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EXCELENTÍSSIMO JUIZ...

(juízo competente que está apreciando a


demanda proposta)

Processo nº _________________

AUTOR(A), já qualificado(a) nos autos da presente AÇÃO JUDICIAL PARA


CORREÇÃO DOS SALDOS DO FGTS ajuizada em face da CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL, vem a presença de Vossa Excelência, oferecer

RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

apresentada pela Ré, pelas razões fáticas e jurídicas adiante que seguem.

1) LEGITIMIDADE PASSIVA DA RÉ

Com relação ao polo passivo da demanda, de acordo com o art.


4º da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, a Caixa Econômica Federal, na
qualidade de agente operador do FGTS, responde no polo passivo.

Assim, uma vez que a presente Ação tem por objeto a correção
monetária dos depósitos referentes as contas vinculadas do FGTS, resta
evidente a legitimidade passiva da Caixa Econômica Federal. Neste sentido, é a
Súmula nº 249 do STJ, in verbis:

1
“A Caixa Econômica Federal tem legitimidade passiva para
integrar processo em que se discute correção monetária do
FGTS”.

No mesmo sentido:

“AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO. FGTS.


CORREÇÃO DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS.
DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ
PACIFICADO NO STJ. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
1. A matéria referente à correção monetária das contas
vinculadas ao FGTS, em razão das diferenças de expurgos
inflacionários, foi decidida pela Primeira Seção deste Superior
Tribunal, no REsp. n. 1.111.201 - PE e no REsp. n. 1.112.520 -
PE, de relatoria do Exmo. Min. Benedito Gonçalves, ambos
submetidos ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução n.
8/08 do STJ, que tratam dos recursos representativos da
controvérsia, publicados no DJe de 4.3.2010.
(...)
3. Quanto às demais preliminares alegadas, devidamente
prequestionadas, esta Corte tem o entendimento no sentido de
que, nas demandas que tratam da atualização monetária dos
saldos das contas vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva
ad causam é exclusiva da Caixa Econômica Federal, por ser
gestora do Fundo, com a exclusão da União e dos bancos
depositários (Súmula 249/STJ).
(...)”
(AR 1.962/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/02/2012, DJe 27/02/2012)
(grifei)

Portanto, possui a ré legitimidade passiva inconteste, não tendo


razão sua argumentação.

2) PRESCRIÇÃO

Não assiste razão à ré com relação ao prazo prescricional, pois


não ocorreu a prescrição com relação às parcelas de FGTS que ainda não foram
pagas ao trabalhador.

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Em 2014, o STF decidiu em sede de repercussão geral, que os
direitos relativos aos depósitos de FGTS passariam a prescrever em 5 (cinco)
anos e não mais em 30 (trinta) anos.

Ocorre que este entendimento somente é válido para parcelas


vencidas e não pagas antes do dia do julgamento (11/11/14), em razão da
modulação dos efeitos da decisão, não abrangendo os direitos ao FGTS
existentes até a data de 11/11/14, que continuam a sofrer incidência da
prescrição trintenária. Neste sentido, reste evidenciado os efeitos ex nunc.
Observe-se:

“Recurso extraordinário. Direito do Trabalho. Fundo de


Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Cobrança de valores
não pagos. Prazo prescricional. Prescrição quinquenal. Art. 7º,
XXIX, da Constituição. Superação de entendimento anterior
sobre prescrição trintenária. Inconstitucionalidade dos arts.
23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento do FGTS
aprovado pelo Decreto 99.684/1990. Segurança jurídica.
Necessidade de modulação dos efeitos da decisão. Art. 27 da
Lei 9.868/1999. Declaração de inconstitucionalidade com
efeitos ex nunc. Recurso extraordinário a que se nega
provimento.”
(ARE 709212, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal
Pleno, julgado em 13/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-032 DIVULG 18-02-
2015 PUBLIC 19-02-2015) (grifei)

Sendo assim, a presente ação não está prescrita.

3) AUSÊNCIA DO INTERESSE PROCESSUAL

Destaca-se que a alegação da ré quanto à suposta ausência de interesse


processual, baseada na Ação Civil Pública ajuizada com pedido igual ao pleito da
parte autora não merece prosperar. Isso porque, a parte autora tem o direito de
ajuizar ação individual na busca de seus direitos.

3
Imperioso ressaltar, que a Ação Civil Pública não tem por escopo
salvaguardar direitos individuais e tampouco reparar prejuízos causados pela ré à
particulares.

Então, resta claro que não há ausência de interesse processual,


considerando que a legislação brasileira admite o acesso individual à Justiça,
devendo ser rechaçada essa preliminar.

