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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II – DOS RECURSOS

Prof ª: Agatha Gonçalves Santana


Aluna:
Turma:
Data:

3ª PARTE DA MATÉRIA

V – Possibilidade de desistência dos Recursos: Tendo por base do recurso como prolongamento
da demanda, nessa qualidade, poderá ser revogada, ou mais tecnicamente falando, poderá requerer
desistência total ou parcial, até a prolatação do voto.
Quanto à forma, poderá ocorrer de forma escrita ou oral, independendo da anuencia da parte
adversária.

OBS1: Não confundir com a renúncia ao Direito de Recorrer, que ocorre antes do recurso ser
interposto, e em geral ocorre para antecipar o transito em julgado de uma decisão judicial. A renúncia
do Direito de recorrer pode inclusive ocorrer antes da sentença.

OBS2: Na hipótese de litisconsórcio unitário, a desistência do recurso somente é eficaz se todos


desistirem.

OBS3: Preclusão lógica.

OBS4: Para o advogado poder desistir pela parte, deverá ter procuração com poderes especiais para
dispor de tal direito.

 Não confunda desistência do recurso com desistência do processo


Desistência do processo Desistência do recurso
Extingue sem julgamento do mérito Pode resultar em julgamento com ou sem
julgamento do mérito, pendendo do conteúdo da
decisão recorrida, como o agravo de instrumento,
cabível contra decisão interlocutória
Necessita de homologação do juiz Não ocorre homologação, ocorre acolhimento do
pedido de renuncia ou não
Depende de consentimento do réu Independe do consentimento do réu

OBS5: Os Direitos de disposição deverão constar de poderes especial do advogado em ambas as


ocasiões.
OBS6: Desistência do recurso não se confunde com a aceitação

Desistência do Recurso Aceitação ou aquiescência (da decisão de primeiro


grau).
Manisfesta-se a vontade de desistir do É a manifestação de vontade de conformar-se com a
inconformismo. decisão proferida.
Somente de maneira expressa Expressa ou tácita (como o pedido de prazo para
cumprir ao que se foi condenado).
OBS: Não confundir com o cumprimento forçado.
Somente pode ocorrer depois de interposto Pode ocorrer antes ou depois de interposto o recurso
o recurso
OBS: Tanto a desistência quanto a aceitação acarretam em preclusão lógica.
OBS: Terceiro pode aceitar ou aquiescer da decisão pelo condenado. Nesse caso cogita-se hipótese
de subrrogação.

VI – Juízo de Admissibilidade* e juízo de Mérito dos Recursos

*O juízo de admissibilidade, para alguns autores mais tradicionais da teoria geral do processo,
também é denominado como “juízo de prelibação”, tal como no Processo Penal. Ressalta-se para
evitar a nomenclatura, pois a mesma é motivo de divergência entre doutrinadores. Mas vale a pena
saber desse detalhe.

a) O juízo de admissibilidade recai sobre o plano de validade dos atos jurídicos, nas palavras de
Fredie Didier. Em outras palavras, seria o juízo pelo qual o orgão julgador do recurso declara que o
processo está apto a ter seu mérito analisado. Nesse momento, “conhece-se” do recurso, ou “admite-
se” o mesmo. Verifica-se, assim, se o procedimento está todo correto, os requisitos processuais e
condições da ação estão presentes para então se passar à análise do mérito, muito embora, conforme
ressaltado por Araken de Assis, a natureza jurídica no âmbito recursal seja sui generis, diferenciada,
pela sua propria finalidade.

b) O juízo de mérito, então, seriam, redundantemente falando, o julgamento do pedido constante


do recurso.

A) Requisitos de admissibilidade dos recursos: Utiliza-se aqui a linha do mestre Jose Carlos
Barbosa Moreira, seguida por Didier e Araken de Assis. Pode ocorrer pequenas variações na doutrina,
mas o mais importante é vocês compreenderem quais são e como atual os requisitos de
admissibilidade dos recurso, certo?

