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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL

DA COMARCA DE ____.

Pedido de Diferimento de Custas


Embargos à Execução

Execução de Título Extrajudicial nº

________________________, por seu advogado que esta subscreve – mandato


em anexo, nos autos da AÇÃO DEEXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL
CONTRA DEVEDOR SOLVENTE que lhe move ______________________, vem,
mui respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar EMBARGOS À
EXECUÇÃO, com base nos artigos 915 e seguintes do Código de Processo Civil,
o que faz consubstanciado nas razões de fato e direito a seguir aduzidas.

I. PRELIMINARMENTE

1. DA INCOMPETÊNCIA RELATIVA TERRITORIAL

As partes assinaram em data de 02/06/2021, Termo de Abertura de Captação em


Plataforma Eletrônica de Investimento Participativo.

Consta de tal termo (fls. 136)

"As partes elegem o foro da Comarca de Belo Horizonte/MG, com


exclusão e renúncia expressa de qualquer outro, por mais
privilegiado que seja, para processar e julgar todo e qualquer
conflito oriundo da interpretação e da execução deste contrato. "

Assim, a presente ação "concessa vênia" não deve prosseguir tramitando perante
este Juízo, ante a inobservância de ajuizamento de demanda perante
o foro de eleição, previsto contratualmente.
A Comarca de Belo Horizonte/MG é a única competente para julgar as demandas
judiciais, decorrentes do termo de investimento, face ser expressa a eleição de
referido foro nas clausulas acima descritas.

É cediço que a competência é o critério de distribuição entre vários órgãos do


Poder Judiciário das atividades relativas ao desempenho da jurisdição. Tais regras
existem para facilitar o provimento jurisdicional, objetivando a garantia do acesso a
Justiça e a efetividade do processo.

Há várias regras norteadoras, em matéria civil. Concernentes à competência


interna, que podem ser de natureza objetiva, funcional ou territorial.

Neste diapasão, o ordenamento jurídico pátrio consagrou a possibilidade de ser


incluído nos contratos a clausula de eleição de foro, que permite as partes
contratantes dispor com maior liberdade acerca da regulamentação de seus
interesses, principalmente no que se refere à resolução de possíveis conflitos que
podem surgir no decorrer do contrato.

A inclusão de referida cláusula tem reflexo latente na fixação da competência em


casos de ajuizamento de ações, de forma que, conforme art. 63 do Código de
Processo Civil, o foro eleito no contrato para dirimir os conflitos é valido, devendo
ser o constante do endereçamento inicial (matéria que fica prequestionada).

"As partes podem modificar a competência em razão do valor e do


território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de
direitos e obrigações".

§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de


instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio
jurídico.

O Ministro do Pretório Excelso, Luiz Fux, discorre com extrema propriedade sobre
o tema, instruindo o seguinte:

"A incompetência relativa decorrente do descumprimento da regra


de foro é arguível por exceção no afã de facilitar a defesa do réu
relocalizando a demanda no foro do seu domicílio, uma vez que,
diante do direito potestativo do autor, ele é eleito como
demandado e deve defender-se sob pena de rev elia, sem
maiores incômodo". (FUX, Luiz. Curso de Direito Processual Civil.
Volume I. 4a Edição. Rio de Janeiro: Forense, 2008)

O Superior Tribunal Federal já pacificou o entendimento de que


o foro de eleição deve prevalecer, ao editar a Súmula 335 cujo teor é descrito a
seguir:
STF Súmula nº 335 - 13/ 12/ 1963 - Súmula da Jurisprudência
Predominante do Supremo Tribunal Federal - Anexo ao
Regimento Interno.
"É válida a cláusula de eleição do foro para os processos
oriundos do contrato"

EMÉRITO MAGISTRADO,

Deste modo, uma vez que houve indicação expressa no Contrato de Locação
efetuado de comum acordo entre as partes para qualquer litigio advindo do
referido contrato fosse dirimido no Foro Central Cível da Comarca Belo
Horizonte/MG, não resta a menor dúvida da incompetência deste Juízo para
reconhecer, processar e julgar a presente demanda.

2. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO - ILEGITIMIDADE AD


CAUSAM

Com efeito, a r. Sentença proferida, salvo melhor juízo, não fundamentou de forma
expressa qual o ponto de liame entre a Empresa Requerida/Embargante e os
Autores.

Portanto, flagrante foi a omissão a ser sanada, nos termos do art. 1.022, parágrafo
único, inc. III, c/c art. 489, § 1º do CPC.

No mais, conforme se nota, tal matéria é considerada como de ordem


pública podendo ser suscitada a qualquer tempo e até mesmo de ofício, pelo
Magistrado, à saber: Ilegitimidade Passiva.

Compulsando os autos verifica-se que o contrato foi celebrado envolvendo as


seguintes partes:

A ilegitimidade passiva, por constituir matéria de ordem pública, não se


submetendo à preclusão dos efeitos da revelia, na esteira do disposto nos
artigos 485, inciso VI e parágrafo 3º, e 525, parágrafo 1º, inciso II, do CPC/2015.

POR SER MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA, A ILEGITIMIDADE ATIVA AD


CAUSAM PODE SER RECONHECIDA E PRONUNCIADA DE OFÍCIO EM
QUALQUER TEMPO E GRAU DE JURISDIÇÃO. (STJ, AGRG NO RESP
1362369/MG).

Neste sentido, inexiste razão para a condenação da Embargante ao pagamento


de qualquer valor indenizatório.

3. DA NULIDADE DA PENHORA VIA SISBAJUD ANTE A


AUSÊNCIA DE CITAÇÃO PRÉVIA DAS EXECUTADAS
O art. 829, § 1º do CPC é claro ao dispor que é necessária a citação prévia do
executado para somente depois proceder com a penhora, senão vejamos:

Art. 829. O executado será citado para pagar a dívida no prazo de


3 (três) dias, contado da citação.
§ 1º Do mandado de citação constarão, também, a ordem
de penhora e a avaliação a serem cumpridas pelo oficial de
justiça tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado ,
de tudo lavrando-se auto, com intimação do executado.

Ora, o dispositivo menciona "será citado" e não "poderá ser citado", ou seja, é
uma imposição e não faculdade. Somente após o cumprimento do disposto no
caput, é que o § 1º prevê que então seria procedida a penhora, pois na sequência
se cita "tão logo verificado o não pagamento no prazo assinalado", isto é, o
reconhecimento da ausência de pagamento só pode ocorrer a partir da ciência do
executado da existência da execução.

A inobservância dessas premissas básicas e lógicas de qualquer processo viola


escancaradamente o princípio constitucional do devido processo legal, previsto no
art. 5º, inc. LIV, em que se afirma que "ninguém será privado da liberdade ou de
seus bens sem o devido processo legal".
O devido processo legal nada mais é que o atendimento aos preceitos legais, a
todos os atos e sequências cronológicas de atos processuais, incluindo o direito
de defesa, sob pena de nulidade por seu cerceamento.

É totalmente inadmissível que o executado tenha seus bens penhorados, sem que
sequer tenha sido chamado ao processo.

Embora o Juízo de primeiro grau tenha indeferido, acertadamente, o Sisbajud, por


conta da ausência de citação, o Juízo de segundo grau, em Agravo de
Instrumento, reformou tal decisão, com fundamento no art. 830 do CPC. Ocorre
que este artigo menciona que a penhora só é possível sem a citação do executado
caso o OFICIAL DE JUSTIÇA não o encontre, o que não foi o caso dos autos, haja
vista que nem foi EMITIDO um mandado:

Art. 830. Se o oficial de justiça não encontrar o executado, arrastar-lhe-á


tantos bens quantos bastem para garantir a execução. (destacou-se)

Além disso, como se isso já não bastasse, tem-se o entendimento pacificado do


STJ nesse sentido de que é necessária a citação antes de se proceder
qualquer penhora, senão vejamos:

