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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

PRINCÍPIOS RECURSAIS

Princípio do Duplo Grau de Jurisdição:

O que é duplo grau de jurisdição? (conceito)

Significa o direito que todo cidadão (parte em um processo) tem de ter o seu pedido revisto
em instância superior. Nos casos em que a parte não concordar com a decisão ou sentença do
juiz de 1º grau, o duplo grau de jurisdição assegura à parte o direito de revisão da decisão ou
sentença proferida em seu desfavor.

Em razão da falibilidade humana, o juiz de 1º grau pode sim cometer falhas, não observar
determinado princípio durante a fundamentação de sua decisão ou sentença, pode ter deixado
de apreciar parte de pedido, enfim, pode ter cometido algum erro, assim o duplo grau de
jurisdição vem como uma medida cautelar, permitindo a revisão da decisão ou sentença em
instância superior. Outra interpretação para a aplicabilidade do princípio citado, é o da
insatisfação da parte, isso significa que por mais que a decisão ou sentença do juiz foi
fundamentada corretamente, a parte pode ainda sim não concordar, não se dar por satisfeita,
nesses casos a ela poderá se valer do princípio do duplo grau de jurisdição e interpor recurso à
instância superior.

O duplo grau de jurisdição tem previsão constitucional expressa?

Ainda que seja um princípio fundamental no âmbito processual, o Duplo Grau de Jurisdição
não possui previsão constitucional expressa. O amparo legal do princípio se da pela previsão
constitucional implícita e não expressa. A Constituição Federal ao estabelecer juízos e tribunais
que tem a função de julgar recursos contra as decisões de primeiro grau, cria implicitamente o
duplo grau de jurisdição.

Há algum caso em que não é possível a aplicação do Duplo Grau de Jurisdição?

Sim, existe algumas hipóteses em que o duplo grau de jurisdição não poderá ser aplicado.
Vejamos:

1) Não será possível à aplicabilidade do duplo grau de jurisdição nas causas de


competência originária do Supremo Tribunal Federal.
2) Não será possível à aplicabilidade do duplo grau de jurisdição nos casos de embargos
infringentes, previstos na lei de execução fiscal (lei 6.830/80, Art.34, § 2º). Esta lei
dispõe que das sentenças de primeira instância proferidas em execução de valor igual
ou inferior a 50 (cinquenta) só se admitirão embargos infringentes e de declaração, e o
§2º assevera que a interposição dos embargos deverá ser feita no prazo de 10 dias,
perante o mesmo juízo em que se iniciou o processo. Assim, fica claro que não haverá
margem para a aplicabilidade do duplo grau de jurisdição.
3) Nos casos do Art. 1013, § 3º do CPC. Quando a petição inicial apresentada ao juiz de
primeiro grau for declarada inepta, o autor poderá instaurar a inicial junto ao Tribunal de
Justiça e este por sua vez deverá decidir desde logo o mérito, ou seja, por mais que a
resolução do mérito foi realizada no Tribunal de Justiça, não se trata de duplo grau de
jurisdição. O duplo grau de jurisdição seria percebido se porventura o autor decidisse
recorrer da decisão proferida pelo Tribunal de Justiça, decidindo então interpor recurso
ao STJ ou STF.

Colegiado:

Em regra geral, as decisões interlocutórias e sentenças proferidas pelos tribunais são julgadas
de forma colegiada (Art. 1021 do CPC). A exceção a regra está nas decisões monocráticas
(decisão interlocutória manifestada por apenas 1 (um) magistrado, o relator no processo), e
nestes casos o autor poderá interpor agravo interno com a intenção de solicitar a revisão
colegiada da decisão monocrática.

Reserva de Plenário:

Segundo o Art. 97 da Constituição Federal, “somente pelo voto da maioria ABSOLUTA de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”.

Taxatividade:

O princípio da taxatividade pode ser entendido como sendo a explícita proibição à criação de
novos recursos pelas partes, considerando-se que tão-somente os recursos previstos no
ordenamento jurídico, e criados em consonância com o procedimento legislativo estabelecido,
podem ser utilizados com o fim de se reformar as decisões judiciais.

Unirecorribilidade:

Segundo o princípio da singularidade, também chamado de unicidade do recurso ou


Unirecorribilidade, para cada decisão a ser atacada, há um único recurso próprio e adequado
previsto no ordenamento jurídico. Assim, em regra, não é possível a utilização de mais de um
recurso para impugnar a mesma decisão, sob pena do segundo recurso não ser apreciado.

O princípio da Unirecorribilidade possui exceção apenas nas hipóteses de interposição de


recurso especial e extraordinário, que devem ser apresentados SIMULTANEAMENTE, e de
oposição de embargos de declaração, que não impedem, após seu julgamento, a interposição
de novos embargos.

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