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CASOS CONCRETOS PROCESSO CIVIL CPIII

TEMA 01
1) Em uma determinada demanda, a parte autora elegeu o procedimento comum
para resguardar direito líquido e certo, violado pelo secretário de saúde estadual. O
magistrado, diante dos substanciais provas materiais constantes nos autos, que
refutam qualquer outra dilação probatória, determinou que a parte autora
emendasse a inicial para a via adequada. Pergunta-se: está correta a determinação
do magistrado, ou ele poderia converter automaticamente o procedimento comum
em mandado de segurança? Resposta fundamentada.
RESPOSTA: O assunto em questão não é pacífico, a primeira corrente, defende que
há a possibilidade de escolha do procedimento (corrente defendida pelo Des.
Alexandre Câmara)
Já a segunda corrente defende que não há liberdade de escolha do procedimento,
as normas que determinam sua utilização são de ordem pública. Assim, o
demandante optou pelo procedimento inadequado, devendo o juiz determinar a
conversão ao procedimento especial, aproveitando-se dos atos já praticados e que
se revelem compatíveis com o procedimento correto.
A terceira corrente defende que o procedimento especial será indisponível quando
criado para atender as necessidades típicas do direito substancial (como na ação de
demarcação de terras) e opcional quando criado por razões de política legislativa
(como se da no mandado de segurança).

2) Em uma determinada demanda, a parte autora, munida de prova escrita sem


título executivo, a qual demonstra a existência de obrigação de pagar, optou por
ingressar com uma demanda pelo procedimento comum. Citada, a parte ré alegou
que a demanda deveria ser extinta, uma vez que a parte autora deveria ter
ingressado com procedimento monitório. Acerca da teoria geral dos procedimentos
especiais quanto à escolha do procedimento pela parte autora, decida a questão de
forma fundamentada.
RESPOSTA: Via de regra, o procedimento não pode ser objeto de escolha pelos
litigantes. Porém, o caso em tela é uma exceção a essa regra, pois esse
procedimento especial pode ser convertido em rito comum em dado momento da
demanda. Assim, a parte autora pode optar pelo procedimento comum, pois ambos
são procedimentos especiais criados em razão de técnicas de opções políticas do
poder legislativo.

TEMA 02
1) Uma concessionária de serviço público, reconhecendo sua condição de devedora
e alegando inércia do município em constituir o crédito tributário, ajuizou ação de
consignação em pagamento, depositando o valor de R$ 3.381.585,03, referente a
dívida de ISS. O município, ressaltando que, apesar de serem os valores muito
inferiores àqueles que entende devidos, requereu o levantamento das quantias
depositadas, por se tratar de valores incontroversos, devendo a demanda continuar
acerca do que ainda não foi depositado. A parte autora requereu a extinção da
demanda, já que os valores depositados foram levantados. Decida a questão de
forma fundamentada.
RESPOSTA: Não assiste razão à parte autora, no que concerne a extinção do
processo. O processo deve continuar para que seja discutida a diferença de valores
entre as partes. Portanto, o réu tem razão.
Assim, alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez)
dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do
contrato. Nesse caso, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa
depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo
quanto à parcela controvertida, conforme prevê o art. 545, §1º do CPC.

2) Em uma determinada demanda de consignação em pagamento, a parte autora


requer a consignação das parcelas em contrato de financiamento firmado com
instituição financeira, aduzindo que o valor correto seria 30% menor do que o
cobrado. O magistrado indeferiu a inicial e extinguiu o feito sem resolução de
mérito, sob o fundamento de que a parte autora não pretendia superar óbices ao
pagamento feito pelo credor, mas sim obter um meio de modificar a forma do
cumprimento de sua obrigação contratual. A parte autora apelou. Sabendo-se que a
parte autora apresentou pedidos certos e definidos, decida se é possível a discussão
do valor do débito em sede de ação de consignação em pagamento. Resposta
fundamentada.
RESPOSTA: Sim, é possível a discussão do valor do débito em sede de ação de
consignação em pagamento. Assim, assiste razão a autora, esta deve depositar o
que acha devido e caso o réu não concorde, ele apresenta sua contestação alegando
o que achar devido a mais do que o valor apresentado.
O entendimento atual do STJ é no sentido de ser possível a discussão do valor do
débito em sede de ação de consignação em pagamento, ainda que para tanto seja
necessária a revisão de cláusulas contratuais.

