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Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas


Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas
Literatura Portuguesa 1 FLC 0280 – 2023 – Prof.ª Marcia
Marina Barros Faraco N°USP: 12672778

1- Liste-as examinando o índice das duas edições antigas (1624 e 1791) e o Catálogo
de John Adamson.
2- Analise o índice da obra nas diversas edições conforme os diversos slides do
powerpoint sobre a segunda vida seiscentista do poeta.
A segunda Vida de Camões foi publicada em duas versões bibliográficas do livro
Discursos Vários Políticos, de Manoel Severim de Faria. A primeira publicação é de
1624 e a segunda de 1781. Para este trabalho tentaremos abordar alguns tópicos que
concernem os textos em análise em sua individualidade de escrita e de publicação, e
refletir sobre os temas dados nos textos.
A partir das folhas de rostos postas acima conseguimos observar logo algumas
alterações entre as edições, como: a ordem no título que inverte ‘discurso’ e ‘vários’: na
primeira edição é Discurso Vários Políticos, enquanto na edição posterior o título é
Vários Discursos Políticos; a disposição das informações na capa; a mudança do brasão,
ambos são da família Faria, mas enquanto uma está por inteira a outra só está com a
‘coroa’; muda-se a quantidade de informação, na primeira edição coloca-se poucas
informações, comparando-a com a segunda, mais detalhista, por esse aspecto,
adicionando a função de Manoel Faria e o nome do licenciador.

Discursos Varios Politicos por Manoel Severim De Faria Chantre, e Conego na Santa Sê de Euora. Com
as licenças nece Farias. EM EVORA (Há o brasão da família Farias) Impressos por Manoel Carvalho
Impressor da Universsidade. Anno 1624.

Varios Discursos Politicos. Por Manoel Severim de Faria chantre, e conego de Santa Se’ de Evora.
Finalmente reimpressos por Joaquim Francisco Monteiro de Campos Coelho, e Soiza. (parte do brasão
da família Faria)Lisboa na offic de Antonio Gomes. Anno M. DCC. LXXXXI. Com lic. Da R. Meza da
Com. Ger. Sobre o Exame, e Censura dos Livros.

A partir das folhas de rosto, ainda, é possível ver uma censura eclesiástica e do paço
para a publicação do impresso de 1624, pela falta da licença da Igreja que está presente,
por exemplo, na publicação de Os Lusíadas de 1613. Há escrito na folha de rosto da
edição de 1624 somente ‘com as licenças necessárias’, uma vez que a Igreja não
apoiaria os discursos de Manuel Severim de Daria, que eram variados e defendiam
diversas temáticas políticas.

A primeira edição do livro é organizada da seguinte forma: folha de rosto; licenças;


‘Discursos deste livro’ (uma espécie de índice); ‘Ao leitor’; e então começa os discursos
com a repetição do título (‘Discursos Vários Políticos’) e em seguida o numero do
discurso escrito por extenso (‘primeiro’, ‘segundo’, etc): ‘Do muito que importará para
a conservação, e argumento da monarquia da Hespanha, assistir sua majestade com sua
corte em Lisboa’; em seguida há um retrato do perfil de João de Barros com uma linha
de descrição em latim abaixo (‘joan nes de barros rerum indicarum clariss. Scriptor’) e o
retrato do perfil de João de Barros com uma linha de descrição em latim abaixo ‘joan
nes de barros rerum indicarum clariss. Scriptor; ‘Vida de João de Barros’; e depois ‘in
image nemioannis Barros elogium’ (título e texto escritos em latim); ‘Discurso II Das
partes que há de haver na lingoagem para ser perfeita, e como a Portuguesa as tem
todas, e algumas com eminencia de línguas’; ‘elogium’ (em latim); ‘Vida de Luis de
Camões’; Elogium (em latim); ‘Discurso com que condições seias louva o exercício da
casa. A Franscisco de Faria Aicaide mór de Palmela; ‘Vida de Diogo do Couto cronista
do Estado da India, e Guarda Mor da Torre do Tombo dela’; ‘Discurso quarto sobre a
origem, e grande antiguidade das vestes, que via por habito eclesiástico o clero de
Portugal’; errata.

