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Prática Penal – 19/10

Ânderson Neves
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1. Sobre os recursos no processo penal, é correto afirmar que:


a) por falta de capacidade postulatória, é vedada a interposição de recurso pelo réu.
b) em caso de indeferimento de representação por prisão preventiva feita por
autoridade policial, o Delegado de Polícia poderá interpor recurso em sentido estrito.
c) é cabível protesto por novo júri em caso de condenação superior a 20 anos.
d) Os embargos infringentes e de nulidade são exclusivos da defesa.
e) o regime de celeridade e informalidade do Juizado Especial Criminal é compatível com
a impossibilidade de embargos de declaração nos casos submetidos a sua jurisdição.

Justificativa: Art. 609, CPP. Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelos
Tribunais de Justiça, câmaras ou turmas criminais, de acordo com a competência
estabelecida nas leis de organização judiciária. Parágrafo único: Quando não for
unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu.

2. Sobre os recursos, julgue e justifique o item a seguir:


"O Promotor de Justiça pode desistir total ou parcialmente do recurso que haja
interposto"
Resposta:
O Promotor de Justiça não é obrigado a recorrer, porém, se recorrer, não poderá desistir
do recurso.

3. Cabe recurso de ofício de sentença:


a) que conceder habeas corpus
b) que absolver o réu por inexistência do crime
c) de pronúncia
d) de absolvição sumária
e) que denegar habeas corpus
Justificativa: Art 574, do CPP.

4. Dentre os recursos a seguir, aquele que não é possível a desistência é:


a) apelação
b) em qualquer recurso interposto pelo Defensor Público
c) protesto por novo júri
d) em qualquer recurso interposto pelo Ministério Público
e) recurso em sentido estrito
Justificativa: Art 576, CPP.

5. Em relação aos recursos no Processo Penal, é correto afirmar que:


a) O recurso poderá ser interposto pelo MP ou pelo querelante, ou pelo réu, seu
procurador ou defensor.
b) Caberá recurso em sentido estrito da decisão que impronunciar o réu.
c) Caberá recurso em sentido estrito da decisão que deferir pedido de prisão preventiva.
d) Convencido pelas contrarrazões da defesa, o MP poderá desistir do recurso que haja
interposto.
e) Caberá recurso em sentido estrito da decisão que conceder, mas não da que negar
fiança.
Justificativa: art. 577, caput, do CPP

6. Acerca do duplo grau de jurisdição é correto afirmar que:


a) constitui afronta ao princípio do duplo grau de jurisdição a cogitação da existência de
um sistema com irrecorribilidade das decisões interlocutórias.
b) a possibilidade de interposição de recurso especial e extraordinário não é
manifestação do duplo grau de jurisdição.
c) o exame direto da matéria pelo tribunal em recurso de apelação constitui supressão
do primeiro grau de jurisdição, mas não caracteriza violação do princípio do duplo grau
de jurisdição.
d) a garantia do duplo grau de jurisdição vale tanto para o acusado como para o
acusador.
e) A CF88 assegurou expressamente referido princípio constitucional, dentre vários
outros, assim como a Convenção Americana de Direitos Humanos que assegura a todos
os acusados, entre as garantias processuais mínimas, o direito de recorrer da sentença
a juiz ou tribunal superior.
Justificativa: REsp e RE não contemplam o exame de toda a matéria, sequer analisam
matéria de fato e é vedado o reexame de provas.
7. Quanto à Teoria geral dos recursos em processo penal, assinale a alternativa
correta:
a) a reformatio in pejus indireta impede o agravamento da pena no segundo julgamento
quando anulado o primeiro em apelo da acusação.
b) Caso a parte interponha o recurso errado, por mero equívoco e de boa-fé dentro do
prazo para o recurso correto, o juiz o receberá e mandará processá-lo pelo rito do
recurso cabível.
c) No caso do concurso de agentes, o pronunciamento relativo a recurso interposto por
um dos réus, se fundado em motivos de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos
outros.
d) Havendo conflito de interesses entre o réu e sua defesa técnica acerca do
processamento do recurso de apelação, deve prevalecer a vontade do réu, como
principal interessado na ação penal, faca ao princípio da voluntariedade dos recursos.
Justificativa: Art. 579, CPP. Se não houver má-fé, a parte não será prejudicada pela
interposição de um recurso por outro. O juiz pode reconhecer a impropriedade do
recurso interposto pela parte e processa-lo de acordo com o rito do recurso cabível.

