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EXMO. SR . DR.

JUIZ DE DIREITO DA 24a VARA CÍVEL DA COMARCA D

CAPITAL - ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Processo n° 0167355-47.2011.8.19.0001

IVAN JOSÉ DE ANDRADE, por seu advogado, nos autos da ação,

por rito ordinário, à epígrafe referida, proposta em face de 01 FIXO — TELEMXR

NORTE LESTE S.A. (atual denominação da TELECOMUNICAÇÕES DO RIO DE

JANEIRO — TELERJ), em atenção ao r. despacho de fls. 394, vem falar em réplica

sobre a contestação de fls. 71/115, o que faz pelos fatos e fundamentos a seguir

expostos:

I — Síntese da Demanda:

1. A presente demanda tem por objetivo a entrega pela Ré ao Autor

de ações da Telemar Norte Leste S/A e Tele Sudeste Celular Participações S/A

(Vivo), além de dividendos e juros sobre o capital próprio, atualizados monetariamente

pela UFIR, somados aos juros compensatórios simples de 1% ao mês e aos juros

moratórios, ou alternativamente, indenização pecuniária a ser calculada em liquidação

de sentença.
2. Isto em razão do contrato, de adesão obrigatória para a obtençã

do direito de uso de linha telefônica, celebrado entre as partes ora litigantes.

3. A Ré, em sua extensa contestação, sustenta entendimentos, já

decididos em sentido contrário pelo Superior Tribunal de Justiça, tais como:

competência absoluta do juízo empresarial para julgar a presente demanda;

ilegitimidade passiva; falta de interesse de agir; impossibilidade jurídica do pedido;

prescrição e inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor.

4. Como se verá a seguir, não merecem prosperar as alegações da

Ré.

II — Competência do Juízo Cível:

5. A hipótese dos autos versa sobre descumprimento em contrato de

participação financeira ultimado pelas partes. Trata-se, assim, de uma obrigação de

fazer advinda de pacto contratual, com possibilidade de sua conversão em pecúnia,

que encontra, ainda, proteção específica nas normas previstas no Código de Defesa

do Consumidor, face a relação consumerista que encerra.

6. Não trata o caso em tela de matéria afeta à constituição da

sociedade, ou de relações entre sócios, controladores e administradores da empresa,

mas de contrato de participação financeira a que os consumidores foram obrigados a

firmar para a utilização do serviço de telefonia fixa, quando este era monopólio estatal.
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7. A questão da competência encontra-se prejudicada, já tendo sid

decidida pelo Agravo de Instrumento n. 2006.002.7452, Rel. Des. Mário Robert

Mannheimer e confirmada no Agravo de Instrumento n. 888.446-RJ, Rel. Ministro

Humberto Gomes de Barros, cujo trecho da decisão pede-se vênia para transcrever.

In verbis:

"O pedido de pagamento de dividendos constitui tão somente um corolário

da eventual procedência do pedido autoral, não sendo, entretanto, o objeto

do litígio, de forma a atrair a competência para as Varas Empresariais, não

se podendo também depreender tal competência do simples fato ser

eventualmente necessário ao juiz a quo o exame da legislação societária

para decidir a lide, eis que tal exame não constitui pressuposto de

competência, nada obstando que seja feito no juízo Cível."

8. Ainda nesse sentido, temos o Agravo de Instrumento n.

1.205.191-RJ, julgado em 21 de outubro de 2010, pelo Rel. Ministro Aldir Passarinho

Junior:

"Insurge-se contra a fixação, pelo acórdão a quo, da competência do juízo

cível para processar e julgar a ação de reparação civil por inadimplemento

contratual e o recebimento das ações adquiridas pelo denominado Plano de

Expansão.

Pretende a remessa dos autos a uma das Varas Empresariais da Comarca

da Capital do Estado do Rio de Janeiro.

Sem respaldo o inconformismo.

De início, não se vislumbra a alegada omissão por parte do Tribunal a quo,

tendo em vista que a matéria posta em debate restou decidida de maneira

-
clara e fundamentada, ainda que de forma contrária aos interesses

recorrente.

