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A gravação da audiência
Vem prevista no artigo 155 do CPC
Gravação da audiência final e documentação dos demais atos presididos pelo juiz
1 - A audiência final de ações, incidentes e procedimentos cautelares é sempre gravada, devendo apenas ser
assinalados na ata o início e o termo de cada depoimento, informação, esclarecimento, requerimento e
respetiva resposta, despacho, decisão e alegações orais.
2 - A gravação é efetuada em sistema vídeo ou sonoro, sem prejuízo de outros meios audiovisuais ou de
outros processos técnicos semelhantes de que o tribunal possa dispor, devendo todos os intervenientes no
ato ser informados da sua realização.
3 - A gravação deve ser disponibilizada às partes, no prazo de dois dias a contar do respetivo ato.
4 - A falta ou deficiência da gravação deve ser invocada, no prazo de 10 dias a contar do momento em que
a gravação é disponibilizada.
5 - A secretaria procede à transcrição de requerimentos e respetivas respostas, despachos e decisões que o
juiz, oficiosamente ou a requerimento, determine, por despacho irrecorrível.
6 - A transcrição é feita no prazo de cinco dias a contar do respetivo ato; o prazo para arguir qualquer
desconformidade da transcrição é de cinco dias a contar da notificação da sua incorporação nos autos.
7 - A realização e o conteúdo dos demais atos processuais presididos pelo juiz são documentados em ata, na
qual são recolhidas as declarações, requerimentos, promoções e atos decisórios orais que tiverem ocorrido.
8 - A redação da ata incumbe ao funcionário judicial, sob a direção do juiz.
9 - Em caso de alegada desconformidade entre o teor do que foi ditado e o ocorrido, são feitas consignar
as declarações relativas à discrepância, com indicação das retificações a efetuar, após o que o juiz profere,
ouvidas as partes presentes, decisão definitiva, sustentando ou modificando a redação inicial.
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Imagine que está numa audiência final e que a outra parte lhe propõe um acordo muito bom para o seu
cliente, mas só tem procuração com poderes gerais e o cliente está incontactável. Como pode celebrar o
acordo mesmo não tendo poderes especiais e sem o consentimento do seu cliente?
Questão relacionada com o patrocínio dos mandatários munidos de poderes judiciais especiais para
confessar a ação, transigir ou desistir, já que nos termos do artigo 45, nº2 do CPC, os mandatários judiciais
só podem confessar a ação, transigir sobre o seu objeto e desistir do pedido ou da instância quando estejam
munidos de procuração que os autorize expressamente a praticar qualquer desses atos, dado que nos
termos do artigo 46 do CPC as afirmações e confissões expressas de factos, feitas pelo mandatário nos
articulados, vinculam a parte, salvo se forem retificadas ou retiradas enquanto a parte contrária as não tiver
aceitado especificadamente. Também o mesmo o artigo 258 do CC prescreve que o negócio jurídico
realizado pelo representante em nome do representado, nos limites dos poderes que lhe competem, produz
os seus efeitos na esfera jurídica deste último.
Assim sendo não estando munida de procuração com poderes especiais e sendo o contrato vantajoso para
o meu constituinte deveria ao abrigo do artigo 49 do CPC e 471 do CC celebrar o acordo. Com efeito nos
termos destes artigos, em caso de urgência, o patrocínio judiciário pode ser exercido como gestão de
negócios. Porém, se a parte não ratificar a gestão dentro do prazo fixado pelo juiz, o gestor é condenado
nas custas que provocou e na indemnização do dano causado à parte contrária ou à parte cuja gestão
assumiu. O despacho que fixar o prazo para a ratificação é notificado pessoalmente à parte cujo patrocínio
o gestor assumiu.
Apoio judiciário
O apoio Judiciário / proteção jurídica está previsto na Lei nº 34/2004 de 29 de julho.
O seu artigo 6 prevê o âmbito de proteção que reveste as modalidades de consulta jurídica e de apoio
judiciário.
A proteção jurídica é concedida para questões ou causas judiciais concretas ou suscetíveis de concretização
em que o utente tenha um interesse próprio e que versem sobre direitos diretamente lesados ou ameaçados
de lesão.
O Acesso ao Direito e à Justiça é um direito consagrado na Constituição da República Portuguesa que visa
assegurar que a ninguém seja dificultado ou impedido, em razão da sua condição social ou cultural ou por
insuficiência de meios económicos, o conhecimento e o exercício ou a defesa dos seus direitos.
Está previsto no artigo 20 da CRP
O Sistema de Acesso ao Direito assenta num modelo triangular em que a decisão de atribuição do benefício
compete ao Instituto da Segurança Social, IP, que avalia as condições económicas das quais depende a
atribuição de proteção jurídica aos cidadãos (artigo 8, 8-A, 8-B da citada lei), à Ordem dos Advogados que
procede à nomeação dos Advogados e ao Estado, a quem compete o financiamento do sistema através do
orçamento gerido pelo Ministério da Justiça.
O Acesso ao Direito e à Justiça é uma responsabilidade do Estado, mas são os Advogados portugueses que
garantem a efetivação desse direito em todo o território nacional, cumprindo cabalmente a sua função social
de Advogados Providência.
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da taxa de justiça, o Estado, incluindo os seus serviços e organismos ainda que personalizados, as Regiões
Autónomas e as autarquias locais, quando demandem ou sejam demandados nos tribunais administrativos
ou tributários, salvo em matéria administrativa contratual e pré-contratual e relativas às relações laborais
com os funcionários, agentes e trabalhadores do Estado. Também o demandante e o arguido demandado,
no pedido de indemnização civil apresentado em processo penal, quando o respetivo valor seja igual ou
superior a 20 UC. As partes nas ações sobre o estado das pessoas e nos processos de jurisdição de menores.
Contudo, as partes dispensadas do pagamento prévio da taxa de justiça, independentemente de condenação
a final, devem ser notificadas, com a decisão que decida a causa principal, ainda que suscetível de recurso,
Já o apoio judiciário é concedido ao cidadão o pagamento das custas sociais pelo Estado, em razão da sua
condição social ou cultural ou por insuficiência de meios económicos para que possa exercer a defesa dos
seus direitos.
Imagine que um cliente traz lhe uma petição inicial com especial complexidade para contestar no último
dia do prazo. O que faz?
Requereria a prorrogação do prazo nos termos do artigo 569 nº 5 e nº6.
Com efeito, o juiz considere que ocorre motivo ponderoso que impeça ou dificulte anormalmente ao réu ou
ao seu mandatário judicial a organização da defesa, pode, a requerimento deste e sem prévia audição da
parte contrária, prorrogar o prazo da contestação, até ao limite máximo de 30 dias.
Contudo, teria que dizer ao cliente poderia haver a hipótese do juiz indeferir pois o juiz decide, sem
possibilidade de recurso, no prazo de vinte e quatro horas e a secretaria notifica imediatamente ao
requerente o despacho proferido, nos termos da segunda parte do n.º 5 e do n.º 6 do artigo 172.º.
António chega ao seu escritório com uma "carta", diz que o seu amigo Zé vem agora pedir todo o dinheiro
que têm numa conta conjunta. A conta conjunta é de um negócio que ambos têm e o António diz que
metade daquele dinheiro é dele. O que é esta "carta"?
Esta carta é uma citação previst no artigo 563 do CPC - O réu é citado para contestar, sendo advertido no
ato da citação da consequência da falta de contestação.
Pode reconvir? Com que argumentos? Qual a alínea do preceito subjacente ao caso concreto?
Poderia nos termos dos artigos 583 e 266 do CPC, se o pedido da reconvenção emergir do facto jurídico que
serve de fundamento à ação ou à defesa; Ou se o meu cliente se propõe tornar efetivo o direito a benfeitorias
ou despesas relativas à coisa cuja entrega lhe é pedida; ou se o meu cliente pretende o reconhecimento de
um crédito, seja para obter a compensação seja para obter o pagamento do valor em que o crédito invocado
excede o do autor; ou ainda se o pedido do meu cliente é conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito
jurídico que o autor se propõe obter.
Neste caso qual o valor da reconvenção? Quais os casos em que se soma os valores da reconvenção?
Nos termos do artigo 583, nº2 do CPC, o reconvinte deve ainda declarar o valor da reconvenção; se o não
fizer, a contestação não deixa de ser recebida, mas o reconvinte é convidado a indicar o valor, sob pena de
a reconvenção não ser atendida. E o artigo 299 nº2 do CPC prescreve que o valor do pedido formulado pelo
réu ou pelo interveniente só é somado ao valor do pedido formulado pelo autor quando os pedidos sejam
distintos, Ou seja, seria o valor do pedido da reconvenção do meu cliente seria junto ao pedido do Autor se
os pedidos fossem destintos. Caso contrario seria apenas o valor do pedido do autor.
Qual é o prazo de Contestação. Apresentação fora do prazo. 3 dias de multa Vs. Justo impedimento.
Nos termos do artigo 569 CPC, o réu pode contestar no prazo de 30 dias a contar da citação, começando o
prazo a correr desde o termo da dilação, quando a esta houver lugar; no caso de revogação de despacho de
indeferimento liminar da petição, o prazo para a contestação inicia-se com a notificação em 1.ª instância
daquela decisão.
Quando termine em dias diferentes o prazo para a defesa por parte dos vários réus, a contestação de todos
ou de cada um deles pode ser oferecida até ao termo do prazo que começou a correr em último lugar.
Pode ainda o Réu apresentar a sua contestação, nos termos do artigo 139 do CPC dentro dos três primeiros
dias úteis subsequentes ao termo do prazo, ficando a sua validade dependente do pagamento imediato de
uma multa, fixada nos seguintes termos:
a) Se o ato for praticado no 1.º dia, a multa é fixada em 10 % da taxa de justiça correspondente ao processo
ou ato, com o limite máximo de 1/2 UC;
b) Se o ato for praticado no 2.º dia, a multa é fixada em 25 % da taxa de justiça correspondente ao processo
ou ato, com o limite máximo de 3 UC;
c) Se o ato for praticado no 3.º dia, a multa é fixada em 40 % da taxa de justiça correspondente ao processo
ou ato, com o limite máximo de 7 UC.
Para além desta faculdade pode ainda apresentar fora do prazo a contestação, justificando o justo
impedimento nos termos do artigo 140 do CPC.
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Considera-se «justo impedimento» o evento não imputável à parte nem aos seus representantes ou
mandatários que obste à prática atempada do ato.
A parte que alegar o justo impedimento oferece logo a respetiva prova; o juiz, ouvida a parte contrária,
admite o requerente a praticar o ato fora do prazo se julgar verificado o impedimento e reconhecer que a
parte se apresentou a requerer logo que ele cessou.
É do conhecimento oficioso a verificação do impedimento quando o evento a que se refere o n.º 1 constitua
facto notório, nos termos do n.º 1 do artigo 412.º, e seja previsível a impossibilidade da prática do ato dentro
do prazo.
Numa ação, havia vários réus citados, sendo o prazo para a contestação de cada um era diferente. Quid
iuris?
Nos termos do artigo 569, nº2 do CPC, quando termine em dias diferentes o prazo para a defesa por parte
dos vários réus, a contestação de todos ou de cada um deles pode ser oferecida até ao termo do prazo que
começou a correr em último lugar.
E no caso da ação ter sido interposta contra 3 réus. O prazo para a contestação de dois já tinha passado e
depois o autor desiste do pedido contra o terceiro. Quid iuris?
Nos termos do artigo 569, nº3 do CPC, se o autor desistir da instância ou do pedido relativamente a algum
dos réus não citados, são os réus que ainda não contestaram notificados da desistência, contando-se a partir
da data da notificação o prazo para a sua contestação.
Imagine que há uma ação de um condómino contra o condomínio e os condóminos de um prédio. Contudo,
apercebe-se que um dos Réus já não era proprietário da fração na altura da proposição da ação e não
tinha sido chamado o novo proprietário. O que faria?
Duas hipóteses: deduzia um incidente de habilitação de adquirente ou desistia do pedido quanto ao Réu e
chamava o novo proprietário.
Qual é a diferença entre exceções dilatórias de perentórias? Quais são os efeitos de uma e de outra?
Nos termos do artigo 576 do CPC as exceções dilatórias obstam a que o tribunal conheça do mérito da causa
e dão lugar à absolvição da instância ou à remessa do processo para outro tribunal. São questões processuais
legais. São exemplos destas exceções:
a) A incompetência, quer absoluta, quer relativa, do tribunal;
b) A nulidade de todo o processo;
c) A falta de personalidade ou de capacidade judiciária de alguma das partes;
d) A falta de autorização ou deliberação que o autor devesse obter;
e) A ilegitimidade de alguma das partes;
f) A coligação de autores ou réus, quando entre os pedidos não exista a conexão exigida no artigo 36.º;
g) A pluralidade subjetiva subsidiária, fora dos casos previstos no artigo 39.º;
h) A falta de constituição de advogado por parte do autor, nos processos em que é obrigatória a constituição
de advogado e a falta, insuficiência ou irregularidade de mandato judicial por parte do mandatário que
propôs a ação;
i) A litispendência ou o caso julgado.
Já as exceções perentórias importam a absolvição total ou parcial do pedido e consistem na invocação de
factos que impedem, modificam ou extinguem o efeito jurídico dos factos articulados pelo autor.
A reconvenção é parte da contestação? Para quê é que serve a reconvenção? E como é que o autor se
defende? Através de que articulado?
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Sim a reconvenção é parte da contestação, mas nos termos do artigo 583 do CPC a reconvenção deve ser
expressamente identificada e deduzida separadamente na contestação, expondo-se os fundamentos e
concluindo-se pelo pedido, nos mesmos termos que a PI, ou seja separar os fatos do pedido.
A reconvenção serve para o Réu
termos das alíneas d) e e) do n.º 1 do artigo 552.º.
2 - O reconvinte deve ainda declarar o valor da reconvenção; se o não fizer, a contestação não deixa de ser
recebida, mas o reconvinte é convidado a indicar o valor, sob pena de a reconvenção não ser atendida.
3 - Quando o prosseguimento da reconvenção esteja dependente de qualquer ato a praticar pelo reconvinte,
o reconvindo é absolvido da instância se, no prazo fixado, tal ato não se mostrar realizado.
A reconvenção serve para o réu deduzir pedidos contra o autor, nos termos do artigo 274 do CPC e é
admissível:
a) Quando o pedido do réu emerge do facto jurídico que serve de fundamento à ação ou à defesa;
b) Quando o réu se propõe tornar efetivo o direito a benfeitorias ou despesas relativas à coisa cuja entrega
lhe é pedida;
c) Quando o réu pretende o reconhecimento de um crédito, seja para obter a compensação seja para obter
o pagamento do valor em que o crédito invocado excede o do autor;
d) Quando o pedido do réu tende a conseguir, em seu benefício, o mesmo efeito jurídico que o autor se
propõe obter.
Ter atenção que não é admissível a reconvenção, quando ao pedido do réu corresponda uma forma de
processo diferente da que corresponde ao pedido do autor, salvo se o juiz a autorizar, nos termos previstos
nos n.os 2 e 3 do artigo 37.º, com as necessárias adaptações.
Se o pedido reconvencional envolver outros sujeitos que, de acordo com os critérios gerais aplicáveis à
pluralidade de partes, possam associar-se ao reconvinte ou ao reconvindo, pode o réu suscitar a respetiva
intervenção.
No caso previsto no número anterior e não se tratando de litisconsórcio necessário, se o tribunal entender
que, não obstante a verificação dos requisitos da reconvenção, há inconveniente grave na instrução,
discussão e julgamento conjuntos, determina em despacho fundamentado a absolvição da instância quanto
ao pedido reconvencional de quem não seja parte primitiva na causa, aplicando-se o disposto no n.º 5 do
artigo 37.º.
A improcedência da ação e a absolvição do réu da instância não obstam à apreciação do pedido
reconvencional regularmente deduzido, salvo quando este seja dependente do formulado pelo autor.
O autor defende-se através da réplica.
Transação?
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Nos termos do artigo 283, nº2 do CPC é lícito às partes, em qualquer estado da instância, transigir sobre o
objeto da causa.
A transação tem com efeito fazer cessar a causa nos precisos termos em que se efetuem.
Nos termos do artigo 288 do CPC no caso de litisconsórcio voluntário, é livre a confissão, a desistência e a
transação individual, limitada ao interesse de cada um na causa e no caso de litisconsórcio necessário, a
confissão, a desistência ou a transação de algum dos litisconsortes só produz efeitos quanto a custas,
seguindo-se o disposto no n.º 2 do artigo 528.º.
Não é permitida confissão, desistência ou transação que importe a afirmação da vontade das partes
relativamente a direitos indisponíveis.
É livre, porém, a desistência nas ações de divórcio e de separação de pessoas e bens.
Nos termos do artigo 290 do CPC, a confissão, a desistência ou a transação podem fazer-se por documento
autêntico ou particular, sem prejuízo das exigências de forma da lei substantiva, ou por termo no processo.
O termo é tomado pela secretaria a simples pedido verbal dos interessados.
Lavrado o termo ou junto o documento, examina-se se, pelo seu objeto e pela qualidade das pessoas que
nela intervieram, a confissão, a desistência ou a transação é válida, e, no caso afirmativo, assim é declarado
por sentença, condenando-se ou absolvendo-se nos seus precisos termos.
A transação pode também fazer-se em ata, quando resulte de conciliação obtida pelo juiz; em tal caso, limita-
se este a homologá-la por sentença ditada para a ata, condenando nos respetivos termos.
Imagine que está numa ação no dia do julgamento chega a acordo com o mandatário da parte contrária.
Combinam reduzir o pedido para X euros. Dite a transação para a ata
Pedia a palavra e ditava:
“Tendo as partes chegado a acordado relativamente ao litígio da presente ação requerem a homologação
da seguinte transação:
1. O autor reduz o pedido à quantia líquida de € 8.000,00.
2. A ré pagará a referida quantia em 16 prestações mensais e sucessivas no valor de € 500,00
cada, vencendo-se a primeira no próximo dia 20 de dezembro e as restantes até igual dia de
cada um dos meses subsequentes.
3. Tais quantias serão pagas por transferência bancária para conta do autor cujo NIB a Ilustre
Patrona do mesmo comunicará no prazo de 5 dias ao Ilustre Mandatário da Ré-
4. A falta de pagamento de qualquer uma das prestações por mais de 10 dias a contar do
respetivo pagamento implica o vencimento imediato das restantes em falta bem como o
pagamento por parte da ré quantia de € 2.000,00 a título de cláusula penal.
5. Com o recebimento de tal quantia, nem o Autor nem a Ré nada mais têm a receber um da
outra por força do contrato de trabalho que os uniu.
6. Custas em partes iguais prescindido as partes de custas de parte sem prejuízo de apoio
judiciário.
Pedem deferimento.”
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inexatidões devidas a outra omissão ou lapso manifesto, pode ser corrigida por simples despacho, a
requerimento de qualquer das partes ou por iniciativa do juiz.
Em caso de recurso, a retificação só pode ter lugar antes de ele subir, podendo as partes alegar perante o
tribunal superior o que entendam de seu direito no tocante à retificação.
Se nenhuma das partes recorrer, a retificação pode ter lugar a todo o tempo.
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Nos termos do artigo 400 do CPC o embarga extrajudicial é feito ou ratificado por meio de auto, no qual se
descreve, minuciosamente, o estado da obra e a sua medição, quando seja possível; notifica-se o dono da
obra ou, na sua falta, o encarregado ou quem o substitua, para a não continuar.
O auto é assinado pelo funcionário que o lavre e pelo dono da obra ou por quem a dirigir, se o dono não
estiver presente; quando o dono da obra não possa ou não queira assinar, intervêm duas testemunhas.
O embargante e o embargado podem, no ato do embargo, mandar tirar fotografias da obra, para serem
juntas ao processo; neste caso, é o facto consignado no auto, com a indicação do nome do fotógrafo.
Imagine que há uma empresa que contrata um arquiteto para lhe fazer um loteamento e não paga. Diz
que paga para o próximo mês, que as finanças não andam bem e vai passando o tempo e nunca mais paga.
Entretanto, sabe que a empresa tem vendido alguns bens valiosos. O arquiteto pergunta-lhe o que pode
fazer?
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Procedimento cautelar especificado de Arresto, previsto no artigo 391 e seguintes do CPC e artigo 619 e
seguintes do CC, alegando o justo receio de perda patrimonial. Deduzo os factos que que mostrem a
existência do crédito e relaciono os bens que devem ser apreendidos, com todas as indicações necessárias
à realização da diligência.
E se fosse um casal, em que um dos cônjuges lhe vem dizer que tem medo que o outro dissipe os bens?
Precisa de invocar o justo receio ou presume-se?
Procedimento cautelar especificado de Arresto previsto no artigo 403 e seguintes do CPC
O requerente faz prova sumária do direito relativo aos bens e dos factos em que fundamenta o receio do
seu extravio ou dissipação; se o direito relativo aos bens depender de ação proposta ou a propor, tem o
requerente de convencer o tribunal da provável procedência do pedido correspondente.
Produzidas as provas que forem julgadas necessárias, o juiz ordena as providências se adquirir a convicção
de que, sem o arrolamento, o interesse do requerente corre risco sério.
No respetivo despacho, procede-se logo a nomeação de um depositário e ainda de um avaliador, que é
dispensado do juramento.
Já caso o arrolamento especial previsto no artigo 409 do CPC, é preliminar ou incidente da ação de separação
judicial de pessoas e bens, divórcio, declaração de nulidade ou anulação de casamento, qualquer dos
cônjuges pode requerer o arrolamento de bens comuns, ou de bens próprios que estejam sob a
administração do outro.
Se houver bens abandonados, por estar ausente o seu titular, por estar jacente a herança, ou por outro
motivo, e tornando-se necessário acautelar a perda ou deterioração, são arrecadados judicialmente,
mediante arrolamento.
Nestes procedimentos entre casais, não é necessário invocar o justo receio, pois presume-se.
Imagine que a empresa vem dizer por excepção peremptória que o arquiteto é que ainda lhe deve dinheiro
a ela.
O arquiteto teria que reconvir e não se defender por excepção
Se eu quisesse evitar que o correio da manhã publicasse uma notícia difamatória do meu cliente na edição
de amanhã, qual o mecanismo que utilizava.
Requereria o decretamento da providência cautelar da tutela da personalidade nos termos do artigo 878 e
seguintes do CPC.
Artigo 878.º
Pressupostos
Pode ser requerido o decretamento das providências concretamente adequadas a evitar a consumação de
qualquer ameaça ilícita e direta à personalidade física ou moral de ser humano ou a atenuar, ou a fazer
cessar, os efeitos de ofensa já cometida.
Regime aplicável ao Procedimento cautelar de reparação provisória. Recursos, efeitos do recurso, quando
pode ser prestada caução, etc.
O procedimento cautela de reparação provisória está previstos nos artigos 388 e seguintes do CPC
Poderá ser requerida como dependência da ação de indemnização fundada em morte ou lesão corporal,
podem os lesados, bem como os titulares do direito a que se refere o n.º 3 do artigo 495.º do Código Civil,
requerer o arbitramento de quantia certa, sob a forma de renda mensal, como reparação provisória do dano.
O juiz defere a providência requerida desde que se verifique uma situação de necessidade em consequência
dos danos sofridos e esteja indiciada a existência de obrigação de indemnizar a cargo do requerido.
A liquidação provisória, a imputar na liquidação definitiva do dano, é fixada equitativamente pelo tribunal.
O disposto nos números anteriores é também aplicável aos casos em que a pretensão indemnizatória se
funde em dano suscetível de pôr seriamente em causa o sustento ou habitação do lesado.
Aplica-se a este procedimento cautelar as mesmas disposições que a providência cautelar acerca dos
alimentos provisórios, com as necessárias adaptações.
Na falta de pagamento voluntário da reparação provisoriamente arbitrada, a decisão é imediatamente
exequível, seguindo-se os termos da execução especial por alimentos.
Se a providência decretada vier a caducar, deve o requerente restituir todas as prestações recebidas, nos
termos previstos para o enriquecimento sem causa.
A decisão final, proferida na ação de indemnização, quando não arbitrar qualquer reparação ou atribuir
reparação inferior à provisoriamente estabelecida, condena sempre o lesado a restituir o que for devido.
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Nos termos do artigo 550 do CPC, o processo de execução segue o processo comum para pagamento de
quantia certa, e pode seguir a forma de ordinário ou sumário.
O processo sumário emprega-se nas execuções baseadas:
1. Em decisão arbitral ou judicial nos casos em que esta não deva ser executada no próprio processo;
2. Em requerimento de injunção ao qual tenha sido aposta fórmula executória;
3. Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida, garantida por hipoteca ou penhor;
4. Em título extrajudicial de obrigação pecuniária vencida cujo valor não exceda o dobro da alçada do
tribunal de 1.ª instância.
Não é, porém, aplicável a forma sumária:
1. Nas obrigações alternativas ou condicionais;
2. Quando a obrigação ainda tenha que ser liquidada na fase executiva e a liquidação não dependa de
simples cálculo aritmético;
3. Quando, havendo título executivo diverso de sentença apenas contra um dos cônjuges, o exequente
alegue a comunicabilidade da dívida no requerimento executivo;
4. Nas execuções movidas apenas contra o devedor subsidiário que não haja renunciado ao benefício
da excussão prévia.
