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Procuradora do Estado de Minas Gerais. Mestre em Direito Tributário pela UFMG. Doutoranda em
Direito Tributário pela UFMG.
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A revelia, por exemplo, implica na dispensa de intimação do réu para os atos do processo, correndo os
prazos contra o réu revel que não comparece nos autos da data de publicação do ato decisório no órgão
oficial (art. 346). No entanto, o revel poderá intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no
estado em que se encontrar.
O efeito material da revelia, contudo, não se aplica sobre a Fazenda Pública.
Seja em razão da indisponibilidade do direito, seja pela presunção de legitimidade dos
atos administrativos, deve o magistrado, mesmo na hipótese de não apresentação de
contestação pela Fazenda Pública, determinar a instrução do feito para que a parte
autora possa se desincumbir do ônus de provar os fatos constitutivos de seu alegado
direito.3
É o que dispõem os arts. 345, inciso I, e 348 do Código de Processo Civil:
Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
(...)
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
Art. 348. Se o réu não contestar a ação, o juiz, verificando a inocorrência do efeito
da revelia previsto no art. 344 , ordenará que o autor especifique as provas que
pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado.
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CPC
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à
impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior
facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de
modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do
encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes,
salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.
que lhe dizem respeito, a confissão, em face da indisponibilidade dos bens e
direitos sob sua responsabilidade.
4. Hipótese em que, para a decretação da fraude à execução fiscal (ou seu
afastamento), faz-se necessário a verificação da circunstância de ter a alienação do
bem reduzido o patrimônio do executado à situação de insolvência, sendo certo que
o contexto fático delineado no acórdão recorrido não é suficiente à verificação desta
circunstância, cabendo às instâncias ordinárias a sua apreciação, sob pena de
supressão de instância.
5. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp 1171685/PR, Rel. Ministro
GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02/08/2018, DJe
21/08/2018)
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Inicial da ADIn 5.492-RJ, pp. 15-16. Disponível em: < http://redir.stf.jus.br/estfvisualizadorpub/jsp/
consultarprocessoeletronico/ConsultarProcessoEletronico.jsf?seqobjetoincidente=4959031> Acesso em:
22.maio.2017
em estados diferentes daquele do ente federativo demandado, o que acaba evitando qie a
doutrina se aprofunde no assunto.
De todo modo, na linha do que foi requerido na ADI 5492, o que se espera é a
limitação da competência instituída nos arts. 46, § 5º, e 52 aos limites territoriais do ente
federativo acionado, em atendimento ao previsto na Constituição Federal,
especialmente, o pacto federativo.
2.2. Prazos diferenciados
Passando a tratar das prerrogativas processuais da Fazenda Pública, entre elas
destacam-se os prazos diferenciados e a intimação pessoal. O CPC neste ponto
estabelece um regime uniforme dessas prerrogativas, tanto para a Fazenda Pública,
como para o Ministério Público e a Defensoria Pública.
O CPC 2015 pôs fim a controvérsia que versava no regime anterior, onde a
prerrogativa de intimação pessoal estava restrita à União, e às execuções fiscais, em
virtude do disposto na Lei n° 6.830/80.
Atualmente, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como suas
autarquias e fundações, gozam todos de prazo em dobro para as suas manifestações
processuais:
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as
suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação
pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de
forma expressa, prazo próprio para o ente público.
5
RODRIGUES, Marco Antonio. A Fazenda Pública no Processo Civil. Atlas. 2. ed., Edição do Kindle, pp.
70/72.
Alguns autores entendem que a extensão do prazo aplicar-se-ia apenas aos
prazos legais, não abrangendo aquelas hipóteses em que o próprio juiz fixa o prazo, ao
argumento de que nestes casos magistrado já teria levado em conta que seu destinatário
seria a Fazenda Pública.6
No entanto, o Fórum Nacional do Poder Público teve entendimento em sentido
contrário:
Enunciado 53 – Os prazos comuns fixados pelo juiz devem ser contados em dobro
para a Fazenda Pública.
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Nesse sentido, cf. CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. 18. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2021, pág. 35.