8.(VUNESP-Defensor Público-MS-2008) O que se entende por efeito extensivo


recursal? Há exceções para a aplicação desse efeito? Quais os demais efeitos
recursais? Explique-os.
Resposta:
O efeito extensivo recursal, também conhecido como efeito devolutivo ou efeito
translativo, é um princípio do processo penal brasileiro que estabelece que o recurso
interposto por uma das partes em um processo penal não abrange apenas os pontos
específicos questionados no recurso, mas também permite ao tribunal superior
reexaminar toda a matéria discutida na decisão recorrida.
Isso significa que, ao interpor um recurso, a parte busca não apenas a revisão da decisão
em relação aos pontos específicos impugnados, mas também a análise de todo o
contexto da causa, incluindo a eventual reforma da decisão em outros aspectos.
O efeito extensivo recursal busca assegurar a ampla revisão das questões trazidas em
um processo penal, permitindo que o tribunal superior analise a decisão como um todo,
verificando se houve correta aplicação das leis e se foram respeitados os direitos
fundamentais dos envolvidos.
Vale ressaltar que o efeito extensivo recursal tem limites. O tribunal superior não pode,
por exemplo, agravar a situação do réu ou impor pena mais severa do que a estabelecida
na decisão recorrida, uma vez que isso violaria o princípio da proibição da reformatio in
pejus (vedação da piora da situação do recorrente pelo tribunal superior).
Há algumas exceções para a aplicação do efeito extensivo recursal no processo penal
brasileiro. São situações em que o tribunal superior não poderá revisar toda a matéria
discutida na decisão recorrida, limitando-se apenas aos pontos específicos impugnados
no recurso. Alguns exemplos dessas exceções são:

a) Recurso exclusivo da acusação: Em casos em que somente o Ministério Público ou


outra parte acusadora interpõe recurso, o tribunal superior não poderá agravar a
situação do réu ou impor pena mais severa. O princípio da proibição da reformatio in
pejus impede que o tribunal piore a situação do recorrente que não recorreu.

b) Recurso exclusivo da defesa: Da mesma forma, se apenas a defesa interpõe recurso,


o tribunal superior não poderá agravar a situação do réu. A defesa pode buscar a
absolvição ou a redução da pena, mas não pode resultar em uma condenação mais
severa.

c) Recurso em sentido estrito: No recurso em sentido estrito, que é um tipo de recurso


específico previsto em algumas situações no Código de Processo Penal, o tribunal
superior fica limitado a analisar apenas as questões jurídicas e eventuais nulidades
apontadas no recurso, não podendo reexaminar toda a matéria fática discutida na
decisão recorrida.

Além do efeito extensivo recursal, existem outros efeitos recursais que podem ser
aplicados nos recursos no processo penal brasileiro. São eles:

a) Efeito suspensivo: O efeito suspensivo é aquele que suspende a eficácia da decisão


recorrida, ou seja, impede que a decisão produza seus efeitos imediatamente. Isso
significa que, enquanto o recurso estiver pendente de análise, a decisão recorrida não
será executada. O efeito suspensivo pode ser concedido automaticamente pela lei para
determinados tipos de recursos, ou pode ser requerido pela parte e concedido pelo
tribunal.

b) Efeito devolutivo restrito: Em alguns casos, o efeito devolutivo do recurso pode ser
restrito a determinadas questões ou aspectos da decisão recorrida. Isso significa que o
tribunal superior analisará apenas os pontos específicos impugnados no recurso, sem
reexaminar toda a matéria discutida na decisão recorrida. Essa restrição pode ser
determinada pela lei ou pelo próprio tribunal.