Já se for processo comum para entrega de coisa certa e para prestação de facto seguirá forma única.
Deduzidos embargos de executado, a execução suspende? E se o agente de execução vender o imóvel sem
que haja decisão, pode fazê-lo?
Nos termos do artigo 733 do CPC o recebimento dos embargos suspende o prosseguimento da execução se:
a) O embargante prestar caução;
b) Tratando-se de execução fundada em documento particular, o embargante tiver impugnado a
genuinidade da respetiva assinatura, apresentando documento que constitua princípio de prova, e o juiz
entender, ouvido o embargado, que se justifica a suspensão sem prestação de caução;
c) Tiver sido impugnada, no âmbito da oposição deduzida, a exigibilidade ou a liquidação da obrigação
exequenda e o juiz considerar, ouvido o embargado, que se justifica a suspensão sem prestação de caução.
d) A oposição tiver por fundamento qualquer das situações previstas na alínea e) do artigo 696 do CPC, ou
seja, tendo corrido o processo à revelia, por falta absoluta de intervenção do réu, que mostre que faltou a
citação ou que é nula a citação feita, ou o réu não teve conhecimento da citação por facto que não lhe é
imputável, o réu não pode apresentar a contestação por motivo de força maior.
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O Agente de execução não poderá vender o imóvel pois se a execução embargada prosseguir, nem o
exequente nem qualquer outro credor pode obter pagamento, na pendência dos embargos, sem prestar
caução.
Se o bem penhorado for a casa de habitação efetiva do embargante, o juiz pode, a requerimento daquele,
determinar que a venda aguarde a decisão proferida em 1.ª instância sobre os embargos, quando tal venda
seja suscetível de causar prejuízo grave e dificilmente reparável.
Numa citação para deduzir oposição à execução, supondo que um executado é notificado a dia 14 e outro
a dia 19, como se conta o prazo?
Nos termos do art. 728, o executado pode opor-se à execução por embargos no prazo de 20 dias a contar da
citação. Havendo vários executados não aproveitam os prazos um dos outros ao contrário do disposto no
n.º 2 do artigo 569.
Pode indicar pela primeira vez testemunhas ao abrigo do artigo 598, nº2, uma vez que o seu cliente
aquando da PI não tinha ninguém para lhe indicar?
Não. As testemunhas têm que ser logo indicadas com o respetivo articulado. O que este artigo prescreve é
“O rol de testemunhas pode ser aditado ou alterado até 20 dias antes da data em que se realize a audiência
final, sendo a parte contrária notificada para usar, querendo, de igual faculdade, no prazo de cinco dias”. Ou
seja, diz-nos apenas que podemos alterar ou aditar, não indicar! O que se presume que o rol já exista.
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Se as pessoas a acarear tiverem deposto por carta precatória no mesmo tribunal, é ao tribunal deprecado
que incumbe realizar a diligência, salvo se o juiz da causa ordenar a comparência perante ele das pessoas
que importa acarear, ponderado o sacrifício que a deslocação represente.
Caso os depoimentos devam ser gravados ou registados, é registado, de igual modo, o resultado da
acareação.
Pediria palavra e em seguida ditava “estando os depoimentos da testemunha X e Y em notória contradição,
requerer-se a imediata acareação das mesmas nos termos do artigo 523, 524, nº1 do CPC, por ser importante
e essencial para a descoberta da verdade e a justa composição do litígio”
E se o juiz indeferir e depois disser que não a quer mais na sala, o que deve fazer?
Ditaria recurso nos termos do artigo 150, nº 4 e nº6 do CPC, na própria audiência.
Quais os efeitos?
Efeito suspensivo e com caráter urgente.
O artigo prescreve o seguinte:
Artigo 150.º
Manutenção da ordem nos atos processuais
1 - A manutenção da ordem nos atos processuais compete ao magistrado que a eles presida, o qual toma as
providências necessárias contra quem perturbar a sua realização, podendo, nomeadamente, e consoante a
gravidade da infração, advertir com urbanidade o infrator, retirar-lhe a palavra quando se afaste do respeito
devido ao tribunal ou às instituições vigentes, condená-lo em multa ou fazê-lo sair do local, sem prejuízo do
procedimento criminal ou disciplinar que no caso couber.
2 - Não é considerado ilícito o uso das expressões e imputações indispensáveis à defesa da causa.
3 - O magistrado faz consignar em ata, de forma especificada, os atos que determinaram a providência.
4 - Sempre que seja retirada a palavra a advogado, a advogado estagiário ou ao magistrado do Ministério
Público, é, consoante os casos, dado conhecimento circunstanciado do facto à Ordem dos Advogados, para
efeitos disciplinares, ou ao respetivo superior hierárquico.
5 - Das decisões referidas no n.º 1, salvo a de advertência, cabe recurso, com efeito suspensivo da decisão.
6 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, o recurso da decisão que retire a palavra a mandatário
judicial ou lhe ordene a saída do local onde o ato se realiza tem também efeito suspensivo do processo e
deve ser processado como urgente.
7 - Para a manutenção da ordem nos atos processuais, pode o tribunal requisitar, sempre que necessário, o
auxílio da força pública, a qual fica submetida, para o efeito, ao poder de direção do juiz que presidir ao ato.
Num caso hipotético se à porta da sala de julgamento, após a chamada, o nosso cliente nos disser que
determinada pessoa está lá para ser ouvida como testemunha da parte contrária, mas não tem qualquer
conhecimento dos factos porque não estava presente. O que deveremos fazer?
Nos termos dos artigos 521 e 522 do Código Processo Civil deveria deduzir incidente probatório da contradita
logo que o depoimento termina da testemunha terminasse.
Deveria primeiro pedir palavra e contraditar, alegando qualquer circunstância capaz de abalar a credibilidade
do depoimento, quer por afetar a razão da ciência invocada pela testemunha, quer por diminuir a fé que ela
possa merecer
Se a contradita for recebida, é ouvida a testemunha sobre a matéria alegada; quando esta não seja
confessada, a parte pode comprová-la por documentos ou testemunhas, não podendo produzir mais de três
testemunhas.
As testemunhas sobre a matéria da contradita têm de ser apresentadas e inquiridas imediatamente; os
documentos podem ser oferecidos até ao momento em que deva ser proferida decisão sobre os factos da
causa.
17
Atenção que também poderia deduzir incidente de impugnação, logo após o interrogatório preliminar. Se
deixasse a testemunha depor ai sim, teria que deduzir o incidente da contradita.
Estando em causa uma ação entre duas sociedades comerciais, na qual a parte contrária, por mim
patrocinada tinha arrolado como testemunha o Sr. X, gerente dessa sociedade. Enquanto mandatária da
parte contrária deveria fazer alguma coisa?
Deveria deduzir incidente de impugnação contra a testemunha X, logo após o interrogatório preliminar nos
termos dos artigos 513, 514 e 515 do CPC com o fundamento que os gerentes são parte no processo e não
podem por isso depor como testemunhas, nos termos do artigo 496 do CPC.
Imagine que durante o julgamento, no depoimento de uma testemunha, o seu cliente lhe diz que é tudo
mentira o que a testemunha está a dizer, que ela não estava lá no dia e no local dos factos e que tem uma
testemunha que pode comprovar isso. O que faz?
Requereria a contradita nos termos dos artigos 521 e 522 do CPC logo que o depoimento da testemunha
terminasse.
Imagine agora que a testemunha não estava presente. Pode apresentá-la mais tarde?
Não. As testemunhas sobre a matéria da contradita são apresentadas e inquiridas imediatamente nos
termos do artigo 522, nº3 do CPC.
Imagine que um cliente a 10 dias da audiência diz lhe que uma testemunha tem que viajar e não pode
estar presente na audiência final. Pode substitui-la?
Sim, posso. Partindo do princípio que é uma viagem da qual haverá regresso dentro de algumas semanas:
A testemunha poderia depor em momento posterior.
Se é certo que o artigo 598 nº2 do CPC prescreve que o rol de testemunhas pode ser aditado ou alterado até
20 dias antes da data em que se realize a audiência final, sendo a parte contrária notificada para usar,
querendo, de igual faculdade, no prazo de cinco dias, o artigo 508 nº1, nº3 alínea b) do CPC prescreve ainda
outra oportunidade findo esse prazo. Com efeito assiste ainda à parte a faculdade de substituir ou adiar a
inquirição da testemunha que se encontre impossibilitada temporariamente.
21
O decurso do tempo tem repercussões nas relações jurídicas, estando sujeitos a prescrição, pelo seu não
exercício durante o lapso de tempo estabelecido na lei, os direitos que não sejam indisponíveis ou que a lei
não declare isentos de prescrição (artigo 298.º, n.º 1 do Código Civil).
Desinteressando-se o credor, durante um determinado lapso de tempo, do exercício do seu direito,
desinteressa-se, também, a ordem jurídica, perdendo o direito a sua força coerciva e deixando de ser uma
obrigação civil para ser apenas uma obrigação natural.
A obrigação diz-se natural, quando se funda num mero dever de ordem moral ou social, cujo cumprimento
não é judicialmente exigível, mas corresponde a um dever de justiça (artigo 402.º do Código Civil).
Dito por outras palavras e numa linguagem mais comum, a prescrição não significa o desaparecimento ou
eliminação do direito, mas antes a sua inexigibilidade judicial.
Assim, apesar de a dívida existir, a partir de determinado prazo é dada a faculdade ao devedor de recusar o
cumprimento da prestação ou de se opor à mesma invocando a sua prescrição. Claro que ainda assim, o
devedor pode pagar a dívida, se quiser.
Neste sentido, o artigo 304.º do Código Civil estabelece que “Completada a prescrição, tem o beneficiário a
faculdade de recusar o cumprimento da prestação”.
O regime da prescrição previsto nos artigos 300.º a 327.º do Código Civil, é absolutamente imperativo, sendo
nulos os negócios jurídicos destinados a modificar os prazos legais da prescrição ou a facilitar por outro modo
as condições em que a prescrição opera os seus efeitos (artigo 300.º do Código Civil).
Esta solução legal funda-se em razões de ordem e interesses públicos, destinando-se a tutelar a certeza do
direito e a segurança do comércio jurídico.
O prazo de prescrição varia em função do tipo de dívida em causa. O prazo normal de prescrição é, nos
termos do artigo 309.º do Código Civil (CC), de vinte anos, no entanto, relativamente a certos créditos o
legislador estabeleceu prazos de prescrição mais curtos, diga-se, excecionais, de 5 anos (artigo 310.º do CC),
de 6 meses (artigo 316.º do CC) ou de 2 anos (artigo 317.º do CC)
Artigo 30.º
Conceito de legitimidade
1 - O autor é parte legítima quando tem interesse direto em demandar; o réu é parte legítima quando tem
interesse direto em contradizer.
2 - O interesse em demandar exprime-se pela utilidade derivada da procedência da ação e o interesse em
contradizer pelo prejuízo que dessa procedência advenha.
3 - Na falta de indicação da lei em contrário, são considerados titulares do interesse relevante para o efeito
da legitimidade os sujeitos da relação controvertida, tal como é configurada pelo autor.
O que são incidentes da instância? E o valor dos incidentes? incidentes pagam taxa de justiça? Onde vem
regulada está questão?
Os incidentes da instância, vêm regulados no artigo 292 e seguintes do CPC e traduzem-se em relações
processuais secundárias, intercorrentes no processo principal. É uma questão controversa secundária e
acessória que surge no curso de um processo e que precisa ser julgada antes da decisão do mérito da causa
principal.
22
Nos termos do artigo 304 do CPP O valor dos incidentes é o da causa a que respeitam, salvo se o incidente
tiver realmente valor diverso do da causa, porque neste caso o valor será fixado nos termos normais.
Relativamente às custas o artigo 7, nº4, nº7 e nº8 do Regulamento de Custas Processuais, a taxa de justiça
devida pelos incidentes e procedimentos cautelares, pelos procedimentos de injunção, incluindo os
procedimentos europeus de injunção de pagamento, pelos procedimentos anómalos e pelas execuções é
determinada de acordo com a tabela II, que faz parte integrante do presente Regulamento.
Quando o incidente ou procedimento revistam especial complexidade, o juiz pode determinar, a final, o
pagamento de um valor superior, dentro dos limites estabelecidos na tabela II.
Consideram-se procedimentos ou incidentes anómalos as ocorrências estranhas ao desenvolvimento normal
da lide que devam ser tributados segundo os princípios que regem a condenação em custas.
Responsabilidade Civil
Para que a responsabilidade civil seja imputada a alguém terá que haver um fato ilícito, dolo ou culpa, um
dano e um nexo causal.
O nexo causal (art. 563 do CC) é uma consequência direta e necessária. A obrigação de indemnização só
existe em relação aos danos que o lesado provavelmente não teria sofrido se não fosse a lesão.
O princípio geral da obrigação de indemnizar prevista no artigo 483 do CC consagra que aquele que, com
dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer disposição legal destinada a
proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violação. E o
princípio geral da obrigação de indemnizar prevista no artigo 562 do CC prescreve que quem estiver
obrigado a reparar um dano deve reconstituir a situação que existiria, se não se tivesse verificado o evento
que obriga à reparação.
23
Também nos termos do artigo 496 do CC a fixação da indemnização deve também atender aos danos não
patrimoniais que, pela sua gravidade, mereçam a tutela do direito, também o cálculo de indeminização
compreende não só o prejuízo causado, como os benefícios que o lesado deixou de obter em consequência
da lesão. Na fixação da indemnização pode o tribunal atender aos danos futuros, desde que sejam
previsíveis; se não forem determináveis, a fixação da indemnização correspondente será remetida para
decisão ulterior (art. 564 do CC).
Por morte da vítima, o direito à indemnização por danos não patrimoniais cabe, em conjunto, ao cônjuge
não separado de pessoas e bens e aos filhos ou outros descendentes; na falta destes, aos pais ou outros
ascendentes; e, por último, aos irmãos ou sobrinhos que os representem.
Se a vítima vivia em união de facto, o direito de indemnização previsto no número anterior cabe, em primeiro
lugar, em conjunto, à pessoa que vivia com ela e aos filhos ou outros descendentes.
O montante da indemnização é fixado equitativamente pelo tribunal, tendo em atenção, em qualquer caso,
as circunstâncias referidas no artigo 494.º; no caso de morte, podem ser atendidos não só os danos não
patrimoniais sofridos pela vítima, como os sofridos pelas pessoas com direito a indemnização nos termos
dos números anteriores.
Nos termos do artigo 566 do CC a indemnização é fixada em dinheiro, sempre que a reconstituição natural
não seja possível, não repare integralmente os danos ou seja excessivamente onerosa para o devedor.
A indemnização em dinheiro tem como medida a diferença entre a situação patrimonial do lesado, na data
mais recente que puder ser atendida pelo tribunal, e a que teria nessa data se não existissem danos.
Se não puder ser averiguado o valor exato dos danos, o tribunal julgará equitativamente dentro dos limites
que tiver por provados.
Atendendo à natureza continuada dos danos, pode o tribunal, a requerimento do lesado, dar à
indemnização, no todo ou em parte, a forma de renda vitalícia ou temporária, determinando as providências
necessárias para garantir o seu pagamento.
Quando sofram alteração sensível as circunstâncias em que assentou, quer o estabelecimento da renda,
quer o seu montante ou duração, quer a dispensa ou imposição de garantias, a qualquer das partes é
permitido exigir a correspondente modificação da sentença ou acordo.
Quando a indemnização resulte da perda de qualquer coisa ou direito, o responsável pode exigir, no ato do
pagamento ou em momento posterior, que o lesado lhe ceda os seus direitos contra terceiros.
Quem exigir a indemnização não necessita de indicar a importância exata em que avalia os danos, nem o
facto de ter pedido determinado quantitativo o impede, no decurso da ação, de reclamar quantia mais
elevada, se o processo vier a revelar danos superiores aos que foram inicialmente previstos.
Podia apresentar réplica para contestar as exceções invocadas pelo réu na contestação? O que acontecia
se eu me esquecesse de responder a essas exceções?
Nos termos do artigo 584, nº1 do CPP, o autor só pode replicar se o réu apresentar reconvenção e só e
apenas quanto à matéria de reconvenção.
Se o Autor quiser responder às exceções poderá fazer na audiência prévia, se a esta houver lugar ou no início
da audiência final nos termos do artigo 3, nº4 do CPP.
Se esquecesse de responder às exceções as mesmas teria efeito cominatório. (não sei qual é o artigo, será o
artigo 574nº2?)
No caso de dispensa de audiência prévia quando as partes pretendam alterar o requerimento probatório,
o que se pode fazer?
Caso haja dispensa da audiência prévia teria que requerer a realização da mesma no prazo de 10 dias a
contar do despacho, nos termos do artigo 593, nº3 do CPC pois nos termos do artigo 598 nº2, o rol de
testemunhas pode ser aditado ou alterado até 20 dias antes da data em que se realize a audiência final,
sendo a parte contrária notificada para usar, querendo, de igual faculdade, no prazo de cinco dias. Incumbe
às partes a apresentação das testemunhas indicadas em consequência do aditamento ou da alteração ao
rol.
27
3 - A tentativa de conciliação é presidida pelo juiz, devendo este empenhar-se ativamente na obtenção da
solução de equidade mais adequada aos termos do litígio.
4 - Frustrando-se, total ou parcialmente, a conciliação, ficam consignadas em ata as concretas soluções
sugeridas pelo juiz, bem como os fundamentos que, no entendimento das partes, justificam a persistência
do litígio.
O meu cliente é notificado de uma injunção, na qual não há interesse em contestar, é possível fazer
acordo?
Sim um acordo extra judicial. Atenção! Não se aplica a transação
Imagine que, na audiência final, precisa de juntar um documento. Diga com base em qual artigo o faria e
dite o seu pedido para acta.
O artigo em causa é o artigo 423º nº 2 do CPC que prescreve o momento de apresentação da prova por
documentos.
29
Os documentos destinados a fazer prova dos fundamentos da ação ou da defesa devem ser apresentados
com o articulado em que se aleguem os factos correspondentes.
Se não forem juntos com o articulado respetivo, os documentos podem ser apresentados até 20 dias antes
da data em que se realize a audiência final, mas a parte é condenada em multa, exceto se provar que os não
pôde oferecer com o articulado.
Após esse limite temporal, só são admitidos os documentos cuja apresentação não tenha sido possível até
àquele momento, bem como aqueles cuja apresentação se tenha tornado necessária em virtude de
ocorrência posterior.
Pediria palavra e começava a ditar para a ata:
“A Autora nos termos e para os efeitos do art. 423, nº3 do CPC, vem requerer a junção aos autos de um
documento composto por vinte duas folhas, documento esse que constitui … (dizer o que é), com a qual
pretende fazer prova da factualidade por si alegada nos arts. 20º a 24º da Petição inicial, documentos que
só agora o Autor procurou e encontrou no arquivo que fica numa garagem distante da sede da Autora.
Junta cópias e duplicados legais. Pede e espera deferimento”
Imagine que hoje apresenta uma ação e que no dia seguinte se apercebe que se esqueceu de juntar o
requerimento de prova. O que faria?
Como a prova tem que ser logo junto aos autos o melhor seria desistir da instância e apresentar uma nova
ação já com a prova.
Imagine que a Dra. está em audiência de julgamento, já foi produzida toda a prova, mas nota que a prova
foi fraca e não conseguiu provar quase nada daquilo que pretendia. O seu cliente disse que sabe
exatamente como tudo se passou e quer falar. O que pode fazer?
Requereria as declarações de parte nos termos do art 466 do CPC.
Faça o requerimento
Pediria a palavra e ditava:
“Atendendo que o autor (reu) tem conhecimento direto dos fatos alegados no art… e art.. da Petição Inicial,
pretende depor sobre os mesmos, considerando ser importante para a descoberta da verdade”
Teria que ter algum cuidado especial ao requerer depoimento e declarações de parte?
Sim, é necessário indicar de forma discriminada os factos sobre que recairá o depoimento.
No decurso de uma ação de direito da família em que há muitos irmãos, sendo um intruso por anomalia
psíquica, chegados a audiência de julgamento descobre que esse mesmo irmão está arrolado como
testemunha da parte contrária. O que é que pode fazer?
Deduzia incidente de impugnação logo que terminasse o interrogatório preliminar nos termos dos artigos
514 e 515 do CPP, com o fundamento que a testemunha não tem aptidão mental para depor sobre os fatos
nos termos do artigo 495 do CPC.
Imagine que tem conhecimento, na entrada para a Audiência de discussão e julgamento (Acidente de
Viação), que a principal testemunha do autor - representado por mim - faleceu há duas semanas. Os filhos
da testemunha já entregaram a certidão de óbito na secretaria. No entanto, um irmão da testemunha,
que presenciou os mesmos factos que aquela, oferece-se para testemunhar. Imagine que a audiência
começou agora. O que faria?
Requereria a substituição da testemunha nos termos do artigo 508, nº1 e nº3 alínea a) do CPC,
Com efeito nos termos desta disposição, findo o prazo a que alude o n.º 2 do artigo 598.º (alteração ou
adição das testemunhas 20 dias antes da audiência) assiste ainda à parte a faculdade de substituir
testemunhas se ocorrer impossibilidade definitiva para depor, posterior à sua indicação, a parte tem a
faculdade de a substituir;
31
Podemos requerer a suspensão da instância? Por quanto tempo?
Nos termos do artigo 269 do CPC, a instância pode suspender-se devido a várias causas como o falecimento
ou de alguma das partes (ter atenção que nestes casos normalmente não se suspende mas extingue-se); Nos
processos em que é obrigatória a constituição de advogado, quando este falecer ou ficar absolutamente
impossibilitado de exercer o mandato. Nos outros processos, quando falecer ou se impossibilitar o
representante legal do incapaz, salvo se houver mandatário judicial constituído; ou quando o tribunal
ordenar a suspensão ou houver acordo das partes;
Nos termos do artigo 272, nº4 do CPC, as partes podem acordar na suspensão da instância por períodos que,
na sua totalidade, não excedam três meses, desde que dela não resulte o adiamento da audiência final.
Litigância de má fé
O instituto da litigância de má fé está previsto no artigo 542 do CPC.
A litigância de má fé envolve um juízo de censura que radica na violação dos elementares deveres de
probidade, cooperação e de boa fé a que as partes litigantes estão adstritas. Pressupõe uma atuação dolosa
ou com negligência grave - em termos da intervenção na lide
As alíneas a) e b) no nº 2 reportam-se a questões substantivas de direito, já as restantes alíneas do normativo
se reportam a situações que têm a ver com a designada má fé processual.
Em qualquer uma dessas situações não se torna necessário a prova da consciência da ilicitude do
comportamento do litigante e da intenção de conseguir um objetivo ilegítimo, bastando tão só, à luz dos
concretos factos apurados, seja possível formular um juízo intenso de censurabilidade pela sua atuação.
Exemplo: atua com má fé o advogado que instaura ação reclamando do réu o pagamento de quantia por
serviços forenses que alega ter-lhe prestado no exercício da sua atividade profissional e vem-se, depois, a
extrair da matéria factual apurada que esses alegados serviços nunca foram contratados pelo último e nem
sequer lhe foram a si prestados.
A empresta €50.000 a B. A é de Leiria e B de Coimbra. Passam-se anos, B nunca mais devolve o dinheiro.
Não foi fixado qualquer prazo para o pagamento. O contrato é válido?
Trata-se de um contrato de mútuo previsto nos artigos 1142 e 1143 do CC.
Nos termos destes artigos Mútuo é o contrato pelo qual uma das partes empresta à outra dinheiro ou outra
coisa fungível, ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo género e qualidade.
Relativamente à forma destes contratos o contrato de mútuo de valor superior a 25 000 euros só é válido se
for celebrado por escritura pública ou por documento particular autenticado e o de valor superior a 2500
euros se o for por documento assinado pelo mutuário.
No caso concreto o contrato devia ter sido celebrado por escritura pública, consequentemente o contrato é
nulo.
Qual a ação que intento?
Deveria ter intentado uma ação declarativa de condenação, sob a forma de Processo Comum nos termos
dos art 10, nº1, nº2, nº3 alínea b), 546,nº1 e 548 todos do CPC.
Imagine que está a enviar uma peça processual pelo Citius e ao anexar os documentos, os mesmos
excedem a capacidade de 10MG.
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Nos termos do artigo 10 da portaria nº280/2013 de 26 de agosto, a peça processual e respetivos documentos
não podem exceder a dimensão de 10MB, caso em que tal aconteça, deverão os mesmos ser entregues na
secretaria, nos termos do artigo 144, nº7 do CPC
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Dirige-se a quem? E como faz o recurso?
Nos termos do artigo 637 do CPC, os recursos interpõem-se por meio de requerimento dirigido ao tribunal
que proferiu a decisão recorrida, no qual se indica a espécie, o efeito e o modo de subida do recurso
interposto.
O requerimento de interposição do recurso contém obrigatoriamente a alegação do recorrente, em cujas
conclusões deve ser indicado o fundamento específico da recorribilidade; quando este se traduza na
invocação de um conflito jurisprudencial que se pretende ver resolvido, o recorrente junta
obrigatoriamente, sob pena de imediata rejeição, cópia, ainda que não certificada, do acórdão fundamento.