Ressalva o § 2º do art. 183 do CPC que “não se aplica o benefício da contagem
do prazo em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o
ente público.” Cabe pontuar algumas hipóteses, deixando claro que eventual inovação
legislativa pode excluir ou incluir situações não contempladas nesse momento.
a) Prazo para contestar ação popular
A Lei n° 4.717/65 estabelece, em seu artigo 7º, inciso IV, que o prazo para
contestar é de 20 dias, prorrogáveis por mais 20 a requerimento do interessado, se
particularmente difícil a produção da prova documental.7
Assim, não se aplica o art. 183 a tal prazo para resposta, pois a ação popular é
demanda típica de controle jurisdicional da Fazenda Pública, já possuindo regra
específica a prever a prorrogação de prazo.
Porém, quanto a outras manifestações processuais na ação popular, permanece
aplicável o artigo 183 do Código de Processo Civil.
b) Prazos nos Juizados Especiais Federais e nos Juizados Especiais da
Fazenda Pública
As Leis 10.259/01 e 12.153/09, que regulam, respectivamente, os Juizados
Especiais Federais e nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, preveem
expressamente que a Fazenda Pública não gozará de prazo diferenciado nos processos
que lá tramitem:
Lei n° 10.259/2001
Dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da
Justiça Federal
(...)
Art. 9o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual
pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos,
devendo a citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência
mínima de trinta dias.
Lei 12.153/2009
Dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios.
(...)
Art. 7o Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual
pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos,
7
Lei n° 4.717/65:
Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil,
observadas as seguintes normas modificativas:
(...)
IV - O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento
do interessado, se particularmente difícil a produção de prova documental, e será comum a
todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o
caso, do decurso do prazo assinado em edital.
devendo a citação para a audiência de conciliação ser efetuada com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias.
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Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na pessoa de seu representante judicial, por carga, remessa
ou meio eletrônico, para, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos próprios autos, impugnar a
execução, podendo arguir: (...)
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Art. 910. Na execução fundada em título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada para opor
embargos em 30 (trinta) dias.
§ 1º Não opostos embargos ou transitada em julgado a decisão que os rejeitar, expedir-se-á precatório
ou requisição de pequeno valor em favor do exequente, observando-se o disposto no art. 100 da
Constituição Federal .
§ 2º Nos embargos, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como
defesa no processo de conhecimento.
§ 3º Aplica-se a este Capítulo, no que couber, o disposto nos artigos 534 e 535 .
públicos, tal como prazo recursal em dobro e intimação pessoal, não se aplicam aos
processos em sede de controle abstrato. 2. Agravo regimental não provido.
(ADI 5814 MC-AgR-AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno,
julgado em 06/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-171 DIVULG 06-08-
2019 PUBLIC 07-08-2019)
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CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fazenda Pública em juízo. 18. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2021, pp.
44-45.
Embora proferidas ainda na vigência do CPC/1973, tal entendimento é
plenamente aplicável ao novo diploma processual, uma vez que a não aplicação do
benefício previsto no art. 183 somente se dará em casos de previsão legal expressa (art.
182, § 2º).
f) Os prazos na suspensão de segurança
O pedido de suspensão de segurança é um incidente processual que visa a
proteção do interesse público diante da concessão de um provimento jurisdicional que
cause grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
Seu regramento encontra-se previsto de maneira esparsa na legislação e será
melhor estudado na próxima unidade. Basta destacar, nesse momento, que o pedido de
suspensão de segurança destina-se apenas a suspender os efeitos de decisão que cause
grave lesão à saúde, economia, segurança ou ordem pública, não se submeter a prazo
específico, podendo, portanto, ser interposto a qualquer momento até o trânsito em
julgado.
Dispõe o art. 4° da Lei 8.437/92:
Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do
respectivo recurso, suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar
nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, a requerimento do
Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de
manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à
ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas.
§ 1° Aplica-se o disposto neste artigo à sentença proferida em processo de ação
cautelar inominada, no processo de ação popular e na ação civil pública, enquanto
não transitada em julgado.
§ 2o O Presidente do Tribunal poderá ouvir o autor e o Ministério Público, em
setenta e duas horas.
§ 3o Do despacho que conceder ou negar a suspensão, caberá agravo, no prazo de
cinco dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte a sua interposição.
(...)
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O Decreto, gestado pelo Governo Provisório após a Revolução de 1930, foi recepcionado com força de
lei pelas Cartas preterias e também pela Constituição Federal vigente, dado o exercício cumulativo da
função legislativa pelo Executivo Nacional no período ditatorial.