TRIBUTÁRIO - RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO -


EXECUÇÃO FISCAL - PENHORA DE ATIVOS VIA SISBAJUD -
AUSÊNCIA DE PRÉVIA CITAÇÃO - NULIDADE -
DESCONSTITUIÇÃO DA PENHORA - RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. 1. Na execução fiscal, o ato de penhora de ativos via
SISBAJUD, antes de citada a parte executada, é nulo,
conforme entendimento consolidado no E. STJ: "Assim, havendo
a determinação de penhora antes da citação do executado,
entende-se que houve violação ao devido processo legal,
devendo ser mantida a decisão agravada que acolheu a tese
de ilegalidade do bloqueio efetuado em relação aos feitos em
que não ocorreu a citação da parte executada. (...)" ( AgInt no
AREsp 1.034.483/DF , Rel. Ministro Nome, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 30/03/2020, DJe 01/04/2020). 2. Recurso conhecido e
provido. (TJ-MT - AI: 10081471520238110000, Relator: Nome,
Data de Julgamento: 22/08/2023, Segunda Câmara de Direito
Público e Coletivo, Data de Publicação: 30/08/2023, grifou-se)

Ante o exposto, pugna-se pelo reconhecimento judicial de nulidade da penhora,


com a devolução dos valores às executadas para que estas, agora que
apareceram espontaneamente nos autos, tenham o prazo legal para pagar
voluntariamente o débito, sob pena de execução.

Subsidiariamente, caso assim não se entenda, isto é, caso se mantenha


a penhora realizada via Sisbajud, requer-se que tais valores fiquem depositados
no processo até o deslinde destes Embargos à Execução, até mesmo porque no
acórdão proferido no âmbito do Agravo de Instrumento, assim como na decisão de
primeiro grau, não se constou a possibilidade de alvará judicial sem a citação das
executadas para defesa, em atendimento aos princípios constitucionais do
contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal (art. 5º, inc. LIV e LV).

4. DO EFEITO SUSPENSIVO

Presentes estão os requisitos autorizadores do efeito suspensivo, pela nítida


existência do direito substancial que protege o interesse dos embargantes, tendo
em vista a manifesta irregularidade da demanda executória.

Cumpre destacar que, subentendendo-se que a entidade certificadora "Clicksign


Log", responsável pela certificação digital de todos os contratos firmados, entre
SPE, Tomadora, investidores e Banco, que lastreiam a presente demanda
executiva, não consta na lista de entidades credenciadas da ICP-Brasil 1 (doc
anexo).

Fato é que com fulcro na Medida Provisória nº 2.200-2/2001 (art. 10), somente
pode certificar a autenticidade de assinaturas digitais as entidades credenciadas
na Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

Como o título exequendo não cumpriu os requisitos de autenticidade para


assinaturas eletrônicas definidos na Medida Provisória nº 2.200-2/2001, é de se
concluir que a obrigação carece de certeza, estando desautorizada a execução
direta.
Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para aguardar o
desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em


obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção da prova
dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que o
autor já se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos cuja prova incumbe ao réu certamente o
beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e
Tutela de Evidência. Editora RT, 2017, p. 284)

Ademais, evidente o risco de dano caso tenha prosseguimento os efeitos da


decisão combatida, pois a prossecução em face dos Embargados permitirá a
realização de atos constritivos, como penhora de ativos, que já vem sendo
realizada.

Evidente que tais circunstâncias conferem grave risco ao perecimento do


resultado útil do processo, conforme leciona :

"Periculum in mora. Caracterização:" Periculum in mora "é dado


do mundo empírico, capaz de ensejar um prejuízo, o qual poderá
ter, inclusive, conotação econômica, mas deverá sê-lo, antes de
tudo e sobretudo, eminentemente jurídico, no sentido de ser algo
atual, real, capaz de afetar o sucesso e a eficácia do processo
principal, bem como o equilíbrio das partes litigantes" (Justiça
Federal - Seção Judiciária do Espírito Santo, Proc. Nº 93-, Juiz
Macário Judice Neto, j. 12 de maio de 1993)

Diante de tais circunstâncias, é inegável que estão preenchidos todos os


requisitos determinados no artigo 919, § 1º do CPC, pois, diga-se novamente,
evidenciada a probabilidade do direito e o risco de dano irreparável.

