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DIREITO PROCESSUAL

CIVIL III
TEORIA GERAL DOS RECURSOS
• Conceito;
• Classificação;
• Princípios recursais;

7º período /2023
Prof. Luiz Marcelo de F. Almeida
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III
Estudo Dirigido
7º período / 2023
Prof. Luiz Marcelo de F. Almeida

➢ Teoria geral dos recursos


• Conceito;
• Classificação;
• Princípios recursais;

TEORIA GERAL

CONCEITO

Conjunto de atos processuais por meio do qual o interessado sucumbente busca a rea-
nalise de uma decisão judicial. Se trata de uma extensão do direito de defesa previsto na
CRBF/88.
Logo precisa ser iniciativa da parte tendo em vista o princípio da inércia jurisdicional.1
A reanálise é requerida para o órgão hierarquicamente superior ao prolator da decisão
pois é necessário que o revisor tenha competência para em caso de modificação.

CLASSIFICAÇÃO

• Quanto a extensão:
Quando tem possibilidade de revisão da sentença.

➢ Total – caracteriza-se pelo pedido de reforma total da decisão impugnada.


➢ Parcial – caracteriza-se pelo pedido de reforma parcial da decisão impugnada.

• Quanto a autonomia :

➢ Principal - é aquele interposto no prazo próprio.


➢ Adesivo - é aquele interposto em razão de outro recurso já interposto (subordi-
nado ao principal).
Ex: Numa sentença de sucumbência recíproca (sentença de condenação parcial) uma par-
te fica satisfeita com a sentença, outra não. O prazo é o mesmo para ambos recorrerem. A par-

1
Aquele que se caracteriza pela proibição do Estado-Juiz de iniciar uma lide ou demanda em nome do sujeito de Direito,
direito subjetivo a que todos é dirigido e é expresso por norma cogente. É o princípio dispositivo que informa que nenhum
juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer. Impede que o magistrado instaure ex
officio o processo.
te satisfeita não recorre. A insatisfeita recorre. Com o recurso próprio da parte insatisfeita, há
uma segunda chance da parte até então satisfeita, poder realizar um recurso adesivo.

• Quanto a natureza :

➢ Comum : Aqueles que denotam da mera insatisfação da parte, decorrente do exercício


de direito de defesa.
Ex: apelação
➢ Especial :Que tem uma finalidade prevista em lei, além da mera insatisfação.
Ex: recurso extraordinário .

• Quanto a fundamentação:

➢ Livre: aquele que recorre, sustenta de acordo com suas motivações de forma livre. Mo-
tivo de livre vontade, aquilo que você não concorda.
Exemplo : apelação

➢ Vinculado: aqueles que só são admitidos se o motivo ou fundamento for específico, no-
tadamente aquele que a lei prevê.
Exemplo: embargos de declaração

PRINCÍPIOS RECURSAIS

Os recursos são regidos por princípios próprios, examinados nos itens seguintes. Dentre eles,
destacam-se o do duplo grau de jurisdição, tratado entre os princípios fundamentais do pro-
cesso civil, que diz respeito diretamente ao direito de recorrer. Conquanto a Constituição Fede-
ral não imponha como regra explícita e permanente a do duplo grau, o nosso sistema, ao pre-
ver a existência de órgãos cuja função é, entre outras, a de reexaminar as decisões judiciais,
em recurso, admitiu-o.

Duplo grau de jurisdição: é o de que este constitui um direito de recurso para revisão da de-
cisão por tribunal superior, o qual pressupõe ser tomada por juízes mais experientes e em re-
gra de forma colegiada.
Além disso, tem índole política na medida em que convém ao Estado o conhecimento e even-
tual revisão de certas decisões, assim como ideológica, ao permitir uma melhor reflexão sobre
a decisão - diminuindo a possibilidade de erro - indo de encontro à Justiça e por fim, psicológi-
ca, tanto para o juiz, que sabendo que sua decisão estará sujeita à revisão tomará cuidado pa-
ra não incidir em erro, quanto para o vencido, que não se conforma com a primeira decisão ne-
cessitando de um segundo julgamento.

Taxatividade: O princípio da taxatividade se caracteriza pela exigência de que a relação dos


recursos seja taxativamente prevista em lei, isto é, só poderá ser afirmado se algo é um recur-
so se o mesmo estiver previsto em lei. No artigo 994 do Novo Código de Processo Civil está
disposto quais recursos são cabíveis.
Dispositivo: Este princípio, também conhecido como princípio da Congruência, defende que
deve haver uma congruência entre o pedido e o julgado, ou seja, a decisão do juiz está limitada
naquilo em que foi requisitado pelas partes.

Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte.

Singularidade/unicidade: Também conhecido como Princípio da Recorribilidade, é um princí-


pio implícito, pois não possui nenhum artigo para ser previsto, e determina que para cada de-
cisão judicial só será admitido a interposição de apenas um recurso e uma finalidade. Já
de antemão, existe a possibilidade de interposição de dois recursos (extraordinário e especial)
almejando a mesma decisão, essa exceção está prevista no Art. 1.029 do NCPC, porém cada
recurso tem sua finalidade que não se confundem.

Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição
Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em
petições distintas que conterão:
I – a exposição do fato e do direito;
II – a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III – as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida;

Não reforma em prejuízo (nom reformatio in pejus) : Visa impedir que o recorrente tenha sua
condição agravada por seu próprio recurso.
Ex.: O réu interpõe um recurso e o juiz, após uma nova análise percebe que deveria aplicar
uma sentença mais gravosa, entretanto não será permitido em vista da proibição do nom Re-
formatio in Pejus.
Exceção: efeito translativo.
Se no recurso o juízo recursal verificar a nulidade absoluta, o juízo revisor pode anular o pro-
cesso. Todo juiz de ofício é obrigado a declara-lo e manifestar essa nulidade. Se anular o pro-
cesso, anula a própria sentença. Ex: Citação invalidada subsistente.

Fungibilidade: aproveitar o recurso interposto sempre que possível ao caso concreto, desde
que atendida sua finalidade e preenchida seus pressupostos. Art 932 §único , 1024 §3 e 1032.
O princípio da fungibilidade, trata-se de um equilíbrio em relação ao princípio da Correspon-
dência, uma vez que na fungibilidade poderá no caso concreto ser interposto um recurso dife-
rente daquele em previsão legal. No entanto, só será aceito desde que haja dúvida objetiva, na
doutrina ou jurisprudência, quanto ao tipo correto do uso do recurso a ser utilizado.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Curso de direito processual civil, volume 3 : execução,
processos nos tribunais e meios de impugnação das decisões – 12. ed. – São Paulo: Saraiva,
2019.

THEODORO JÚNIOR, Humberto, Curso de direito processual civil III – 50. ed. rev., atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2017.

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