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Tiago Fachini
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12 de junho de 2020
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O Código de Processo Civil define nove recursos cabíveis dentro de processos na área. A
apelação é o recurso cabível contra sentenças proferidas pelo juízo ao final da lide.
Compreender o que é a apelação, quais são os seus requisitos e como ela é aplicada,
portanto, é fundamental para a atuação do advogado processualista, uma vez que a
interposição de recurso incorreto para a manifestação processual acarreta na sua não
apreciação.
Este artigo tem como objetivo apresentar informações gerais sobre o recurso de apelação
no Novo CPC. Saiba o que é uma apelação, como ela funciona, quais são os seus
requisitos e baixe um modelo gratuito de apelação ao continuar lendo!
Trata-se de um dos nove tipos de recursos apresentados pelo Código de Processo Civil
(Lei nº 13.105/2015), o Novo CPC. Uma vez que cabe contra sentenças, tem como
objetivo impugnar a decisão que põe fim à fase de conhecimento do processo ou sobre a
sentença que extingue o mesmo.
Dentro do Novo CPC, o recurso de apelação é regrado do artigo 1.009 ao 1.014, que
define em quais situações pode-se usar o recurso, prazos, requisitos e efeitos.
Para compreender o que é a apelação e qual é o objetivo dela dentro das sentenças do
juízo, é importante compreender também o que é, dentro de um processo, uma sentença
e, especialmente, quais são as decisões do julgador que não são sentenças.
A sentença é uma das três formas que um juiz se pronuncia dentro de um processo. Na
sentença, o julgador ou finaliza a fase cognitiva do procedimento comum ou põe fim à
execução em si, a partir da decisão sobre o julgado, conforme aponta o parágrafo 1º do
artigo 203 do Novo CPC:
O artigo 485 dispõe sobre as situações onde o juízo não resolve o mérito da lide, enquanto
o artigo 487 estipula as situações onde há a resolução do mérito pelo julgador.
Dessa forma, todas as decisões realizadas pelo juízo que não se enquadram no parágrafo
1º do artigo 203 são ou decisões interlocutórias (quando possuem natureza decisória) ou
são despachos (outros pronunciamentos, feitos de ofício ou por pedido de uma das partes).
Leia também:
A apelação é um recurso que tem como objetivo impugnar, discutir e atacar uma decisão
do julgador que põe fim à fase cognitiva do procedimento comum ou que extingue a
execução.
Dessa forma, ela é interposta através de petição ao juízo de primeiro grau da lide, mas
será analisada e julgada pela instância superior, no caso, um Tribunal.
A parte que recebeu a sentença desfavorável entra com a apelação, sendo chamada de
apelante. A outra parte, que supostamente recebeu uma sentença favorável, é o apelado.
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá:
I – os nomes e a qualificação das partes;
É importante destacar que o tribunal responsável por analisar a apelação observará apenas
os pontos destacados, e não todo o processo.
Isso quer dizer que o apelante deve apontar todos os problemas de fatos e direito presentes
na sentença deferida pelo juízo, independente se a sentença for única sobre a matéria ou
se diferentes sentenças forem dadas a respeito de diferentes pontos da lide.
Como todos os recursos cabíveis dentro do Novo CPC, existem requisitos prévios para
que seja possível uma das partes se manifestarem durante o trâmite judicial através de um
recurso. Com a apelação não é diferente.
A apelação, especificamente, possui três requerimentos básicos para poder ser interposta
em um processo: a existência de uma sentença judicial, o preenchimento dos requisitos
apontados no artigo 1.010 do Novo CPC e a interposição no prazo estabelecido pelo
Código de Processo Civil.
As sentenças, conforme já visto neste artigo e regradas pelo artigo 203 do Novo CPC, são
os pronunciamentos decisórios realizados pelo juízo que extinguem o processo, dando
uma decisão, ou que encerram a fase de conhecimento do mesmo.
É muito importante que o advogado tenha essa diferença bem clara, pois o recurso cabível
para outros pronunciamentos é diferente. Para decisões interlocutórias, por exemplo, o
recurso cabível é o de agravo de instrumento.
É importante ressaltar que a parte apelante deve apontar, na apelação, todos os pontos que
discordam da sentença, independente de quantos itens sejam decididos pelo juízo.
Por exemplo: se numa ação de divórcio o juiz profere sentença sobre divisão de bens e
sobre fixação de alimentos e uma das partes, ao interpor apelação, só discutir a questão
dos alimentos, será entendido pelo juízo que não há discussão a respeito da divisão de
bens, mesmo se a parte apelante não concordar com a sentença nessa área também.
Por isso, é muito importante que sejam expostas todas as indagações e impugnações a
respeito da sentença, levando em consideração os apontamentos dos fatos e do direito.
O Novo CPC estabelece que a apelação deve ser interposta no prazo de 15 dias após a
publicação da sentença por parte do julgador. Lembrando que, no Novo CPC, os prazos
são sempre contados em dias úteis.
O efeito devolutivo se dá pela própria natureza da apelação, que devolve a lide para a
parte julgadora, mesmo depois de a sentença ser proferida. Dessa forma a sentença é
avaliada pela próxima instância.
“Art. 1.012. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
VI – decreta a interdição”.
Conforme o parágrafo 2º do mesmo artigo, o apelado tem o direito de pedir o
cumprimento provisório de uma das situações citadas acima após o deferimento da
sentença, independente da interposição de apelação.
Da mesma forma, o apelante pode requerer que os itens do parágrafo 1º do mesmo artigo
também sejam suspensos se comprovar ao relator que a produção dos efeitos dos mesmos
apresente risco de dano grave ou de difícil reparação, conforme aponta o parágrafo 4º do
artigo 1.012:
“§ 4º Nas hipóteses do § 1º, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o
apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a
fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação”.
Embora o artigo 1.010 aponte que a apelação é direcionada ao juízo ad quo, ou seja, o
juízo de primeira instância, onde o processo se encontra no momento da apelação, quem
o julga é o juízo da instância superior.
Dessa forma, a apelação é direcionada à sentença proferida pelo juiz de primeira instância,
mas é avaliada pelo tribunal da próxima instância, o juízo ad quem, conforme aponta o
parágrafo 3º do artigo 1.010:
Não é necessário falar para nenhum advogado a importância que a apelação tem dentro
do direito processual civil, afinal, nem sempre as sentenças judiciais são favoráveis a
parte representada pelo profissional do direito, ou, às vezes, certos pedidos apresentados
na petição inicial não são contemplados.
Por isso, é muito importante que o advogado não só saiba quando entrar com o recurso,
mas que também tenha um modelo confiável do mesmo para uso profissional.
O bom advogado que trabalha na área processual precisa compreender muito bem a
aplicação das leis, jurisprudências e da doutrina, saber atender e representar os interesses
dos seus clientes e, também, saber utilizar as ferramentas disponíveis para comunicação
dentro de um processo de forma efetiva e eficiente.
Dessa forma, as três dicas mais importantes, quando o assunto é o recurso de apelação,
que todo advogado deve saber são: saber ser claro e objetivo, saber limitar os pedidos
conforme a demanda do processo e compreender o que deve ser pedido na apelação.
O tribunal que avaliará a apelação não está interessado em todo o processo, mas apenas
nas questões apontadas na apelação. Portanto, é importante que o advogado apresente
para os julgadores do recurso apenas o que é necessário para que se compreenda os
problemas apresentados na sentença.
Dessa forma, é importante revisar todo o material criado durante o processo, inclusive os
pronunciamentos realizados pelo juízo durante a lide.
Por último, é importante que o advogado leia com atenção a sentença e que decida, junto
com seu cliente, o que será alvo da apelação na sentença e o que não será.
Não há obrigação de impugnar toda a sentença na apelação, da mesma forma que não
limitação de assuntos a serem discutidos. A apelação pode ser integral sobre a sentença
ou parcial. Cabe ao advogado e seu cliente decidirem quais pontos são desfavoráveis e
quais não precisam ser abordados.
A sentença é uma das três formas que um juiz se pronuncia dentro de um processo. Na
sentença, o julgador ou finaliza a fase cognitiva do procedimento comum ou põe fim à
execução em si, a partir da decisão sobre o julgado, conforme aponta o parágrafo 1º do
artigo 203 do Novo CPC.
A apelação é um recurso que tem como objetivo impugnar, discutir e atacar uma decisão
do julgador que põe fim à fase cognitiva do procedimento comum ou que extingue a
execução.
Qual é cabível a apelação?
Conclusão
Com poucos artigos no Código de Processo Civil que regram o seu funcionamento dentro
de um processo, a apelação não apresenta muitos problemas de aplicação, mas o seu uso
é inevitável e recorrente.
O recurso de apelação, por ser um dos recursos comumente visto em disputas judiciais,
uma vez que uma das partes geralmente não concorda com a sentença, precisa ser
compreendido de forma exaustiva pelo operador de direito, principalmente pelo
advogado.