Para além, repita-se que, inexiste na espécie a certeza necessária ao título para o
prosseguimento do feito, diante da falta dos requisitos inerentes ao título executivo
para a devida instrução de uma execução, não existem motivos para aguardar o
desfecho do processo.

Assim, é de se requerer a concessão do efeito suspensivo aos Embargos à


Execução, para o fim de suspender os efeitos da decisão proferida pelo MM. Juízo
a quo e consequentemente o prosseguimento para julgamento do presente
recurso, no qual, por fim, pugna o provimento.

5. DIFERIMENTO DE CUSTAS

Requerem os Embargantes a CONCESSÃO DO DIFERIMENTO DAS CUSTAS


PARA O FINAL DO PROCESSO, tendo em vista que, ao menos
momentaneamente, não tem como efetuar seu recolhimento sem prejuízo do
regular desenvolvimento de suas atividades, fato que justifica a concessão do
diferimento de custas para o final do processo , nesse sentido, entende a
jurisprudência:

DIFERIMENTO DO RECOLHIMENTO DAS CUSTAS AO FINAL


DO PROCESSO - Admissibilidade parcial - Momentânea
impossibilidade financeira demonstrada tão somente pelos
agravantes W. Barros Comércio de Ações e Ferragens Ltda. EPP
e Uelber Pinheiro Dutra - Decisão reformada em parte para deferir
apenas a eles o diferimento do pagamento das custas para o final
do processo - Recurso provido em parte para este fim. (TJ-SP -
AI: 21840134720168260000 SP 2184013-47.2016.8.26.0000,
Relator: Mendes Pereira, Data de Julgamento: 20/03/2017, 15a
Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 20/03/2017)

Ora, a não concessão do diferimento de custas se transmudaria em verdadeira


afronta ao art. 5º, LV, da Constituição Federal, que garante o direito à ampla
defesa e ao contraditório e ao artigo art. 5º, inciso LXXIV, garantindo o acesso ao
Poder Judiciário, não se mostrando razoável que os embargantes deixem de
exercer seu regular direito de defesa apenas por não ter condições de recolher as
custas respectivas nesse momento.

Face o exposto, pela momentânea dificuldade financeira da recorrente, que


impossibilita o recolhimento de custas, requer a concessão do diferimento de
custas para o final do processo, autorizando-se o regular processamento dos
Embargos à Execução, em homenagem aos direitos da ampla defesa e
contraditório, constantes do artigo 5º, LV da Constituição Federal.

III. DA SÍNTESE FÁTICA

Trata-se de execução de título extrajudicial movida pela empresa INCO


PLATAFORMA ELETRÓNICA DE INVESTIMENTO PARTICIPATIVO LTDA,
intermediadora de Investidores e empreendedores, tomadores dos valores
investidos por aqueles.

No presente caso conforme exposto na exordial, a executada _______, teria


procurado a requerente para obter recursos para a consecução de
empreendimento imobiliário, firmando então o "Termo de Abertura de Captação
em Plataforma Eletrônica de Investimento Participativo".

As cédulas foram emitidas pela EXECUTADA em favor da instituição bancária


MONEY PLUS, que por sua vez as endossou para os INVESTIDORES em
questão.
Dado o endosso houve a transferência do direito creditório constantes naqueles
títulos então pertencentes a MONEY PLUS para os próprios INVESTIDORES
(Endossatários), o que permitiu, a cada um deles, posteriormente, endossar e/ou
ceder as cédulas para terceiros, que entenderam por CEDER e ENDOSSAR os
seus títulos em favor da INCO SOCIEDADE DE EMPRÉSTIMO ENTRE
PESSOAS S.A, ora EXEQUENTE.

Ocorre que o procedimento contém graves vício à demanda executiva


consubstanciado na assinatura eletrônica do termo firmado entre a exequente e
executadas, captação de investidores, emissão das CCB's e cessão dos
Investidores → INCO, todos os instrumentos por plataforma que não consta na
lista de entidades credenciadas da ICP-Brasil - o que importa no reconhecimento
da nulidade da execução por ausência de título executivo hábil para embasá-la.

III. DO MÉRITO

1. DA AUSÊNCIA CERTEZA DO DE TÍTULO EXECUTIVO


EXTRAJUDICIAL

Compulsando os autos, verifica-se que o caso concreto, cinge-se na consecução


de negócios imobiliários, com negociações e celebrações contratuais entre
diversos agentes.

Para fins de exposição das razões de direito, importante a elucidação da


totalidade de eventos performados:

Em breve análise das etapas, ou seja, dos negócios jurídicos celebrados, verifica-
se que todos esses formalizados com assinaturas digitais através da entidade
Certificadora "Clicksign Log".

Passando a análise dos títulos executivos extrajudiciais, cumpre informar que os


contratos firmados de forma eletrônica são legítimos títulos executivos
extrajudiciais, quando atendem determinados requisitos necessários para o seu
reconhecimento.

No Brasil, a assinatura eletrônica e digital é regulamentada pela Medida Provisória


nº 2.200-2/2001, de 24 de agosto de 2001, que dá garantia jurídica aos
documentos eletrônicos.

Sobre seu texto que dispõe sobre a possibilidade das assinaturas, vejamos:

Art. 10. Consideram-se documentos públicos ou particulares, para


todos os fins legais, os documentos eletrônicos de que trata esta
Medida Provisória.
§ 1º As declarações constantes dos documentos em forma
eletrônica produzidos com a utilização de processo de certificação
disponibilizado pela ICP-Brasil presumem-se verdadeiros em
relação aos signatários, na forma do art. 131 da Lei no 3.071, de
1o de janeiro de 1916 - Código Civil.

Referida Medida Provisória, merece atenção apurada, haja vista que determina
que somente pode certificar a autenticidade de assinaturas digitais as entidades
credenciadas na Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

Nesse aspecto, cumpre informar que a entidade certificadora "Clicksign Log",


responsável pela certificação digital de todos os contratos firmados, entre SPE,
Tomadora, investidores e Banco, que lastreiam a presente demanda executiva,
não consta na lista de entidades credenciadas da ICP-Brasil 2 (doc anexo).

No caso vertente, conforme alhures exposto, observa-se que desde o termo de


abertura de captação firmado entre a exequente e executada (evento 1) até os
termos de cessão por meio dos quais foi realizado o endosso dos Investidores
para a Requerente (evento 4), foram certificados pela empresa CLICKSIGN LOG -
empresa de assinatura eletrônica.

Nessa toada, acerca das assinaturas dos títulos que instruem a presente demanda
executória, o Capítulo IV do Código de Processo Civil destina-se aos requisitos
necessários para realização de qualquer execução.

Sumariamente, são eles: certeza, liquidez e exigibilidade.

Consentimento ao que considera o Exmo. Ministro João Otávio "A certeza, a


liquidez e a exigibilidade são requisitos indispensáveis para o ajuizamento da
ação executiva e referem-se, respectivamente, à ausência de dúvidas quanto à
existência do título que consubstancia a obrigação, à quantidade de bens que é
objeto da obrigação e ao momento do adimplemento dessa obrigação. Faltando
qualquer dos três elementos, nula é a execução.” (STJ-4aT., REsp 932.910, Min.
João Otávio, j. 5.4.11, DJ 12.4.11)

A certeza de uma obrigação diz respeito à sua existência; decorre da perfeição


formal da obrigação e da ausência de reservas quanto à sua plena regularidade.

Como o título exequendo não cumpriu para com os requisitos de autenticidade


para assinaturas eletrônicas definidos na Medida Provisória nº 2.200-2/2001, é de
se concluir que a obrigação carece de certeza, estando desautorizada a execução
direta, ou seja, verifica-se a ausência de TÍTULO HÁBIL a embasar a execução.

As CCBs ́s que instruem a execução não são dotadas de certeza e exigibilidade,


haja vista que esbarram justamente na questão do credenciamento da entidade
certificadora.

Não há título executivo extrajudicial apto a embasar a propositura de ação


executiva, por ausência de requisito formal indispensável para tanto, qual seja:
→ A UTILIZAÇÃO DE MÉTODO DE CERTIFICAÇÃO IDÔNEO DAS
ASSINATURAS.

A ausência de TÍTULO HÁBIL a embasar a execução pelos motivos alhures


expostos, encontra forte respaldo jurisprudencial, amparada em diversos
precedentes do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

No Julgamento do Agravo de Instrumento nº 2253782-69.2021.8.26.0000 3


realizado no presente ano (2022), sob relatoria do Exmo. Desembargador da foi
proferido lapidar voto sobre caso envolvendo Decisão agravada que rejeitou a
preliminar de inépcia da inicial por ausência de título executivo arguida pelo
executado.

O caso correlato diz respeito à Cédula de crédito bancário eletrônica com


certificação digital que não foi realizada por empresa credenciada junto à ICP-
Brasil.

No mérito, o nobre julgador entendeu por acolher a irresignação da Agravante,


pelo fato de que para que se constitua um título executivo hábil a embasar uma
execução, determinados requisitos devem ser preenchidos.

Dentre eles está justamente o prévio credenciamento da entidade certificadora


junto à ICP Brasil.

Agravo de instrumento – Embargos à execução – Decisão que


rejeitou a preliminar de inépcia da inicial por ausência de título
executivo arguida pelo executado – Cédula de crédito bancário
eletrônica – Certificação digital que não foi realizada por empresa
credenciada junto à ICP-Brasil – Descabimento - Requisitos
estabelecidos na MP 2.200-2/2001 não configurados - Ausência
de título hábil para embasar a execução – Embargos que devem
ser julgados procedentes para extinguir a execução – Recurso dos
embargantes provido, com observação.
(TJ-SP - AI: 22537826920218260000 SP 2253782-
69.2021.8.26.0000, Relator: Thiago de Siqueira, Data de
Julgamento: 12/01/2022, 14ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 12/01/2022)

No caso julgado, as CCB ́ s que instruem a execução foram assinadas por


plataforma que não consta na lista de entidades credenciadas da ICP Brasil -
CLICKSIGN LOG - justamente a mesma entidade que realizou a certificação dos
instrumentos contratuais que embasam a presente execução, vejamos o excerto
do voto

Outro caso de grande relevância para a exposição realizada é o julgamento do


Agravo de Instrumento de nº 2146732-18.2020.8.26.0000 4 que teve a
participação dos Desembargadores CARLOS ABRÃO, MELO COLOMBI, e relator
(TJSP; Agravo de Instrumento2146732-18.2020.8.26.0000; Relator (a): Órgão
Julgador: 14a Câmara de Direito Privado; Foro Regional II - Santo Amaro - 6a
Não pairam dúvidas, portanto, de que todos os instrumentos contratuais que
lastreiam a presente execução, assinadas digitalmente, não constituem título
executivo judicial apto a embasar a propositura de ação executiva, por ausência
de requisito formal indispensável para tanto.

A certeza de uma obrigação diz respeito à sua existência; decorre da perfeição


formal da obrigação e da ausência de reservas quanto à sua plena regularidade.

Ainda que a Exequente alegue que estão presentes os requisitos autorizadores da


medida executiva razão não lhe assiste.

Cabe observar, que a exequente poderá requerer pelas vias judiciais próprias
(Ação de cobrança ou monitória) o reconhecimento de seu suposto executiva que
predispõe a necessidade de um título hábil para embasá-la, o que no presente
caso não se vislumbra.

IV. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer:

1. Liminarmente, seja recebida, processada e autuada na forma de praxe,


reconhecendo-se a sua tempestividade, e atribuída a suspensão
da execução, tendo em vista que estão preenchidos os requisitos do
artigo 919, § 1º, do CPC;
2. Seja reconhecida a incompetência absoluta desta comarca para processar
e julgar a lide;
3. Seja reconhecida a nulidade da penhora realizada, ante
a ausência de citação prévia das executadas;
4. Requer a concessão do diferimento de custas para o final do processo;
5. A procedência dos presentes Embargos à execução para fins de extinção
da presente demanda executiva
6. Por fim, requer que todas as publicações e notificações referentes ao
processo em epígrafe sejam expedidas em nome do advogado, sob pena
de nulidade, conforme dispõe o § 5º do art. 272 do CPC.

Termos em que,
Pede deferimento.

Arambaré, 05 de fevereiro de 2024.

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