Embora o dispositivo diga que a prescrição quinquenal incide sobre todo e
qualquer direito ou ação contra a Fazenda Pública, doutrina e jurispudência tem
entendimento pacificado de que o prazo de prescrição previsto no Decreto n° 20.910/32
incide apenas em relação aos direitos pessoais.
ADMINISTRATIVO E CIVIL. ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO.
PRESCRIÇÃO DO DECRETO Nº 20.910/32. INAPLICABILIDADE.
PROPRIEDADE. DIREITO MATERIAL EM DISCUSSÃO DE NATUREZA
REAL. PRESCRIÇÃO DO ANTIGO CÓDIGO CIVIL. I - Não obstante a autora ter
intitulado a ação de anulatória de ato administrativo, fica clarividente dos autos que
a demanda é reivindicatória, sendo certo que o direito material em conflito é de
natureza real, pois, apesar de ter sido incluído dentre os pleitos formulados na
exordial a anulação da portarias que arrecadaram as terras, não resta dúvida de que a
pretensão final buscada pela ora recorrida é a restituição dos imóveis. II - Sem
embargo do disposto no art. 1º do Decreto nº 20.910/32, que expressamente prevê
que a prescrição qüinqüenal tem aplicação em qualquer tipo de direito ou ação em
face da Fazenda Pública, é assente na doutrina e na jurisprudência o entendimento
de que, em se tratando de ações que envolvam direitos reais, o prazo prescricional é
o comum, ou seja, o do Código Civil. Precedente: REsp. nº 623.511/RJ, Rel. Min.
LUIZ FUX, DJ de 06/06/05. III - Recurso especial improvido (REsp 770.014/MT,
Relator Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJ 19/12/2005). (grifamos)
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CC de 1916:
Art. 177. As ações pessoais prescrevem, ordinàriamente, em vinte anos, as reais em dez, entre
presentes e entre ausentes, em quinze, contados da data em que poderiam ter sido propostas.
Art. 10. O disposto nos artigos anteriores não altera as prescrições de menor prazo,
constantes das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas às mesmas regras.
a) Despesas processuias
Em regra, ressalvadas as causas relativas à justiça gratuita, as partes, ao
requererem qualquer diligência ou prática de ato processual, devem antecipar-lhes as
despesas, conforme determina o art. 82 do CPC:
Art. 82. Salvo as disposições concernentes à gratuidade da justiça, incumbe às partes
prover as despesas dos atos que realizarem ou requererem no processo, antecipando-
lhes o pagamento, desde o início até a sentença final ou, na execução, até a plena
satisfação do direito reconhecido no título.
§ 1º Incumbe ao autor adiantar as despesas relativas a ato cuja realização o juiz
determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, quando sua
intervenção ocorrer como fiscal da ordem jurídica.
§ 2º A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou.
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Art. 91. As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública, do
Ministério Público ou da Defensoria Pública serão pagas ao final pelo vencido.
§ 1º As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo Ministério Público ou pela Defensoria Pública
poderão ser realizadas por entidade pública ou, havendo previsão orçamentária, ter os valores
adiantados por aquele que requerer a prova.
§ 2º Não havendo previsão orçamentária no exercício financeiro para adiantamento dos honorários
periciais, eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, caso o processo se encerre
antes do adiantamento a ser feito pelo ente público.
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Lei n° 6.830/80
Art. 39 - A Fazenda Pública não está sujeita ao pagamento de custas e emolumentos. A prática
dos atos judiciais de seu interesse independerá de preparo ou de prévio depósito.
Parágrafo Único - Se vencida, a Fazenda Pública ressarcirá o valor das despesas feitas pela parte
contrária.
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Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.
§ 1º São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou
definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente.