TEMA 03
1) O condomínio Golden Meyer ingressa com ação de exigir contas em face da
construtora Safiga S.A. No curso da demanda, o magistrado determinou que a parte
ré apresentasse as contas em determinado prazo, o que não ocorreu. Diante da
inércia da parte ré, a parte autora elaborou as contas e apresentou em juízo.
Inconformada com os valores apresentados, a parte ré impugna o que foi
apresentado. Responda, de forma fundamentada, se é possível a impugnação da
parte ré no caso em tela.
RESPOSTA: É possível a parte autora apresentar as contas em substituição diante
da inércia da ré.
De acordo com os arts. 551, §2º e 550, §§ 5º e 6º do CPC, quando o réu não
apresenta as contas na forma adequada, caberá ao autor fazê-lo, não sendo lícito ao
réu impugná-las. Ou seja, a legislação estabeleceu uma verdadeira sanção
processual ao requerido que não cumpre sua obrigação, tal qual na presente
hipótese.
Porém, essa presunção não é absoluta, deve ter uma razoabilidade.
Assim, não é possível a impugnação da parte ré no caso em tela.

2) O atual diretor de um clube recreativo – Marina Beach Club – ingressou com uma
ação de exigir contas em face dos administradores Pedro e José, que ocuparam o
cargo e a gestão financeira do clube nos últimos anos. O magistrado julgou
procedente o pedido e condenou os réus a prestar contas em 15 (quinze) dias,
observada a forma prescrita no art. 551 do CPC, no que tange à gestão financeira,
recebimentos e pagamentos feitos no âmbito da administração do Marina Beach
Club, no que pertine ao período em que a exerceram o cargo, sob pena de não lhes
ser lícito impugnar as contas que o autor vier a apresentar, em sua omissão (art.
550, § 5º, do CPC). Inconformados, apelam os réus, alegando a impossibilidade de
prestar contas, tendo em vista que os apelantes foram afastados sumariamente do
clube por decisão judicial, não tendo acesso à área administrativa, onde se
encontram os documentos contábeis. Sabendo-se que a decisão judicial guerreada
encerra a primeira fase da ação de exigir contas, pergunta-se: está correto o recurso
interposto pela parte ré? Resposta fundamentada.
RESPOSTA: Considerando que o pronunciamento judicial que condena a parte ré a
prestar contas é uma decisão interlocutória, não extingue o processo, mas apenas
dá início a segunda fase da ação. Assim, não está correto o recurso interposto pela
parte ré- apelação, tendo em vista que diante da hipótese do caso em questão o
cabimento é de agravo de instrumento, conforme prevê o art. 550, §5º E 1.015,
INCISO II CPC. Não aplica a fungibilidade.
TEMA 04
1) Ribeiro adquiriu um imóvel por meio de um financiamento com garantia de
alienação fiduciária. Após alguns anos, não suportou mais arcar com as prestações e
teve o imóvel leiloado. Regina arrematou o bem e, ao tentar exercer a posse,
descobriu que Eleanor residia no imóvel. Eleanor comprovou que habitava o local
por meio de um contrato de cessão de posse pactuado com Ribeiro. Regina exige
que Eleanor desocupe o imóvel. Eleanor ingressa com ação de manutenção da posse
contra Regina, visando à proteção do seu direito de posse. Posteriormente, Regina
ingressa com ação de imissão na posse. Tendo em vista que as ações têm o mesmo
imóvel como objeto, ambas foram reunidas para o julgamento conjunto. Pergunta-
se: está correto o ajuizamento da ação de imissão na posse por Regina? Resposta
fundamentada.
RESPOSTA: Não está correto o ajuizamento da ação de imissão na posse por
Regina. Segundo o entendimento atual do STJ, é vedado o ajuizamento de ação de
imissão na posse, de juízo petitório, na pendência de ação possessória sobre o
mesmo bem. O art. 557 do CPC e o art. 1.210, §2º, do CC estabelecem a vedação
da exceção de domínio. Há uma separação absoluta entre os juízos petitório,
baseado na propriedade, e o juízo possessório, baseado na posse. Isso porque a
posse é fenômeno fático-social digno de tutela, sendo totalmente autônomo e
distinto da propriedade. Um dos efeitos da posse é justamente a sua proteção
através da tutela estatal. Portanto, havendo uma ação possessória em curso, não é
cabível o ajuizamento de ação petitória ou a discussão a respeito da propriedade.
Ademais, a vedação à exceção de domínio não deve ser compreendida como
limitação aos direitos constitucionais de propriedade ou de ação, seja porque a
propriedade deve obedecer à sua função social, seja porque o não debate sobre o
domínio nas ações possessórias representa apenas uma condição suspensiva no
exercício do direito de ação fundada na propriedade.