De uma maneira geral, portanto, os requisitos de admissibilidade são:

***Intrínsecos: - Cabimento
(existência) - Legitimação
- Interesse
- Inexistência de fato extintivo, modificativo ou impeditivo do recurso

*** Extrínsecos: - Preparo


(modo) -Tempestividade
- Regularidade formal

OBS: Autores como Marcus Vinicius Rios Gonçalves posicionam a inexistência de fato impeditivo,
modificativo ou impeditivo do direito de recorrer como requisitos extrínsecos. Reitera-se que é
importante sim, vocês compreenderem o que são e quais implicações de cada um deles.
*** INTRÍNSECOS:

a) Cabimento – possibilidade do recurso ser interposto. Guarda analogia com os princípios da


singuralirade e taxatividade. So serão admitidos recursos previstos em lei (rol numerus clausus).

b) Legitimidade – Nem todo mundo tem legitimidade para interpor recursos. Autor e réu (partes por
excelência) tem legitimidade para recorrer. Além das partes, terceiros também podem ingressar no
processo (intervenção de terceiros), sempre que forem admitidos no processo e se tornar
interveniente, terá legitimidade recursal; também pode o MP nas causas em que deverá intervir; e
ainda, o CPC admite que terceiro prejudicado (que tenha interesse jurídico em que a sentença
favorável a uma das partes.

OBS1: Funcionário da justiça nem juiz tem legitimidade de recorrer – o atecnicamente chamado
“recurso de oficio”, nada mais é do que o reexame ou remessa necessário, o qual, como já se viu, é
um sucedâneo recursal.

OBS2: Perito pode recorrer? Teria ele legitimidade? Há controvérsia em relação a fixação de seus
honorários, mas predomina o entendimento na jurisprudência de que não cabe.

OBS3: O advogado poderia em algum momento recorrer? Teria ele legitimidade em algum momento
para recorrer em nome próprio? Lei 8.906/94 – Estatuto da OAB, art. 23 – o honorário é do advogado,
podendo o advogado executá-lo em nome próprio. O STF já pacificou que o advogado tem
legitimidade para recorrer em nome próprio para reclamar sobre direito pertencente a ele, e não à
parte (recurso exclusivamente sobre isso), podendo recorrer inclusive em nome da parte. O STJ
também o admite, denominando assim hipótese de letigimidade extraordinária.

c) Interesse recursal – Quem tem o interesse de recorrer no processo  Sucumbência  Não


obter o melhor resultado possível hipoteticamente dentro do que foi pedido.

Exemplo1: Caio ajuíza ação contra Tício cobrando R$ 1000.


B se defende alegando pagamento e transação civil.
- Duas fundamentações portanto, que poderão cada uma, por si só, levar à improcedência da ação.
- A sentença é improcedência acolhendo
* Caio tem interesse de recorrer.
* Tício teria interesse de recorrer para mudar o fundamento?
R: Não, porque ambas levaram ao mesmo lugar: ao melhor resultado possível para Tício.

 Isso sempre ocorre??? R: Não. Há exceção!


Exemplo: MP ajuíza ACP contra Mévio.

- Mévio se defende alegando 2 teses: negativa de autoria e insuficiência de provas.


- Qualquer uma dessas alegações levará a improcedência da ACP.
O juiz acolheu a insuficiência de provas.
O réu em ACP tem direito de apelar para mudar a fundamentação de insuficiência de prova
para a negativa de autoria, pois tal fundamentação não faz coisa julgada material (coisa julgada
secundum eventum litis*), podendo o MP, mais tarde, já com as devidas provas, repropor a ação.
*Aptidão de ACP´s e ações populares e coletivas (algumas) de não fazer coisa julgada material em
caso de fundamentação por insuficiência de prova. Não é o melhor resultado possível para o réu.