Imagine que o juiz condenava o réu no valor de 3000 euros? Podia recorrer?
Nos termos do artigo 629, o recurso ordinário só é admissível quando a causa tenha valor superior à alçada
do tribunal de que se recorre e a decisão impugnada seja desfavorável ao recorrente em valor superior a
metade da alçada desse tribunal, atendendo-se, em caso de fundada dúvida acerca do valor da sucumbência,
somente ao valor da causa.
3000 euros é um valor inferior à alçada do tribunal, logo o recurso não será possível.
Contudo é sempre possível recurso independentemente do valor da causa e da sucumbência, nos casos de:
1. Violação das regras de competência internacional, das regras de competência em razão da
matéria ou da hierarquia, ou na ofensa de caso julgado;
2. Das decisões respeitantes ao valor da causa ou dos incidentes, com o fundamento de que o seu
valor excede a alçada do tribunal de que se recorre;
3. Das decisões proferidas, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental
de direito, contra jurisprudência uniformizada do Supremo Tribunal de Justiça;
4. Do acórdão da Relação que esteja em contradição com outro, dessa ou de diferente Relação, no
domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito, e do qual não
caiba recurso ordinário por motivo estranho à alçada do tribunal, salvo se tiver sido proferido
acórdão de uniformização de jurisprudência com ele conforme.
5. Nas ações em que se aprecie a validade, a subsistência ou a cessação de contratos de
arrendamento, com exceção dos arrendamentos para habitação não permanente ou para fins
especiais transitórios;
6. Das decisões respeitantes ao valor da causa nos procedimentos cautelares, com o fundamento
de que o seu valor excede a alçada do tribunal de que se recorre;
7. Das decisões de indeferimento liminar da petição de ação ou do requerimento inicial de
procedimento cautelar.
Contudo, proferida uma decisão, ainda que legalmente irrecorrível para o tribunal superior, a mesma não
pode considerar-se transitada em julgado na data da sua notificação, pois a mesma, independentemente de
não ser suscetível de recurso ordinário, pode ser objeto de reclamação.
Que recurso podia eu interpor para obter uma decisão favorável, uma vez que o acórdão do tribunal da
relação estava em contradição com o posterior acórdão do TC.
Em princípio seria um Recurso para uniformização de Jurisprudência nos termos do artigo 688 do CPC
Fundamento do recurso
1 - As partes podem interpor recurso para o pleno das secções cíveis quando o Supremo Tribunal de Justiça
proferir acórdão que esteja em contradição com outro anteriormente proferido pelo mesmo tribunal, no
domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito.
2 - Como fundamento do recurso só pode invocar-se acórdão anterior com trânsito em julgado, presumindo-
se o trânsito.
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3 - O recurso não é admitido se a orientação perfilhada no acórdão recorrido estiver de acordo com
jurisprudência uniformizada do Supremo Tribunal de Justiça.
Recurso de Revista
Está previsto no artigo 671 e seguintes do CPC
Decisões que comportam revista
1 - Cabe revista para o Supremo Tribunal de Justiça do acórdão da Relação, proferido sobre decisão da 1.ª
instância, que conheça do mérito da causa ou que ponha termo ao processo, absolvendo da instância o réu
ou algum dos réus quanto a pedido ou reconvenção deduzidos.
2 - Os acórdãos da Relação que apreciem decisões interlocutórias que recaiam unicamente sobre a relação
processual só podem ser objeto de revista:
a) Nos casos em que o recurso é sempre admissível;
b) Quando estejam em contradição com outro, já transitado em julgado, proferido pelo Supremo Tribunal
de Justiça, no domínio da mesma legislação e sobre a mesma questão fundamental de direito, salvo se tiver
sido proferido acórdão de uniformização de jurisprudência com ele conforme.
3 - Sem prejuízo dos casos em que o recurso é sempre admissível, não é admitida revista do acórdão da
Relação que confirme, sem voto de vencido e sem fundamentação essencialmente diferente, a decisão
proferida na 1.ª instância, salvo nos casos previstos no artigo seguinte. – Aqui é a dupla conforme!
4 - Se não houver ou não for admissível recurso de revista das decisões previstas no n.º 1, os acórdãos
proferidos na pendência do processo na Relação podem ser impugnados, caso tenham interesse para o
recorrente independentemente daquela decisão, num recurso único, a interpor após o trânsito daquela
decisão, no prazo de 15 dias após o referido trânsito.
Interesse no recurso
Nos termos do artigo 631 do CPC, os recursos só podem ser interpostos por quem, sendo parte principal na
causa, tenha ficado vencido.
Também têm interesse em recorrer da decisão, as pessoas que direta e efetivamente foram prejudicadas,
ainda que não sejam partes na causa ou sejam apenas partes acessórias.
3 - O recurso previsto na alínea g) do artigo 696.º (ou seja, o litígio assente sobre ato simulado das partes e
o tribunal não tenha apercebido da fraude) pode ser interposto por qualquer terceiro que tenha sido
prejudicado com a sentença, considerando-se como terceiro o incapaz que interveio no processo como
parte, mas por intermédio de representante legal.
Se um imóvel fosse sito em Vila Franca de Xira e a ação fosse valorada em € 200.000,00, qual era o tribunal
competente?
O tribunal competente seria no tribunal de comarca de Lisboa Norte nos termos do Anexo II da Lei da
Organização do Sistema Judiciário, porque teria que ser interposta no tribunal da situação dos bens esta
ação de direitos reiais ou pessoais de gozo sobre imóveis nos termos do artigo 70, nº 1 do CPC. Para além
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disso seria o Juízo central cível, nos termos do artigo 117 da Lei da Organização do Sistema Judiciário, por se
tratar de uma ação de valor superior a 50 mil euros.
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Existindo uma inimizade entre o cliente e o Juiz do processo ditar para a ata o incidente da suspeição.
Nos termos do artigo 119 do CPC, o juiz não pode declarar-se voluntariamente suspeito, mas pode pedir que
seja dispensado de intervir na causa quando se verifique algum dos casos previstos no artigo seguinte e,
além disso, quando, por outras circunstâncias ponderosas, entenda que pode suspeitar-se da sua
imparcialidade.
O pedido é apresentado antes de proferido o primeiro despacho ou antes da primeira intervenção no
processo, se esta for anterior a qualquer despacho; quando forem supervenientes os factos que justificam o
pedido ou o conhecimento deles pelo juiz, a escusa é solicitada antes do primeiro despacho ou intervenção
no processo, posterior a esse conhecimento.
O pedido contém a indicação precisa dos factos que o justificam e é dirigido ao presidente da Relação
respetiva ou ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, se o juiz pertencer a este Tribunal.
O presidente pode colher quaisquer informações e ouve, se o entender conveniente, a parte que poderia
opor a suspeição, mandando-lhe entregar cópia da exposição do juiz.
Concluídas estas diligências, o presidente decide sem recurso.
As partes podem também opor suspeição ao juiz nos termos do artigo 120 do CPC quando ocorrer motivo,
sério e grave, adequado a gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade, nomeadamente:
Se existir parentesco ou afinidade, entre o juiz ou o seu cônjuge e alguma das partes ou pessoa que tenha,
em relação ao objeto da causa, interesse que lhe permitisse ser nela parte principal;
Se houver causa em que seja parte o juiz ou o seu cônjuge ou unido de facto ou algum parente ou afim de
qualquer deles em linha reta e alguma das partes for juiz nessa causa;
Se o juiz ou o seu cônjuge, ou algum parente ou afim de qualquer deles em linha reta, for credor ou devedor
de alguma das partes, ou tiver interesse jurídico em que a decisão do pleito seja favorável a uma das partes;
Se o juiz for protutor, herdeiro presumido, donatário ou patrão de alguma das partes, ou membro da direção
ou administração de qualquer pessoa coletiva parte na causa;
Se o juiz tiver recebido dádivas antes ou depois de instaurado o processo e por causa dele, ou se tiver
fornecido meios para as despesas do processo;
Se houver inimizade grave ou grande intimidade entre o juiz e alguma das partes ou seus mandatários.
Nestes termos pediria a palavra e deduzia o seguinte incidente de suspeição:
"Os AA. Vem nos termos do artigo 120, nº1 alínea g) deduzir incidente de suspeição dado a existência de
inimizade entre o Juiz da causa e o Autor. Tendo o Meritíssimo juiz conhecimento das razões que subjazem a
este incidente, não tem o mesmo intenção de pedir que seja dispensado nos termos do artigo 119 do CPC,
suspeitando-se da sua imparcialidade com consequências negativas para a boa decisão da causa”.
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Qual é o valor da ação e porquê?
Nos termos do artigo 303, nº1 CPC o valor das ações sobre o estado das pessoas ou sobre interesses
imateriais consideram-se sempre de valor equivalente à alçada da Relação e mais (euro) 0,01. Ou seja, trinta
mil euros e um cêntimo para que a ação seja suscetível de recurso para o Supremo Tribunal de Justiça.
O divórcio por mútuo consentimento realizado na conservatória: quais os acordos necessários e em que
código se encontram?
Está previsto no artigo 1775 e seguintes do CC e 994 e seguintes do CPC
O divórcio por mútuo consentimento pode ser instaurado a todo o tempo na conservatória do registo civil,
mediante requerimento assinado pelos cônjuges ou seus procuradores, acompanhado pelos documentos
seguintes:
a) Relação especificada dos bens comuns, com indicação dos respetivos valores, ou, caso os cônjuges optem
por proceder à partilha daqueles bens acordo sobre a partilha ou pedido de elaboração do mesmo;
b) Certidão da sentença judicial que tiver regulado o exercício das responsabilidades parentais ou acordo
sobre o exercício das responsabilidades parentais quando existam filhos menores e não tenha previamente
havido regulação judicial;
c) Acordo sobre a prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça;
d) Acordo sobre o destino da casa de morada de família;
e) Certidão da escritura da convenção antenupcial, caso tenha sido celebrada.
f) Acordo sobre o destino dos animais de companhia, caso existam.
2 - Caso outra coisa não resulte dos documentos apresentados, entende-se que os acordos se destinam tanto
ao período da pendência do processo como ao período posterior.
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artigo 11, nrº 3 da RGPTC - 3 - Estando pendente ação de divórcio ou de separação judicial, os processos de
regulação do exercício das responsabilidades parentais, de prestação de alimentos e de inibição do exercício
das responsabilidades parentais correm por apenso àquela ação.
Se existir irregularidades parentais são tratadas só no tribunal, ou também podem ser tratadas na
conservatória?
Nos termos do artigo 1776.º-A do CC, quando for apresentado acordo sobre o exercício das
responsabilidades parentais relativo a filhos menores, o processo é enviado ao Ministério Público junto do
tribunal judicial de 1.ª instância competente em razão da matéria no âmbito da circunscrição a que pertença
a conservatória, para que este se pronuncie sobre o acordo no prazo de 30 dias.
Caso o Ministério Público considere que o acordo não acautela devidamente os interesses dos menores,
podem os requerentes alterar o acordo em conformidade ou apresentar novo acordo, sendo neste último
caso dada nova vista ao Ministério Público.
Se o Ministério Público considerar que o acordo acautela devidamente os interesses dos menores ou tendo
os cônjuges alterado o acordo nos termos indicados pelo Ministério Público, é decretado o divórcio.
Nas situações em que os requerentes não se conformem com as alterações indicadas pelo Ministério Público
e mantenham o propósito de se divorciar, o processo é remetido para o tribunal.
Numa assistência a uma conferência de pais para alteração das responsabilidades parentais, o pai queria
a guarda partilhada e perguntaram se existe produção de prova para se chegar a essa alteração;
Sim, por exemplo nos termos do artigo 5, nº6, do RGPTC, sempre que o interesse da criança o justificar, o
tribunal, a requerimento ou oficiosamente, pode proceder à audição da criança, em qualquer fase do
processo, a fim de que o seu depoimento possa ser considerado como meio probatório nos atos processuais
posteriores, incluindo o julgamento.
Também nos termos do artigo 21, aquando a instrução do processo o juiz, tendo em vista a fundamentação
da decisão, toma depoimento às partes, aos familiares e outras pessoas cuja relevância para a causa
reconheça, designadamente, pessoas de especial referência afetiva para a criança, ficando os depoimentos
documentados em auto; Ordena, sempre que entenda conveniente, a audição técnica especializada e ou
mediação das partes; Toma declarações aos técnicos das equipas multidisciplinares de assessoria técnica;
Solicita informações às equipas multidisciplinares de assessoria técnica ou, quando necessário e útil, a
entidades externas a realizar no prazo de 30 dias; Solicita a elaboração de relatório, por parte da equipa
multidisciplinar de assessoria técnica, no prazo de 60 dias.
Em qualquer fase do processo e sempre que o entenda necessário, o juiz pode nomear ou requisitar
assessores técnicos externos, a fim de assistirem a diligências, prestarem esclarecimentos, realizarem
exames ou elaborarem pareceres.
Também o artigo 29 do mesmo diploma, quando haja lugar a audiência de discussão e julgamento, se não
conseguir a conciliação entre os progenitores, passa-se à produção de prova, que se inicia com a tomada de
declarações às partes que estiverem presentes e finda a produção da prova, é dada a palavra ao Ministério
Público e aos advogados constituídos, podendo cada um usar dela uma só vez e por tempo que não exceda
30 minutos.
Conferência de pais, porque que pus no valor da ação 30.000,01 se é um processo urgente, se as partes
chegando a acordo o que é que tem de se ter em conta, qual é a particularidade deste acordo;
Nos termos do artigo 303, nº1 CPC o valor das ações sobre o estado das pessoas ou sobre interesses
imateriais consideram-se sempre de valor equivalente à alçada da Relação e mais (euro) 0,01. Ou seja, trinta
mil euros e um cêntimo para que a ação seja suscetível de recurso para o Supremo Tribunal de Justiça.
São processos urgentes, nos termos do artigo 13 do Regime Geral do Processo Tutelar Cível, sendo que
correm durante as férias judiciais os processos cuja demora possa causar prejuízo aos interesses da criança.
Num processo de inventário, mais precisamente numa licitação, se é possível qualquer pessoa fazer a
licitação.
Não. Nos termos do artigo 1113 do CPC, a licitação tem a estrutura de uma arrematação, sendo apenas
admitidos a licitar os interessados diretos na partilha, salvos os casos em que, nos termos da lei, também
devam ser admitidos os donatários e os legatários.
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CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 1.º
Objeto
O Regime Geral do Processo Tutelar Cível, doravante designado RGPTC, regula o processo aplicável às
providências tutelares cíveis e respetivos incidentes
Artigo 2.º
Âmbito
O RGPTC não é aplicável ao processo de adoção e respetivos procedimentos preliminares, os quais são
regulados em diploma próprio.
Artigo 3.º
Providências tutelares cíveis
Para efeitos do RGPTC, constituem providências tutelares cíveis:
a) A instauração da tutela e da administração de bens;
b) A nomeação de pessoa que celebre negócio em nome da criança e, bem assim, a nomeação de curador
geral que represente, extrajudicialmente, a criança sujeita às responsabilidades parentais;
c) A regulação do exercício das responsabilidades parentais e o conhecimento das questões a este
respeitantes;
d) A fixação dos alimentos devidos à criança e aos filhos maiores ou emancipados a que se refere o artigo
1880.º do Código Civil e a execução por alimentos;
e) A entrega judicial de criança;
f) A autorização do representante legal da criança à prática de certos atos, a confirmação dos que tenham
sido praticados sem autorização e as providências acerca da aceitação de liberalidades;
g) A determinação da caução que os pais devam prestar a favor dos seus filhos ainda crianças;
h) A inibição, total ou parcial, e o estabelecimento de limitações ao exercício das responsabilidades
parentais;
i) A averiguação oficiosa da maternidade e da paternidade;
j) A determinação, em caso de desacordo dos pais, do nome e apelidos da criança;
k) A constituição da relação de apadrinhamento civil e a sua revogação;
l) A regulação dos convívios da criança com os irmãos e ascendentes.
Artigo 4.º
Princípios orientadores
1 - Os processos tutelares cíveis regulados no RGPTC regem-se pelos princípios orientadores de
intervenção estabelecidos na lei de proteção de crianças e jovens em perigo e ainda pelos seguintes:
a) Simplificação instrutória e oralidade - a instrução do processo recorre preferencialmente a formas e a
atos processuais simplificados, nomeadamente, no que concerne à audição da criança que deve decorrer
de forma compreensível, ao depoimento dos pais, familiares ou outras pessoas de especial referência
afetiva para a criança, e às declarações da assessoria técnica, prestados oralmente e documentados em
auto;
b) Consensualização - os conflitos familiares são preferencialmente dirimidos por via do consenso, com
recurso a audição técnica especializada e ou à mediação, e, excecionalmente, relatados por escrito;
c) Audição e participação da criança - a criança, com capacidade de compreensão dos assuntos em
discussão, tendo em atenção a sua idade e maturidade, é sempre ouvida sobre as decisões que lhe digam
respeito, preferencialmente com o apoio da assessoria técnica ao tribunal, sendo garantido, salvo recusa
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fundamentada do juiz, o acompanhamento por adulto da sua escolha sempre que nisso manifeste
interesse.
2 - Para efeitos do disposto na alínea c) do número anterior, o juiz afere, casuisticamente e por despacho,
a capacidade de compreensão dos assuntos em discussão pela criança, podendo para o efeito recorrer ao
apoio da assessoria técnica.
Artigo 5.º
Audição da criança
1 - A criança tem direito a ser ouvida, sendo a sua opinião tida em consideração pelas autoridades
judiciárias na determinação do seu superior interesse.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, o juiz promove a audição da criança, a qual pode ter lugar
em diligência judicial especialmente agendada para o efeito.
3 - A audição da criança é precedida da prestação de informação clara sobre o significado e alcance da
mesma.
4 - A audição da criança respeita a sua específica condição, garantindo-se, em qualquer caso, a existência
de condições adequadas para o efeito, designadamente:
a) A não sujeição da criança a espaço ou ambiente intimidatório, hostil ou inadequado à sua idade,
maturidade e características pessoais;
b) A intervenção de operadores judiciários com formação adequada.
5 - Tendo em vista o cumprimento do disposto no número anterior, privilegia-se a não utilização de traje
profissional aquando da audição da criança.
6 - Sempre que o interesse da criança o justificar, o tribunal, a requerimento ou oficiosamente, pode
proceder à audição da criança, em qualquer fase do processo, a fim de que o seu depoimento possa ser
considerado como meio probatório nos atos processuais posteriores, incluindo o julgamento.
7 - A tomada de declarações obedece às seguintes regras:
a) A tomada de declarações é realizada em ambiente informal e reservado, com vista a garantir,
nomeadamente, a espontaneidade e a sinceridade das respostas, devendo a criança ser assistida no
decurso do ato processual por um técnico especialmente habilitado para o seu acompanhamento,
previamente designado para o efeito;
b) A inquirição é feita pelo juiz, podendo o Ministério Público e os advogados formular perguntas
adicionais;
c) As declarações da criança são gravadas mediante registo áudio ou audiovisual, só podendo ser utilizados
outros meios técnicos idóneos a assegurar a reprodução integral daquelas quando aqueles meios não
estiverem disponíveis e dando-se preferência, em qualquer caso, à gravação audiovisual sempre que a
natureza do assunto a decidir ou o interesse da criança assim o exigirem;
d) Quando em processo-crime a criança tenha prestado declarações para memória futura, podem estas
ser consideradas como meio probatório no processo tutelar cível;
e) Quando em processo de natureza cível a criança tenha prestado declarações perante o juiz ou Ministério
Público, com observância do princípio do contraditório, podem estas ser consideradas como meio
probatório no processo tutelar cível;
f) A tomada de declarações nos termos das alíneas anteriores não prejudica a prestação de depoimento
em audiência de julgamento, sempre que ela deva ser possível e não puser em causa a saúde física e
psíquica e o desenvolvimento integral da criança;
g) Em tudo o que não contrarie este preceito, aplica-se, com as necessárias adaptações, o regime
processual civil previsto para a prova antecipada.
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Artigo 6.º
Competência principal das secções de famílias e menores
Compete às secções de família e menores da instância central do tribunal de comarca em matéria tutelar
cível:
a) Instaurar a tutela e a administração de bens;
b) Nomear pessoa que celebre negócios em nome da criança e, bem assim, nomear curador geral que
represente, extrajudicialmente, a criança sujeita às responsabilidades parentais;
c) Regular o exercício das responsabilidades parentais e conhecer das questões a este respeitantes;
d) Fixar os alimentos devidos à criança e aos filhos maiores ou emancipados a que se refere o artigo 1880.º
do Código Civil e preparar e julgar as execuções por alimentos;
e) Ordenar a entrega judicial de criança;
f) Autorizar o representante legal da criança a praticar certos atos, confirmar os que tenham sido
praticados sem autorização e providenciar acerca da aceitação de liberalidades;
g) Decidir acerca da caução que os pais devam prestar a favor dos seus filhos ainda crianças;
h) Decretar a inibição, total ou parcial, e estabelecer limitações ao exercício das responsabilidades
parentais;
i) Proceder à averiguação oficiosa da maternidade e da paternidade;
j) Decidir, em caso de desacordo dos pais, sobre o nome e apelidos da criança;
k) Constituir a relação de apadrinhamento civil e decretar a sua revogação;
l) Regular os convívios da criança com os irmãos e ascendentes.
Artigo 7.º
Competência acessória das secções de família e menores
Compete ainda às secções de família e menores:
a) Havendo tutela ou administração de bens, determinar a remuneração do tutor ou administrador,
conhecer da escusa, exoneração ou remoção do tutor, administrador ou vogal do conselho de família,
exigir e julgar as contas, autorizar a substituição da hipoteca legal e determinar o reforço e substituição
da caução prestada, e nomear curador especial que represente a criança extrajudicialmente;
b) Nomear curador especial que represente a criança em qualquer processo tutelar;
c) Decidir acerca do reforço e substituição da caução prestada a favor dos filhos ainda crianças;
d) Exigir e julgar as contas que os pais devam prestar;
e) Conhecer de quaisquer outros incidentes dos processos referidos no artigo anterior.
Artigo 8.º
Secções da instância local
1 - Fora das áreas abrangidas pela jurisdição das secções de família e menores, cabe às secções cíveis da
instância local conhecer das causas que àquelas estão atribuídas.
2 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, em caso de não ocorrer desdobramento, cabe às secções
de competência genérica da instância local conhecer das causas ali referidas, conforme o disposto na
alínea a) do n.º 1 do artigo 130.º da Lei n.º 62/2013, de 26 de agosto.
3 - Nos casos previstos nos números anteriores, o tribunal constitui-se em secção de família e menores.
Artigo 9.º
Competência territorial
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1 - Para decretar as providências tutelares cíveis é competente o tribunal da residência da criança no
momento em que o processo foi instaurado.
2 - Sendo desconhecida a residência da criança, é competente o tribunal da residência dos titulares das
responsabilidades parentais.
3 - Se os titulares das responsabilidades parentais tiverem residências diferentes, é competente o tribunal
da residência daquele que exercer as responsabilidades parentais.
4 - No caso de exercício conjunto das responsabilidades parentais, é competente o tribunal da residência
daquele com quem residir a criança ou, em situações de igualdade de circunstâncias, o tribunal em que a
providência tiver sido requerida em primeiro lugar.
5 - Se alguma das providências disser respeito a duas crianças, filhos dos mesmos progenitores e residentes
em comarcas diferentes, é competente o tribunal em que a providência tiver sido requerida em primeiro
lugar.
6 - Se alguma das providências disser respeito a mais do que duas crianças, filhos dos mesmos progenitores
e residentes em comarcas diferentes, é competente o tribunal da residência do maior número delas.
7 - Se no momento da instauração do processo a criança residir no estrangeiro e o tribunal português for
internacionalmente competente, é competente para apreciar e decidir a causa o tribunal da residência do
requerente ou do requerido.
8 - Quando o requerente e o requerido residam no estrangeiro e o tribunal português for
internacionalmente competente, o conhecimento da causa pertence à secção da instância central de
família e menores de Lisboa, na Comarca de Lisboa.
9 - Sem prejuízo das regras de conexão e do previsto em lei especial, são irrelevantes as modificações de
facto que ocorram após a instauração do processo.
Artigo 10.º
Exceção de incompetência territorial
1 - A incompetência territorial pode ser deduzida até decisão final, devendo o tribunal conhecer dela
oficiosamente.
2 - Para julgar a exceção, o tribunal pode ordenar as diligências que entender necessárias.
Artigo 11.º
Competência por conexão
1 - Se, relativamente à mesma criança, forem instaurados, separadamente, processo tutelar cível e
processo de promoção e proteção, incluindo os processos perante a comissão de proteção de crianças e
jovens, ou processo tutelar educativo, devem os mesmos correr por apenso, independentemente do
respetivo estado, sendo competente para deles conhecer o juiz do processo instaurado em primeiro lugar.
2 - O disposto no número anterior não se aplica às providências tutelares cíveis relativas à averiguação
oficiosa da maternidade ou da paternidade, nem às que sejam da competência das conservatórias do
registo civil, ou às que respeitem a mais que uma criança.