No mérito, observa-se que a instância a quo encontra-se em sintonia

com os julgados desta Corte no sentido de a demanda, para

recebimento de ações decorrentes de contrato de participação

financeira, ser de natureza obrigacional, e portanto, regida pelo Código

Civil. "(original sem grifos).

110 9. Assim, demostrada a competência do juízo Cível para conhecer e

julgar a presente demanda, passamos adiante.

III — Legitimidade Passiva:

10. Como cediço e indiscutível, a TELERJ foi sucedida pela Ré e,

desta forma, esta é responsável pelo cumprimento do contrato firmado por aquela,

resultando evidenciada a legitimidade passiva da Ré, até mesmo por ter se

beneficiado com os efeitos do Plano de Expansão.


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11. Nesse sentido foi julgada a Apelação Cível n. 31.388/2006, Rel.

Des. Gilberto Dutra Moreira, cujo trecho do v. acórdão pede-se vênia para transcrever:

"Inicialmente, no que pertine à preliminar de ilegitimidade ad causam no pólo

passivo, resta claro que a ré-apelante, ainda que indiretamente, se

beneficiou da expansão do sistema com a qual contribuíram os cedentes,

razão porque deve suportar as consequências do inadimplemento contratual

perpetrado por sua antecessora, a Teled, posto que, por óbvio, a sucessão
não lhe desobriga a cumprir as obrigações assumidas pela extinta Telerj, Y
sua antecessora, já que a ré-apelante não só adquiriu os direitos à

exploração do serviço concedido, mas também as obrigações até então

assumidas, dentre as quais se destaca a entrega das ações devidas em

razão do "Plano de Expansão" promovido pela Telerj"

12. Dessa forma, cai por terra mais uma frágil alegação da Ré.

IIIII iv - Interesse de Agir e Possibilidade Jurídica do Pedido:

13. O pedido é possível e manifesto o interesse de agir pelos mesmos

argumentos acima expostos, até porque não há vedação legal que impeça o pedido

de entrega de ações a que se obrigara a antecessora Telerj, tendo a ré assumido tal

obrigação com a sucessão conforme entendimento do Colendo Superior Tribunal de

Justiça:

e "PROCESSO CIVIL — MANDADO DE SEGURANÇA — LEGITIMIDADE

ATIVA.

1. Empresa que foi extinta e sucedida por outra não pode ir a juízo em nome

próprio.

2. As obrigações da sociedade extinta, bem assim os direitos de que seja

titular, deverão ser geridos pela sucessora.

3. Mandado de segurança defeituosamente impetrado, sem possibilidade de

correção.

4. Recurso ordinário improvido.

(RMS 119434/TO — Ministra ELIANA CALMON — DJ 17.03.2003).


14. O interesse jurídico é inequívoco, consubstanciado pelo valor das

ações pleiteadas, encontrando-se a inicial devidamente instruída com o contrato

objeto da demanda.

V — Não Ocorrência da Prescrição:

15. O caso dos autos trata de relação obrigacional e não societária,

aplicando-se, consequentemente, o prazo prescricional previsto no artigo 205 (art. 177

do CC/1916) c/c art. 2.028, ambos do Código Civil de 2002.

16. A presente ação foi ajuizada em 03/06/2011, tendo como objeto

contrato firmado em 1996.

17. Dessa forma, não há prescrição a ser pronunciada, uma vez que

quando da entrada em vigor do Código Civil de 2002, ainda não tendo decorrido mais

da metade do prazo vintenário, estatuído no art. 177 do Código Civil de 1916, deve

prevalecer o prazo decenal do art. 205 do novo código, aplicando-se a regra de

transição do art. 2.028 do mesmo diploma legal.

18. Confira-se alguns julgados no mesmo sentido:

18.1. "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO. TELECOM. CONTRATO DE

PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA. SUBSCRIÇÃO COMPLEMENTAR DE

AÇÕES. PRESCRIÇÃO.

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