Enquanto a edição segunda é organizada dessa maneira: folha de rosto; ao leitor; e já


começa o primeiro discurso: ‘Discurso I Do muito que Importara para a conservaçao, &
augmento da Monarquia de Hespania , assistir sua Magestade com sua Corte em
Lisboa’, ‘Discurso II Das Partes que há de haver na linguagem para ser perfeita, como a
Portuguesa as tem todas, e algumas com eminencia de outras linguas’; ‘ Discurso III
com que condições seja louvável o exercicio da caça. A Francisco de Faria Alcaide mor
de Palmela’; Discurso IV. Sobre a Origem, e Grande Antiguidade das vestes, que usa
por habito eclesiástico o Clero de Portugal.’; ‘Vida de João de Barros’, ‘In Imageinem
Joannis Barros. Elogium’ (em latim); ‘Vida de Diogo do Couto, chronista do Estado Da
India, e Guarda mór da Torre do Tombo dela.’; ‘Vida de Luiz de Camões.’

O índice (‘Discursos Deste livro.’) da primeira edição, então, está da seguinte maneira:
‘I Do muito que importa para acõservação, aumento da Monarquia de Hispania ebistir
sua Magestade com sua Corte em Lisboa. Fol 1. II Vida de João de Barros, em que se
discorre sobre os preseitos da História, perfeição com que escreveo as suas Decadas da
Asis. Fol. 22: III Das partes q hade aver na lingoage para ser perfeita, como a
Portuguesa as te todas, aguas com eminencia de outras lingoas. Fol. 62. IIII Vida de
Luis de Camões, com hum particular juízo sobre as partes, que have te o Poema heroico,
como os poetas as guardou todas nos deu Lusíadas, fol.88. V. Com que condições seja
louvável o exercício da caça fol.136. VI Vida de Diogo do Couto Cronista da India com
a relação de todas as suas obras fol.148; VII da origem, grande antiguidade das vestes
que usa por habito Ecclesistico o clero de Portugal. Fol.158’

O índice da segunda edição está: ‘Indice Dos Discursos, e Vidas deste Livro. Discurso I.
Do muito que importa para a conservação, e argumento da Monarchia de Hespanha
assistir Sua Magestade com sua Corte em Lisboa pag 1. Discurso II Das partes que há
de aver na lingoagem para ser perfeita, e como a Portugueza tem todas, e algumas com
eminencia de outras lingoas pag. 42. Discurso III Com que condiçoens seja louvavel o
exercício da Caça pag 94. Discurso IV. Da origem, e grande antiguidade das Vestes que
usa por habito Eucclesiastico o Clero de Portugal peg 117. Vida de joão de Barros, em
que se discorre sobre os preceitos da Historia, e perfeição com que escreveo as suas
Decadas da Asia. Pag 171. Vida de diogo do Couto, Chronista da India, com relação de
todas as suas Obras. Vida de Luiz de Camões, com hum particular juízo sobre as partes,
que há de ter o poema heroico, e como o Poeta as guardou todas nos seu Lusiadas. Pag
269.’

Os índices se diferenciam na ordem, uma vez que a disposição de cada edição esta
organizada de uma maneira, no entanto, não alteração de conteúdo entre as partes.

Ressalta o autor na série de discursos sobre temas concernentes ora ao clero ora à
monarquia dual ora a costumes da nobreza, com destaque para a defesa da língua
portuguesa, ao lado de as três vidas de escritores portugueses quinhentistas, sendo eles:
João de Barros, Camões e Diogo do Couto.