3 - Estando pendente ação de divórcio ou de separação judicial, os processos de regulação do exercício
das responsabilidades parentais, de prestação de alimentos e de inibição do exercício das
responsabilidades parentais correm por apenso àquela ação.
4 - Quando o processo tutelar cível respeitar a mais do que uma criança, pode ser instaurado um único
processo e, tendo sido instaurados processos distintos, pode proceder-se à apensação de todos eles ao
que foi instaurado em primeiro lugar, se as relações familiares assim o justificarem.
5 - A incompetência territorial não impede a observância do disposto nos n.os 1, 3 e 4.
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CAPÍTULO II
Disposições processuais comuns
Artigo 12.º
Natureza dos processos
Os processos tutelares cíveis têm a natureza de jurisdição voluntária.
Artigo 13.º
Processos urgentes
Correm durante as férias judiciais os processos tutelares cíveis cuja demora possa causar prejuízo aos
interesses da criança.
Artigo 14.º
Prazo e seu excesso
1 - Na falta de disposição especial, é de 10 dias o prazo para a prática de qualquer ato processual.
2 - Os despachos ou promoções de mero expediente, bem como os considerados urgentes, devem ser
proferidos no prazo máximo de dois dias.
3 - Decorridos três meses sobre o termo do prazo fixado para a prática de ato próprio do juiz sem que o
mesmo tenha sido praticado, deve o juiz consignar a concreta razão da inobservância do prazo.
4 - A secretaria envia, mensalmente, ao presidente do tribunal informação discriminada dos casos em que
se mostrem decorridos três meses sobre o termo do prazo fixado para a prática de ato próprio do juiz,
ainda que o ato tenha sido entretanto praticado, incumbindo ao presidente do tribunal, no prazo de 10
dias a contar da data de receção da informação, remeter o expediente à entidade com competência
disciplinar.
Artigo 15.º
Notificações e convocatórias
As notificações e as convocatórias para comparecer no tribunal ou noutros locais designados são
realizadas, em regra, através do meio técnico mais expedito e adequado ao efeito pretendido, só se
admitindo o recurso ao registo postal quando aquelas não puderem ser realizadas nos termos referidos.
Artigo 16.º
Processamento
As providências a que se refere o artigo 7.º, com exceção da prestação de contas, correm nos autos em
que tenha sido decretada a providência principal, e os restantes incidentes dos processos tutelares cíveis
correm por apenso.
Artigo 17.º
Iniciativa processual
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1 - Salvo disposição expressa e sem prejuízo do disposto nos artigos 52.º e 58.º, a iniciativa processual
cabe ao Ministério Público, à criança com idade superior a 12 anos, aos ascendentes, aos irmãos e ao
representante legal da criança.
2 - Compete especialmente ao Ministério Público instruir e decidir os processos de averiguação oficiosa,
representar as crianças em juízo, intentando ações em seu nome, requerendo ações de regulação e a
defesa dos seus direitos e usando de quaisquer meios judiciais necessários à defesa dos seus direitos e
superior interesse, sem prejuízo das demais funções que estão atribuídas por lei.
3 - O Ministério Público está presente em todas as diligências e atos processuais presididos pelo juiz.
Artigo 18.º
Constituição de advogado
1 - Nos processos previstos no RGPTC é obrigatória a constituição de advogado na fase de recurso.
2 - É obrigatória a nomeação de advogado à criança, quando os seus interesses e os dos seus pais,
representante legal ou de quem tenha a guarda de facto, sejam conflituantes, e ainda quando a criança
com maturidade adequada o solicitar ao tribunal.
Artigo 19.º
Juiz singular
As causas referidas nos artigos 6.º e 7.º são sempre julgadas por juiz singular, com exceção da constituição
do vínculo do apadrinhamento civil.
Artigo 20.º
Assessoria técnica
1 - As secções de família e menores são assessoradas por equipas técnicas multidisciplinares, funcionando,
de preferência, junto daquelas.
2 - Compete às equipas técnicas multidisciplinares apoiar a instrução dos processos tutelares cíveis e seus
incidentes, apoiar as crianças que intervenham nos processos e acompanhar a execução das decisões, nos
termos previstos no RGPTC.
3 - Por razões de segurança, os técnicos das equipas multidisciplinares podem ser ouvidos sem a presença
das partes, mas na presença dos advogados destas, garantindo-se, em qualquer caso, o contraditório.
4 - Sem prejuízo de outra ordem que venha a ser definida pelo tribunal, os técnicos das equipas
multidisciplinares são ouvidos em audiência, antes dos demais convocados, sendo dispensados logo que
possível.
5 - Sempre que possível e adequado, a assessoria técnica prestada ao tribunal relativamente a cada criança
e respetiva família é assumida pelo mesmo técnico com a função de gestor de processo, inclusive no que
respeita a processos de promoção e proteção.
Artigo 21.º
Instrução
1 - Tendo em vista a fundamentação da decisão, o juiz:
a) Toma depoimento às partes, aos familiares e outras pessoas cuja relevância para a causa reconheça,
designadamente, pessoas de especial referência afetiva para a criança, ficando os depoimentos
documentados em auto;
b) Ordena, sempre que entenda conveniente, a audição técnica especializada e ou mediação das partes,
nos termos previstos nos artigos 23.º e 24.º;
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c) Toma declarações aos técnicos das equipas multidisciplinares de assessoria técnica;
d) Sem prejuízo da alínea anterior, solicita informações às equipas multidisciplinares de assessoria técnica
ou, quando necessário e útil, a entidades externas, com as finalidades previstas no RGPTC, a realizar no
prazo de 30 dias;
e) Solicita a elaboração de relatório, por parte da equipa multidisciplinar de assessoria técnica, nos termos
previstos no n.º 4, no prazo de 60 dias.
2 - Para efeitos do disposto na alínea c) do número anterior, o tribunal notifica o técnico com a
antecedência mínima de 10 dias, remetendo-lhe toda a informação relevante constante do processo.
3 - As entidades públicas e privadas têm o dever de colaborar com o tribunal, prestando as informações
de que disponham e que lhes forem solicitadas.
4 - Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo anterior, as entidades públicas e privadas colaboram com as
equipas multidisciplinares de assessoria técnica, disponibilizando a informação relevante que lhes seja
solicitada.
5 - Só há lugar a relatório nos processos e nos casos expressamente previstos no capítulo seguinte, quando
a sua realização se revelar de todo indispensável depois de esgotadas as formas simplificadas de instrução,
nomeadamente se forem insuficientes os depoimentos e as informações a que se referem as alíneas a), c)
e d) do n.º 1.
6 - O despacho que ordena o relatório deve circunscrever o seu objeto.
Artigo 22.º
Assessoria técnica externa
1 - Em qualquer fase do processo e sempre que o entenda necessário, o juiz pode nomear ou requisitar
assessores técnicos externos, a fim de assistirem a diligências, prestarem esclarecimentos, realizarem
exames ou elaborarem pareceres.
2 - Quando o juiz nomear ou requisitar assessores técnicos externos que prestem serviços em instituições
públicas ou privadas, devem estas prestar toda a colaboração, prevalecendo o serviço do tribunal sobre
qualquer outro, salvo no caso de escusa justificada.
3 - Aos assessores técnicos externos aplicam-se as regras do Código do Processo Civil relativas às causas
de impedimento, de suspeição e de dispensa legal do exercício da função de perito.
Artigo 23.º
Audição técnica especializada
1 - O juiz pode, a todo o tempo e sempre que o considere necessário, determinar audição técnica
especializada, com vista à obtenção de consensos entre as partes.
2 - A audição técnica especializada em matéria de conflito parental consiste na audição das partes, tendo
em vista a avaliação diagnóstica das competências parentais e a aferição da disponibilidade daquelas para
um acordo, designadamente em matéria de regulação do exercício das responsabilidades parentais, que
melhor salvaguarde o interesse da criança.
3 - A audição técnica especializada inclui a prestação de informação centrada na gestão do conflito.
Artigo 24.º
Mediação
1 - Em qualquer estado da causa e sempre que o entenda conveniente, designadamente em processo de
regulação do exercício das responsabilidades parentais, oficiosamente com o consentimento dos
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interessados ou a requerimento destes, pode o juiz determinar a intervenção de serviços públicos ou
privados de mediação.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, compete ao juiz informar os interessados sobre a
existência e os objetivos dos serviços de mediação familiar.
3 - O juiz homologa o acordo obtido por via de mediação se este satisfizer o interesse da criança.
Artigo 24.º-A
Inadmissibilidade do recurso à audição técnica especializada e à mediação
O recurso à audição técnica especializada e à mediação, previstas nos artigos anteriores, não é admitido
entre as partes quando:
a) For decretada medida de coação ou aplicada pena acessória de proibição de contacto entre
progenitores, ou
b) Estiverem em grave risco os direitos e a segurança de vítimas de violência doméstica e de outras formas
de violência em contexto familiar, como maus tratos ou abuso sexual de crianças.
Artigo 25.º
Contraditório
1 - As partes têm direito a conhecer as informações, as declarações da assessoria técnica e outros
depoimentos, processados de forma oral e documentados em auto, relatórios, exames e pareceres
constantes do processo, podendo pedir esclarecimentos, juntar outros elementos ou requerer a
solicitação de informações que considerem necessárias.
2 - O juiz indefere, por despacho irrecorrível, os requerimentos apresentados que se mostrem inúteis, de
realização impossível ou com intuito manifestamente dilatório.
3 - É garantido o contraditório relativamente às provas que forem obtidas pelos meios previstos no n.º 1.
Artigo 26.º
Dever de cooperação de agentes consulares
O tribunal e o Ministério Público podem dirigir-se, nos termos da lei processual e do regulamento consular,
aos agentes consulares portugueses e requisitar a sua intervenção ou auxílio quanto a medidas e
providências relativas a crianças sob sua jurisdição, bem como solicitar o auxílio e os bons ofícios dos
agentes consulares estrangeiros em Portugal quanto a crianças de outros países residentes em território
nacional.
Artigo 27.º
Conjugação de decisões
1 - As decisões que apliquem medidas tutelares cíveis e de promoção e proteção, ainda que provisórias,
devem conjugar-se e harmonizar-se entre si, tendo em conta o superior interesse da criança.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, o juiz, por despacho fundamentado, procede, se
necessário, à revisão da medida anteriormente decretada.
3 - No caso de, em processo tutelar cível, se obterem indícios de uma situação de perigo para a criança, o
Ministério Público requer, por apenso, o processo judicial de promoção e proteção e, se necessário, a
aplicação de medida judicial de proteção da criança.
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Artigo 28.º
Decisões provisórias e cautelares
1 - Em qualquer estado da causa e sempre que o entenda conveniente, a requerimento ou oficiosamente,
o tribunal pode decidir provisoriamente questões que devam ser apreciadas a final, bem como ordenar as
diligências que se tornem indispensáveis para assegurar a execução efetiva da decisão.
2 - Podem também ser provisoriamente alteradas as decisões já tomadas a título definitivo.
3 - Para efeitos do disposto no presente artigo, o tribunal procede às averiguações sumárias que tiver por
convenientes.
4 - O tribunal ouve as partes, exceto quando a audiência puser em risco sério o fim ou a eficácia da
providência.
5 - Quando as partes não tiverem sido ouvidas antes do decretamento da providência, é-lhes lícito, em
alternativa, na sequência da notificação da decisão que a decretou:
a) Recorrer, nos termos gerais, quando entenda que, face aos elementos apurados, ela não devia ter sido
deferida;
b) Deduzir oposição, quando pretenda alegar factos ou produzir meios de prova não tidos em conta pelo
tribunal e que possam afastar os fundamentos da providência ou determinem a sua redução.
Artigo 29.º
Audiência de discussão e julgamento
1 - Quando haja lugar a audiência de discussão e julgamento, esta efetua-se nos seguintes termos:
a) Estando presentes ou representadas as partes, o juiz procura conciliá-las, tomando declarações às que
estiverem presentes;
b) Se não conseguir a conciliação, passa-se à produção de prova, que se inicia com a tomada de declarações
às partes que estiverem presentes;
c) Finda a produção da prova, é dada a palavra ao Ministério Público e aos advogados constituídos,
podendo cada um usar dela uma só vez e por tempo que não exceda 30 minutos.
2 - Atendendo à complexidade da causa, o juiz pode determinar o alargamento do tempo para o uso da
palavra, previsto na alínea c) do número anterior.
3 - A audiência é sempre gravada, devendo apenas ser assinalados na ata o início e o termo de cada
depoimento, declaração, informação, esclarecimento, requerimento e respetiva resposta, despacho,
decisão e alegações orais.
4 - A audiência só pode ser adiada uma vez por falta das partes, dos seus advogados ou testemunhas.
5 - Se a audiência for adiada por impedimento do tribunal, deve ficar consignado nos autos o respetivo
fundamento.
6 - Quando o adiamento se dever à realização de outra diligência, deve ainda ser identificado o processo
a que respeita.
Artigo 30.º
Princípio da plenitude da assistência do juiz
1 - Se durante a audiência de discussão e julgamento falecer ou se impossibilitar permanentemente o juiz,
repetem-se os atos já praticados.
2 - Sendo temporária a impossibilidade, interrompe-se a audiência pelo tempo indispensável a não ser
que as circunstâncias aconselhem a repetição dos atos já praticados, o que é decidido sem recurso, mas
em despacho fundamentado, pelo juiz substituto.
3 - O juiz substituto continua a intervir, não obstante o regresso ao serviço do juiz efetivo.
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4 - O juiz que for transferido, promovido ou aposentado conclui o julgamento, exceto se a aposentação
tiver por fundamento a incapacidade física, moral ou profissional para o exercício do cargo ou se for
preferível a repetição dos atos já praticados em julgamento.
5 - Nos casos de transferência ou promoção, o juiz elabora também a sentença.
Artigo 31.º
Continuidade da audiência
1 - A audiência é contínua, só podendo ser interrompida por motivos de força maior ou absoluta
necessidade ou nos casos previstos no n.º 2 do artigo anterior.
2 - Se não for possível concluir a audiência num dia, esta é suspensa, e o juiz, mediante acordo das partes,
marca a continuação para a data mais próxima; se a continuação não ocorrer dentro dos 30 dias imediatos,
por impedimento do tribunal ou por impedimento dos mandatários em consequência de outro serviço
judicial já marcado, deve o respetivo motivo ficar consignado em ata, identificando-se expressamente a
diligência e o processo a que respeita.
3 - Para efeitos do disposto no número anterior, não é considerado o período das férias judiciais, nem o
período em que, por motivo estranho ao tribunal, os autos aguardem a realização de diligências de prova.
4 - As pessoas que tenham sido ouvidas não podem ausentar-se sem autorização do juiz, que a não
concede quando haja oposição de qualquer das partes.
Artigo 32.º
Recursos
1 - Salvo disposição expressa, cabe recurso das decisões que se pronunciem definitiva ou provisoriamente
sobre a aplicação, alteração ou cessação de medidas tutelares cíveis.
2 - Sem prejuízo do disposto no artigo 63.º, podem recorrer o Ministério Público e as partes, os pais, o
representante legal e quem tiver a guarda de facto da criança.
3 - Os recursos são processados e julgados como em matéria cível, sendo o prazo de alegações e de
resposta de 15 dias.
4 - Os recursos têm efeito meramente devolutivo, exceto se o tribunal lhes fixar outro efeito.
Artigo 33.º
Direito subsidiário
1 - Nos casos omissos são de observar, com as devidas adaptações, as regras de processo civil que não
contrariem os fins da jurisdição de menores.
2 - Salvo disposição expressa, são correspondentemente aplicáveis, com as devidas adaptações aos
processos tutelares cíveis, as disposições dos artigos 88.º a 90.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens
em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, alterada pelas Leis n.os 31/2003, de 22 de
agosto, e 142/2015, de 8 de setembro.
CAPÍTULO III
Processos especiais
SECÇÃO I
Regulação do exercício das responsabilidades parentais e resolução de questões conexas
Artigo 34.º
Homologação do acordo
1 - A homologação do acordo sobre o exercício das responsabilidades parentais, nos casos de divórcio,
separação judicial de pessoas e bens, declaração de nulidade ou anulação do casamento a que se refere o
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artigo 1905.º do Código Civil, é pedida por qualquer dos pais, nos 10 dias subsequentes ao trânsito em
julgado da sentença proferida na respetiva causa.
2 - Antes de decidir, o juiz pode ordenar as diligências que considere necessárias.
3 - Quando não tenha sido pedida homologação do acordo ou este não seja homologado, é notificado o
Ministério Público, que, nos 10 dias imediatos, deve requerer a regulação.
4 - Se o tribunal competente para a regulação não for aquele onde correu termos a ação que determinou
a sua necessidade, é extraída certidão dos articulados, da decisão final e de outras peças do processo que
sejam indicadas pelo juiz ou pelo Ministério Público, a remeter ao tribunal onde aquela ação deva ser
proposta.
Artigo 35.º
Conferência
1 - Autuado o requerimento ou a certidão, os pais são citados para conferência, a realizar nos 15 dias
imediatos.
2 - O juiz pode também determinar que estejam presentes os avós ou outros familiares e pessoas de
especial referência afetiva para a criança.
3 - A criança com idade superior a 12 anos ou com idade inferior, com capacidade para compreender os
assuntos em discussão, tendo em atenção a sua idade e maturidade, é ouvida pelo tribunal, nos termos
previstos na alínea c) do artigo 4.º e no artigo 5.º, salvo se a defesa do seu superior interesse o
desaconselhar.
4 - Os pais são obrigados a comparecer pessoalmente sob pena de multa, apenas podendo fazer-se
representar por mandatário judicial ou por seus ascendentes ou irmãos, com poderes especiais para
intervir no ato, no caso de estarem impossibilitados de comparecer ou de residirem fora do município da
sede da instância central ou local onde a conferência se realize, sem prejuízo de serem ouvidos por
teleconferência a partir do núcleo de secretaria da área da sua residência.
Artigo 36.º
Ausência dos pais
Se algum dos pais estiver ausente em parte incerta, a convocação para a conferência é realizada por meio
de editais, nos termos do Código de Processo Civil.
Artigo 37.º
Acordo ou falta de comparência de algum dos pais
1 - Estando ambos os pais presentes ou representados, o juiz procura obter acordo que corresponda aos
interesses da criança sobre o exercício das responsabilidades parentais.
2 - Se conseguir obter o acordo, o juiz faz constar do auto da conferência o que for acordado e dita a
sentença de homologação.
3 - Se faltarem um ou ambos os pais e não se fizerem representar, o juiz ouve as pessoas que estejam
presentes, fazendo exarar em auto as suas declarações, e manda proceder às diligências de instrução
necessárias, nos termos previstos no artigo 21.º e decide.
4 - A conferência não pode ser adiada mais de uma vez por falta dos pais ou seus representantes.
5 - A conferência já iniciada pode ser suspensa, estabelecendo-se, por período e condições determinados,
um regime provisório, em consideração pelos interesses da criança.
Artigo 38.º
Falta de acordo na conferência
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Se ambos os pais estiverem presentes ou representados na conferência, mas não chegarem a acordo que
seja homologado, o juiz decide provisoriamente sobre o pedido em função dos elementos já obtidos,
suspende a conferência e remete as partes para:
a) Mediação, nos termos e com os pressupostos previstos no artigo 24.º, por um período máximo de três
meses; ou
b) Audição técnica especializada, nos termos previstos no artigo 23.º, por um período máximo de dois
meses.
Artigo 39.º
Termos posteriores à fase de audição técnica especializada e mediação
1 - Finda a intervenção da audição técnica especializada, o tribunal é informado do resultado e notifica as
partes para a continuação da conferência a realizar nos cinco dias imediatos, com vista à obtenção de
acordo da regulação do exercício das responsabilidades parentais.
2 - Quando houver lugar a processo de mediação nos termos previstos no artigo 24.º, o tribunal é
informado em conformidade.
3 - Finda a mediação ou decorrido o prazo a que se refere a alínea a) do artigo anterior, o juiz notifica as
partes para a continuação da conferência, que se realiza nos cinco dias imediatos com vista à homologação
do acordo estabelecido em sede de mediação.
4 - Se os pais não chegarem a acordo, o juiz notifica as partes para, em 15 dias, apresentarem alegações
ou arrolarem até 10 testemunhas e juntarem documentos.
5 - Findo o prazo das alegações previsto no número anterior e sempre que o entenda necessário, o juiz
ordena as diligências de instrução, de entre as previstas nas alíneas a), c), d) e e) do n.º 1 do artigo 21.º
6 - De seguida, caso não haja alegações nem sejam indicadas provas, ouvido o Ministério Público, é
proferida sentença.
7 - Se forem apresentadas alegações ou apresentadas provas, tem lugar a audiência de discussão e
julgamento no prazo máximo de 30 dias.
8 - As testemunhas são apresentadas pelas partes no dia do julgamento.
9 - Atendendo à natureza e extensão da prova, pode o juiz, por decisão irrecorrível, admitir a inquirição
de testemunhas para além do previsto no n.º 4.
Artigo 40.º
Sentença
1 - Na sentença, o exercício das responsabilidades parentais é regulado de harmonia com os interesses da
criança, devendo determinar-se que seja confiada a ambos ou a um dos progenitores, a outro familiar, a
terceira pessoa ou a instituição de acolhimento, aí se fixando a residência daquela.
2 - É estabelecido regime de visitas que regule a partilha de tempo com a criança, podendo o tribunal, no
interesse desta e sempre que se justifique, determinar que tais contactos sejam supervisionados pela
equipa multidisciplinar de assessoria técnica, nos termos que forem ordenados pelo tribunal.
3 - Excecionalmente, ponderando o superior interesse da criança e considerando o interesse na
manutenção do vínculo afetivo com o visitante, pode o tribunal, pelo período de tempo que se revele
estritamente necessário, ordenar a suspensão do regime de visitas.
4 - Quando for caso disso, a sentença pode determinar que a administração dos bens do filho seja exercida
pelo progenitor a quem a criança não foi confiada.
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5 - Quando o filho for confiado a terceira pessoa ou a instituição de acolhimento, o tribunal decide a qual
dos progenitores compete o exercício das responsabilidades parentais na parte não abrangida pelos
poderes e deveres que àqueles devem ser atribuídos para o adequado desempenho das suas funções.
6 - Nos casos em que julgue haver risco de incumprimento da decisão, o juiz pode determinar o
acompanhamento da execução do regime estabelecido pelos serviços de assessoria técnica, por período
de tempo a fixar.
7 - Nos casos previstos no número anterior, os serviços de assessoria técnica informam o tribunal sobre a
forma como decorre a execução da decisão, com a periodicidade por ele fixada, ou antes de decorrido tal
prazo, oficiosamente, sempre que ocorra incumprimento reiterado ou gravoso do regime fixado.
8 - Quando for caso disso, a sentença pode determinar que o exercício das responsabilidades parentais
relativamente a questões de particular importância na vida do filho caiba em exclusivo a um dos
progenitores.
9 - Para efeitos do disposto no número anterior e salvo prova em contrário, presume-se contrário ao
superior interesse da criança o exercício em comum das responsabilidades parentais quando seja
decretada medida de coação ou aplicada pena acessória de proibição de contacto entre os progenitores.
10 - Nos casos previstos no número anterior, o regime de visitas pode ser condicionado, contemplando a
mediação de profissionais especializados ou, verificando-se os respetivos pressupostos, suspenso nos
termos do n.º 3.
Artigo 41.º
Incumprimento
1 - Se, relativamente à situação da criança, um dos pais ou a terceira pessoa a quem aquela haja sido
confiada não cumprir com o que tiver sido acordado ou decidido, pode o tribunal, oficiosamente, a
requerimento do Ministério Público ou do outro progenitor, requerer, ao tribunal que no momento for
territorialmente competente, as diligências necessárias para o cumprimento coercivo e a condenação do
remisso em multa até vinte unidades de conta e, verificando-se os respetivos pressupostos, em
indemnização a favor da criança, do progenitor requerente ou de ambos.
2 - Se o acordo tiver sido homologado pelo tribunal ou este tiver proferido a decisão, o requerimento é
autuado por apenso ao processo onde se realizou o acordo ou foi proferida decisão, para o que será
requisitado ao respetivo tribunal, se, segundo as regras da competência, for outro o tribunal competente
para conhecer do incumprimento.
3 - Autuado o requerimento, ou apenso este ao processo, o juiz convoca os pais para uma conferência ou,
excecionalmente, manda notificar o requerido para, no prazo de cinco dias, alegar o que tiver por
conveniente.
4 - Na conferência, os pais podem acordar na alteração do que se encontra fixado quanto ao exercício das
responsabilidades parentais, tendo em conta o interesse da criança.
5 - Não comparecendo na conferência nem havendo alegações do requerido, ou sendo estas
manifestamente improcedentes, no incumprimento do regime de visitas e para efetivação deste, pode ser
ordenada a entrega da criança acautelando-se os termos e local em que a mesma se deva efetuar,
presidindo à diligência a assessoria técnica ao tribunal.
6 - Para efeitos do disposto no número anterior e sem prejuízo do procedimento criminal que ao caso
caiba, o requerido é notificado para proceder à entrega da criança pela forma determinada, sob pena de
multa.