4) DA NECESSIDADE JURÍDICA DE ACOLHIMENTO DA


PRETENSÃO AUTORAL, FACE À CONTESTAÇÃO APRESENTADA

Esta preliminar não merece ser acolhida, tendo em vista que a própria
ré reconhece em sua peça contestatória que os saldos de FGTS devem ser
corrigidos monetariamente.

Com efeito, uma vez que a parte autora comprovou o fato constitutivo
de seu direito e a parte ré não se desincumbiu de seu ônus de obstaculizar a
pretensão da parte autora, de rigor o reconhecimento dos efeitos da relação
jurídica pleiteada, como forma de restabelecer o direito e a justiça.

Nesse sentido, a dinâmica probatória está disposta no art. 373 do


NCPC:

“Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo
ou extintivo do direito do autor.
(...)”

Ora Exa., a parte ré não só deixou de cumprir os seus encargos


probatórios, como, em certa medida, declarou fato confessório, pois reconheceu
que os índices de correção não são aplicados de forma a garantir a correção
monetária que se espera.

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Apesar de a parte autora ter demonstrado todo o raciocínio jurídico
que agasalha a sua pretensão processual, culminando com o comando estatal
relevante à sua vida, em nenhum momento a parte ré logrou êxito em contrapor a
injusta, ilegal e antijurídica manutenção dos valores sem a mais mínima condição
de atualização, face aos índices oficiais.

E nem se diga que a impossibilidade de eleger um dos índices como


diretriz para a atualização dos valores destinados à conta vinculada do FGTS
impossibilitaria o direito da parte autora.

Esse raciocínio lança mão de uma falácia argumentativa e desvia o


foco da questão principal que é a lesão patrimonial que a parte autora está
sofrendo em razão da aplicação das metodologias de cálculo da TR, que são
volúveis e não refletem o melhor interesse do trabalhador.

Desta forma, o pedido da parte autora que requer o cumprimento da


legislação é totalmente possível, devendo todos os argumentos apresentados pela
parte ré serem afastados, para que a presente lide seja julgada procedente in
totum.

5) CONCLUSÕES

Ao perscrutar todos os pontos apresentados pela parte ré, observa-se


que nenhum deles foi capaz de afastar o arcabouço fático jurídico apresentado
pela parte autora.

O registro pelo Regime da CLT em razão do qual incidem os efeitos


de toda a legislação que trata sobre o FGTS é um fato jurídico para os
trabalhadores brasileiros que operam sob este regime, possuindo efeitos
patrimoniais de longo prazo para os trabalhadores a ele submetidos.

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Como foi demonstrado desde o início deste processo, a parte autora
possui registro pelo Regime da CLT, se enquadrando nas regras relacionadas as
contas vinculadas à Caixa Econômica Federal, sendo todo o arcabouço fático
jurídico congruente com o direito pleiteado, implicando clara e inequívoca
modificação de sua realidade fático-jurídica, notadamente em sua esfera
patrimonial.

Nesse sentido, levando em consideração que durante todo o período de


trabalho da parte autora, esta teve parte de seu patrimônio afetado
compulsoriamente para o saldo do FGTS, não podendo dispor dos valores de
forma livre, se faz necessária e imperativa uma medida jurisdicional que
interrompa a lesão sofrida.

Com efeito, tem-se que mudanças na metodologia de cálculo da TR


(Taxa Referencial), afetaram o desenvolvimento regular da proteção patrimonial
que o trabalhador deve esperar, quando é obrigado, por lei, a ter um destaque do
seu patrimônio, para fins de sua própria proteção, como é o caso do FGTS.

Especificamente, a metodologia de cálculo da TR, há muito


estabelecida, deixou de encampar a correção monetária, desvinculando-se, por
vezes de forma acentuada, da recomposição que se espera dos índices de inflação
oficiais.

Como foi demonstrado anteriormente, a parte autora necessita


submeter a matéria à apresentação ao Poder Judiciário, como forma de
reestabelecer o seu direito, em razão de tudo o quanto já foi exposto, e ainda,
levando em consideração a pífia peça de bloqueio apresentada pela parte ré.

6) DOS PEDIDOS

Diante do exposto acima, a parte autora requer que Vossa Excelência


a rejeição das preliminares arguidas pela ré, proferindo sentença de mérito no
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sentido de acolher os pedidos constantes na exordial, bem como, condenar a
requerida nas cominações legais, por ser medida da mais lídima Justiça.

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Estado, ___ de __________ de 201_.

(Nome, assinatura e número da OAB do advogado)

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