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez e o máximo de vinte por cento sobre o valor da
condenação, do proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado
da causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
§ 3º Nas causas em que a Fazenda Pública for parte, a fixação dos honorários observará os critérios
estabelecidos nos incisos I a IV do § 2º e os seguintes percentuais:
I - mínimo de dez e máximo de vinte por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico
obtido até 200 (duzentos) salários-mínimos;
II - mínimo de oito e máximo de dez por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico
obtido acima de 200 (duzentos) salários-mínimos até 2.000 (dois mil) salários-mínimos;
III - mínimo de cinco e máximo de oito por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 2.000 (dois mil) salários-mínimos até 20.000 (vinte mil) salários-mínimos;
IV - mínimo de três e máximo de cinco por cento sobre o valor da condenação ou do proveito
econômico obtido acima de 20.000 (vinte mil) salários-mínimos até 100.000 (cem mil) salários-mínimos;
V - mínimo de um e máximo de três por cento sobre o valor da condenação ou do proveito econômico
obtido acima de 100.000 (cem mil) salários-mínimos.
§ 4º Em qualquer das hipóteses do § 3º :
I - os percentuais previstos nos incisos I a V devem ser aplicados desde logo, quando for líquida a
sentença;
II - não sendo líquida a sentença, a definição do percentual, nos termos previstos nos incisos I a V,
somente ocorrerá quando liquidado o julgado;
III - não havendo condenação principal ou não sendo possível mensurar o proveito econômico obtido, a
condenação em honorários dar-se-á sobre o valor atualizado da causa;
IV - será considerado o salário-mínimo vigente quando prolatada sentença líquida ou o que estiver em
vigor na data da decisão de liquidação.
§ 5º Quando, conforme o caso, a condenação contra a Fazenda Pública ou o benefício econômico obtido
pelo vencedor ou o valor da causa for superior ao valor previsto no inciso I do § 3º, a fixação do
percentual de honorários deve observar a faixa inicial e, naquilo que a exceder, a faixa subsequente, e
assim sucessivamente.
§ 6º Os limites e critérios previstos nos §§ 2º e 3º aplicam-se independentemente de qual seja o
conteúdo da decisão, inclusive aos casos de improcedência ou de sentença sem resolução de mérito.
§ 7º Não serão devidos honorários no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje
expedição de precatório, desde que não tenha sido impugnada.
§ 8º Nas causas em que for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da
causa for muito baixo, o juiz fixará o valor dos honorários por apreciação equitativa, observando o
disposto nos incisos do § 2º.
§ 9º Na ação de indenização por ato ilícito contra pessoa, o percentual de honorários incidirá sobre a
soma das prestações vencidas acrescida de 12 (doze) prestações vincendas.
§ 10. Nos casos de perda do objeto, os honorários serão devidos por quem deu causa ao processo.
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o
trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º,
sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do
vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento.
§ 12. Os honorários referidos no § 11 são cumuláveis com multas e outras sanções processuais, inclusive
as previstas no art. 77 .
§ 13. As verbas de sucumbência arbitradas em embargos à execução rejeitados ou julgados
improcedentes e em fase de cumprimento de sentença serão acrescidas no valor do débito principal,
para todos os efeitos legais.
§ 14. Os honorários constituem direito do advogado e têm natureza alimentar, com os mesmos
privilégios dos créditos oriundos da legislação do trabalho, sendo vedada a compensação em caso de
sucumbência parcial.
§ 15. O advogado pode requerer que o pagamento dos honorários que lhe caibam seja efetuado em
favor da sociedade de advogados que integra na qualidade de sócio, aplicando-se à hipótese o disposto
no § 14.
§ 16. Quando os honorários forem fixados em quantia certa, os juros moratórios incidirão a partir da
data do trânsito em julgado da decisão.
prevista no art. 23 da Lei n° 8.906/94, o CPC estabelece que os honorários de
sucumbência pertencem ao advogado, que poderá em seu nome executar a sentença
nessa parte.
Ainda que atue em causa própria, garante a lei ao advogado a titularidade do
direito aos honorários (art. 85, § 17).
Quando se refere aos ônus da sucumbência, tanto no ressarcimento de despesas,
quanto no pagamento de honorários, embora o CPC fale em “vencedor” e vencido”, a
condenação no pagamento de tais verbas é regida pelo princípio da causalidade,
segundo o qual aquele que deu causa indevidamente à demanda deve responder pelos
seus ônus financeiros.
Embora na maioria das vezes seja a parte vencida quem deve arcar com os ônus
da sucumbência, há casos, no entanto, em que a parte vencedora pode ser condenada
nos honorários sucumbenciais, em virtude do princípio da causalidade. Alexandre Feitsa
Câmara nos traz um exemplo:
Tome-se como exemplo a hipótese em que, proposta “ação de consignação em
pagamento”, contesta o credor alegando insuficiência da quantia ofertada e
consignada. O autor, reconhecendo a insuficiência, complementa o depósito, razão
pela qual o juiz, na sentença, julgará seu pedido procedente, declarando a extinção
da obrigação pelo pagamento por consignação. Ora, embora julgado procedente, o
pedido, não se pode negar que a recusa original de credor em receber o pagamento
era justa, o que significa dizer que foi o devedor quem deu causa à instauração do
processo. Assim sendo, apesar de vencedor, o devedor terá de arcar com as despesas
processuais e honorários advocatícios da parte adversária.17
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Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de
deserção.
§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo
Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas
autarquias, e pelos que gozam de isenção legal.
No entanto, no mesmo dispositivo, determina o CPC que “são dispensados de
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo
Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios,
e respectivas autarquias.” (art. 1.007, § 1º)
Além de dispensadas do preparo para interpor recursos no processo civil, a
Fazenda Pública também está liberada de depósito prévio nos casos em que a lei o exige
como condição de admissibilidade do recurso:
Lei n° 9.494/97
Art. 1o-A. Estão dispensadas de depósito prévio, para interposição de recurso, as
pessoas jurídicas de direito público federais, estaduais, distritais e municipais.
d) Multas processuais
O CPC estabelece diferentes tipos de multas no processo, ora de natureza
coercitiva, como é o caso das astreintes (arts. 536 e 537 do CPC), ora punitiva (como,
por exemplo, a estabelecida pelo art. 77, § 2º, em razão da prática de ato atentatório à
dignidade da justiça).
Existem, ainda as multas relativas à utilização indevida de meios de impugnação
a decisões judiciais. A primeira delas é a multa em virtude da interposição de recursos
protelatórios. A parte que interpõe recurso manifestamente protelatório é reputada
litigante de má-fé (art. 80, VII), e, como tal, deve ser condenada no pagamento da multa
prevista no art. 81 do CPC:
Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar
multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a
arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou.
§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um
na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se
coligaram para lesar a parte contrária.
§ 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada
em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo.
No CPC de 1973, não havia previsão expressa se tais multas incidiriam sobre a
Fazenda Pública, havendo alguma discussão acerca do seu estabelecimento. O CPC de
2015 põe fim a eventuais questionamentos, ao prever que tais multas são sim aplicáveis
às pessoas jurídicas de direito público, que, no entanto, terão a prerrogativa de apenas
recolhê-las ao final.
Desse forma, a exigibilidade das multas em questão fica sujeita a uma eventual
derrota da Fazenda Pública no recurso interposto sem o depósito prévio da multa. Caso
haja reversão da decisão agravada ou embargada, evidencia-se que o recurso interposto
não era protelatório, e, portanto, a multa perde sua eficácia e não precisa ser recolhida.
Uma terceira espécie de multa é a que incide em sede de ação rescisória. Isso
porque, sendo uma ação que busca desconstituir decisão judicial transitada em julgado,
o legislador, na intenção de proteger a autoridade da coisa julgada, além de limitar as
hipóteses de cabimento da ação rescisória, previu que o autor deve efetuar o depósito de
5% do valor da causa, a ser revertido ao réu como multa se a demanda for, por
unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.19
No processo do trabalho, essa multa é de 20%, conforme previsto no art. 836 da
CLT. Como a CLT dedica apenas um artigo para o tema, aplicam-se, supletivamente, as
regras da ação rescisória previstas nos arts. 966 a 975 do CPC/2015, conforme
determinado na Instrução Normativa 39/2016 do TST.
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Art. 968. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 ,
devendo o autor:
I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento do processo;
II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que se converterá em multa caso
a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível ou improcedente.
§ 1º Não se aplica o disposto no inciso II à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios, às
suas respectivas autarquias e fundações de direito público, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e
aos que tenham obtido o benefício de gratuidade da justiça.
E o CPC dispensa o depósito da multa quando o autor da ação for a União,
Estados, Distrito Federal, Municípios, suas autarquias e fundações de direito público,
além do Ministério Público e do beneficiário da gratuidade da justiça.