7 - Não tendo sido convocada a conferência ou quando nesta os pais não chegarem a acordo, o juiz manda
proceder nos termos do artigo 38.º e seguintes e, por fim, decide.
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8 - Se tiver havido condenação em multa e esta não for paga no prazo de 10 dias, há lugar à execução por
apenso ao respetivo processo, nos termos legalmente previstos.
Artigo 42.º
Alteração de regime
1 - Quando o acordo ou a decisão final não sejam cumpridos por ambos os pais, ou por terceira pessoa a
quem a criança haja sido confiada, ou quando circunstâncias supervenientes tornem necessário alterar o
que estiver estabelecido, qualquer um daqueles ou o Ministério Público podem requerer ao tribunal, que
no momento for territorialmente competente, nova regulação do exercício das responsabilidades
parentais.
2 - O requerente deve expor sucintamente os fundamentos do pedido e:
a) Se o regime tiver sido estabelecido por acordo extrajudicial, juntar ao requerimento:
i) Certidão do acordo, e do parecer do Ministério Público e da decisão a que se referem, respetivamente,
os n.os 4 e 3 do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 272/2001, de 13 de outubro, alterado pelo Decreto-Lei n.º
324/2007, de 28 de setembro, pela Lei n.º 61/2008, de 31 de outubro, e pelo Decreto-Lei n.º 122/2013, de
26 de agosto; ou
ii) Certidão do acordo e da sentença homologatória;
b) Se o regime tiver sido fixado pelo tribunal, o requerimento é autuado por apenso ao processo onde se
realizou o acordo ou foi proferida decisão final, para o que será requisitado ao respetivo tribunal, se,
segundo as regras da competência, for outro o tribunal competente para conhecer da nova ação.
3 - O requerido é citado para, no prazo de 10 dias, alegar o que tiver por conveniente.
4 - Junta a alegação ou findo o prazo para a sua apresentação, o juiz, se considerar o pedido infundado,
ou desnecessária a alteração, manda arquivar o processo, condenando em custas o requerente.
5 - Caso contrário, o juiz ordena o prosseguimento dos autos, observando-se, na parte aplicável, o disposto
nos artigos 35.º a 40.º
6 - Antes de mandar arquivar os autos ou de ordenar o seu prosseguimento, pode o juiz determinar a
realização das diligências que considere necessárias.
Artigo 43.º
Outros casos de regulação
1 - O disposto nos artigos anteriores é aplicável à regulação do exercício das responsabilidades parentais
de filhos de cônjuges separados de facto, de filhos de progenitores não unidos pelo matrimónio e ainda
de crianças apadrinhadas civilmente quando os padrinhos cessem a vida em comum.
2 - Qualquer das pessoas a quem incumba o exercício das responsabilidades parentais pode requerer a
homologação do acordo extrajudicial sobre aquele exercício.
3 - A regulação prevista neste artigo, bem como as diligências executórias da decisão judicial ou do acordo
homologado, podem ser requeridas por qualquer das pessoas a quem caiba o exercício das
responsabilidades parentais ou pelo Ministério Público.
4 - A necessidade da intervenção judicial pode ser comunicada ao Ministério Público por qualquer pessoa.
Artigo 44.º
Falta de acordo dos pais em questões de particular importância
1 - Quando o exercício das responsabilidades parentais seja exercido em comum por ambos os pais, mas
estes não estejam de acordo em alguma questão de particular importância, pode qualquer deles requerer
ao tribunal a resolução do diferendo.
2 - Autuado o requerimento, seguem-se os termos previstos nos artigos 35.º a 40.º
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3 - O tribunal decide uma vez realizadas as diligências que considere necessárias.
Artigo 44.º-A
Regulação urgente
1 - Quando seja decretada medida de coação ou aplicada pena acessória de proibição de contacto entre
progenitores ou se estiver em grave risco os direitos e a segurança das vítimas de violência doméstica e
de outras formas de violência em contexto familiar, como maus tratos ou abuso sexual de crianças, o
Ministério Público requer, no prazo máximo de 48 horas após ter conhecimento da situação, a regulação
ou alteração da regulação do exercício das responsabilidades parentais.
2 - Autuado o requerimento, os progenitores são citados para conferência, a realizar nos 5 dias imediatos.
3 - Sempre que os progenitores não cheguem a acordo ou qualquer deles faltar, é fixado regime provisório
nos termos do artigo 38.º, seguindo-se-lhe os termos posteriores previstos nos artigos 39.º e seguintes da
presente lei
Artigo 1.º
Competência do cartório notarial
1 - A Ordem dos Notários elabora uma lista dos notários que pretendam processar, nos respetivos
cartórios, os processos de inventário, procedendo à publicitação da lista atualizada no seu sítio eletrónico
na Internet.
2 - Os interessados podem escolher, segundo o disposto no n.º 2 do artigo 1083.º do Código de Processo
Civil, o cartório notarial em que pretendem instaurar o inventário, desde que exista uma conexão
relevante com a partilha, estabelecida em função, nomeadamente, do local de abertura da sucessão, da
situação da maior parte dos imóveis ou do estabelecimento comercial que integram a herança ou da
residência da maioria dos interessados diretos na partilha.
3 - É aplicável ao notário o regime de impedimentos e suspeições do juiz previsto no Código de Processo
Civil.
4 - No caso de impedimento ou de indisponibilidade do cartório notarial, os interessados podem optar
pela instauração do processo em cartório sediado em circunscrições confinantes ou próximas.
Artigo 2.º
Tramitação do processo
1 - É aplicável ao processo de inventário que possa decorrer perante o cartório notarial o regime
estabelecido no título XVI do livro V do Código de Processo Civil, com as necessárias adaptações.
2 - A apresentação do requerimento inicial do inventário, da eventual oposição, bem como de todos os
atos subsequentes deve realizar-se, sempre que possível, através de meios eletrónicos, nos termos da
Portaria n.º 278/2013, de 26 de agosto, na sua redação atual.
3 - Ao notário compete realizar todas as diligências do processo, sem prejuízo dos casos em que os
interessados devam ser remetidos para os meios judiciais.
4 - Compete ao tribunal de comarca da circunscrição judicial da área do cartório notarial praticar os atos
que caibam ao juiz, bem como apreciar os recursos interpostos de decisões do notário.
Artigo 3.º
Remessa dos interessados para os meios judiciais
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1 - O notário deve determinar, mesmo oficiosamente, mediante despacho fundamentado, a suspensão do
processo:
a) Se estiver pendente causa em que se aprecie questão com relevância para a admissibilidade do processo
ou para a definição de direitos de interessados diretos na partilha;
b) Se, na pendência do inventário, se suscitarem questões prejudiciais de que dependa a admissibilidade
do processo ou a definição de direitos dos interessados diretos na partilha, remetendo os interessados
para os meios judiciais, logo que se mostrem relacionados os bens.
2 - Se, na pendência do inventário, se suscitar questão que, não respeitando à admissibilidade do processo
ou à definição de quotas hereditárias dos interessados, envolva a resolução de um litígio entre os
interessados relativo, nomeadamente, à definição dos bens ou dívidas que integram o património a
partilhar, deve o notário, ouvidas as partes e em despacho fundamentado:
a) Abster-se de decidir, remetendo os interessados para os meios judiciais, quando a natureza da matéria
litigiosa ou a sua complexidade, quer de facto, quer de direito, tornar inconveniente a sua apreciação por
órgão não jurisdicional;
b) Decidir, nos demais casos, a matéria em litígio, sendo a decisão imediatamente impugnável perante o
tribunal competente.
3 - Nos casos previstos na alínea a) do número anterior, o notário ordena a suspensão do processo quando
a questão afete, de forma significativa, a utilidade prática da partilha.
4 - Se houver interessado nascituro, o notário deve suspender o processo desde o momento em que se
mostrem relacionados os bens até ao nascimento desse interessado.
5 - Ocorrido o nascimento, o notário remete oficiosamente o processo para o tribunal competente.
Artigo 4.º
Recursos
1 - A decisão do notário que, nos termos do artigo anterior, não decretar a suspensão do processo e não
remeter os interessados para os meios judiciais pode ser impugnada por qualquer dos interessados diretos
na partilha, mediante recurso interposto para o tribunal competente.
2 - O regime dos recursos é o seguinte:
a) O recurso previsto no número anterior sobe imediatamente e tem efeito suspensivo da marcha do
processo;
b) O recurso previsto na alínea b) do n.º 2 do artigo anterior sobe imediatamente e em separado dos autos
de inventário, sem efeito suspensivo da marcha do processo;
c) Aos recursos interpostos das restantes decisões proferidas pelo notário no decurso do processo é
aplicável, com as necessárias adaptações, o regime previsto no artigo 1123.º do Código de Processo Civil.
3 - Os recursos das decisões proferidas pelo notário são interpostos no prazo de 15 dias a contar da
notificação da decisão, devendo o requerimento de interposição do recurso incluir a alegação do
recorrente.
4 - A decisão do notário de remessa dos interessados para os meios judiciais não pode ser posta em causa
pelo juiz.
Artigo 5.º
Decisão homologatória da partilha
A partilha constante do mapa e das operações de sorteio é submetida ao juiz para efeitos de homologação.
Artigo 6.º
Arquivamento do processo
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1 - Se o processo estiver parado durante mais de um mês por negligência dos interessados em promover
os seus termos, o notário notifica-os imediatamente para que pratiquem os atos em falta no prazo de 10
dias.
2 - Se os interessados não praticarem os atos em falta ou não justificarem fundadamente a sua omissão,
o notário determina o arquivamento do processo, salvo se puder praticar os atos oficiosamente.
3 - Da decisão do notário que determine o arquivamento do processo cabe apelação para o tribunal
competente.
Artigo 7.º
Taxa de justiça devida pela remessa do processo ao tribunal
Pela remessa do processo ao tribunal é devida taxa de justiça correspondente à prevista na tabela II do
Regulamento das Custas Processuais, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 34/2008, de 26 de fevereiro,
na sua redação atual, para os incidentes e procedimentos anómalos, podendo a final o juiz determinar,
sempre que as questões revistam especial complexidade, o pagamento de um valor superior dentro dos
limites estabelecidos naquela tabela.
Artigo 8.º
Apoio judiciário
Ao processo de inventário é aplicável, com as necessárias adaptações, o regime jurídico do apoio
judiciário.
Processo penal
Suspensão provisória do processo - forma de reagir ao despacho que ordena a revogação da suspensão
Nos termos do artigo 281, nº6 do CPP a suspensão provisória do processo não é suscetível de impugnação,
contudo um despacho revogar a suspensão, será recorrível nos termos gerais dos artigo 399 do CPP
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Numa audiência de julgamento de processo de violência doméstica, a ofendida é obrigada a prestar
declarações, considerando que viveu em situação análoga à dos cônjuges com o arguido?
Nos termos do artigo 134, nº1 alínea b) CPP, a ofendida pode recusar-se a prestar declarações por ter sido
cônjuge do arguido relativamente a factos ocorridos durante o casamento ou a coabitação.
A entidade competente para receber o depoimento adverte, sob pena de nulidade, as pessoas referidas no
número anterior da faculdade que lhes assiste de recusarem o depoimento.
Se possível/como, requerer a inquirição de uma testemunha não arrolada por ninguém, a meio da
audiência.
É possível, desde que fosse essencial para a descoberta da verdade. Ditaria para a ata o requerimento para
que a testemunha fosse inquirida ao abrigo do artigo 316, nº2 e 340 do CPP, dizendo que só agora tive
conhecimento da existência da testemunha, que ela é essencial para a descoberta da verdade uma vez que
presenciou os factos, sendo indispensável para o apuramento da verdade...
Com efeito, conforme dispõe este artigo, o Ministério Público, o assistente, o arguido ou as partes civis
podem alterar o rol de testemunhas, inclusivamente requerendo a inquirição para além do limite legal,
contanto que o adicionamento ou a alteração requeridos possam ser comunicados aos outros até três dias
antes da data fixada para a audiência.
Contudo, depois de apresentado o rol não podem oferecer-se novas testemunhas de fora da comarca, salvo
se quem as oferecer se prontificar a apresentá-las na audiência, sendo correspondentemente aplicável à
indicação de peritos e consultores técnicos.
O recurso tem que ter motivações e conclusões? E se não tiver o quê que acontece?
Nos termos do artigo 411 do CPP, nº3 o requerimento de interposição do recurso é sempre motivado, sob
pena de não admissão do recurso, podendo a motivação, no caso de recurso interposto por declaração na
ata, ser apresentada no prazo de 30 dias contados da data da interposição
Nos termos do artigo 412 do CPP, a motivação enuncia especificamente os fundamentos do recurso e
termina pela formulação de conclusões, deduzidas por artigos, em que o recorrente resume as razões do
pedido.
Se versar sobre matéria de direito, as conclusões indicam ainda:
a) As normas jurídicas violadas;
b) O sentido em que, no entendimento do recorrente, o tribunal recorrido interpretou cada norma ou com
que a aplicou e o sentido em que ela devia ter sido interpretada ou com que devia ter sido aplicada; e
c) Em caso de erro na determinação da norma aplicável, a norma jurídica que, no entendimento do
recorrente, deve ser aplicada.
Se pelo contrário impugnar a decisão proferida sobre matéria de facto, o recorrente deve especificar:
a) Os concretos pontos de facto que considera incorretamente julgados;
b) As concretas provas que impõem decisão diversa da recorrida;
c) As provas que devem ser renovadas.
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4 - Quando as provas tenham sido gravadas, deve o recorrente indicar concretamente as passagens em que
se funda a impugnação. o tribunal procede à audição ou visualização das passagens indicadas e de outras
que considere relevantes para a descoberta da verdade e a boa decisão da causa.
5 - Havendo recursos retidos, o recorrente especifica obrigatoriamente, nas conclusões, quais os que
mantêm interesse.
Arguido pode reagir ao despacho de pronúncia? Assistente pode reagir ao despacho de não pronúncia?
Regra geral, não! Segue para julgamento. Contudo há que ter atenção à norma do artigo 310, nº1 do CPP,
na qual prescreve que a decisão instrutória que pronunciar o arguido pelos factos constantes da acusação
do Ministério Público, é irrecorrível, mesmo na parte em que apreciar nulidades e outras questões prévias
ou incidentais, e determina a remessa imediata dos autos ao tribunal competente para o julgamento.
Ou seja, não é possível recorrer quando há convergência entre o MP e o juiz de instrução relativamente à
existência de indícios da prática do crime. Mas se houver divergência não existe qualquer norma que vede
a interposição de recurso.
Constituição de assistente
A constituição de assistente está prevista no artigo 68 ao 70 do CPP. O requerimento de constituição é
dirigido ao Juiz de Instrução.
Podem constituir-se assistentes no processo penal, além das pessoas e entidades a quem leis especiais
conferirem esse direito:
a) Os ofendidos, considerando-se como tais os titulares dos interesses que a lei especialmente quis proteger
com a incriminação, desde que maiores de 16 anos;
b) As pessoas de cuja queixa ou acusação particular depender o procedimento;
c) No caso de o ofendido morrer sem ter renunciado à queixa, o cônjuge sobrevivo não separado
judicialmente de pessoas e bens ou a pessoa, de outro ou do mesmo sexo, que com o ofendido vivesse em
condições análogas às dos cônjuges, os descendentes e adoptados, ascendentes e adoptantes, ou, na falta
deles, irmãos e seus descendentes, salvo se alguma destas pessoas houver comparticipado no crime;
d) No caso de o ofendido ser menor de 16 anos ou por outro motivo incapaz, o representante legal e, na sua
falta, as pessoas indicadas na alínea anterior, segundo a ordem aí referida, ou, na ausência dos demais, a
entidade ou instituição com responsabilidades de protecção, tutelares ou educativas, quando o mesmo
tenha sido judicialmente confiado à sua responsabilidade ou guarda, salvo se alguma delas houver auxiliado
ou comparticipado no crime;
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e) Qualquer pessoa nos crimes contra a paz e a humanidade, bem como nos crimes de tráfico de influência,
favorecimento pessoal praticado por funcionário, denegação de justiça, prevaricação, corrupção, peculato,
participação económica em negócio, abuso de poder e de fraude na obtenção ou desvio de subsídio ou
subvenção.
Relativamente aos prazos de constituição:
Tratando-se de procedimento dependente de acusação particular, o requerimento tem lugar no prazo de 10
dias a contar da denuncia.
Nos casos de crimes públicos ou semipúblicos, os assistentes podem intervir em qualquer altura do processo,
aceitando-o no estado em que se encontrar, desde que o requeiram ao juiz:
a) Até cinco dias antes do início do debate instrutório ou da audiência de julgamento;
b) Até 10 dias após a notificação da acusação do Ministério publico, caso queira também queira deduzir
acusação pelos mesmos fatos ou por outros que não importem alteração substancial
c) No prazo para abertura de instrução – 20 dias
d) No prazo para interposição de recurso da sentença.
O juiz, depois de dar ao Ministério Público e ao arguido a possibilidade de se pronunciarem sobre o
requerimento, decide por despacho, que é logo notificado àqueles.
Durante o inquérito, a constituição de assistente e os incidentes a ela respeitantes podem correr em
separado, com junção dos elementos necessários à decisão.
Os assistentes têm a posição de colaboradores do Ministério Público, a cuja atividade subordinam a sua
intervenção no processo, salvas as exceções da lei, que é por exemplo nos crimes particulares.
As competências dos assistentes são as seguintes:
a) Intervir no inquérito e na instrução, oferecendo provas e requerendo as diligências que se afigurarem
necessárias e conhecer os despachos que sobre tais iniciativas recaírem;
b) Deduzir acusação independente da do Ministério Público e, no caso de procedimento dependente de
acusação particular, ainda que aquele a não deduza;
c) Interpor recurso das decisões que os afetem, mesmo que o Ministério Público o não tenha feito, dispondo,
para o efeito, de acesso aos elementos processuais imprescindíveis, sem prejuízo do regime aplicável ao
segredo de justiça.
Os assistentes são sempre representados por advogado. Havendo vários assistentes, são todos
representados por um só advogado exceto se haver entre os vários assistentes interesses incompatíveis,
bem como o de serem diferentes os crimes imputados ao arguido. Neste último caso, cada grupo de pessoas
a quem a lei permitir a constituição como assistente por cada um dos crimes pode constituir um advogado,
não sendo, todavia, lícito a cada pessoa ter mais de um representante.
Os assistentes podem ser acompanhados por advogado nas diligências em que intervierem.
Acusação particular
Nos termos do artigo 50 do CPP, se o procedimento criminal dependente de acusação particular é necessário
que o titular do direito de queixa, se queixe, se constitua assistente e deduza acusação particular
Os artigos são os seguintes:
Relativamente ao titular do direito de queixa/ legitimidade é o artigo 113, nº1 do CP que prescreve que:
Quando o procedimento criminal depender de queixa, tem legitimidade para apresentá-la, salvo disposição
em contrário, o ofendido, considerando-se como tal o titular dos interesses que a lei especialmente quis
proteger com a incriminação.
Relativamente à queixa é o artigo246, nº4 do CPP, que prescreve que: O denunciante pode declarar, na
denúncia, que deseja constituir-se assistente. Tratando-se de crime cujo procedimento depende de acusação
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particular, a declaração é obrigatória, devendo, neste caso, a autoridade judiciária ou o órgão de polícia
criminal a quem a denúncia for feita verbalmente advertir o denunciante da obrigatoriedade de constituição
de assistente e dos procedimentos a observar.
Relativamente à acusação é o artigo 69, nº2 alínea b) e artigo 285 do CPP que prescrevem o seguinte:
Compete em especial aos assistentes: deduzir acusação independente da do Ministério Público e, no caso
de procedimento dependente de acusação particular, ainda que aquele a não deduza;
Findo o inquérito, quando o procedimento depender de acusação particular, o Ministério Público notifica o
assistente para que este deduza em 10 dias, querendo, acusação particular.
O Ministério Público indica, se foram recolhidos indícios suficientes da verificação do crime e de quem foram
os seus agentes.
O despacho de acusação contem o mesmo que o despacho de acusação por crimes públicos e semipúblicos.
Quando é que mesmo havendo confissão integral e sem reserva se procede a produção de prova?
Nos termos do artigo 344, nº3 do CPP se houver coarguidos e não se verificar a confissão integral, sem
reservas e coerente de todos eles ou o tribunal, em sua convicção, suspeitar do carácter livre da confissão,
nomeadamente por dúvidas sobre a imputabilidade plena do arguido ou da veracidade dos factos
confessados, ou ainda o crime for punível com pena de prisão superior a 5 anos.
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Competência do Tribunal Coletivo
Nos termos do artigo 14 do CPP, compete ao tribunal coletivo, em matéria penal, julgar os processos que,
não devendo ser julgados pelo tribunal do júri, respeitarem a crimes contra a identidade cultural e pessoal
e crimes contra o estado. Compete ainda ao tribunal coletivo julgar os processos que, não devendo ser
julgados pelo tribunal singular, respeitarem a crimes:
a) Dolosos ou agravados pelo resultado, quando for elemento do tipo a morte de uma pessoa; ou
b) Cuja pena máxima, abstratamente aplicável, seja superior a 5 anos de prisão mesmo quando, no caso de
concurso de infrações, seja inferior o limite máximo correspondente a cada crime.
Pode haver sentença penal absolutória conjugada com condenação no pedido de Indemnização cível
(PIC)?
Sim, nos termos do artigo 84 do CPP que prescreve que a decisão penal, ainda que absolutória, que conhecer
do pedido civil constitui caso julgado nos termos em que a lei atribui eficácia de caso julgado às sentenças
civis.
Os artigos relacionados com o princípio da adesão são os seguintes:
Artigo 129.º CP
Responsabilidade civil emergente de crime
A indemnização de perdas e danos emergentes de crime é regulada pela lei civil.
Artigo 130.ºCP
Indemnização do lesado
1 - Legislação especial fixa as condições em que o Estado poderá assegurar a indemnização devida em
consequência da prática de actos criminalmente tipificados, sempre que não puder ser satisfeita pelo
agente.
2 - Nos casos não cobertos pela legislação a que se refere o número anterior, o tribunal pode atribuir ao
lesado, a requerimento deste e até ao limite do dano causado, os instrumentos, produtos ou vantagens
declarados perdidos a favor do Estado ao abrigo dos artigos 109.º a 111.º, incluindo o valor a estes
correspondente ou a receita gerada pela venda dos mesmos.
3 - Fora dos casos previstos na legislação referida no n.º 1, se o dano provocado pelo crime for de tal modo
grave que o lesado fique privado de meios de subsistência, e se for de prever que o agente o não reparará,
o tribunal atribui ao mesmo lesado, a requerimento seu, no todo ou em parte e até ao limite do dano, o
montante da multa.
4 - O Estado fica sub-rogado no direito do lesado à indemnização até ao montante que tiver satisfeito.
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Artigo 75.º CPP
Dever de informação
1 - Logo que, no decurso do inquérito, tomarem conhecimento da existência de eventuais lesados, as
autoridades judiciárias e os órgãos de polícia criminal devem informá-los da possibilidade de deduzirem
pedido de indemnização civil em processo penal e das formalidades a observar.
2 - Quem tiver sido informado de que pode deduzir pedido de indemnização civil nos termos do número
anterior, ou, não o tendo sido, se considere lesado, pode manifestar no processo, até ao encerramento do
inquérito, o propósito de o fazer.
Artigo 77.º
Formulação do pedido CPP
1 - Quando apresentado pelo Ministério Público ou pelo assistente, o pedido é deduzido na acusação ou, em
requerimento articulado, no prazo em que esta deve ser formulada.
2 - O lesado que tiver manifestado o propósito de deduzir pedido de indemnização civil, nos termos do n.º 2
do artigo 75.º, é notificado do despacho de acusação, ou, não o havendo, do despacho de pronúncia, se a
ele houver lugar, para, querendo, deduzir o pedido, em requerimento articulado, no prazo de 20 dias.
3 - Se não tiver manifestado o propósito de deduzir pedido de indemnização ou se não tiver sido notificado
nos termos do número anterior, o lesado pode deduzir o pedido até 20 dias depois de ao arguido ser
notificado o despacho de acusação ou, se o não houver, o despacho de pronúncia.
4 - Quando, em razão do valor do pedido, se deduzido em separado, não fosse obrigatória a constituição de
advogado, o lesado, nos prazos estabelecidos nos números anteriores, pode requerer que lhe seja arbitrada
a indemnização civil. O requerimento não está sujeito a formalidades especiais e pode consistir em
declaração em auto, com indicação do prejuízo sofrido e das provas.
5 - Salvo nos casos previstos no número anterior, o pedido de indemnização civil é acompanhado de
duplicados para os demandados e para a secretaria.
Depoimento Indireto
Previsto no artigo 129 que prescreve se o depoimento resultar do que se ouviu dizer a pessoas determinadas,
o juiz pode chamar estas a depor. Se o não fizer, o depoimento produzido não pode, naquela parte, servir
como meio de prova, salvo se a inquirição das pessoas indicadas não for possível por morte, anomalia
psíquica superveniente ou impossibilidade de serem encontradas. Mas não se ao caso em que o depoimento
resultar da leitura de documento de autoria de pessoa diversa da testemunha.