c) Efeito substitutivo: O efeito substitutivo ocorre quando o tribunal superior, ao analisar


o recurso, substitui a decisão recorrida por uma nova decisão. Nesse caso, o tribunal
superior pode reformar integralmente a decisão recorrida, proferindo um novo
julgamento com efeitos definitivos. O efeito substitutivo é mais comum em recursos
especial e extraordinário, que são julgados pelos tribunais superiores (Superior Tribunal
de Justiça e Supremo Tribunal Federal, respectivamente).
9. (MPF/23) Leia com atenção o enunciado adiante:
"Acusado de cometer o delito de moeda falsa, L constitui B, advogado da sua confiança,
para patrocinar sua defesa. No final, foi condenado no mínimo da pena prevista para o
delito. Tempestivamente, B apelou da decisão, mas L encaminhou ao juiz um
requerimento renunciando ao direito de recorrer."
Responda explicando em 20 linhas, no máximo, a seguinte questão: Apesar da renúncia
de L, deverá ter seguimento e ser reconhecido o recurso interposto por B?
Resposta:
No caso descrito, mesmo que L tenha renunciado ao direito de recorrer, o recurso
interposto por B deverá ter seguimento e ser reconhecido pelo juiz. Isso ocorre porque
o direito de recorrer é inerente ao advogado e não depende da vontade do cliente.
O artigo 576 do Código de Processo Penal estabelece que "o defensor do réu não poderá
renunciar ao direito de recorrer da sentença, sem a expressa aquiescência deste". Em
outras palavras, a renúncia ao direito de recorrer só pode ocorrer se houver
concordância expressa do acusado, o que não parece ser o caso mencionado.
Portanto, mesmo que L tenha renunciado ao direito de recorrer, B pode e deve
prosseguir com a apelação, buscando a revisão da decisão condenatória. A vontade do
acusado em renunciar ao recurso não impede o advogado de exercer o seu papel na
defesa dos interesses do cliente.
O artigo 263 do Código de Processo Penal estabelece que "o mandato do advogado não
se extingue pela morte ou interdição do mandante, se outorgado com poderes para o
foro em geral, ou em termos amplos". Essa disposição legal indica que o mandato
conferido pelo acusado ao advogado é válido mesmo que o acusado renuncie ao direito
de recorrer.
Assim, mesmo que L tenha renunciado ao direito de recorrer, o advogado B continua
investido de poderes para atuar na defesa do seu cliente, incluindo a interposição e o
prosseguimento do recurso. A renúncia de L não tem o poder de extinguir o mandato
do advogado nesse contexto.
Portanto, tanto o artigo 576 quanto o artigo 263 do Código de Processo Penal sustentam
o prosseguimento do recurso interposto por B, mesmo diante da renúncia de L.
Questão 10:
a) O recurso cabível da decisão de rejeição da queixa-crime é o recurso de apelação, com
prazo de 10 dias, conforme previsão do Art. 82 da Lei nº 9.099/95. O advogado de
Renata apresentou queixa-crime em face de Larissa pela prática do crime de dano
simples, delito esse de menor potencial ofensivo, logo aplicáveis as previsões da Lei nº
9.099/95. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa, como regra, caberá recurso em
sentido estrito, no prazo de 05 dias, conforme o Art. 581, inciso I, do CPP. Todavia, o
procedimento sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais prevê peculiaridades que o
afasta do procedimento comum ordinário do CPP. De acordo com o Art. 82 da Lei nº
9.099/95, da sentença e da decisão de rejeição de denúncia ou queixa caberá recurso
de apelação, sempre com o prazo de 10 dias.

b) O argumento para combater a decisão do magistrado é o de que a contagem do prazo


decadencial somente se inicia na data do conhecimento da autoria do crime e não
necessariamente na data dos fatos. Em sendo crime de ação penal privada, o dano está
sujeito ao prazo decadencial de 06 meses previsto no Art. 38 do CPP. Ocorre que este
dispositivo estabelece que tal prazo somente se iniciará no dia em que o ofendido vier
a saber quem é o autor do crime e não da data dos fatos. Na situação apresentada,
Renata somente tomou conhecimento da autoria em 23 de outubro de 2017, de modo
que nesse dia o prazo se iniciou, e não em 20 de julho de 2017. Dessa forma, não há que
se falar em decadência.

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