*** REQUISITOS EXTRÍNSECOS:

a) Tempestividade – Todos os recursos tem prazo para serem interpostos sob pena de preclusão
(temporal) por serem extemporâneos, atemporais, e, portanto, inadmissíveis. Atenção!!!! Lembrem-se
dos atos processuais – dos prazos processuais que vocês aprenderam em Processo de
Conhecimento.

*** Regra geral: Todos os prazos são de 15 dias, salvo Agravo – 10 dias.
- Embargos de declaração – 5 dias

OBS: Isso é somente uma regrinha geral ok? Vamos ver depois as peculiaridades de outros recursos.
OBS2: 188 e 191. – Privilégio de prazo.
OBS3: Embargos de Declaração – interrompem o prazo para outros recursos. Ainda que protelatórios
e aplicado multa, não se retira o efeito interruptivo. Só é interruptivo de intempestivo. – No juizado é
apenas suspenso por força da lei 9.099/95.

b) Preparo – É a antecipação das despesas com o processamento do recurso. O CPC só exime


de preparo dois recursos: o Agravo na forma retira (porque só será apreciado pelo Tribunal em caso
de improcedência ) e os Embargos de Declaração (porque é julgado no próprio órgão a quo).

OBS: Nada impede que leis estaduais isentem em sua organização judiciária, outros recursos.

OBS1: O Regimento Interno do STJ, no seu art. 112, vai eximir de preparo também o Recurso
Especial. MAS deve-se pagar o porte de remessa e retorno para o envio para Brasília.

OBS2: Entes isentos do recolhimento de preparo: MP, Fazenda Pública, Beneficiários da Justiça
gratuita (que não recolhem preparo nem porte).

OBS3: O recurso adesivo, que se verá mais adiante, não é recurso, mas técnica de interposição de
um recurso. Não exime de preparo.

O recolhimento do preparo - art. 511  O recolhimento do preparo deve ser feito no ato de
interposição do recurso. Não haverá prazo superveniente – A parte deve anexar a guia de pagamento
(recebida no momento da interposição e pagamento no banco) e anexar.

OBS4: O STJ já se pronunciou que o preparo deve ser apresentado no ato de interposição, pela
interpretação literal do art. 511. Assim, não adianta interpor recurso e pagar a guia logo no dia
seguinte. Não será admitido. Não é o caso de esquecer de anexar a guia do recolhimento de custas já
pago.
OBS5: O horário do Banco para pagamento da guia de recolhimento das custas é diferente do horário
do cartório. Deve pagar antes de ir ao cartório, não cabe alegação do fechamento das instituições
bancárias. É diferente da ocasião em que os bancos são fechados por caso fortuito ou força maior,
como uma greve bancária, caso em que o advogado deveria se justificar.
OBS6: art. 511, §2º - Preparo a menor. Complementação. Controvérsia; pois poderia gerar má-fe.
OBS7: Assistência gratuita. Autor pagou todas as custas, mas no recurso ele não tinha condições.
Requer assistência desde logo ab initio. Mas corre o risco do juiz inadmitir e declarar o recurso
deserto.
c) Regularidade Formal – Requisitos formais.. Em regra, os recursos no Brasil são interpostos de
forma escrita. Mas há uma única exceção: O agravo retido será interposto no momento da audiência:
sua forma de interposição, portanto, é oral.
Os recursos somente são admissíveis quando acompanhados das respectivas razões. No processo
civil deve vir acompanhado das razões sob pena de preclusão consumativa.

OBS: Não cabe aditamento do recurso, salvo, na hipótese de, sem saber, seu adversário propõe
Embargos de Declaração e modifica a sentença ao mesmo tempo em que se apela.

d) Inexistência de fatos impeditivos e extintivos do direito de recorrer – São atos unilaterais,


não dependendo de anuência:
Fatos extintivos – Renúncia e aquiescência
Fatos impeditivos – Desistência do recurso.

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