Não pode, em caso algum, servir como meio de prova o depoimento de quem recusar ou não estiver em
condições de indicar a pessoa ou a fonte através das quais tomou conhecimento dos factos.
Qual é o prazo para a intervenção Hierárquica? Se também fosse arquivado poderia requerer abertura de
instrução?
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Nos termos do artigo 278 do CPP, prazo para requerer a intervenção hierárquica é de 20 dias a contar da
data que já não será possível pedir a abertura de instrução. Desta forma não será possível requerer depois
a instrução.
Artigo 113
Titulares do direito de queixa
1 - Quando o procedimento criminal depender de queixa, tem legitimidade para apresentá-la, salvo
disposição em contrário, o ofendido, considerando-se como tal o titular dos interesses que a lei
especialmente quis proteger com a incriminação.
2 - Se o ofendido morrer sem ter apresentado queixa nem ter renunciado a ela, o direito de queixa pertence
às pessoas a seguir indicadas, salvo se alguma delas houver comparticipado no crime:
a) Ao cônjuge sobrevivo não separado judicialmente de pessoas e bens ou à pessoa, de outro ou do mesmo
sexo, que com o ofendido vivesse em condições análogas às dos cônjuges, aos descendentes e aos adoptados
e aos ascendentes e aos adoptantes; e, na sua falta
b) Aos irmãos e seus descendentes.
3 - Qualquer das pessoas pertencentes a uma das classes referidas nas alíneas do número anterior pode
apresentar queixa independentemente das restantes.
4 - Se o ofendido for menor de 16 anos ou não possuir discernimento para entender o alcance e o significado
do exercício do direito de queixa, este pertence ao representante legal e, na sua falta, às pessoas indicadas
sucessivamente nas alíneas do n.º 2, aplicando-se o disposto no número anterior.
5 - Quando o procedimento criminal depender de queixa, o Ministério Público pode dar início ao
procedimento no prazo de seis meses a contar da data em que tiver tido conhecimento do facto e dos seus
autores, sempre que o interesse do ofendido o aconselhar e:
a) Este for menor ou não possuir discernimento para entender o alcance e o significado do exercício do
direito de queixa; ou
b) O direito de queixa não puder ser exercido porque a sua titularidade caberia apenas ao agente do crime.
6 - Se o direito de queixa não for exercido nos termos do n.º 4 nem for dado início ao procedimento criminal
nos termos da alínea a) do número anterior, o ofendido pode exercer aquele direito a partir da data em que
perfizer 16 anos.
Artigo 114.º
Extensão dos efeitos da queixa
A apresentação da queixa contra um dos comparticipantes no crime torna o procedimento criminal
extensivo aos restantes.
Artigo 115.º
Extinção do direito de queixa
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1 - O direito de queixa extingue-se no prazo de 6 meses a contar da data em que o titular tiver tido
conhecimento do facto e dos seus autores, ou a partir da morte do ofendido, ou da data em que ele se tiver
tornado incapaz.
2 - O direito de queixa previsto no n.º 6 do artigo 113.º extingue-se no prazo de seis meses a contar da data
em que o ofendido perfizer 18 anos.
3 - O não exercício tempestivo do direito de queixa relativamente a um dos comparticipantes no crime
aproveita aos restantes, nos casos em que também estes não puderem ser perseguidos sem queixa.
4 - Sendo vários os titulares do direito de queixa, o prazo conta-se autonomamente para cada um deles.
Artigo 116.º
Renúncia e desistência da queixa
1 - O direito de queixa não pode ser exercido se o titular a ele expressamente tiver renunciado ou tiver
praticado factos donde a renúncia necessariamente se deduza.
2 - O queixoso pode desistir da queixa, desde que não haja oposição do arguido, até à publicação da sentença
da 1.ª instância. A desistência impede que a queixa seja renovada.
3 - A desistência da queixa relativamente a um dos comparticipantes no crime aproveita aos restantes, salvo
oposição destes, nos casos em que também estes não puderem ser perseguidos sem queixa.
4 - Depois de perfazer 16 anos, o ofendido pode requerer que seja posto termo ao processo, nas condições
previstas nos n.os 2 e 3, quando tiver sido exercido o direito de queixa nos termos do n.º 4 do artigo 113.º,
ou tiver sido dado início ao procedimento criminal nos termos da alínea a) do n.º 5 do artigo 113.º
Ver todas as alterações
Artigo 117.º
Acusação particular
O disposto nos artigos deste título é correspondentemente aplicável aos casos em que o procedimento
criminal depender de acusação particular.
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Ou seja, a pena de multa terá de representar uma censura do facto, e simultaneamente uma garantia para
a comunidade da validade e vigência da norma violada, em consideração todas as circunstâncias atinentes
quer à culpa, quer à prevenção geral e especial devendo, em contrapartida, tudo quanto respeite à situação
económico-financeira do condenado, ser considerado na fase de fixação do quantitativo diário de multa.
Igualmente deverá ser sempre assegurado ao condenado o nível existencial mínimo adequado às suas
condições socioeconómicas.
Em audiência de julgamento, caso o cliente falte porque se encontrava no hospital, o que acontece?
Realiza-se a audiência?
Justifica-se a falta de comparecimento nos termos do artigo 117 do CPP.
Com Considera-se justificada a falta motivada por facto não imputável ao faltoso que o impeça de
comparecer no acto processual para que foi convocado ou notificado.
A impossibilidade de comparecimento deve ser comunicada com cinco dias de antecedência, se for
previsível, e no dia e hora designados para a prática do acto, se for imprevisível. Da comunicação consta, sob
pena de não justificação da falta, a indicação do respectivo motivo, do local onde o faltoso pode ser
encontrado e da duração previsível do impedimento.
Os elementos de prova da impossibilidade de comparecimento devem ser apresentados com a comunicação
referida no número anterior, salvo tratando-se de impedimento imprevisível comunicado no próprio dia e
hora, caso em que, por motivo justificado, podem ser apresentados até ao 3.º dia útil seguinte. Não podem
ser indicadas mais de três testemunhas.
Se for alegada doença, o faltoso apresenta atestado médico especificando a impossibilidade ou grave
inconveniência no comparecimento e o tempo provável de duração do impedimento. A autoridade judiciária
pode ordenar o comparecimento do médico que subscreveu o atestado e fazer verificar por outro médico a
veracidade da alegação da doença.
Se for impossível obter atestado médico, é admissível qualquer outro meio de prova.
Havendo impossibilidade de comparecimento, mas não de prestação de declarações ou de depoimento, esta
realizar-se-á no dia, hora e local que a autoridade judiciária designar, ouvido o médico assistente, se
necessário.
Sendo que nos termos do artigo 333, nº 2 e nº 3 do CPP, a audiência não será adiada se o tribunal considerar
que a audiência pode começar sem a presença do arguido, No caso referido no número anterior, o arguido
mantém o direito de prestar declarações até ao encerramento da audiência e, se ocorrer na primeira data
marcada, o advogado constituído ou o defensor nomeado ao arguido pode requerer que este seja ouvido na
segunda data designada pelo juiz ao abrigo do n.º 2 do artigo 312 do CPP
Condenado em pena de multa, mas não quer pagar o que pode acontecer? E que alternativas tem?
A pena de multa vem regulado no artigo 47 e seguintes do Código Penal.
É fixada em dias, de acordo com os critérios para aplicação das penas previstos no artigo 71 do Código Penal.
A pena de multa é aplicada em regra, o limite mínimo de 10 dias e o máximo de 360 dias.
Cada dia de multa corresponde a uma quantia entre 5 euros e 500 euros, que o tribunal fixa em função da
situação económica e financeira do condenado e dos seus encargos pessoais.
71
Sempre que a situação económica e financeira do condenado o justificar, o tribunal pode autorizar o
pagamento da multa dentro de um prazo que não exceda 1 ano, ou permitir o pagamento em prestações,
não podendo a última delas ir além dos 2 anos subsequentes à data do trânsito em julgado da condenação.
Sendo que a falta de pagamento de uma das prestações importa o vencimento de todas.
Já no caso do condenado não querer pagar a multa voluntariamente ou coercivamente, é cumprida prisão
subsidiária pelo tempo correspondente reduzido a dois terços, ainda que o crime não fosse punível com
prisão, não se aplicando, para o efeito, o limite mínimo dos dias de prisão.
Podendo a todo o tempo evitar, total ou parcialmente, a execução da prisão subsidiária, pagando, no todo
ou em parte, a multa a que foi condenado.
Se o condenado provar que a razão do não pagamento da multa lhe não é imputável, pode a execução da
prisão subsidiária ser suspensa, por um período de 1 a 3 anos, desde que a suspensão seja subordinada ao
cumprimento de deveres ou regras de conduta de conteúdo não económico ou financeiro. Se os deveres ou
as regras de conduta não forem cumpridos, executa-se a prisão subsidiária; se o forem, a pena é declarada
extinta.
Pode ainda em alternativa requerer que a multa fixada seja total ou parcialmente substituída por dias de
trabalho em estabelecimentos, oficinas ou obras do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito
público, ou ainda de instituições particulares de solidariedade social, quando concluir que esta forma de
cumprimento realiza de forma adequada e suficiente as finalidades da punição.
Passar de furto simples para furto qualificado é uma alteração da qualificação jurídica?
Sim. A mera alteração da qualificação jurídica, agravando o quadro punitivo constitui apenas uma alteração
substancial de factos sujeita ao regime previstos no artigo 359 do Código de Processo Penal.
Está intimamente relacionado com a imposição da vinculação temática do processo que decorre
diretamente da estrutura acusatória do processo penal, constitucionalmente garantida.
Uma alteração substancial dos factos significa uma modificação estrutural dos factos descritos na acusação,
de modo a que a matéria de facto provada seja diversa, com elementos essenciais de divergência que
agravem a posição processual do arguido ou a tornem não sustentável, fazendo integrar consequências que
se não continham na descrição da acusação.
Artigo 360.º
Alegações orais
1 - Finda a produção da prova, o presidente concede a palavra, sucessivamente, ao Ministério Público, aos
advogados do assistente e das partes civis e ao defensor, para alegações orais nas quais exponham as
conclusões, de facto e de direito, que hajam extraído da prova produzida.
2 - É admissível réplica, a exercer uma só vez, sendo, porém, sempre o defensor, se pedir a palavra, o último
a falar, sob pena de nulidade. A réplica deve conter-se dentro dos limites estritamente necessários para a
refutação dos argumentos contrários que não tenham sido anteriormente discutidos.
3 - As alegações orais não podem exceder, para cada um dos intervenientes, uma hora e as réplicas vinte
minutos; o presidente pode, porém, permitir que continue no uso da palavra aquele que, esgotado o máximo
do tempo legalmente consentido, assim fundadamente o requerer com base na complexidade da causa.
4 - Em casos excepcionais, o tribunal pode ordenar ou autorizar, por despacho, a suspensão das alegações
para produção de meios de prova supervenientes quando tal se revelar indispensável para a boa decisão da
causa; o despacho fixa o tempo concedido para aquele efeito.
Sujeitos processuais
São sujeitos processuais todos aqueles que intervém no processo.
Devemos distinguir entre sujeitos processuais e participantes/intervenientes processuais:
Participantes processuais, são todas as pessoas singulares, coletivas, entidades que a qualquer titulo tem
intervenção no processo e participam no processo, adquirindo um estatuto que lhe confere direitos e
deveres processualmente relevantes. A sua atividade esgota-se no ato de que foram chamados a praticar
dentro de um processo (ex: prestar declarações).
Já os sujeitos processuais, são aqueles que podem através das suas ações, conformar o rumo do processo,
conduzir de forma ativa o processo onde intervém. Podem conformar a decisão final. A sua atuação é
bastante mais alargada a dos participantes.
Por exemplo, uma testemunha, tem intervenção no processo, participa nele, mas não se pode caracteriza-
la como um sujeito processual. Ou seja, todos aqueles que intervém no processo são participantes
processuais, mas nem todos adquirem a qualidade de sujeitos, pois estes, tem o poder de conformar o
processo e de condicionar com a sua atividade o próprio decurso do processo, através de direitos e deveres
autónomos.
Esta diferença é explicada pelo facto de a apenas alguns ser concedido um conjunto de poderes, suscetíveis
de conformar a decisão final da causa.
Um fulano era visto numa determinada rua de Coimbra, com um aspeto algo suspeito, a tentar abrir e
fechar portas, a bater a janelas, a dar pontapés nos caixotes do lixo etc. Os populares, com receio que se
tratasse de um destes tipos do Daesh, chamou a PSP. Chegados ao local, os agentes pedem a identificação
do suspeito, só que ele não tinha, levaram-no à suposta casa onde residia para que ele fosse buscar os
documentos ou contactasse com alguém que o identificasse, mas as portas estavam fechadas e a suposta
casa com ar de abandono. Esgotadas as hipóteses, levam-no à esquadra para procederem à identificação.
Está correto este procedimento? Entretanto, a PSP demora mais do que o suposto a identifica-lo. O sujeito
teria lá sido conduzido pelas 10h da manhã, e eram 21h e ele ainda não teria sido libertado. Eu estava de
escala e era nomeada defensora oficiosa do suspeito. Quid iuris?
O procedimento na primeira parte do caso hipotético esta correta. Com efeito, este procedimento está
previsto no artigo 250 do CPP relativamente à identificação do suspeito e pedido de informações.
Os órgãos de polícia criminal podem proceder à identificação de qualquer pessoa encontrada em lugar
público, aberto ao público ou sujeito a vigilância policial, sempre que sobre ela recaiam fundadas suspeitas
da prática de crimes, da pendência de processo de extradição ou de expulsão, de que tenha penetrado ou
permaneça irregularmente no território nacional ou de haver contra si mandado de detenção.
Antes de procederem à identificação, os órgãos de polícia criminal devem provar a sua qualidade, comunicar
ao suspeito as circunstâncias que fundamentam a obrigação de identificação e indicar os meios por que este
se pode identificar.
O suspeito pode identificar-se mediante a apresentação de um dos seguintes documentos:
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a) Bilhete de identidade ou passaporte, no caso de ser cidadão português;
b) Título de residência, bilhete de identidade, passaporte ou documento que substitua o passaporte, no caso
de ser cidadão estrangeiro.
Na impossibilidade de apresentação de um dos documentos, o suspeito pode identificar-se mediante a
apresentação de documento original, ou cópia autenticada, que contenha o seu nome completo, a sua
assinatura e a sua fotografia.
Se não for portador de nenhum documento de identificação, o suspeito pode identificar-se por um dos
seguintes meios:
a) Comunicação com uma pessoa que apresente os seus documentos de identificação;
b) Deslocação, acompanhado pelos órgãos de polícia criminal, ao lugar onde se encontram os seus
documentos de identificação;
c) Reconhecimento da sua identidade por uma pessoa identificada que garanta a veracidade dos dados
pessoais indicados pelo identificando.
Já relativamente ao tempo de detenção não poderia ultrapassar as 6 horas. Pois nos termos do mesmo
artigo, na impossibilidade de identificação, os órgãos de polícia criminal podem conduzir o suspeito ao posto
policial mais próximo e compeli-lo a permanecer ali pelo tempo estritamente indispensável à identificação,
em caso algum superior a seis horas, realizando, em caso de necessidade, provas dactiloscópicas,
fotográficas ou de natureza análoga e convidando o identificando a indicar residência onde possa ser
encontrado e receber comunicações.
Os actos de identificação levados a cabo nos termos do número anterior são sempre reduzidos a auto e as
provas de identificação dele constantes são destruídas na presença do identificando, a seu pedido, se a
suspeita não se confirmar.
Os órgãos de polícia criminal podem pedir ao suspeito, bem como a quaisquer pessoas suscetíveis de
fornecerem informações úteis, e deles receber, informações relativas a um crime e, nomeadamente, à
descoberta e à conservação de meios de prova que poderiam perder-se antes da intervenção da autoridade
judiciária.
Será sempre facultada ao identificando a possibilidade de contactar com pessoa da sua confiança.
Assim tratando-se de uma ilegalidade o meu que tomaria mão da providencia de Habeas corpus em virtude
de detenção ilegal prevista no artigo 220 do CPP, sendo que o requerimento seria dirigido ao juiz de instrução
da área.
Imagine que o MP de deduzia acusação por um crime particular, sem haver acusação do assistente. O que
fazia?
Requerimento de abertura de instrução para arguir a nulidade
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Que processos existem em penal? Quais os especiais?
Processo comum e processo especial
Os especiais são: O processo sumário, o processo abreviado, o processo sumaríssimo
Um cliente chega ao seu escritório com uma acusação. O que pode fazer e em que prazo?
Abertura de instrução nos termos do artigo 286 e 287 do CPP no prazo de 20 dias a contar da data da
notificação. Ou então apresentar contestaçãp e rol de testemunhas nos termos do artigo 315 do CPP no
prazo de 20 dias a contar da notificação do despacho que designa dia para a audiência.
Atenção que estes prazos aproveitam os prazos dos restantes arguidos. Ou seja pode-se contar o prazo a
partir do prazo o arguido que foi notificado em último lugar.
A contestação não está sujeita a formalidades especiais.
Juntamente com o rol de testemunhas, o arguido indica os peritos e consultores técnicos que devem ser
notificados para a audiência.
Artigo 7.º
Suficiência do processo penal
1 - O processo penal é promovido independentemente de qualquer outro e nele se resolvem todas as
questões que interessarem à decisão da causa.
2 - Quando, para se conhecer da existência de um crime, for necessário julgar qualquer questão não penal
que não possa ser convenientemente resolvida no processo penal, pode o tribunal suspender o processo
para que se decida esta questão no tribunal competente.
3 - A suspensão pode ser requerida, após a acusação ou o requerimento para abertura da instrução, pelo
Ministério Público, pelo assistente ou pelo arguido, ou ser ordenada oficiosamente pelo tribunal. A
suspensão não pode, porém, prejudicar a realização de diligências urgentes de prova.
4 - O tribunal marca o prazo da suspensão, que pode ser prorrogado até um ano se a demora na decisão não
for imputável ao assistente ou ao arguido. O Ministério Público pode sempre intervir no processo não penal
para promover o seu rápido andamento e informar o tribunal penal. Esgotado o prazo sem que a questão
prejudicial tenha sido resolvida, ou se a acção não tiver sido proposta no prazo máximo de um mês, a questão
é decidida no processo penal.
Artigo 71.º
Princípio de adesão
O pedido de indemnização civil fundado na prática de um crime é deduzido no processo penal respectivo,
só o podendo ser em separado, perante o tribunal civil, nos casos previstos na lei.
Artigo 72.º
Pedido em separado
1 - O pedido de indemnização civil pode ser deduzido em separado, perante o tribunal civil, quando:
a) O processo penal não tiver conduzido à acusação dentro de oito meses a contar da notícia do crime, ou
estiver sem andamento durante esse lapso de tempo;
b) O processo penal tiver sido arquivado ou suspenso provisoriamente, ou o procedimento se tiver
extinguido antes do julgamento;
c) O procedimento depender de queixa ou de acusação particular;
d) Não houver ainda danos ao tempo da acusação, estes não forem conhecidos ou não forem conhecidos
em toda a sua extensão;
e) A sentença penal não se tiver pronunciado sobre o pedido de indemnização civil, nos termos do n.º 3 do
artigo 82.º;
f) For deduzido contra o arguido e outras pessoas com responsabilidade meramente civil, ou somente contra
estas haja sido provocada, nessa acção, a intervenção principal do arguido;
g) O valor do pedido permitir a intervenção civil do tribunal colectivo, devendo o processo penal correr
perante tribunal singular;
h) O processo penal correr sob a forma sumária ou sumaríssima;
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i) O lesado não tiver sido informado da possibilidade de deduzir o pedido civil no processo penal ou
notificado para o fazer, nos termos do n.º 1 do artigo 75.º e do n.º 2 do artigo 77.º
2 - No caso de o procedimento depender de queixa ou de acusação particular, a prévia dedução do pedido
perante o tribunal civil pelas pessoas com direito de queixa ou de acusação vale como renúncia a este direito.
Arguido romeno. Pode a audiência ser feita em romeno? E o intérprete está sob segredo justiça?
Não, não pode. Nos termos do artigo 92 do CPP, nos actos processuais, tanto escritos como orais, utiliza-se
a língua portuguesa, sob pena de nulidade.
Se o arguido não conhecer ou não dominar a língua portuguesa, é nomeado intérprete idóneo, ainda que a
entidade que preside ao acto ou qualquer dos participantes processuais conheçam a língua por ele utilizada.
O arguido pode escolher, sem encargo para ele, intérprete diferente para traduzir as conversações com o
seu defensor.
O intérprete está sujeito a segredo de justiça, nos termos gerais, e não pode revelar as conversações entre
o arguido e o seu defensor, seja qual for a fase do processo em que ocorrerem, sob pena de violação do
segredo profissional.
É igualmente nomeado intérprete quando se tornar necessário traduzir documento em língua estrangeira e
desacompanhado de tradução autenticada.
O intérprete é nomeado por autoridade judiciária ou autoridade de polícia criminal.
Nos termos da lei, se um arguido se quer ausentar do país, o que tem de fazer?
Se ausentar-se por mais de cinco dias terá que comunicar o lugar onde possa ser encontrado. Com efeito
nos termos do artigo 196 do CPP, aquando a constituição de arguido, a autoridade judiciária ou o órgão de
polícia criminal sujeitam a termo de identidade e residência lavrado no processo e para o efeito de ser
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notificado mediante via postal simples, o arguido indica a sua residência, o local de trabalho ou outro
domicílio à sua escolha.
Do termo deve constar que àquele foi dado conhecimento:
a) Da obrigação de comparecer perante a autoridade competente ou de se manter à disposição dela sempre
que a lei o obrigar ou para tal for devidamente notificado;
b) Da obrigação de não mudar de residência nem dela se ausentar por mais de cinco dias sem comunicar a
nova residência ou o lugar onde possa ser encontrado;
c) De que as posteriores notificações serão feitas por via postal simples para a morada indicada excepto se
o arguido comunicar uma outra, através de requerimento entregue ou remetido por via postal registada à
secretaria onde os autos se encontrem a correr nesse momento;
d) De que o incumprimento legitima a sua representação por defensor em todos os actos processuais nos
quais tenha o direito ou o dever de estar presente e bem assim a realização da audiência na sua ausência
e) De que, em caso de condenação, o termo de identidade e residência só se extinguirá com a extinção da
pena.
Qual a natureza dos crimes de difamação e de injurias? e o que é preciso fazer-se para se defender?
São crimes de natureza particular. É necessário apresentar queixa, constituir-se assistente e deduzir
acusação particular.
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como assistente por cada um dos crimes pode constituir um advogado, não sendo todavia lícito a cada
pessoa ter mais de um representante.
Os assistentes podem ser acompanhados por advogado nas diligências em que intervierem.
Se é certo que o julgamento por este tipo de tribunal é comum nos Estados Unidos da América, entre nós
acaba por ser excepcional.
O legislador reservou a intervenção do júri para os crimes mais graves.
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Como regra, só é possível requerer a intervenção de jurados em processos que respeitem a crimes cuja pena
máxima, abstractamente aplicável, seja superior a oito anos de prisão.
O júri só intervém se for requerido pelo Ministério Público, assistente ou arguido, ou seja, trata-se de uma
intervenção a pedido e não obrigatória.
Há limitações à intervenção do tribunal de júri previstas na Constituição da República Portuguesa.
O artigo 207º, nº1 da Constituição proíbe a intervenção deste tipo de tribunal relativamente ao crime de
terrorismo e de criminalidade altamente organizada.
O Código de Processo Penal define a criminalidade supra mencionada como as condutas que integrem crimes
de associação criminosa, tráfico de pessoas, tráfico de armas, tráfico de estupefacientes ou de substâncias
psicotrópicas, corrupção, tráfico de influência, participação económica em negócio ou branqueamento.
A limitação constitucional visa preservar a independência da decisão.
Um cidadão comum poderá ficar condicionado se tiver de condenar um terrorista ou um membro da Máfia,
designadamente por ter medo de represálias contra a sua família.
Em Portugal, o tribunal de júri é composto por 3 juízes de carreira que integram o tribunal colectivo, 4
cidadãos efectivos e 4 suplentes.
O presidente do tribunal que dirige os trabalhos é sempre um juiz.
Ao contrário de outros países, em que o júri só decide se o arguido é culpado ou inocente, entre nós este
tipo de tribunal resolve esta questão, mas também matérias jurídicas e determina qual a pena concreta a
aplicar.
Os cidadãos escolhidos para o júri estão num plano de igualdade com os juízes de carreira em toda a
audiência.
O processo de selecção dos jurados obedece a regras legais.
Um jurado não pode ter mais de 65 anos, tem de possuir a escolaridade obrigatória, não pode padecer de
doença ou anomalia que impeça o exercício do cargo, tem de estar na plena posse dos direitos civis e
políticos, bem como não pode estar preso ou detido ou ter sido condenado em prisão efectiva.
Há igualmente um regime de impedimentos e incompatibilidades em razão da profissão e do parentesco
que impedem um leque alargado de pessoas de desempenharem a função de jurados. Por exemplo,
magistrados, advogados, oficiais de justiça, docentes de Direito, polícias, militares, deputados ou Ministros
não podem exercer esta função.