Nos Vários discursos políticos há a defesa de algumas temáticas em cada discurso. O


primeiro discurso faz considerações sob a ideia de dois autores para tratar das relações
entre as grandes monarquias e o rei; o que mostra da importância de se ter senhorios que
possam tratar das coisas nas terras mais distantes do palácio do rei, mesmo estes não
tendo o poder e habilidade de lidar com as questões como o próprio rei. Assim, pontua
também a importância de o rei estar perto das terras que pertencem ao império, e/ou
perto do mar, por onde o rei possa transitar com mais facilidade. Lista e aborda, por fim,
algumas dificuldades dos reis quando estão no sertão, já que assim eles não têm poder
no mar. ‘. Pelo que com razão, do mar nós podemos temer, que da terra não há que ter
cuidado.’);

O discurso segundo, por sua vez, louva, em princípio, a superioridade do homem em ter
a capacidade de entender a linguagem, e, assim, obter o verdadeiro conhecimento.
Durante o discurso, conta a história da primeira língua, de Adão, e como se sucedeu, e,
posteriormente, busca outras razões para que seja possível julgar a melhoria de uma
língua para outra, como: ser boa de pronunciar, breve no dizer, que escreva o que fala, e
que seja apta para todos os estilos; a língua que tiver, dessa maneira, essas qualidades
em maior perfeição será a de maior excelência; leva em conta, no final, a origem das
línguas, sendo assim, a língua de maior perfeição é o latim; como o português é a língua
menos viciosa derivada do latim, e pelo português também obter todas as outras cinco
qualidades com perfeição, ela é grandiosa por excelência.

O terceiro discurso tratas da arte da caça e seus diversos aspectos, e o quarto trata das
vestes e seus diferentes âmbitos, como o carregamento de virtudes e princípios nas
vestes da Igreja.

O latim no século XVII ainda era a língua hegemônica entre os letrados, juristas,
eclesiásticos e a língua usada nos estudos universitários. Logo, era a língua da produção
cientifica, por ser enxuta e universalizada, e era a língua predominante pela nobreza e
pelo clero, e ainda trazia em si a grandeza que foi o Império Romanos, tudo isso
concorria para que fosse a mais perfeita das línguas. Então, as citações em latim não
traduzidas nos textos eram comuns na época, uma vez que quem tinha acesso aos
escritos eram aqueles que haviam letramento em latim. Para além destes motivos há
ainda a questão pessoal do autor com a defesa do português, que utiliza alguns motivos,
colocados no discurso II, para justificar sua grandeza como língua, e uma dessas razões
é a origem das línguas, o que faz que a maior seja o latim, e sendo o português a língua
mais próxima do latim é grande por excelência.

O texto Vida de Luis de Camões contém, dessa forma, 28 citações (salvo erros de
contagem) em latim (como listados a seguir), e em nenhuma dessas há tradução para o
português clássico.