2) Uma determinada concessionária de transporte ferroviário ingressa, em 20 de


agosto de 2021, com demanda possessória, visando à desocupação de imóvel de
cuja data inicial do esbulho não se tem notícias, por ter ocorrido de maneira
clandestina. No entanto, afirma que tomou ciência do esbulho em 08 de julho de
2021, quando feito o laudo de vistoria do local, data essa que, para todos os efeitos,
deve ser considerada como a data de início do esbulho. Requer, dessa forma, a
defesa da posse por meio de tutela, sob pena de ofensa ao disposto nos arts. 1210
do CC e 560 do CPC. O magistrado indeferiu a liminar, ao fundamento de que a
petição inicial não trouxe provas suficientes para justificar a expedição de mandado
liminar de posse e determinou a citação do réu para contestar. Inconformado, a
autora agravou da decisão. Responda, de forma fundamentada, se é possível o
pedido de tutela de evidência com base na data do esbulho e da propositura da
demanda, e ainda, se agiu corretamente o magistrado ao não conceder a liminar e
determinar a citação da parte ré.
RESPOSTA: A audiência de justificação é obrigatória se não for o caso de
deferimento liminar da tutela possessória.
Está presente o requisito temporal do art. 558 do CPC para que seja seguido o
procedimento possessório, especial, com a possibilidade de concessão de liminar
fundada em evidência. Feitos esses esclarecimentos, o art. 562 do CPC estabelece
que, se a petição inicial da demanda possessória trouxer prova suficiente dos fatos
elencados no art. 561, deve o juiz conceder a tutela possessória liminarmente; caso
não esteja demonstrado algum desses fatos, impõe-se a realização de audiência de
justificação, concedendo ao autor a oportunidade de provar o que alegou.

TEMA 05
1) Em uma determinada demanda, João, autor; e José, réu, discutem uma dívida.
No curso da demanda, um dos imóveis de João foi penhorado. Matheus, possuidor
do bem em questão, interpôs Embargos de Terceiro, com pedido liminar para que
fosse suspensa a penhora do imóvel, visando também à manutenção de sua posse,
e comprovou que reside com sua família no imóvel. Pergunta-se: quanto ao
deferimento do pedido liminar nos Embargos de Terceiro, havendo prova inequívoca
do alegado, é possível ser este deferido? Resposta fundamentada.
RESPOSTA: Embargante que alega ser possuidor de imóvel penhorado em
execução de que não participa, mas que deve ser protegido por ser destinado à sua
moradia e de sua família. Pretensão de obtenção de liminar no processo dos
embargos de terceiro. Liminar que exige prova sumária da propriedade ou da posse.
Caso em que não se discute propriedade, mas tão somente posse. Elementos
constantes dos autos que não permitem afirmar, nem em cognição sumária, que o
embargante teria a posse do bem.

