerados de forma individual pelo tribunal.
Pode acontecer, no entanto, que uma das partes se conforme com
a decisão e deixe de interpor o recurso cabível no prazo legal, que,
como se disse, é comum. Posteriormente, surpreendida com o recurso
da outra parte, que impede o trânsito em julgado e tem o condão de
fazer subir os autos para superior instância, admite-se que faça a sua
adesão ao recurso da parte contrária, isto é, que no prazo para
apresentar suas contrarrazões ofereça, por petição autônoma,
também recurso quanto à parte que sucumbiu, aproveitando-se da
iniciativa da outra parte. Nesse sentido, a norma do art. 997 do CPC
declara que “cada parte interporá o recurso independentemente, no
prazo e com observância das exigências legais. § 1ºSendo vencidos autor
e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. §
2º O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-
lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de
admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal
diversa, observado, ainda, o seguinte: I – será dirigido ao órgão perante
o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte
dispõe para responder; II – será admissível na apelação, no recurso
extraordinário e no recurso especial; III – não será conhecido, se houver
desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível”.
O recurso adesivo não constitui espécie de recurso, mas apenas
“forma de in-terposição”, sendo admissível na apelação, no recurso
extraordinário e no recurso especial. Não obstante a literalidade do
inciso II do § 2º do art. 997 do CPC, entendo, como parte da doutrina,
que também é possível o recurso adesivo no recurso ordinário contra
acórdão proferido em processos em que forem partes, de um lado,
Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município
ou pessoa residente ou domiciliada no País (art. 1.027, II, “b”, CPC),
visto que nestes casos se aplica, segundo o art. 1.028 do CPC, as
disposições relativas à apelação.
Deve ser interposto no prazo para a resposta do recurso principal,
embora se deva registrar que a sua interposição não substitui o
oferecimento das contrarrazões, que devem ser apresentadas em
petição autônoma. As contrarrazões e o recurso adesivo não precisam
ser apresentados simultaneamente; ou seja, o interessado pode, por
exemplo, apresentar as contrarrazões e depois a petição do recurso
adesivo, desde que esteja dentro do prazo.
O destino do recurso adesivo está atrelado ao do recurso principal,
ou seja, só será conhecido se aquele o for. No caso de desistência,
deserção ou de não ser admitido o recurso principal, o adesivo fica
também prejudicado.
REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE
Legitimidade
Têm legitimidade para recorrer o vencido, o terceiro prejudicado e
o Ministério Público (art. 996, CPC).
Vencido é a parte, autor ou réu que teve desatendido pelo juiz,
total ou parcialmente, seu pedido. Em outras palavras, aquele que
sofreu a sucumbência, seja total ou parcial. Também pode ser
considerado vencido o litisconsorte, o assistente, o denunciado à lide e
o chamado ao processo.
Terceiro prejudicado é a pessoa estranha ao processo que é
atingida, ainda que por via reflexa, pela sentença (v. g., adquirente de
direito material litigioso, fiador, avalista etc.). O advogado entra nesta
classe quanto aos honorários advocatícios. Com efeito, o art. 23 da Lei
no 8.906/94-EOAB estabelece que “os honorários incluídos na
condenação, por arbitramento ou sucumbência, pertencem ao
advogado, tendo este direito autônomo para executar a sentença nesta
parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja
expedido em seu favor”.
O Ministério Público tem legitimidade para recorrer tanto no
processo em que é parte, como naqueles em que oficiou como fiscal da
ordem jurídica.
Qualquer que seja o recorrente, este deve demonstrar seu interesse
na reforma da decisão. Interesse esse que deve sempre repousar na
demonstração da ocorrência do binômio “utilidade e necessidade”:
utilidade da providência judicial pleiteada e necessidade da via que se
escolhe para obter essa providência.
Recorribilidade da decisão
Adequação do recurso
O vencido não pode escolher o recurso que vai interpor, visto que o
Código já prevê um recurso específico contra cada tipo de decisão
judicial (princípio da singularidade).
O recurso deve ser o adequado para impugnar o ato decisório,
conforme previsto na lei processual. A interposição de um recurso por
outro pode levar ao seu não conhecimento, visto que, dentro do atual
sistema do Código, as diferenças entre os recursos são muitas.
Entretanto, não tendo o recorrente cometido erro grosseiro e estando
o recurso tempestivo, pode ser admitido, em atenção ao princípio da
fungibilidade dos recursos.
Tempestividade
Preparo
Preparo é o recolhimento das custas e despesas processuais,
inclusive porte de remessa e retorno dos autos.
Cabe ao recorrente, quando da interposição do recurso e desde
que exigível, segundo legislação estadual ou federal (Justiça Estadual
ou Federal), comprovar o preparo, isto é, o pagamento das custas e
despesas processuais, inclusive porte de remessa e de retorno. No caso
de insuficiência no valor do preparo, e também do porte de remessa e
de retorno, o recorrente será intimado, na pessoa de seu advogado,
para complementá-lo no prazo de 5 (cinco) dias; se o caso for de não
recolhimento do preparo, a parte será intimada, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro.
Ocorrendo erro no preenchimento da guia de custas, ou dúvida
quanto ao recolhimento, o relator deverá intimar o recorrente para
sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias.
Não havendo recolhimento do preparo, sua complementação,
quando for o caso, ou não sendo sanado eventual erro ou dúvida no
preenchimento da guia, o recurso será declarado deserto (art. 1.007,
CPC), ou seja, descabido, abandonado, provocando a coisa julgada da
decisão recorrida.
A pena de deserção pode ser relevada, caso o recorrente prove que
deixou de proceder com o preparo por justa causa. Informa o CPC, art.
223, § 1º, que “considera-se justa causa o evento alheio à vontade da
parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário”.
Note-se que não é bastante alegar ocorrência de circunstância
excepcional, a norma demanda que o interessado “prove” sua
ocorrência. Da decisão que releva a pena de deserção não cabe
recurso, segundo entendimento jurisprudencial.
Estão dispensados de preparo os recursos interpostos pelo
Ministério Público, pela União, pelos Estados e Municípios e
respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal (art. 1.007,
§ 1º, CPC), como, por exemplo, os beneficiários da justiça gratuita
(art. 98, § 1º, CPC).
Forma e motivação
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE