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ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVIOSIONADO II

RECURSOS EM ESPÉCIES: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS,


CABIMENTO, PRAZO, REQUISITOS EFEITO E PECULIARIDADES

À luz do Código de Processo Civil, artigo 994, são cabíveis os recursos de


Apelação, Agravo de Instrumento, Agravo Interno, Embargos de Declaração,
Recurso Ordinário, Recurso Especial/Extraordinário e Embargos de Divergência.
Os recursos são remédios processuais cuja finalidade é corrigir e suprir erros
proferidos em decisões, dando á parte o direito de recorrer de uma decisão da qual se
sentiu prejudicada.
Antes de adentrar nos requisitos relacionados aos prazos, cabimento, requisitos e
efeitos de cada recurso, primeiramente cumpre ressaltar algumas peculiaridades dos
recursos.
Os recursos são classificados em TOTAL E PARCIAL, ORDINÁRIO E
EXTRAORDINÁRIO, DE FUNDAMENTAÇÃO LIVRE E FUNDAMENTAÇÃO
VINCULADA.
Os recursos TOTAIS E PARCIAIS estão relacionados a questões ligadas ao
conteúdo que se vai recorrer, enquanto os recursos TOTAIS abrangem a totalidade do
conteúdo da decisão proferida, os recursos PARCIAIS buscam recorrer apenas de uma
parte da decisão.
Em relação aos ORDINÁRIO E EXTRAORDINÁRIO, estão relacionados ao
objetivo tutelado.
Os recursos ORDINÁRIOS tutelam direito objetivo, ao passo que os
EXTRAORDINÁRIOS protegem direitos subjetivos do recorrente.
Estes recursos estão previstos na própria Constituição Federal, e são: (i)
recurso extraordinário, cabível em caso de afronta à CF (art. 102, III da CF/88);
(ii) recurso especial, em casos de afronta à lei infraconstitucional (art. 105, III da
CF/88); (iii) e embargos de divergência, que visam obter do STF e do STJ seu real
entendimento a respeito de determinada matéria (art. 546 do CPC).
Já os recursos de fundamentação livre e vinculada (apelação, o agravo, os
embargos infringentes, o recurso ordinário e os embargos de divergência.), como o
próprio nome já diz, estão ligados a fundamentação, pois enquanto os recursos de
fundamentação livre não necessitam de um defeito ou vício da decisão para que sejam
admitidos, nos recursos de forma vinculada, (especial, extraordinário e embargos de
declaração.) a lei exige que estejam presentes alguns tipos de vícios na decisão para
que haja o cabimento.
Posto isso, passa-se a análise de cada espécie de recurso, seu cabimento, prazo e
efeitos.
Para que um recurso seja cabível a um caso concreto, é necessário que sejam
cumpridos alguns requisitos.

1. DA APELAÇÃO:

O recurso de apelação, previsto no artigo 1.009 do Código de Processo Civil,


tem como requisitos de cabimento, segundo § 1° do referido artigo: as questões
resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de
instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de
apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões, deve
conter: os nomes e a qualificação das partes; a exposição do fato e do direito; as razões
do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; o pedido de nova decisão. Nesses
casos o prazo para que o apelado interponha o recurso é de 15 dias, seu efeito é
suspensivo e começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação, a
sentença que:
Homologa divisão ou demarcação de terras; condena a pagar alimentos; extingue
sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; julga
procedente o pedido de instituição de arbitragem; confirma, concede ou revoga tutela
provisória; decreta a interdição, nesses casos o apelado poderá promover o pedido de
cumprimento provisório depois de publicada a sentença, e esse pedido será formulado
por requerimento dirigido ao tribunal, no período compreendido entre a interposição da
apelação e sua distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para
julgá-la; ao relator, se já distribuída a apelação, inclusive o relator poderá suspender a
eficácia da sentença caso o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do
recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de
difícil reparação.
A apelação devolve ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada, porém,
serão objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal, todas as questões suscitadas e
discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao
capítulo impugnado. Já quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o
juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento das
demais.
Ademais, se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal
deve decidir desde logo mérito quando: reformar sentença fundada no art. 485; decretar
a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa
de pedir; constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá
julgá-lo; decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação.
Por fim, cumpre destacar as ultimas observações trazidas pelo Código de
Processo Civil em relação aos artigos que tratam da apelação: quando reformar sentença
que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito,
examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de
primeiro grau; o capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela
provisória é impugnável na apelação e as questões de fato não propostas no juízo
inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por
motivo de força maior.
Prazo para interposição: 15 dias

2. DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

O agravo de instrumento está disciplinado pelo Código de Processo Civil a partir


seu artigo 1.045, sendo cabível contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
tutelas provisórias; mérito do processo; rejeição da alegação de convenção de
arbitragem; incidente de desconsideração da personalidade jurídica; rejeição do pedido
de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; exibição ou posse
de documento ou coisa; exclusão de litisconsorte; rejeição do pedido de limitação do
litisconsórcio; admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; concessão,
modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; redistribuição
do ônus da prova nos termos do art. 373, § 1º; outros casos expressamente referidos em
lei, bem como, contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo de
inventário.
O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por
meio de petição com os seguintes requisitos: os nomes das partes; a exposição do fato e
do direito; as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio
pedido; o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo, e sua
petição será instruída:
Obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que
ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da respectiva
intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações
outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; com declaração de inexistência
de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob
pena de sua responsabilidade pessoal; facultativamente, com outras peças que o
agravante reputar úteis, a petição deve ser acompanhada de comprovante do pagamento
das respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme tabela publicada
pelos tribunais.
No prazo do recurso, o agravo será interposto por: protocolo realizado
diretamente no tribunal competente para julgá-lo; protocolo realizado na própria
comarca, seção ou subseção judiciária; postagem, sob registro, com aviso de
recebimento; transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; outra forma
prevista em lei.
Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que
comprometa a admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o
disposto no art. 932, parágrafo único. Se o recurso for interposto por sistema de
transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as peças devem ser juntadas no
momento de protocolo da petição original, já se for no formato eletrônicos os autos do
processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput do artigo 1.017,
facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a
compreensão da controvérsia.
Prazo para interposição: 15 dias

3. DO AGRAVO INTERNO

Com previsão legal no artigo 1.021 do CPC, é cabível contra decisão proferida
pelo relator, e será direcionado para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto
ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. O prazo para sua
interposição é de 15 dias.
Na petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente os
fundamentos da decisão agravada.
O relator intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15
(quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á a julgamento
pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta. É vedado ao relator limitar-se à
reprodução dos fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo
interno.
Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou
improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada,
condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do
valor atualizado da causa.
A interposição de qualquer outro recurso está condicionada ao depósito prévio
do valor da multa prevista no § 4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de
gratuidade da justiça, que farão o pagamento ao final.
Prazo par interposição: 15 dias

4. DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

O artigo 1.022, é que traz a previsão legal desse recurso, cujo cabimento se dá
contra qualquer decisão judicial para: esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou
a requerimento; corrigir erro material.
Considera-se omissa a decisão que: deixe de se manifestar sobre tese firmada
em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência
aplicável ao caso sob julgamento; incorra em qualquer das condutas descritas no art.
489, § 1º.
Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao
juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a
preparo.
Feito isso, juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de
5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a
modificação da decisão embargada. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias.
Nos tribunais, o relator apresentará os embargos em mesa na sessão subsequente,
proferindo voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, será o recurso incluído em
pauta automaticamente.
Quando os embargos de declaração forem opostos contra decisão de relator ou
outra decisão unipessoal proferida em tribunal, o órgão prolator da decisão embargada
decidi-los-á monocraticamente.
O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno
se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do
recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo
a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º.
Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da
decisão embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão
originária tem o direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da
modificação, no prazo de 15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos
embargos de declaração.
Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do
julgamento dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente
de ratificação.
Serão incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de
pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.
Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o
prazo para a interposição de recurso.
A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo
respectivo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou,
sendo relevante a fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Quando manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o
tribunal, em decisão fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado
multa não excedente a dois por cento sobre o valor atualizado da causa.
Na reiteração de embargos de declaração manifestamente protelatórios, a multa
será elevada a até dez por cento sobre o valor atualizado da causa, e a interposição de
qualquer recurso ficará condicionada ao depósito prévio do valor da multa, à exceção da
Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da justiça, que a recolherão ao final.
Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores
houverem sido considerados protelatórios.
Prazo para interposição: 5 dias

5. Do Recurso Ordinário

O recurso Ordinário, com previsão legal no artigo 1.027 do Código de Processo


Civil, tem seu cabimento admitido para julgamento: pelo Supremo Tribunal Federal,
dos mandados de segurança, dos habeas data e dos mandados de injunção decididos em
única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão; pelo Superior
Tribunal de Justiça:
a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais
regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão; b) os processos em que forem partes, de um
lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa
residente ou domiciliada no País.
O prazo para interposição desse recurso é de 15 dias

6. Do Recurso Extraordinário e do Recurso Especial

Por fim chegamos aos recursos: extraordinário e especial. Esses recursos são
cabíveis nos casos previstos na Constituição Federal. Em face desta característica dos
recursos extraordinários, eles são considerados recursos de estrito direito ou
excepcionais, tendo em vista que visam somente averiguar se a lei foi corretamente
aplicado aquele determinado caso concreto, não buscam, portanto, a correção da
“injustiça” da decisão. Com isso, o próprio sistema impõe a estes recursos certos
requisitos peculiares ao juízo de admissibilidade muito mais complexos, como por
exemplo: não permitem exame de matéria fática; é necessário o esgotamento de todos
os recursos na instância ordinária; somente permitem a reavaliação da questão já
decidida. São interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal
recorrido, em petições distintas que conterão: a exposição do fato e do direito; a
demonstração do cabimento do recurso interposto; as razões do pedido de reforma ou de
invalidação da decisão recorrida.

Prazo para interposição: 15 dias

7. DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA

Previsto no artigo 1.043 do Código de Processo Civil, é oposto contra acórdão


de órgão fracionário que: em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo os acórdãos, embargado
e paradigma, de mérito; em recurso extraordinário ou em recurso especial, divergir do
julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e
outro que não tenha conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia.
Por esse recurso também poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em
julgamentos de recursos e de ações de competência originária.
A divergência que autoriza a interposição de embargos de divergência pode
verificar-se na aplicação do direito material ou do direito processual.
Cabem embargos de divergência quando o acórdão paradigma for da mesma
turma que proferiu a decisão embargada, desde que sua composição tenha sofrido
alteração em mais da metade de seus membros.
O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório
oficial ou credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi
publicado o acórdão divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede
mundial de computadores, indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias
que identificam ou assemelham os casos confrontados.
No recurso de embargos de divergência, será observado o procedimento
estabelecido no regimento interno do respectivo tribunal superior.
A interposição de embargos de divergência no Superior Tribunal de Justiça
interrompe o prazo para interposição de recurso extraordinário por qualquer das partes.
Se os embargos de divergência forem desprovidos ou não alterarem a conclusão
do julgamento anterior, o recurso extraordinário interposto pela outra parte antes da
publicação do julgamento dos embargos de divergência será processado e julgado
independentemente de ratificação.

Prazo para interposição: 15 dias


CONSIDERAÇÕES FINAIS
A regra geral no processo civil é que recurso não tenha efeito suspensivo,
contudo, por determinação legal, a apelação possui esse efeito, pois segundo o artigo
995 do CPC, os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou
judicial em sentido diverso.
Os recursos que possuem efeito regressivo são o agravo de instrumento e o
agravo interno.
Com exceção dos embargos de declaração que tem o prazo de 5 dias para ser
interposto, os outros recursos têm um prazo de 15 dias.

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