2) Luis Rey teve dois filhos, Luis Miguel e Alex. Porém, também criou a filha de um
amigo, Erica. No ano de 2005, Erica foi residir em um dos imóveis de Luis Rey,
mediante cessão gratuita. Em 2018 Luis Rey falece e seus filhos dão início ao
inventário judicial. Erica então ajuíza embargos de terceiro para pedir a retirada do
imóvel em que reside do rol dos bens arrolados. Afirma que reside no imóvel desde
2005 e que sua posse é de boa-fé, devendo usucapir o bem em questão. Em
contestação aos embargos, a parte ré suscita preliminar de ausência de interesse de
agir. Como deve o magistrado decidir essa questão preliminar? Resposta
fundamentada.
RESPOSTA: No caso em tela o embargante afirma ser proprietário do imóvel,
mediante usucapião, e, subsidiariamente, possuidor. Interesse de agir nos embargos
que decorre da constrição ou da ameaça de constrição a direito do embargante (art.
674, caput, do CPC). Ausência de atos constritivos no processo de inventário, sendo
necessário ajuizamento de demandas subsequentes pelos herdeiros, para que
possam retomar o imóvel. Posse e propriedade do embargante que não sofrem
sequer ameaça em razão do arrolamento do imóvel. Falta de interesse de agir para
a demanda de embargos de terceiro (art. 485, VI, do CPC).
TEMA 06
1) No curso de um processo de inventário, André, que era credor de uma dívida do
de cujus, peticionou ao juízo orfanológico, requerendo habilitação de crédito para
receber os valores que entende devidos. O espólio e os herdeiros do de cujus não
concordaram com o pedido de habilitação de crédito. O magistrado rejeitou o pedido
de habilitação e determinou, de ofício, a conversão do pedido de habilitação em
ação de cobrança, a ser redistribuída. Pergunta-se: agiu corretamente o magistrado?
Resposta fundamentada.
RESPOSTA: A princípio não cabe nesse incidente um juízo de valor do juiz do
inventário sobre a questão posta, não constituindo ela uma daquelas a respeito da
qual ele estaria autorizado a decidir em caso de conflito (art. 612 do CPC). Todavia,
o juiz, de ofício, desde que entenda que o documento apresentado pelo credor
requerente comprove suficientemente a obrigação e, ainda, desde que a alegação
de qualquer das partes do inventário não seja fundada em pagamento, e esteja
acompanhada de prova valiosa, poderá determinar a reserva em poder do
inventariante de bens suficientes para pagar o credor, se vitorioso na ação a ser
proposta". Logo, conclui-se que, havendo impugnação, por alguma parte
interessada, à habilitação de crédito em inventário, impõe-se ao juízo do inventário a
remessa das partes às vias ordinárias, ainda que sobre o mesmo juízo recaia a
competência para o inventário e para as demandas ordinárias (tal como ocorre nos
juízos de Vara única), pois, nos termos dos fundamentos apresentados, constitui
ônus do credor excluído o ajuizamento da respectiva ação ordinária, não competindo
ao juiz a conversão do pedido de habilitação na demanda a ser proposta pela parte.

2) Juan, argentino, faleceu em Buenos Aires, deixando bens imóveis, para seu único
filho, naquele pais, que residia, e no Brasil. O filho de Juan abriu o inventário do pai
na Argentina. Posteriormente, requereu a homologação da sentença estrangeira no
Brasil, para tornar-se proprietário dos bens que eram do seu genitor. Pergunta-se:
Está correto o pedido de homologação de sentença estrangeira no caso concreto?
Resposta fundamentada.
RESPOSTA: A justiça brasileira é a única competente para julgar as ações de
inventário e partilha de bens situados em territorio nacional (art. 23, II, CPC),
significando dizer que as senteças estrangeiras que tenham como objeto tais bens
não serão homologadas pelo STJ. Internamente a competencia do foro é
determinada pelo art. 48, CPC.

TEMA 07
1) O patriarca de uma família falece e deixa testamento. Todos os herdeiros são
capazes, concordam com a partilha ali estabelecida e outorgaram um advogado para
que o inventário fosse feito extrajudicialmente. Pergunta-se: é possível que o
inventário em questão seja realizado extrajudicialmente? Resposta fundamentada.
RESPOSTA:

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