O processo de selecção obedece a várias etapas.
Em primeiro lugar são escolhidos aleatoriamente 100 cidadãos dos cadernos eleitorais das freguesias da
circunscrição judicial.
De seguida remete-se um inquérito dirigido a cada uma das pessoas.
As respostas eliminam logo um número significativo de potenciais jurados, em razão da profissão, idade ou
outras circunstâncias.
Das pessoas que sobram sorteiam-se dezoito que terão de comparecer numa audiência para a escolha de
jurados.
O presidente do tribunal de júri inquire as 18 pessoas e verifica se existem impedimentos ou incapacidades
para o exercício da função.
O Ministério Público e o arguido podem rejeitar duas pessoas para a qualidade de jurado sem apresentar
qualquer justificação.
Os jurados efectivos e suplentes são escolhidos na audiência e posteriormente gozam de um estatuto similar
ao dos juízes em muitos aspectos enquanto durar o julgamento.
O tribunal de júri tem vantagens e desvantagens.
No que diz respeito ao processo de selecção, o mesmo é algo moroso e burocrático.
84
Os jurados não têm preparação técnica para decidir as questões jurídicas e são mais facilmente
sugestionáveis em processos mediáticos.
A experiência negativa do Tribunal de Júri na I República acabou por condicionar o âmbito de aplicação do
tribunal de júri.
Os jurados simpatizantes da causa monárquica levaram à absolvição de muitos monárquicos que tiveram
intervenção em revoltas e tentativas de golpes de Estado contra o regime republicano, o que provocou a ira
de muitos governantes.
Apesar das objecções que se possam colocar, este tipo de tribunal tem muitas virtualidades.
A participação dos cidadãos na administração da Justiça permite melhor compreender como funciona a
mesma.
A experiência profissional de diversas áreas e os percursos de vida diferentes dos jurados permitem um olhar
mais alargado sobre a realidade dos factos.
A decisão do tribunal de júri permite que o cidadão comum julgue e seja responsável pela condenação ou
absolvição do arguido.
O grau de comprometimento da comunidade com a decisão é muito maior nos países onde o tribunal de júri
é aplicado com mais frequência.
Como os cidadãos são regularmente chamados a decidir deixam de ver a Justiça como algo que só pertence
aos juízes. Se a decisão que for tomada estiver errada, a culpa recai sobre todos.
Em Portugal, a composição mista do Tribunal de Júri afasta muitos dos perigos que existem noutros sistemas.
Em determinados tipos de crime poderá existir a tentação popular de um certo justicialismo.
O facto de 3 juízes de carreira integrarem o tribunal de júri permite a explicação sobre as exigências
processuais, quais os critérios para aplicação das penas, bem como explicar pedagogicamente certos
aspectos do processo que necessitam de conhecimento técnico.
O tribunal de Jurí está regulado no Decreto - Lei n.º 387-A/87, de 29 de Dezembro que prevê o seguinte:
Artigo 1.º
Composição do tribunal do júri
1 - O tribunal do júri é composto pelos três juízes que constituem o tribunal colectivo e por quatro jurados
efectivos e quatro suplentes.
2 - O tribunal é presidido pelo presidente do tribunal colectivo.
3 - Os jurados suplentes intervêm quando, durante o julgamento ou antes do seu início, algum dos efectivos
se impossibilitar, nos termos do n.º 2 do artigo 16.º
4 - Para os efeitos previstos no número anterior, os jurados suplentes devem assistir às audiências de
julgamento para as quais tiverem sido seleccionados, só sendo permitida a sua intervenção em regime de
substituição caso tenham comparecido a todas as sessões de julgamento antecedentes àquela em que a
respectiva intervenção se tiver de efectuar.
Artigo 2.º
Competência do tribunal do júri
1 - Compete ao tribunal do júri julgar os processos que, tendo a intervenção do júri sido requerida pelo
Ministério Público, pelo assistente ou pelo arguido, respeitarem a crimes previstos no título II e no capítulo
I do título V do livro II do Código Penal.
2 - Compete ainda ao tribunal do júri julgar os processos que, não devendo ser julgados pelo tribunal singular,
e tendo a intervenção do júri sido requerida pelo Ministério Público, pelo assistente ou pelo arguido,
respeitarem a crimes cuja pena máxima, abstractamente aplicável, for superior a oito anos de prisão.
3 - O júri intervém na decisão das questões da culpabilidade e da determinação da sanção.
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CAPÍTULO II
Da capacidade para ser jurado
Artigo 3.º
Capacidade genérica para ser jurado
1 - Podem ser jurados os cidadãos portugueses inscritos no recenseamento eleitoral que satisfaçam as
seguintes condições:
a) Idade inferior a 65 anos;
b) Escolaridade obrigatória;
c) Ausência de doença ou anomalia física ou psíquica que torne impossível o bom desempenho do cargo;
d) Pleno gozo dos direitos civis e políticos;
e) Não estarem presos ou detidos, nem em estado de contumácia, nem haverem sofrido, nos termos do n.º
2 do artigo 69.º do Código Penal, condenação definitiva em pena de prisão efectiva.
2 - As condições previstas no número anterior devem verificar-se à data do início das funções. Ocorrendo
posteriormente, a sua falta só é causa de incapacidade tratando-se das condições previstas nas alíneas c), d)
e e).
Artigo 4.º
Incompatibilidades
Não pode ser jurado quem, à data do início da função respectiva no processo penal, seja:
a) Presidente da República;
b) Membro do Conselho de Estado;
c) Deputado à Assembleia da República, às assembleias regionais e à Assembleia Legislativa de Macau;
d) Membro do Governo, do governo regional ou dos órgãos próprios do governo do território de Macau;
e) Ministro da República para as regiões autónomas;
f) Chefe ou vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas e chefe ou vice-chefe do Estado-Maior
dos três ramos das Forças Armadas;
g) Juiz, juiz social, magistrado do Ministério Público ou auditor de justiça;
h) Membro dos Conselhos Superiores da Magistratura, do Ministério Público e dos tribunais administrativos
e fiscais;
i) Advogado, advogado estagiário ou solicitador;
j) Funcionário de justiça;
l) Autoridade, órgão ou agente de polícia criminal, civil ou militar;
m) Funcionário ou agente dos serviços prisionais ou de reinserção social;
n) Funcionário ou agente, civil ou militar, dos serviços de informações, da Alta Autoridade contra a Corrupção
ou de qualquer organismo público com funções de inspecção;
o) Governador civil;
p) Presidente da câmara municipal;
q) Membro do corpo docente das faculdades de Direito.
Artigo 5.º
Impedimentos
1 - Nenhuma pessoa pode exercer a função de jurado:
a) Quando for, ou tiver sido, cônjuge ou representante legal do arguido, do ofendido, ou de pessoa com a
faculdade de se constituir assistente ou parte civil;
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b) Quando ela ou o seu cônjuge forem ascendente, descendente, parente até ao 3.º grau, tutor ou curador,
adoptante ou adoptado do arguido, do ofendido, da pessoa com a faculdade de se constituir assistente ou
parte civil, ou for afim destes até àquele grau;
c) Quando tiver intervindo no processo como juiz, representante do Ministério Público, órgão de polícia
criminal, defensor ou perito, ou
d) Quando, no processo, tiver sido ouvido ou dever sê-lo como testemunha.
2 - Não podem exercer funções no mesmo processo jurados que sejam entre si cônjuges, parentes ou afins
até ao 3.º grau ou que se encontrem ligados por vínculo hierárquico de natureza profissional.
Artigo 6.º
Escusa e recusa
1 - Podem pedir escusa de intervenção como jurados as pessoas que:
a) Se encontrem à data do início da sua função de jurado na situação de militar no activo;
b) Se encontrem numa situação que ponha objectivamente em risco a respectiva imparcialidade;
c) Tenham desempenhado nos últimos dois anos, por mais de uma vez, funções de jurados efectivos ou
suplentes;
d) Tenham encargos gravosos e inadiáveis de assistência familiar que seriam seriamente postos em perigo
com a intervenção como jurados;
e) Tenham sofrido há menos de um mês a morte de cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou afim nos
mesmos graus;
f) Sejam ministros de qualquer religião ou membros de ordem religiosa.
2 - O Ministério Público, o assistente e o arguido podem requerer a exclusão da intervenção como jurado de
pessoa relativamente à qual se verifique a situação referida na alínea b) do número anterior.
Artigo 7.º
Arguição das incapacidades, incompatibilidades, impedimentos, escusas e recusas e seu regime
1 - As causas de incapacidade, incompatibilidade, impedimento, escusa ou recusa que não sejam arguidas e
conhecidas até ao despacho de designação de jurados, nos termos do n.º 4 do artigo 10.º e dos n.os 2 e 3 do
artigo 12.º, estão sujeitas ao regime previsto nos números seguintes.
2 - As causas referidas no número anterior podem ser arguidas, até ao encerramento da discussão em 1.ª
instância, no prazo de cinco dias contados do conhecimento, pelo Ministério Público, pelo advogado do
assistente, pelo defensor do arguido ou pelo jurado a que respeitem, os quais oferecem, juntamente com a
arguição, todos os meios de prova, não podendo o número de testemunhas a notificar ser superior a três.
3 - As causas de incapacidade e incompatibilidade, bem como os impedimentos, podem ser conhecidas
oficiosamente pelo tribunal.
4 - Suscitada a questão, em requerimento escrito ou deduzido oralmente na audiência de julgamento, e
produzida a prova, o presidente profere decisão no prazo de cinco dias.
5 - A produção de prova a que se refere o número anterior efectua-se em audiência de julgamento, cujos
actos e termos são reduzidos ao mínimo indispensável para a boa decisão, e que não pode ser adiada por
falta de comparência de pessoas que nela devam estar presentes.
6 - A decisão sobre causa de incapacidade, incompatibilidade e impedimento, escusa ou recusa é
insusceptível de impugnação, salvo o disposto no número seguinte.
7 - No caso de ser negada procedência a impedimento ou a recusa ou a escusa fundada na alínea b) do n.º 1
do artigo 6.º do presente diploma, cabe recurso, a subir imediatamente, em separado e com efeito
meramente devolutivo.
CAPÍTULO III
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Da selecção dos jurados
Artigo 8.º
Processo de selecção
1 - A selecção dos jurados efectua-se através de duplo sorteio, o qual se processa a partir dos cadernos de
recenseamento eleitoral e compreende as seguintes fases:
a) Sorteio de pré-selecção dos jurados;
b) Inquérito para determinação dos requisitos de capacidade;
c) Sorteio de selecção dos jurados;
d) Audiência de apuramento;
e) Despacho de designação.
2 - O processo de selecção é autuado por apenso aos autos a que respeitar.
3 - A lista de jurados vale unicamente para o processo para o qual tiver sido obtida.
Artigo 9.º
Sorteio de pré-selecção dos jurados
1 - Deferido o requerimento de intervenção do júri, o presidente procede ao sorteio dos jurados que poderão
vir a constar da pauta de julgamento, apurando para tal efeito 100 cidadãos.
2 - O sorteio a que se refere o número anterior obedece aos seguintes termos:
a) Efectua-se em audiência pública, na qual estão presentes o Ministério Público, o advogado do assistente
e o defensor do arguido, os quais são para o efeito notificados, sem que a sua falta seja motivo de adiamento;
b) São utilizados os cadernos de recenseamento eleitoral correspondentes às freguesias integradas no
âmbito da circunscrição judicial, os quais são numerados, incluindo os supletivos, respeitando-se a ordem
alfabética das freguesias;
c) O sorteio visa obter 100 séries de números, com tantos dígitos quantos os que compuserem o mais alto
número utilizado na numeração dos inscritos nesses cadernos, as quais são obtidas mediante a extracção de
dez bolas ou cartões introduzidos numa urna, numerados de zero a nove.
3 - A fim de proceder ao sorteio previsto no número anterior, o presidente, no despacho em que deferir o
requerimento de intervenção do júri, requisita ao presidente da câmara municipal cópia dos cadernos
eleitorais, os quais lhe serão facultados no prazo de cinco dias, sob pena de desobediência.
4 - Das operações de sorteio lavra-se acta, na qual se consignam as presenças e a lista obtida.
Artigo 10.º
Inquérito para determinação dos requisitos de capacidade
1 - Apurado, em resultado de sorteio a que se refere o número anterior, o número de 100 pessoas, o juiz
manda-as notificar para, no prazo de cinco dias, responderem a inquérito, constante de modelo aprovado
por portaria do Ministro da Justiça, destinado a saber se as mesmas preenchem os requisitos de capacidade
indispensáveis para o desempenho da função, previstos no capítulo II do presente diploma.
2 - As falsas declarações prestadas na resposta ao inquérito a que alude o número anterior são punidas com
prisão até dois anos ou multa até 200 dias.
3 - Na pena referida no número anterior incorre quem, sem justa causa, se recusar a responder ao inquérito.
4 - Terminado o prazo para a recepção das respostas, o presidente, mediante despacho irrecorrível, elimina
aqueles dos respondentes que não reúnam os requisitos de capacidade previstos nos artigos 3.º e 4.º
Artigo 11.º
Sorteio de selecção de jurados
1 - Seguidamente, o presidente procede a um sorteio destinado a apurar os jurados.
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2 - O sorteio efectua-se com obediência ao disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 9.º, tomando como base
o número de respostas não rejeitadas, que para o efeito são encerradas em sobrescritos iguais, dos quais se
tiram dezoito.
3 - Aplica-se a este sorteio o disposto no n.º 4 do artigo 9.º
Artigo 12.º
Audência de apuramento
1 - O presidente ordena seguidamente a notificação das pessoas seleccionadas, bem como do Ministério
Público, do advogado do assistente e do defensor do arguido para, no prazo de cinco dias, comparecerem,
as primeiras obrigatoriamente, com a cominação da segunda parte do n.º 2 do artigo 15.º, numa audiência
pública de apuramento, a todos comunicando o elenco dos seleccionados, bem como a respectiva profissão
e morada.
2 - Nessa audiência o presidente inquire individualmente os seleccionados quanto à existência de
impedimentos e causas de escusa que pretendam invocar, esclarecendo-os quanto ao regime legal aplicável,
sendo seguidamente a palavra concedida às entidades referidas no número anterior para que suscitem
perguntas adicionais e procedam à eventual arguição de fundamentos de recusa.
3 - O Ministério Público e o defensor do arguido podem recusar, cada qual, dois jurados sem explicitação de
motivação. Se houver assistente, este pode recusar um jurado e o Ministério Público outro. Havendo
pluralidade de assistentes representados por mais de um advogado e se divergirem na escolha, procede-se
a sorteio para determinar a quem cabe a faculdade de recusa. O mesmo regime vale para a eventualidade
de vários arguidos assistidos por mais de um defensor.
4 - Das razões de impedimento, escusas ou recusas oferecem-se logo os meios de prova, não podendo o
número de testemunhas ser superior a três.
5 - Na acta da audiência consignam-se a lista de presenças, a identificação dos excluídos e o elenco final dos
apurados.
Artigo 13.º
Despacho de designação
1 - O presidente profere seguidamente na própria audiência, e ditando-o para a acta, despacho em que
considera ou não procedentes os motivos de impedimento, escusa ou recusa invocados e designa os jurados
efectivos e suplentes, os quais são imediatamente notificados do dia e hora da realização da audiência,
recebendo, simultaneamente ou logo que possível, cópia dos documentos referidos no n.º 2 do artigo 314.º
do Código de Processo Penal.
2 - Seguidamente, os jurados efectivos e suplentes prestam perante o presidente o seguinte compromisso:
'Comprometo-me por minha honra a desempenhar fielmente as funções que me são confiadas.'
3 - Se o despacho referido no n.º 1 deste artigo considerar impossibilitada pessoa que haja sido seleccionada
como jurado, o lugar respectivo é preenchido pelo primeiro do elenco dos restantes cidadãos seleccionados
e assim sucessivamente até haver sido designado o número legal de efectivos e suplentes.
4 - Aos jurados suplentes é atribuído um número de ordem, o qual determina a precedência na substituição
dos efectivos que vierem ulteriormente a impossibilitar-se.
5 - Os seleccionados que não hajam sido designados para o preenchimento dos lugares de efectivos ou
suplentes, nos termos do número anterior, são dispensados.
CAPÍTULO IV
Estatuto do jurado
Artigo 14.º
Jurados
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1 - Os jurados decidem apenas segundo a lei e o direito e não estão sujeitos a ordens ou instruções.
2 - Os jurados não podem abster-se de julgar com fundamento na falta, obscuridade ou ambiguidade da lei
ou em dúvida insanável sobre a matéria de facto.
3 - Os jurados são irresponsáveis pelos julgamentos e decisões e só em casos especialmente previstos na lei
podem ser sujeitos, em razão do exercício das suas funções, a responsabilidade civil ou criminal.
Artigo 15.º
Direitos dos jurados
1 - Os jurados não podem, durante o exercício da respectiva função, ser privados da liberdade sem culpa
formada, salvo no caso de detenção em flagrante delito por crime punível com prisão superior a três anos.
2 - Durante o mesmo período têm direito a uso, porte e manifesto gratuito de arma de defesa,
independentemente de licença ou participação.
3 - Os jurados têm direito a receber como compensação pelas funções exercidas um subsídio diário igual a 1
UC, e não poderão ser prejudicados na sua profissão ou emprego pelas faltas inerentes ao desempenho do
cargo. Após a leitura da sentença em 1.ª instância a compensação é atribuída por cada dia de efectivo
exercício da função.
4 - É aplicável, ainda, aos jurados o regime introduzido pelos Decretos-Leis n.os 324/85, de 6 de Agosto, e
48/87, de 29 de Janeiro, sempre que no exercício das suas funções, ou por causa delas, sejam vítimas de
actos criminosos, promovidos, nomeadamente, por associações criminosas e organizações terroristas, com
fins de intimidação ou retaliação.
Artigo 16.º
Deveres dos jurados
1 - O desempenho da função de jurado constitui serviço público obrigatório, sendo a sua recusa injustificada
punida como crime de desobediência qualificada.
2 - A falta de um jurado a audiência de julgamento a que deva estar presente é punida, se o jurado não
apresentar, no prazo de cinco dias, justificação que o presidente considere procedente, como crime de
desobediência simples.
3 - Os jurados que fizerem declarações públicas relativas a processos nos quais tenham intervindo ou hajam
de intervir, ou revelarem opiniões a tal respeito, são punidos com prisão até seis meses ou multa até 200
dias.
Ofendido, num crime de ofensas à integridade física pretende desistir da queixa, pode?
Sim, mas só no caso de se tratar de crimes semi-públicos e particulares; em tais casos, a desistência da queixa
é admissível até ser proferida sentença e desde que não haja oposição do arguido; a homologação (pelo
Ministério ou pelo Juiz) da desistência impede que o processo prossiga e que a queixa seja renovada.
Nos termos do artigo 116, nº2 do CP o queixoso pode desistir da queixa, desde que não haja oposição do
arguido, até à publicação da sentença da 1.ª instância. A desistência impede que a queixa seja renovada.
A desistência da queixa relativamente a um dos comparticipantes no crime aproveita aos restantes, salvo
oposição destes, nos casos em que também estes não puderem ser perseguidos sem queixa.
Acareação
Prevista no artigo 146 do CPP. É admissível acareação entre co-arguidos, entre o arguido e o assistente, entre
testemunhas ou entre estas, o arguido e o assistente sempre que houver contradição entre as suas
declarações e a diligência se afigurar útil à descoberta da verdade. É também aplicável às partes civis.
A acareação tem lugar oficiosamente ou a requerimento.
A entidade que presidir à diligência, após reproduzir as declarações, pede às pessoas acareadas que as
confirmem ou modifiquem e, quando necessário, que contestem as das outras pessoas, formulando-lhes em
seguida as perguntas que entender convenientes para o esclarecimento da verdade.
A arguida liga no dia do julgamento dizendo que não pode ir mas mantém o interesse em prestar
declarações. O que faço?
Primeiro justificaria a falta nos termos do artigo 117 do CPP, e seguidamente requereria que o arguido fosse
ouvido numa segunda data, ao abrigo do artigo 333, nº3 do CPP e 312, nº2 do CPP.
Deontologia
Troca de emails com um colega, numa tentativa de chegar a um acordo, todavia as negociações falham.
Eu tenho um email em que o colega disse expressamente que o seu conteúdo é confidencial e outro em
que não tem qualquer referência à confidencialidade. Posso usar algum desses emails no processo que
venha a instaurar?
Relativamente ao primeiro não posso usar. Já relativamente ao segundo teria que pedir o levantamento do
segredo profissional.
Com efeito nos termos do artigo 113 do Estatuto prescreve que sempre que um advogado pretenda que a
sua comunicação, dirigida a outro advogado ou solicitador, tenha caráter confidencial, deve exprimir
claramente tal intenção. As comunicações confidenciais não podem, em qualquer caso, constituir meio de
prova, não lhes sendo aplicável o disposto no n.º 4 do artigo 92.º, ou seja o pedido do levantamento do
segredo profissional. O advogado ou solicitador destinatário da comunicação confidencial que não tenha
condições para garantir a confidencialidade da mesma deve devolvê-la ao remetente sem revelar a terceiros
o respetivo conteúdo.
Os atos praticados com violação do segredo profissional podem fazer prova em juízo?
Não. Nos termos do artigo 92, nº 5 do estatuto, os atos praticados pelo advogado com violação do segredo
profissional não podem fazer prova em juízo, sendo que deverá ser arguida a nulidade do ato nos termos
dos artigos 122 CPP
Está a correr o prazo para apresentar contestação e o meu constituinte possui uma carta do mandatário
do Autor – que recebeu ainda no decurso de processo de negociação extrajudicial. À data o meu
constituinte não havia ainda constituído mandatário. O mandatário da parte oposta nessa carta dirigida
ao meu constituinte admitia ter uma parcela de, imaginemos, 40% da culpa e admitia uma redução
significativa no valor peticionado. Contudo, uma vez frustradas as negociações, e já em sede de processo
judicial, o mandatário da parte oposta vem peticionar o valor na íntegra (100%, portanto) e nos seus
articulados atribui exclusivamente a responsabilidade ao meu constituinte, por conseguinte em oposição
com o documento que em fase de negociações lhe havia dirigido. A questão era: podia eu, ou não, juntar
essa carta dirigida ao meu constituinte à minha contestação?
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Sim, porque nos termos do artigo 92 do estatuto o documento não se encontrava coberto por sigilo
profissional porque o mandatário (eu) não tinha intervindo nas negociações malogradas e, como tal, podia
ser junto à contestação.
Imagine que a funcionária do escritório vai comentar para o café elementos do processo e, curiosamente,
estava lá a cliente desse mesmo processo, poderá o advogado ser responsabilizado?
Nos termos do artigo 92, nº 7 e nº 8 do Estatuto, o dever de guardar sigilo é extensivo a todas as pessoas
que colaborem com o advogado no exercício da sua atividade profissional, sendo que o advogado deve exigir
dessas pessoas declaração escrita lavrada para o efeito, o cumprimento do dever aí previsto em momento
anterior ao início da colaboração, consistindo infração disciplinar a violação daquele dever.
Como tal, tendo o advogado cumprido com esta norma, não poderia ser responsabilizado, mas sim apenas
a funcionaria e não estando a funcionaria abrangida pelo poder disciplinar da ordem, poderia incorrer em
responsabilidade civil e penal, bem como processo disciplinar laboral
O advogado pode ser testemunha num processo de um antigo cliente sobre os factos do primeiro
processo? Se o cliente mesmo assim o chamasse o depor e depois de ter obtido a dispensa do sigilo podia
recusar-se a testemunhar?
Não podia depor como testemunha. Pediria escusa para depor alegando o segredo profissional. Mesmo que
tivesse pedido o seu levantamento e o mesmo tivesse sido deferido, a decisão de testemunhar seria sempre
minha.
Reunião com cliente em que me diz que amanhã vai matar a mulher, o que fazia?
Segredo profissional contraposto ao dever de denunciar.
Defendia-me depois alegando causa da exclusão da culpa
Condução sob efeito de álcool e sem carta. Era advogado. Incorria em alguma infração disciplinar?
Não propriamente uma ação disciplinar. Mas atendendo que o advogado é indispensável à administração da
justiça, deverá ter um comportamento publico adequado à dignidade e responsabilidade da função que
exerce, artigo 88, nº1 do Estatuto Ordem Advogados, bem como não poderá prejudicar os fins e prestígio da
Ordem e da advocacia, artigo 91, nº1 do estatuto.
Imagine que o cliente queria mandatar outro advogado o que esse advogado tinha que fazer?
Nos termos do artigo 112, nº 2, o advogado não deve iniciar a sua atuação sem antes diligenciar no sentido
de a este serem pagos os honorários e demais quantias que a este sejam devidas, devendo expor ao colega,
oralmente ou por escrito, as razões da aceitação do mandato e dar-lhe conta dos esforços que tenha
desenvolvido para aquele efeito.
Para além disso deveria pedir ao colega substabelecimento sem reserva.
Imagine que você até diz que quer passar o substabelecimento, mas informa o outro advogado que o
cliente lhe disse que não paga os honorários. O advogado pode continuar a aceitar o patrocínio?