1- ‘Vt equidem arbitror nullum est felicitatis specimen,quam semper om nes feire cupere qualis
fuerit aliquis.’ (citação)
2- ‘Porphyrio, domini si encestet in adibus axor, Despondet que animum, pra dolore perit ábdita in
arcanis uat um a est causat sis index’ (citação de um verso);
3- (aristoteles) ‘quem adnodum in alys imitatricibus, uma imitativo unius est, fic fabuluam, quia
Etionis imitativo est, uniusque esse, hujus Totius.’
‘Fabula quidem est uma, non quemadmodum nonnulli arbitrantur, si circa unum fueris; multa
enim, infinita genere contigunt, ex quibus nonnullis nibil est unum: fic autem, acliones unius
multae sunt, ex quibus uma multa fit actio: quare omnes videtur peccare quicumque poetarum
Heraclidem, Theseidem, huiu scemodi poemata facer, putant enim, quia unus erat Hercules,
unam fabulam esse oportere. Homerus autem quemadmodum cateris rebus anteceliit, hoc videtur
palchre vidisse, fue propter artem, siue propter naturam; Odyseam enim faciens non complexus
est carmine illo omnia quacuque illi contigere. Verum circa unam actionem, qualem dicimus
odyseam mansit, eodem pacto Illiadem’;
4- (horacio) Deni que, sit quoduis simplex duntaxat, unu’;
5- ‘Ego nec iludium sine diuite vena, nec rude quid prosit vídeo ingenium alterius Altera poscit
opem res, coniurae’;
6- ate principium ó Phabe, priscorum laades virorum Memorabo, qui Pouti per os, petras Cyaneas,
regis mandato Pelie, Aureum ad vellus probe instructam transtris inpulerunt Argo’;
7- ‘ Non octas fabulas fecuti notam fecimus vobis Domini lesu Christivircutem, presentiam’;
8- ‘O portet laborare in ignanis partibus, neq moratis, neq sententiar um acumine ornatis, occulit
enim valde splendida locutio mores est fententias’;
9- ‘Eligere impossibilita verisimilia potius, quan possibilia, nullo modoprobabilia.’
10- ‘apertissima quidem igitur est ea, que ex propiius nominibus, sed bamilis: exemplum autem
Cleophontis poetis, Steneli. Grandis autem, immutans vulgarem rationeur, que perigrinorum
apeciem habennbus vtitur. Peregrinorum um autem, fimilia dico, linguam, branslatimem,
prodistionem, omne quod prater propiam oc.’
11- ‘ Poetis inulsa dantur quibas ornare suum Carmen possunt, His enin Deorum cum homini bus
congressus, sum disceptationes, certamina quibus, cum volunt, fingere licet, cum bac narrare
voluerint, non eadem verborum lege, qua Oratores astringuntar. Itaque non solum verbis vistatis,
verum etiam nouis, translatis; parigiinis, omni deniq dicendi genere, suam poe sim ornare
pobunt, Oratoribus autem nibiltale concenunt .’
12- ‘ Et noua, fictaque bbuperbabebune verba fiae, si Graeco fonte cadant, parte detorta; quid autem
Caecilio, Plauto que dabit Romanus, ademptum Virgilio Varioque? Ego, cur, acquierere pauca si
pobum, inuideor, Quum língua Catonis, Enni Sermonem patriam ditauerit: noua rerum Nomina
protulerit? Lcuit semper que licebit Signatum peaesente nota, producere nomem
13- In utroque frequentiores sunt, liberiores poetae, nam transferant verba cum crebrius, tam etiam
audacius; priscis libentius uvuntar, liberius noais
14- Citação em latim: ‘Om hi tam longe maneat pars ultima vitae/ Spiritus, quantum sat erit tua
dicere facta,/ Nom me carminibus Vincent nec Tracius Orpheus,/ Nec linus, huic mater quauis,
at que hurcpater adfit/ Orphei Caliopea, Lino formasus Apallo./ Pan etiam Arcadia mecum
siudice certet/ Pan etiam Arcadia dicet se iudice victum.’
15- Citação em latim: eBe sanemagnanimus is videtur, quincum magnis sit dignus, magnis quoque
semet dignum existumat: nam quis pro dignitate id facit, stolidus e st; at virtute praeditus neque
stolidus, neque stultus est quispiam oc.
16- Adhuc neminem cognoui poetam qui fibi non Optimus videretur
17- Nemo umquam, neq poeta, neq orator fuit qui quemquam meliorem quam searbitrasretur
18- Me doctarum ederae praemia fontium diis misent superis
19- Non vsitata nec tenui ferar penna, biformis per liquidum athera vates.
20- Magni enim viri honoore se pisosdignos máxime existimant, ac pro dignitate illi quidem
21- Me doctarum eder a pramia fontium diis mesint suoperis
22- Non vsitata nec tenui ferar Penna, biformis per liquidum athera vates
23- Exegi monumentum are perennius, rega lique imber edax, non Aquilo impotens Posst eruere, aut
innumerabilis Annorum series, fuga temporum.
24- Tu mibi (quod rarum est vivo) sublime dedisti Nomen, ab exequiis quod darefama solet...
25- O mibi bissenos multum vigilata per anos theb itam certe prafens tibi fame benignum...
26- Naso eligis Fldcus Lyrics epigramate marcus
27- Quod maro sublimi, quod suavi Pindarus, alto
28- Nunc litoream nec despice musam, quam tibi post syluas, post honida lustra licai...
Naso eligis Fldcus Lyricis, epigramate Msrcus Hic iacet, Heroo carmine , Virgilius...

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