O não pagamento de honorários é motivo de justificado de cessação do patrocínio, nos termos do artigo
103, nº 2. Contudo, nos termos do artigo 100, nº1 alínea e), ainda que exista motivo justificado para a
cessação do patrocínio, o advogado não deve fazê-lo por forma a impossibilitar o cliente de obter, em tempo
útil, a assistência de outro advogado.
Se contava a um amigo que um cliente dele veio ao escritório pedir uma segunda opinião
Não, porque a relação do advogado /cliente deve fundar-se na confiança recíproca e alicerçada pelo segredo
profissional.
Imagine que está num restaurante a jantar com os seus amigos e os senhores da mesa ao lado também se
juntam e começam a conversar. Na conversa descobrem que é advogada e dizem que tem um problema,
94
tem já um advogado a tratar do assunto, mas acham que estão a ser mal aconselhados. Pode dar a sua
opinião sobre a questão, mesmo que os senhores já tenham advogado?
Sim, consulta jurídica no meu escritório
E dando a sua opinião, teria que dizer alguma coisa ao colega?
Se fosse só dar opinião, não, até porque estaria sujeita a segredo profissional. Já Se fosse para aceitar o
patrocínio, teria que proceder às diligências do n.º 2, do art.º 112.º, do EOA.
É advogada de uma sociedade, em que os únicos sócios são cônjuges. Entretanto, é contactada por um
deles, que pretende intentar ação de divórcio sem consentimento. Pode representá-lo?
Não existe conflito de interesses, visto não se tratar de um assunto conexo para efeitos do n.º 3 do artigo
99.º EOA)
No escritório, tem uma consulta com dois clientes co-arguidos, um deles começa a dizer que a culpa e toda
do outro. O que faz?
Nos termos do artigo 99, nº3 e nº4, o advogado não pode aconselhar, representar ou agir por conta de dois
ou mais clientes, no mesmo assunto ou em assunto conexo, se existir conflito entre os interesses desses
clientes. E se um conflito de interesses surgir entre dois ou mais clientes, bem como se ocorrer risco de
violação do segredo profissional ou de diminuição da sua independência, o advogado deve cessar de agir
por conta de todos os clientes, no âmbito desse conflito. Ou seja, não deveria aceitar o patrocinio de nenhum
dos dois.
E se o conflito surgir no julgamento?
Como não poderíamos renunciar ao patrocínio sem dar à possibilidade dos clientes terem, em tempo
adequado novo defensor, a melhor forma expor a questão ao juiz e pedir a suspensão do julgamento.
Vou propor uma ação de acidente de viação e pergunto a uma testemunha se viu o acidente a acontecer
(sem estar a inquirir a mesma), posso fazer isto? Existe algo que diga que não posso?
Posso, desde que seja apenas inquirir a testemunha. O que a norma do artigo 109 do EOA prevê é que é
vedado ao advogado, por si ou por interposta pessoa, estabelecer contactos com testemunhas ou demais
intervenientes processuais com a finalidade de instruir, influenciar ou, por qualquer outro meio, alterar o
depoimento das mesmas, prejudicando, desta forma, a descoberta da verdade. Ou seja, a norma não veda
o advogado de contatar a testemunha para ouvir o que a mesma presenciou.
Eu aceito representar um casal numa ação de inventário. Encontra se arrolado na relação de bens um
imóvel. Eu como Advogada posso adquirir esse imóvel?
Não. Nos termos do artigo 100, nº1, aliena d) é vedado ao advogado celebrar, em proveito próprio, contratos
sobre o objeto das questões confiadas.
Um cliente procura-me para propor ação que eu sei que não tem fundamento legal.
Nos termos do artigo 100, nº1, aliena a) primeira parte, o advogado der dar a sua opinião conscienciosa
sobre o merecimento do direito ou pretensão que o cliente invoca, sendo que nos termos do artigo 90, nº2
alínea a), está vedado ao advogado advogar contra o direito, não usar de meios ou expedientes ilegais, nem
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promover diligências reconhecidamente dilatórias, inúteis ou prejudiciais para a correta aplicação de lei ou
a descoberta da verdade.
Imagine que recebeu uma quantia de uma indemnização que era do seu cliente, tendo em conta que este
ainda não lhe pagou os honorários, podia reter a quantia em dívida a título de honorários? Se não, o que
podia fazer uma vez que o cliente se recusa a pagar?
Nos termos do artigo 101.º o advogado deve dar a aplicação devida a valores, objetos e documentos que lhe
tenham sido confiados, bem como prestar conta ao cliente de todos os valores deste que tenha recebido,
qualquer que seja a sua proveniência, e apresentar nota de honorários e despesas, logo que tal lhe seja
solicitado.
Quando cesse a representação, o advogado deve restituir ao cliente os valores, objetos ou documentos deste
que se encontrem em seu poder.
O advogado, apresentada a nota de honorários e despesas, goza do direito de retenção sobre os valores,
objetos ou documentos referidos no número anterior, para garantia do pagamento dos honorários e
reembolso das despesas que lhe sejam devidos pelo cliente, a menos que os valores, objetos ou documentos
em causa sejam necessários para prova do direito do cliente ou que a sua retenção cause a este prejuízos
irreparáveis.
Deve, porém, o advogado restituir tais valores e objetos, independentemente do pagamento a que tenha
direito, se o cliente tiver prestado caução arbitrada pelo conselho regional.
Pode o conselho regional, antes do pagamento e a requerimento do advogado ou do cliente, mandar
entregar a este quaisquer objetos e valores quando os que fiquem em poder do advogado sejam
manifestamente suficientes para pagamento do crédito.
Poderia ainda intentar uma ação de honorários
Devemos ou não diferenciar ou tomar em consideração as posses dos clientes para efeito de cálculo de
honorários?
Nos termos do artigo 105, nº3 do estatuto Artigo 105, nº3 na fixação dos honorários deve o advogado
atender à importância dos serviços prestados, à dificuldade e urgência do assunto, ao grau de criatividade
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intelectual da sua prestação, ao resultado obtido, ao tempo despendido, às responsabilidades por ele
assumidas e aos demais usos profissionais.
Não prevê a questão de capacidade económica do cliente, mas obviamente deveremos ter em conta que um
cliente com poucas condições económicas não poderá pagar honorários da mesma forma que um outro que
tenha melhores condições
Imaginemos que um cliente se dirige ao nosso escritório muito aflito, porque o seu vizinho está a altear
um muro para construção de um pombal e o cliente quer impedir de imediato a construção; o que deveria
fazer, sendo que o vizinho é um Colega?
Como não se trata de procedimentos que tenha natureza secreta ou urgente, antes de embargar a obra
nova, teria nos termos do artigo 96 do EOA que comunicar ao colega por escrito a minha intenção, com as
explicações que entendesse necessárias.
Se se tratasse por exemplo de um arresto ou arrolamento, como são processo urgentes não podia comunicar
a minha intenção
Tem de intentar a ação, o filho é jurisconsulto, existe alguma formalidade que tem de observar?
Neste caso, o dever de comunicação não existe pois não é advogado nem magistrado.
Fui contactada por um cliente, que pretendia intentar uma ação, o que fiz, e que, ao ser notificada da
contestação do réu e pedido reconvencional, percebi que os factos que o cliente me relatou e que articulei
na PI eram completamente falsos e pretendiam um objetivo ilícito, o que podia fazer? O que estava em
causa?
A confiança recíproca que a relação entre o advogado e o cliente deve fundar-se nos termos do artigo 97,
nº1.
Esta também em causa a litigância de má fé prevista no artigo 545 do CPC, embora não tenha sido culpa do
advogado, a este está vedado nos termos do artigo 90, nº2 alínea a) a) não advogar contra o direito, não
usar de meios ou expedientes ilegais, nem promover diligências reconhecidamente dilatórias, inúteis ou
prejudiciais para a correta aplicação de lei ou a descoberta da verdade;
Nestes termos teria o advogado motivo justificado para cessar o patrocínio, se bem que teria que faze-lo,
nos termos do artigo 100, nº2 de forma a não impossibilitar o cliente de obter em tempo útil a assistência
de outro advogado.
Imagine que o advogado não se conforma com a acusação em processo disciplinar, o que é que ele pode
fazer? Para quem é dirigido?
Nos termos do artigo 162, nº1 do estatuto, cabe recurso ordinário das deliberações dos conselhos de
deontologia para o conselho superior.
E das decisões do conselho superior cabe recurso?
Sim, para o plenário do conselho superior.
E das decisões do plenário cabe recurso?
Sim, para os Tribunais Administrativos
Posso recomendar algum colega? E depois pedir parte dos honorários que vai receber?
Não. Porque nos termos do artigo 98, nº1 do estatuto, o advogado não pode aceitar o patrocínio ou a
prestação de quaisquer serviços profissionais se para tal não tiver sido livremente mandatado pelo cliente,
ou por outro advogado, em representação do cliente, ou se não tiver sido nomeado para o efeito, por
entidade legalmente competente.
Contudo se for um substabelecimento sem reserva já pode.
Relativamente aos honorários estipula o artigo 107 do estatuto, é proibido ao advogado repartir honorários,
ainda que a título de comissão ou outra forma de compensação, exceto com advogados, advogados
estagiários e solicitadores com quem colabore ou que lhe tenham prestado colaboração. Neste caso não
poderia pois não prestou qualquer colaboração.
Uma pessoa que trabalha numa consultora me enviasse clientes podia eu pagar-lhe 30% dos honorários
que recebesse desses clientes?
Nos termos do artigo 107 do estatuto, é proibido ao advogado repartir honorários, ainda que a título de
comissão ou outra forma de compensação, exceto com advogados, advogados estagiários e solicitadores
com quem colabore ou que lhe tenham prestado colaboração.
Ação de honorários: qual o prazo de prescrição e a partir de que momento se inicia a contagem do mesmo
Nos termos do artigo 317, alínea c), os créditos pelos serviços prestados no exercício de profissões liberais e
pelo reembolso das despesas correspondentes, prescrevem no prazo de dois anos. O prazo de prescrição
deste tipo de crédito inicia a sua contagem quando, por qualquer causa, cessa a prestação do mandatário.
Podia convencionar com o cliente que ele me pagaria a título de honorários 30% do que obtivesse por
ganhar uma ação de impugnação de uma liquidação de IVA?
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Não poderia, pois consubstancia um pacto de quota litis nos termos do artigo 106, nº1 e nº2 do estatuto.
Com efeito, por pacto de quota litis entende-se o acordo celebrado entre o advogado e o seu cliente, antes
da conclusão definitiva da questão em que este é parte, pelo qual o direito a honorários fique exclusivamente
dependente do resultado obtido na questão e em virtude do qual o constituinte se obrigue a pagar ao
advogado parte do resultado que vier a obter, quer este consista numa quantia em dinheiro, quer em
qualquer outro bem ou valor.
Seria quota litis convencionar o pagamento de € 2000 no início do processo e depois mais 30% dependente
do resultado?
Neste caso não seria um pacto de quota litis pois já existe um acordo prévio do montante dos honorários.
Os 30% é apenas uma majoração em função do resultado obtido.
Imagine que vai um senhor ao seu escritório e diz-me que não tem condições financeiras para pagar mas
que lhe pagaria 5% por ação e 10% em caso de vencer as ações.
A mesma situação anterior. Ou seja, nos termos do artigo 106, nº3, não constitui pacto de quota litis o acordo
que consista na fixação prévia do montante dos honorários, ainda que em percentagem, em função do valor
do assunto confiado ao advogado ou pelo qual, além de honorários calculados em função de outros critérios,
se acorde numa majoração em função do resultado obtido.
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2 - Com a necessária antecedência, o juiz deve convocar para assistir à imposição de selos, ao arrolamento,
às buscas e diligências equivalentes, o advogado a ela sujeito, bem como o presidente do conselho regional,
o presidente da delegação ou delegado da Ordem dos Advogados, conforme os casos, os quais podem
delegar em outro membro do conselho regional ou da delegação.
3 - Na falta de comparência do advogado representante da Ordem dos Advogados ou havendo urgência
incompatível com os trâmites do número anterior, o juiz deve nomear qualquer advogado que possa
comparecer imediatamente, de preferência de entre os que hajam feito parte dos órgãos da Ordem dos
Advogados ou, quando não seja possível, o que for indicado pelo advogado a quem o escritório ou arquivo
pertencer.
4 - Às diligências são admitidos também, quando se apresentem ou o juiz os convoque, os familiares ou
trabalhadores do advogado interessado.
5 - Até à comparência do advogado que represente a Ordem dos Advogados podem ser tomadas as
providências indispensáveis para que se não inutilizem ou desencaminhem quaisquer papéis ou objetos.
6 - O auto de diligência faz expressa menção das pessoas presentes, bem como de quaisquer ocorrências
sobrevindas no seu decurso.
Artigo 76.º
Apreensão de documentos
1 - Não pode ser apreendida a correspondência, seja qual for o suporte utilizado, que respeite ao exercício
da profissão.
2 - A proibição estende-se à correspondência trocada entre o advogado e aquele que lhe tenha cometido ou
pretendido cometer mandato e lhe haja solicitado parecer, embora ainda não dado ou já recusado.
3 - Compreendem-se na correspondência as instruções e informações escritas sobre o assunto da nomeação
ou mandato ou do parecer solicitado.
4 - Excetua-se o caso de a correspondência respeitar a facto criminoso relativamente ao qual o advogado
tenha sido constituído arguido.
Artigo 77.º
Reclamação
1 - No decurso das diligências previstas nos artigos anteriores, pode o advogado interessado ou, na sua falta,
qualquer dos seus familiares ou trabalhadores presentes, bem como o representante da Ordem dos
Advogados, apresentar qualquer reclamação.
2 - Destinando-se a apresentação de reclamação a garantir a preservação do segredo profissional, o juiz deve
logo sobrestar na diligência relativamente aos documentos ou objetos que forem postos em causa, fazendo-
os acondicionar, sem os ler ou examinar, em volume selado no mesmo momento.
3 - A fundamentação das reclamações é feita no prazo de cinco dias e entregue no tribunal onde corre o
processo, devendo o juiz remetê-las, em igual prazo, ao presidente da Relação com o seu parecer e, sendo
caso disso, com o volume a que se refere o número anterior.
4 - O presidente da Relação pode, com reserva de segredo, proceder à resselagem do mesmo volume,
devolvendo-o novamente selado com a sua decisão.
Quais são as obrigações do patrono?
E se o advogado for um advogado expulso da ordem? O segredo profissional se mantém-se?
Sim. Porque o que se pretende é defender os interesse do cliente e não o advogado.
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2 - O advogado pode pronunciar-se, excecionalmente, desde que previamente autorizado pelo presidente
do conselho regional competente, sempre que o exercício desse direito de resposta se justifique, de forma
a prevenir ou remediar a ofensa à dignidade, direitos e interesses legítimos do cliente ou do próprio.
3 - O pedido de autorização é devidamente justificado e indica o âmbito possível das questões sobre que
entende dever pronunciar-se.
4 - O pedido de autorização é apreciado no prazo de três dias úteis, considerando-se tacitamente deferido
na falta de resposta, comunicada, naquele prazo, ao requerente.
5 - Da decisão do presidente do conselho regional que indefira o pedido cabe recurso para o bastonário, que
decide, no mesmo prazo.
6 - Em caso de manifesta urgência, o advogado pode pronunciar-se de forma tão restrita e contida quanto
possível, devendo informar, no prazo de cinco dias úteis, o presidente do conselho regional competente das
circunstâncias que determinaram tal conduta e do conteúdo das declarações proferidas.
Direito de protesto
Previsto no artigo 80 do Estatuto
1 - No decorrer de audiência ou de qualquer outro ato ou diligência em que intervenha, o advogado deve
ser admitido a requerer oralmente ou por escrito, no momento que considerar oportuno, o que julgar
conveniente ao dever do patrocínio, sem necessidade de prévia indicação ou explicitação do respetivo
conteúdo.
2 - Quando, por qualquer razão, não lhe seja concedida a palavra ou o requerimento não for exarado em
ata, pode o advogado exercer o direito de protesto, indicando a matéria do requerimento e o objeto que
tinha em vista.
3 - O protesto não pode deixar de constar da ata e é havido para todos os efeitos como arguição de nulidade,
nos termos da lei.
Não obstante este direito o artigo 150, nº 4 do CPC, estipula que sempre que seja retirada a palavra a
advogado, a advogado estagiário ou ao magistrado do Ministério Público, é, consoante os casos, dado
conhecimento circunstanciado do facto à Ordem dos Advogados, para efeitos disciplinares, ou ao respetivo
superior hierárquico.
Da mesma forma o CPP estipula no seu artigo 326 que se os advogados ou defensores, nas suas alegações
ou requerimentos, são advertidos com urbanidade pelo presidente do tribunal; e se, depois de advertidos,
continuarem, pode aquele retirar-lhes a palavra, sendo aplicável neste caso o disposto na lei do processo
civil, se afastarem do respeito devido ao tribunal, procurarem, manifesta e abusivamente, protelar ou
embaraçar o decurso normal dos trabalhos, usarem de expressões injuriosas ou difamatórias ou
desnecessariamente violentas ou agressivas; ou fizerem, ou incitarem a que sejam feitos, comentários ou
explanações sobre assuntos alheios ao processo e que de modo algum sirvam para esclarecê-lo.
Contudo nos termos do artigo 150, nº 5 do CPC cabe recurso, com efeito suspensivo da decisão e com carater
urgente, da decisão que retire a palavra a mandatário judicial ou lhe ordene a saída do local onde o ato se
realiza.
e nº6 Artigo 150.º (art.º 154.º CPC 1961)
O direito de protesto é um direito/dever que deve exerce-lo firmemente, pois é também um dever com a
comunidade e a realização da justiça e do direito funcionando como uma arguição de dupla nulidade:
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1- A arguição do que se pretendia fazer valer para o cliente
2- A nulidade do requerimento que não foi admitido
Contrato com advogado, com uma cláusula que diga que o advogado é obrigado a fazer tudo para a
empresa. Se era possível essa cláusula.
Esta cláusula seria nula nos termos do artigo 73 nº2 e 81, nº4 do Estatuto, dado que nos termos do artigo
81, o advogado exercita a defesa dos direitos e interesses que lhe sejam confiados sempre com plena
autonomia técnica e de forma isenta, independente e responsável. Sendo que o exercício da advocacia é
inconciliável com qualquer cargo, função ou atividade que possa afetar a isenção, a independência e a
dignidade da profissão. Qualquer forma de provimento ou contrato, seja de natureza pública ou privada,
designadamente o contrato de trabalho, ao abrigo do qual o advogado venha a exercer a sua atividade, deve
respeitar os princípios definidos no n.º 1 e todas as demais regras deontológicas que constam do presente
Estatuto.
São nulas as estipulações contratuais, bem como quaisquer orientações ou instruções da entidade
contratante, que restrinjam a isenção e a independência do advogado ou que, de algum modo, violem os
princípios deontológicos da profissão.
Imagine que está no escritório, o cliente vai embora para os EUA e quer que o advogado – passando-lhe
procuração para o efeito – faça um investimento turístico e com rentabilidade rápida de preferência.
Sendo que, o cliente lhe diz que lhe pode dar uma gratificação generosa, para além dos honorários, mesmo
que não consiga obter lucro. Alguém (mais experiente) ouve e avisa o advogado de que pode estar em
causa uma situação de branqueamento de capitais. O que fazer?
Conforme consta do texto da Lei n.º 83/2017, de 18 de agosto – Lei do Branqueamento de Capitais, são
impostos inúmeros os deveres aos Advogados.
Primeiramente, no artigo 4, nº1 alínea f), refere que os advogados estão sujeitos ao cumprimento desta lei.
Acrescenta o nº2 deste mesmo artigo que os profissionais estão sujeitos às disposições desta lei quando
intervenham ou assistam, por conta de um cliente ou noutras circunstâncias, passando a elencar essas
mesmas circunstâncias.
Ou seja sempre que o advogado auxilie ou intervenha no auxílio de um seu cliente, relativamente a
operações ligadas a compra e venda de bens imóveis, gestão de fundos mobiliários e outros ativos,
abertura e gestão de contas bancárias, de poupança ou de valores mobiliários.
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O artigo 54 e o artigo 11, alínea i) estabelece que os Advogados, Advogados-Estagiários e, ainda, todos os
colaboradores do Advogado não podem divulgar ao cliente que este é suspeito pela prática
do crime de branqueamento de capitais e/ou financiamento ao terrorismo.
Para alem disso, no artigo 11, alinea g) e artigo 52 exige-se ao advogado um dever de exame minucioso de
todas as práticas que podem consubstanciar uma operação de branqueamento de capitais ou financiamento
do terrorismo.
Depois ainda exige-se o dever de recusa, previsto no artigo 11, alinea e) e artigo 50. Aqui, o legislador prevê
que os Advogados devam recusar a realização de operações suspeitas, quando não consigam obter os
elementos identificativos do sujeito.
Também o dever de abstenção previsto no artigo 11 alínea d) e artigo 47, estabelecendo os Advogados
devem abster-se de praticar qualquer operação suspeita.
E ainda o dever de colaboração previsto no artigo 11, alínea h) e artigo 53, ficando os Advogados obrigados
a prestar a necessária colaboração quer à Ordem dos Advogados em que o mesmo se encontre inscrito, quer
ao DCIAP ou Unidade de Informação Financeira, relativamente à operação suspeita.
Acresce também o dever de identificação previsto no artigo 11, alínea b) do artigo 11.º e nos artigos 23.º e
seguintes.
Aqui, os Advogados estão obrigados a identificar o cliente, antes de iniciar qualquer relação jurídica ou
executar qualquer operação. Este dever é de extrema importância, uma vez que o Advogado deve sempre,
até mesmo para a sua própria segurança, solicitar elementos identificativos dos clientes ou do beneficiário
efetivo.
Ao dever de diligência é exigível que Advogado atue de forma diligente a identificar, ou a estabelecer a
relação jurídica com o cliente.
Por fim o dever de comunicação previsto no artigo 11 alínea c) e artigos 43 e seguintes. Aqui, o legislador
estabelece que o Advogado deve comunicar à respetiva Ordem dos Advogados em que se encontra inscrito,
todas as operações suspeitas de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
Esta lei é notoriamente incompatível com a obrigação deontológica de guardar segredo profissional, o qual
visa garantir o interesse público, nomeadamente a administração da justiça e a defesa dos interesses dos
clientes.
O princípio da confiança, a par do princípio do segredo profissional, consubstancia outro pilar do exercício
da Advocacia, tal como prevê o artigo 97 nº1 do Estatuto da Ordem dos Advogados que “a relação entre o
advogado e o cliente deve fundar-se na confiança recíproca”.
CARLOS PINTO DE ABREU entende que o princípio da confiança, mutatis mutandis, não pode ser derrogado,
na medida em que “A defesa da dignidade da profissão, bem como o respeito pelos princípios basilares da
advocacia em especial os deveres de independência, de sigilo e da confiança não é compatível com a
participação, nessa qualidade, de advogados em acções encobertas, no âmbito de
investigações criminais, para a obtenção de informações.
Um cliente procura-me para propor ação que eu sei que não tem fundamento legal.
Nos termos do artigo 89 do Estatuto o advogado, no exercício da profissão, mantém sempre em quaisquer
circunstâncias a sua independência, devendo agir livre de qualquer pressão, especialmente a que resulte dos
seus próprios interesses ou de influências exteriores, abstendo-se de negligenciar a deontologia profissional
no intuito de agradar ao seu cliente, aos colegas, ao tribunal ou a terceiros, para além disso está obrigado a
defender os direitos, liberdades e garantias, a pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração
da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e instituições jurídicas.
O Juiz podia impedir de entrar na sala de audiências porque não tinha toga?
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O uso da toga é obrigatório nos termos do artigo74, nº 1, contudo é um dever deontológico e não processual,
pelo que o juiz não me poderia impedir de intervir, no entanto, poderia participar à ordem tal facto.
Era contratada apenas para assinar as peças, eles faziam tudo eu só assinava.
Nos termos do artigo 112, nº1 alínea f) não posso assinar pareceres, peças processuais ou outros escritos
profissionais que não sejam da muinha autoria ou em que não tenha colaborado.
No caso concreto seria uma situação de procuradoria ilícita, proibição de solicitar clientes por si ou por
interposta pessoa, porque quem arranjava os clientes era a sociedade previsto no artigo 90, nº2 alinea h) e
princípio da independência.
o que é o laudo? Quem tem legitimidade para pedir laudo? é possivel esse laudo ser prova numa ação de
honorários? Qual é a força probatória?
Um laudo é nos termos do artigo 2 do Regulamento de Laudos de honorários é um parecer técnico e juízo
sobre a qualificação e valorização dos serviços prestados pelos advogados
Nos termos do artigo 6 do mesmo regulamento o laudo sobre honorários pode ser solicitado pelos tribunais,
por outros conselhos da Ordem e, em relação às respetivas contas, pelo advogado, ou seu representante ou
sucessor, pelas sociedades de advogados, ou pelo constituinte ou consulente, ou seus representantes ou
sucessores. Pode ainda solicitar laudo quem, nos termos legais ou contratuais, seja responsável pelo
pagamento dos honorários do advogado.
Sim um laudo pode ser prova numa ação é faz prova plena por ser relatório pericial
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